CAPA: CAIO PADUAN DE VOLTA

Desde que apareceu com seu Gabriel em Malhação, em 2011, seu segundo trabalho na TV, Caio Paduan não parou mais. Daí em diante foi só uma comprovação do seu talento e dedicação. Nascido no Rio de Janeiro, começou no teatro aos 16 anos interpretando o Rei Arthur. Hoje aos 34 anos, com a visibilidade que seus trabalhos proporcionaram, Caio virou sucesso também nas redes sociais. O que já era de se esperar diante do carisma e a facilidade de se comunicar. A MENSCH voltou a conversar com ele para saber um pouco mais dessa trajetória, a vida nômade em motorhome e autoconhecimento.

Caio, do Rei Arthur nos palcos ao Quinzinho de Verão 90 na TV, muita coisa já se passou. Como avalia sua trajetória até aqui? A sensação é que sim, muita coisa se passou, mas ao mesmo tempo ainda me sinto um jovem artista buscando explorar e contar histórias através das personagens.

O que te marcou mais como ator? Acredito que o que me marcou foi a escolha que fiz no início de meus estudos, quando busquei estudar numa escola de teatro onde aprendi a respeitar o ofício e a construir, tecnicamente, uma personagem. Sigo buscando e focando os estudos na criação artesanal de meus personagens: “Do corpo à voz, encontro a alma” é uma frase que surgiu na mente para explicar meu processo.

O que mais te desafia como ator? O que te move? A dialética complexidade da mente humana me fascina e por isso, com certeza é meu maior desafio. Definitivamente histórias que envolvam questões sociais me motivam muito, mas sou um apaixonado por contar histórias sejam elas quais forem. Abordar, questionar, instigar, espelhar o ser humano é o que me interessa.

No ano passado você esteve no cinema com Ricos de Amor. Como foi esse trabalho? O que te trouxe de novo? Uma experiência incrível fazer cinema e de quebra, para o streaming. A linguagem de tudo que envolve o cinema me fascina e isso, já é muito gratificante. Fico radiante num set de cinema pois sou encantado pela parte técnica – é milimétrica! 

Um trabalho marcante seu na TV foi o Bruno, de O Outro Lado do Paraíso, filho de Nádia (Eliane Giardini). Que era um cara mimado, covarde e machista. Como foi encarar um personagem assim? (risos) Construí o personagem de acordo e junto ao autor Walcyr Carrasco e à direção. Acredito que na época, apesar das péssimas atitudes, o personagem não era visto apenas assim, de forma chapada. Olhando apenas os erros, esquecemos a história de amor que mesmo atrapalhada pelo ódio do racismo, venceu. Foi um personagem que me ensinou muito desse jeito, errando e acertando. Bruno tinha bom coração e sentimentos nobres, mas foi mal educado e instruído dentro de casa. Agradeço até hoje o carinho imenso do público para com esse personagem, esse casal (BruQuel).

Momento de pandemia e isolamento social, momento de aprendizado e reflexão também. Como foi ou tem sido isso para você? Mergulhei para dentro de mim como nunca tinha feito. Revisitei espaços internos, valores, pensamentos…e descobri o silencio interno. A busca por evolução, é um exercício diário.

E no meio disso tudo existe a discussão sobre se posicionar ou não, politicamente e socialmente. O que você pensa sobre isso? Acredito que tudo é como você encara sua vida. Eu busco me posicionar sim, mas da minha forma, e não de um jeito imposto ou “pré-fabricado”. Não se posicionar, já é se posicionar.

Você parece ser um cara tranquilo. Bom moço. É isso mesmo ou disfarça bem? (risos) Busco a tranquilidade diariamente e acredito que a maturidade ajuda muito nessa parte. Tenho meus defeitos e busco encara-los de frente para conseguir evoluir, mas sinto que estou num bom caminho de entendimento. O silêncio tem se mostrado um grande aliado nesse processo.

Falando nisso, o que te tira do sério e o que te faz abrir um sorrisão? Injustiça e covardia me tiram do sério. Falar até papagaio fala né, por isso que devemos cuidar muito sobre o que dizemos por aí. Sorrisão? Viajar ou ver as pessoas que amo felizes!

Falando em viagem… Há pouco tempo você e sua namorada Cris Dias passaram seis meses viajando de motorhome. Como foi a experiência? Na verdade, passamos 6 meses como nômades. Sem casa fixa de agosto/2020 até janeiro/2021. Depois disso, ficamos rodando o sudeste do país de “VANda” (nossa Van adaptada para motorhome) e a experiência foi e está sendo transformadora.

E é verdade que vocês adotaram um motorhome como segunda casa? Como é esse estilo de vida mais nômade? Na verdade, como única casa. Rodamos entre campings e aluguéis por temporada! Esse estilo de vida que é muito encantador, não é nada fácil. A vida na estrada não é simples e tem suas duras especificidades. Em contrapartida, a liberdade alcançada nesse estilo de vida, é inexplicável. Ir e vir é direito nosso e essencial para a mente.

Você compartilhou muito dessa experiência nas redes sociais. Aliás, você é sempre muito engajado nas redes sociais. A que se deve isso? Bom, ainda é uma ferramenta a ser melhor descoberta, mas acredito que quando você se conhece, ou ao menos busca se conhecer melhor, você consegue brincar e se relacionar com as redes sociais de forma orgânica, mesmo ela sendo inorgânica. Gosto de interagir com o público e as redes sociais estão aí para nos aproximarmos, para que juntos possamos evoluir! 

Pegou a manha de como funciona o mundo digital e hoje você surfa numa boa? Ainda estou entendendo quais as possibilidades mas tô melhorando sim! (risos)

Como separa o que é público e o que é particular? Existe o limite do respeito e quando ele é ultrapassado, eu prefiro ignorar, desprezar. A insignificância é poderosa.

Com a popularização dos canais de streaming abriu um novo mercado para os atores (e outras áreas). Como você enxerga isso? Algum plano para entrar em algum projeto nesses canais? Ainda prefiro seguir buscando em silêncio, estudando muito, e quem sabe em breve não temos uma “boa nova” não é mesmo?! Penso que tudo acontece na hora certa.

Como você se definiria em uma frase? “Definir é limitar.” – Oscar Wilde

E para este ano, o que ainda planeja? Apenas desejo saúde. Para mim, para os meus e para todos os brasileiros. Estamos vivendo tempos difíceis e precisamos nos planejar para seguir nos ajudando uns aos outros.

Fotos Marcelo Auge (@augem)

Direção de moda Celso Ieiri (@celsoieiri)

Make & Hair Leloo Eta (@lelooeta)

Assessoria Nexxt PR (@nexxtpr)

Caio usou: Relógio Panerai para relojoaria Frattina, Ellus, Zapalla, Merino