Consumido em todo o mundo, são nos Emirados Árabes que o Scotch Whisky tem maior força e no Brasil é o Estado de Pernambuco que mais consome a bebida per capta. Uma bebida que tem anos de história, pode ser consumida por jovens e adultos e anda sendo usada como base para drinks, mesmo sendo isso considerado um sacrilégio para os mais puristas. Através de entrevista com o especialista Eduardo Rotella, autor do livro Whisky Book – manual básico do scotch whisky, preparamos uma matéria especial sobre a bebida. Está servido, caro leitor?
A ORIGEM E A FAMA DO ESCOCÊS
A origem do whisky remonta o início do processo de destilação em si, prática aliás. Descoberta e bastante utilizada pelos monges budistas para o processo de fabricação de perfumes. A partir daí a bebida é criada e difundida. Países como Irlanda e Índia reivindicam a “paternidade” da bebida. Segundo os indianos eles já produziam o whisky há cerca de 800 anos a.C., já os irlandeses dizem que o padroeiro do País, ST. Patrick, nos anos 400 fabricava uma bebida com os mesmos ingredientes do que conhecemos como whisky.
As lendas são muitas, mas a de São Patrick tem força por conta de documentos sobre destilação que remontam ao século XV que descrevem a venda de 500kg de malta para um frade de nome John Corr para produção de aqua vitae ( ver etmologia abaixo). Esse registro liga a produção do whisky aos monastérios que usavam licor produzido com ervas e especiarias para fins medicinais. Entre os séculos XVII e XVIII e até 1820 a destilação era um processo doméstico e os habitantes produziam sua própria bebida em alambiques privados em suas granjas rurais. A cevada que sobrava alimentava o gado e o whisky em si acabava se tornando também uma importante “moeda” de troca.
No sentido etmológico a palavra Whisky vem de “uisge”, forma abreviada do termo gaélico “uisge beatha” ou “aqua vitae” (água da vida/eau de vie/water of life). O que acaba tendo relação direta com esta bebida que alegra, relaxa e socializa, concorda? Apesar de consumido e produzido em várias partes do mundo, é o whisky escocês o de maior fama e credibilidade. Isso se deve sobretudo ao tempo e experiência no processo de destilação, já que o primeiro registro desse processo utilizando a cevada na Escócia data de 1494, muito antes de outros lugares.
Mas não é só a experiência, o cenário escocês também é bastante propício para a fabricação da bebida: o clima, a geologia, as fontes de águas puras e propriedades exclusivas, a qualidade da cevada e principalmente por uma pequena flor presente no nordeste da ilha, em uma região chamada Speyside. Esta pequena flor de nome Urze ou Heather empresta seu aroma floral e frutado a metade dos whiskies produzidos na Escócia.
A força e a tradição da Escócia na produção de Whisky é tão grande que só se pode colocar no rótulo a denominação Scotch quando a bebida é fabricada exclusivamente no país. Nenhuma destilaria do mundo pode se utilizar deste nome, mesmo que importe o malte da Escócia. Por isso caro leitor, nem tudo o que você chama de Scotch o é de fato.
O whisky escocês leva 3 ingredientes na sua composição, mais um especial:
– Cereais (principalmente a cevada, onde a Escócia se destaca como o maior produtor mundial do grão;
– Água;
– Levedura;
– Turfa, e talvez aqui esteja o grande segredo. A turfa é uma espécie de carvão vegetal, queimada nos fornos para secagem dos grãos de cevada. Como a Turfa queima produzindo fumaça, é nesta fase que se consegue adicionar notas de defumação ao grão e ao futuro destilado.
Lowlands
Nas terras baixas ao sul da Escócia é onde se produzem os single malts mais leves e suaves. De sabor adocicado, agrada inclusive ao paladar feminino. As lowlands possuem três destilarias. Características do whisky: delicado – leve – doce
Campbeltown
Por estarem próximas do mar, as turfas dessa região recebem muita influência do fenol e iodo provenientes das brisas marinhas. Características do whisky: é forte e encorpado, mas de sabor generoso e atraente. Atualmente, tem duas destilarias, mas antes da guerra chegou a possuir cerca de 30.
Islay
É uma bonita ilha da costa oeste da Escócia, que produz um whisky com estilo e personalidade diferenciados. Ao provar o whisky de Islay – pronuncia-se “Aila” – , não existe meio-termo: ou se detesta ou se apaixona por ele. Todo legítimo blended whisky escocês possui em sua composição o single malt proveniente da Ilha de Slay. A Ilha de Islay possui cinco mil habitantes e oito destilarias. Dá uma média de uma destilaria para 625 pessoas. O Malt Whisky em Islay possui características excepcionais e é facilmente identificável. O aroma defumado torna-o seco e tão forte que muitos apreciadores afirmam que sentem o sabor de iodo das algas marinhas. É a única ilha da Escócia que se orgulha de produzir um tipo de whisky que leva seu nome. Seus whiskys são conhecidos simplesmente por Islay Single Malt. Características do whisky: salgado – defumado – medicinal
Highlands
O whisky das terras altas, ao norte da Escócia é o mais reverenciado e conhecido em todo o mundo. É a maior região produtora de whisky escocês e onde se mistura e engarrafa. Romântico, suave, frutado, admirável e glorioso. Essas são algumas das expressões dos especialistas em relação ao whisky produzido nas Highlands. Muitas destilarias exibem em seus rótulos a classificação “Highland Malt Whisky”. Isso serve para reforçar a excelência de um produto fabricado nessas terras abençoadas pela natureza. Características do whisky: frutado – temperado – aromático
Speyside
Também localizada nas terras altas a nordeste da Escócia, essa região é abastecida pelo Rio Spey e seus oito afluentes. Abriga enorme quantidade de destilarias ao redor de quatro principais cidades: Rothes, Dufftown, Elglin e Keith. Região famosa por produzir os melhores maltes da Escócia. 50% das destilarias da Escócia concentram-se nesta região. Características do Whisky: perfumado – frutado – floral.
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