CARREIRA: IGOR MORAIS, O SELFMADE MAN DO STREETWEAR BRASILEIRO

Por Márcia DORNELLES

Quem vê hoje o descolado Igor Morais cheio de personalidade e seguidores nas redes sociais não imagina sua trajetória até aqui para se tornar um empreendedor de sucesso que forma opinião e diz a que veio!  Igor poderia ter se desviado na vida, mas escolheu trabalhar duro e conquistar seu espaço! Conheça a incrível história do “Sneaker Man” Igor Morais!  

Você nasceu numa região conhecida como Cracolândia, em São Paulo, teve todas as influências negativas que transformaram em criminosos a maior parte dos seus colegas, como você conseguiu ficar imune a isto? Minha família é a típica família tradicional brasileira, mas o nosso diferencial era que meus pais nunca permitiram vitimismo. Foram exemplos que viram desde cedo dentro da nossa casa quando meu pai me levava para trabalhar com ele, me fazia entender e que nada vem fácil e que somente trabalhar duro mudaria nossa vida. Meu pai sempre focou em ser comerciante e eu sempre pensei em ser empresário. Todos os dias você tem escolhas a fazer, e caso você não as faça, a vida fará por você e  ai você não pode reclamar. Vi muitos amigos perderem a vida  por querer “encurtar`” o caminho, aquele cenário que vivíamos não me representava. Aprendi que tudo na vida, até os piores cenários tem lado bom e que mudar era uma responsabilidade minha. A gente só fica imune, se percebe que não se encaixa naquilo, ai transforma em força e faz o que tem que ser feito. Eu não tenho vergonha da onde eu vim, mas eu não queria ser o cara da Cracolândia.

Da Cracolândia para o mundo da moda conte como você iniciou o seu negócio? Decidi unir o conceito de música da loja com moda e fui a um outlet  comprar alguns sneakers inadequado para a prática de esportes, mas que combinam estilo com conforto e, em alguns casos, a estampa de uma grande marca ou artista. A moda é como se fosse um grito, um protesto onde você fala sem dizer uma palavra, principalmente a moda das ruas. Você já viu quanta gente boa tem por ai? Talvez a reposta seja não, porque de fato são invisíveis. Os guetos são muito ricos culturalmente! Você precisa estar atento e perceber que existe beleza onde menos se imagina.

À frente do “QG” Kings, que conta uma equipe de mais de 50 funcionários diretos e 1000 indiretos como você conduz a operação no dia a dia? Hoje existem os setores responsáveis por cada área e eu consigo dar mais atenção a expansão, novos negócios. Estamos em uma crescente fora da curva, que faz parte de anos de plantio. Procuro manter sempre tudo o mais organizado possível, para não deixar que meus colaboradores se distanciem. A kings é uma família, muitos deles estão comigo desde o começo. Nada acontece sem pessoas de confiança e principalmente, de quem compre a sua ideia.

Hoje você é considerado referencia no STREETWEAR Brasileiro, foi difícil chegar até aqui e ganhar este espaço? Nada vem fácil! “No decorrer do tempo você vai vendo que não é tão fácil crescer, tem que ter muito trabalho”, conta. Foi uma longa caminhada, e ainda é. Em cada fase você tem desafios pertinentes ao seu tamanho.  Investi em um nicho pouco explorado e iniciei o que hoje é uma das marcas de moda urbana mais conhecidas do Brasil. A marca possui mais de um milhão de seguidores no Instagram e mais de 500 mil curtidas na página do Facebook e possui mais de  100 lojas espalhadas pelo país. “Ninguém me deu nada, eu criei a ferramenta que eu precisava para vencer.” 

Atualmente a  Kings  conta como clientes marcas como: Nike, Vans entre outras famosas no segmento como aconteceu a conquista destas grifes de referência no mercado? Assumi a loja de vinis e CDs do meu pai, em 2002 e em 2007, o mercado mudou  com o avanço da música em arquivos digitais. Comecei a visitar outlets para comprar tênis e revender na loja. Sempre fui apaixonado por sneakers  e como eu estudava sobre os tênis, eu sempre gostei da história da Nike. Passei a comprar em outlets e revender diretamente até ser alertado que aquilo podia trazer problemas. Foi quando consegui  algo “épico”, o que viraria aquela chave. “Como eu estudava sobre os tênis, eu sempre gostei da história da Nike e na hora que eu pisei lá dentro e meu cadastro foi aprovado, eu pensei que ali era o começo da minha mudança de vida. Me tornei empresário aquele dia.

O que começou como uma tentativa de manter a loja de pé chamou a atenção de grandes marcas, como a Nike, e o negócio começou a decolar. Não existiam canais de venda de sneakers no Brasil, e os grandes fabricantes começaram a me procurar. A Kings Sneakers é o maior comprador de sneakers da Nike no Brasil. A parceria abriu portas para que outras marcas também entrassem na loja e em 2007 a New Records tornou-se oficialmente a Kings Sneakers. A parte de vestuário da Kings surgiu de uma deficiência de roupa porque eu percebi que eu tinha o tênis, mas eu não tinha a roupa para o jovem. Aí eu pensei em fazer a marca da loja e faria ela totalmente StreetWear e o esse público vai querer usar. Dito e feito. Eu sabia que ia dar certo na minha cabeça”. E a ideia deu certo, a Kings Sneakers além de revender tênis, roupas e acessórios de mais de 40 grifes possui sua marca própria, que são os produtos mais vendidos e procurados da loja. 

Você prevê para o final de 2023 que sua empresa terá franquias em todo país, qual sua expectativa? Estamos fazendo história em um segmento que por muito tempo não existia dessa forma no país. A marca já existe em quase todo país, e agora irá de fato se consolidar em todos os lugares.  Já temos a intenção de novos franquiados que somarão 200, ao final de tudo. 

Dizem que o segredo é a alma do negócio você concorda com este ditado? Como você lida com a concorrência? A alma do negócio sempre será fazer o básico bem feito e estar em sintonia com a comunicação nesse mundo tão rápido que vivemos. Até existem “segredos”, mas nada que eu possa afirmar ser o ponto chave do nosso avanço e sucesso. Posso crescer o quanto for, mas minha energia está em cada loja, ainda que eu não esteja lá.  O DNA de cada marca é único, exclusivo. Eu sou a Kings e a Kings sou eu. Quem se preocupa com a grama do vizinho, deixa de fazer o que deve ser feito, e como deve ser feito. A concorrência não existe quando você entende quem você é e o que representa no mercado.

O que você gosta de fazer para se divertir nas horas livres? Nunca pensei que viveria o que eu vivo hoje, mesmo me “custando” as tais horas livres. Mas independente disso, não troco uma cerveja gelado no final do dia e um bom charuto no meu escritório particular por qualquer evento badalado. Como tenho pouco tempo livre, ter tempo de qualidade com quem realmente importa é essencial, tenho dois filhos pequenos e sou muito presente na vida deles.

O que é preciso para conquistar Igor Morais? Bom, se a gente estiver falando de “Business”, gosto de pessoas objetivas, pratica que não mudam por saber o que você tem ou deixa de ter! Também não gosto de quem tenta me enrolar, contar histórias que poderiam ser facilmente resolvidas com uma simples mensagem porque odeio perder tempo. A gente aprende a treinar o olhar para quem sim, quem não e quem nunca em todas as áreas da nossa vida. 

Deixe uma mensagem para os leitores da MENSCH… “Ou você muda sua história, ou sua história muda você!” O empresário que muita gente vê, veio de um lugar de pessoas invisíveis, com praticamente nada e não queria fazer parte daquela regra. Nasci para ser exceção, ser protagonista da minha história, e ninguém podia fazer isso por mim. Façam algo maior que vocês! Algo que tenha um objetivo claro e jamais despreze “pequenos” começos! Eu escrevi minha história e sei que você  pode escrever a sua. Nada vem fácil.

Fotos Bruno Leite

Direção Criativa Marcia Dornelles 

Assessoria e produção executiva Alana Villela e Brenda Lezie 

Styling Malena Russo Igor veste alfaiataria Guerreiro