Mais do que apresentar ao público a Paixão de Cristo, a Sociedade Teatral de Fazenda Nova é por si só uma história de paixão. Paixão pela arte, paixão pela terra, paixão pela paixão. O que hoje é o maior teatro ao ar livre do mundo, foi, lá atrás, um sonho. Este sonho que se transformou em realidade no brejo pernambucano há 46 anos faz gente de todo o Brasil e do mundo sonhar também e emocionar-se com a Paixão de Cristo e com a paixão da família Pacheco que faz tudo isso acontecer, ano após ano, geração há geração.
ERA UMA VEZ…
…Uma família que desde 1951 conduzia com esmero as encenações da Paixão de Cristo no brejo pernambucano até que um jornalista, de nome Plínio Pacheco encantou-se pelo teatro e por uma moça da família Mendonça que fazia parte dessa trupe, seu nome, Diva. Que viria a ser sua diva e parceira de sonhos e realizações por toda a vida.
A encenação a cada ano atraia mais gente e a necessidade de profissionalizar-se foi ficando cada vez mais forte. Então dessa necessidade veio o segundo grande sonho: construir uma Nova Jerusalém, a cidade-teatro de Fazenda nova. Foram horas de estudos, dias pensando em como construir esse sonho, em como fazer Brejo da Madre de Deus se tornar um grande espaço ao ar livre para a encenação da Paixão de Cristo. E claro, onde fazer, onde construir.
Percorrendo diariamente tudo quanto foi área da região, Plínio, seu grande amigo Manuel Casé e Diva finalmente encontrar o local ideal. Resolvido tudo? Não, ainda não. Ao encontrar o terreno ideal o problema agora é ter a verba necessária para comprar.
ELES ACREDITARAM NO SONHO
A essa altura o sonho de Plínio já tocava o coração de muitos e então o amigo Alfredo de Oliveira trouxe para conhecê-lo o produtor teatral Paschoal Carlos Magno, pessoa de muito prestígio no Ministério da Cultura do governo de João Goulart. Através de Paschoal, Plínio e sua equipe conseguiram o investimento necessário para construção do teatro.
Outro que acreditou e apoiou o sonho de Plínio Pacheco foi Paula Guerra, na época Governador de Pernambuco. Através do seu apoio Plínio conseguiu construir uma escola no terreno do teatro e erguer as muralhas, começando pelo portão Damasco. Em 1967 foi a vez do governador Nilo Coelho se unir ao sonho de Plínio e através do seu apoio vários templos do teatro foram construídos. Hoje são 70 mil metros quadrados de muita história, encenações, paixões, e, sobretudo a fé de que sonhos sonhados juntos são sempre realizados.
OS ATORES E A ESTRUTURA
Em 2013 são 46 anos da encenação da Paixão de Cristo. A Paixão de Cristo existe desde 1951, e começou como uma simples manifestação religiosa de iniciativa do morador local Epaminondas Mendonça para depois, sob a responsabilidade de Plínio Pacheco se tornar uma dos maiores espetáculos ao ar livre do mundo.
Inicialmente encenada por atores e população local, o espetáculo foi ganhando fama e interesse de grandes patrocinadores como a Rede Globo, que além da cobertura da Paixão de Cristo vem cedendo seus atores para a Sociedade Teatral de Fazenda Nova.
O ator pernambucano José Pimentel encarnou o papel do Cristo por muitos anos, sendo em seguida substituído por atores globais como Thiago Lacerda, Fábio Assunção, Herson Capri entre outros. Em 2010, quando o ator Eriberto Leão precisou se ausentar do espetáculo quem subiu aos palcos foi o pernambucano José Barbosa e a partir de 2011, o posto de “Filho de Deus” é dele desde então.
A peça conta com cerca de 60 atores, 500 figurantes e outros 400 profissionais de montagem, suporte técnico e bastidores. Cenário, iluminação, som e as aproximadamente 800 peças de figurino e adereços fazem o espectador vibrar e se emocionar a cada ato.
O público diário chega a mais de 10 mil pessoas, vindas de toda a parte do Brasil e também de alguns outros países. A organização do evento é primorosa e apesar de tanta gente, todos podem caminhar tranquilos de uma cena a outra guiados por gente da equipe do teatro. Há cadeiras de rodas para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção, cadeiras para pessoas idosas na frente de cada palco, ambulância e profissionais preparados para qualquer tipo de ocorrência.
O ESPETÁCULO
O espetáculo retrata a Paixão de Cristo desde a profecia de Moisés e Elias até a ressurreição. Entre elas, temos ainda a tentação de Jesus no deserto, onde ele passou 40 dias, O Sermão da Montanha, a notícia da prisão de João Batista, a ida de Jesus ao Templo onde expulsa os mercadores e discute com os homens da lei; A decisão dos Sacerdotes de condenar Jesus, a traição de Judas por 30 moedas, a última Ceia, A prisão no Horto das Oliveiras, O bacanal de Herodes, O julgamento de Pôncio Pilatos, a Via Sacra, O tormento de Judas e seu suicídio e a crucificação.
Com produção de Robson Pachedo e direção de Carlos Reis e Lucio Lombardi, o espetáculo este ano conta com a participação dos atores Carlos Casagrande como Pilatos, Marcos Pasquim como Herodes, Carol Castro como Madalena e a pernambucana Luciana Lyra como Maria. E assim como em todos os anos, público, atores e equipe encerram o espetáculo como a sensação não só de dever cumprido, mas de mais uma vez prestar uma homenagem contando a mais popular das histórias deixando uma bela mensagem de amor ao próximo.
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