“O signo é o apogeu da mercadoria… A etapa acabada da mercadoria é esta em que ela se impõe como ‘código’, isto é, como lugar geométrico de circulação dos modelos, e como meio total, portanto, de uma cultura (e não somente de uma economia)”. (Jean Baudrillard, 1972)
Há algum tempo as principais marcas de moda do mundo sinalizam que a adequação da linguagem trabalhada junto aos públicos de relacionamento é o caminho para a diferenciação de mercado. Que através do trabalho de um conceito integrado entre os signos, com design diferenciado, planejamento e inovação, o mercado percebe e age de forma positiva aos códigos e estímulos sensoriais enviados pelas marcas, influenciando assim, o comportamento de compra das classes sociais. O entendimento e a aceitação do conceito de uma coleção ou de uma estratégia de comunicação pelos públicos fortalecem a cultura da moda, agindo não só na hora da decisão de compra, mas a transformação do comportamento de consumo da população.
O significado de conceito está cada vez mais próximo do entendimento popular, devido principalmente ao crescimento do acesso a informação, seja através de capacitações oferecidas por instituições ou pela inclusão no mundo digital. E com a massificação, o fascínio pelas marcas traduz uma necessidade crescente da vontade de sonhar. Para uma marca atingir o campo do sonho individual e coletivo, deve destacar-se e perdurar no mercado, para tanto, deve saber adaptar-se as oscilações de comportamento do mercado consumidor, dominar as correntes da moda, estar sempre atualizada com as tendências, buscar ultrapassar o campo dos códigos e dos símbolos transformando-se em referencia no segmento escolhido encantando sempre os seus públicos. A cultura da mera cópia de um produto ou das imagens captadas e montadas de forma desintegrada não funcionam, os públicos estão cada vez mais bem informados, consequentemente mais exigentes.
A Rodada de Negócios da Moda Pernambucana, em sua 13ª edição, realizada no espaço de eventos do Shopping Difusora, em Caruaru (PE), ocorrida em março, pode comprovar que os públicos estão mais sensíveis a real importância e eficácia de um trabalho conceitual, como ponto diferencial para destacar produtos e comunicação no mercado da moda. A edição de inverno ultrapassou a meta prevista, com um resultado 23% maior do que o previsto, esta primeira edição de 2012, chega a marca de 39,3% de crescimento em relação aos resultados obtidos na mesma edição de 2011, segundo dados fornecidos pela organização do evento.A Rodada de Negócios é realizada pela Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (ACIC), com promoção do SEBRAE e Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD-DIPER); apoio da ASCAP, ACIT, ACIASUR, ACIPA, SINDIVEST, SENAC, SEBRAE, SENAI e Prefeitura de Caruaru. O evento é formado por compradores de todo o Brasil, destaque para Bahia, Mato Grosso, Ceará, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde a cultura do design, da qualidade e do relacionamento são pontos fortes para o fechamento de negócios.
O evento tem como foco a classe média, composta das classes B e C. É considerado pelo governo do Estado como a principal bolsa de negócios de moda de Pernambuco, registrando em três dias de evento um faturamento acima dos R$ 13.000.000. As 120 marcas expositoras, que estiveram presentes no evento apresentaram suas criações em 9 segmentos diferentes: moda feminina, infantil, íntima, jeans, masculina, praia, fitness, surf e streetwear.
O cenário mercadológico moderno aponta o crescimento e a consolidação do poder de consumo da classe média, segundo o documento “Retrato do Brasil – IPC Maps 2011” o crescimento do consumo chega a 20% em comparação a 2010, alavancada principalmente pelas classes B2 e C1. Só a classe C mesmo segmentada, concentra cerca de 49,3% dos domicílios brasileiros, correspondendo a cerca de 29,6% de tudo que foi consumido no País. A expansão registrada pelos institutos especializados deve-se em grande parte a estabilidade econômica de nosso País, ao nivelamento do salário mínimo, aos programas sociais, o acesso a informação e a massificação das ferramentas digitais.
O perfil de compra dos consumidores emergentes tem um potencial que pode ser até 13 vezes maior do que a elite, afirmam alguns especialistas. Sendo assim, a marca que desejar entrar, manter ou crescer neste segmento deve buscar ser democrática, influente, amigável, respeitar a diversidade e despertar acima de tudo emoção, trabalhar o marketing sensorial é uma estratégia que ganha não só o shire of mind e sim principalmente o Shire of heart, criando um vínculo afetivo com o consumidor, visando transformá-lo em fã. Aponta ainda, que elevando o conceito de consumo do consumidor brasileiro, será possível aproximar o comportamento de consumo ao padrão típico de países desenvolvidos.
Circulando pela rodada pôde-se notar uma diferença significante na linguagem usada pelas marcas do agreste perante o mercado nesta edição, a responsabilidade educadora da organização do evento merece destaque, pois construiu uma identidade marcante para evento, com um formato impactante. A ambientação foi composta de painéis gigantes, trabalhados dentro de efeitos P&B vintage, que trouxeram o clima e o encanto necessários para envolver os públicos de interesse, estimulando as vendas, fortalecendo as negociações pós-vendas e rendendo feedbacks positivos aos que visitaram o espaço.
A mensagem desta edição buscou sinalizar a importância da criação conceitual e autoral. Conseguindo concretizar a mensagem através das peças assinadas pelo jovem estilista Pietro Tales, revelação do Moda Recife 2011 e eleito pela imprensa nacional como promessa de sucesso nacional e internacional. Comprovou com bom gosto, que é possível dialogar com harmonia, design, negócios e sustentabilidade, através da apresentação de looks comerciais montados com as marcas parceiras como Anunciada Moda, Colcci, a design de biojóias Patrícia Moura e a Mr. Cat.
Agregado aos trabalhos de identidade visual do evento, a organização desenvolveu ainda junto às empresas participantes capacitações em diversas áreas, dependendo da necessidade apontada pela empresa, indo da criação de produtos, a identidade visual dos estandes, através dos agentes das instituições apoiadoras. Detectou-se a demanda de integrar esforços para inovar a cultura local, adaptar os códigos culturais de moda voltados para a classe média, público trabalhado pelo evento. Repensar as formas de comunicação utilizadas, para que haja uma adequação de linguagem visando persuadir os públicos, valorizar a autoestima, o prazer, a recompensa, a qualidade, a autenticidade e a cultura popular, com uma linguagem diferenciadaO trabalho de conceito aplicado pelas empresas do Agreste aos seus produtos e a sua comunicação ainda precisa amadurecer e ser massificado. Só assim, toda a cadeia se fortalecerá, principalmente, perante a concorrência globalizada. Na rodada a moda masculina, por exemplo, foi possível encontrar bons exemplos de peças muito interessantes, com design, lavagens, tons, elementos visuais, texturas, qualidade de acabamento, adequação as normas para exportação e preços, dialogando harmoniosamente, de forma competitiva. Peças dentro deste conceito podem ser encontradas em uma grade estendida que variam de 36 a 48 e valores médios das peças, no caso das calças jeans de R$ 38,00 a R$ 52,00 para atacado.Se você é empreendedor do ramo ou deseja entrar neste segmento, precisa deixar o preconceito de lado e visualizar o potencial do consumo emergente e os excelentes negócios proporcionados. Porém, não deve esquecer que para isso tem que trabalhar de forma a se destacar, se diferenciar, inovar no mercado. O dinheiro mudou de bolso e o que antes estava em um universo de consumo distante desta população, hoje é parte da realidade. Porém, deve-se entender que principalmente na moda o sonho, o desejo, a magia e as boas práticas integradas ao conceito trabalhado ela marca de forma diferenciada podem render excelentes resultados.
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