As séries autorais de Gabriel Wickbold são construídas por meio de narrativas inspiradas no ser humano inserido em questões cotidianas. Sustentabilidade, envelhecimento, tecnologia, conectividade, luz e corpo são algumas das temáticas exploradas pelo fotógrafo, que apresenta a exposição individual SURFACE, no Museu de Arte Brasileira da FAAP (MAB FAAP), a partir de 21 de outubro até 31 de janeiro.
Durante o período de isolamento social, o artista se reinventou e mergulhou na criação de algo que representasse esse momento de desconexão tátil e traduzisse o desejo da aproximação física, surgindo SóMóS. A série inédita traz obras que exploram uma linguagem híbrida entre a fotografia de estúdio, a manipulação digital e a pintura diretamente sobre a imagem, refletindo sobre o contato, o tato, o isolamento, a incerteza e o escurecimento de vidas.
“Antes da quarentena eu estava com uma exposição que remetia aos 14 anos do meu trabalho. Foi uma ginástica gigante, que levou meses para dar forma a essa exposição. A mostra durou apenas uma semana e precisou ser interrompida. Nesse tempo tive a oportunidade de criar algo novo, tentar contar uma história por meio do momento que estamos vivendo e sentir sobre a necessidade desse reencontro do ser (indivíduo) e do “somos” (lugar onde estamos juntos)”, afirma Gabriel.
A curadoria da exposição é de Marcello Dantas. “SóMóS evoca em mim o conceito de ‘bardo’, que para o budismo tibetano significa um estado de existência intermediária entre a morte e o renascimento. A série busca representar o local transitório entre a perda de uma conexão física e o desejo de contato, trazendo com ela a melancolia do distanciamento e a energia da fricção”, acrescenta Dantas.
Além de SóMóS, o artista reúne mais de 100 obras que integram cinco séries autorais desenvolvidas durante 14 anos de trabalho. São elas: I am Light, Naïve, Sexual Colors, I am on-line e Sans Tache .
Dividida em seis salas no MAB FAAP, a mostra dedica um espaço para cada série, em um percurso que permite conectar a trajetória do artista por meio de seus trabalhos mais icônicos. SóMóS(2020), refletea ansiedade, a ocultação da identidade e a distância física no retrato; I am Light (2018), converge pinturas humanas com a aplicação de glitter e tem como resultado telas com cores potentes, que criam efeitos de aura nos personagens. Sans Tache (2014) critica a relação do homem com o envelhecimento e provoca uma reflexão sobre as marcas de expressão e o uso abusivo de recursos de computação para manipular uma estética inatingível. Em I am online (2016), o fotógrafo discute o sufocamento causado pelo excesso de conectividade com a internet e as máscaras que criamos para as redes sociais.
“Tem sido um prazer enorme viajar pelo mundo com a minha arte e entender que, independente do lugar, os temas das minhas séries são extremamente humanos e conseguem dialogar com qualquer cultura”, finaliza Gabriel. Para o artista, a exposição individual no MAB FAAP é uma oportunidade para o público conhecer a pesquisa e estética de seu trabalho, que já passou por importantes exposições no Brasil e no mundo. O espaço prestigiado já recebeu outros relevantes nomes da fotografia, como Mario Testino, Bob Wolfenson, Bob Gruen e JR Duran.
Serviço:
SURFACE
Onde: Museu de Arte Brasileira da FAAP
Endereço: R. Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo
Quando: 21 de outubro de 2020 a 31 de janeiro de 2021
Horários: De quarta a segunda, das 11h às 17h
Entrada Gratuita