Christian Gaul é o tipo do fotógrafo, digamos, “desglamourizado”. Um grande profissional que não se deslumbra com o meio onde circula, cheio de celebridades e personalidades. Um cara que simplesmente tem a fotografia na veia e a paixão pela vida, muito mais que pelas coisas. Com seu jeito simples e uma inteligência que lhe é peculiar, Christian respondeu às nossas perguntas com jeito de quem recebe um amigo sentado no chão da sala com vista pro mar. Esse é o jeito simples, e sofisticado ao mesmo tempo, de um dos grandes fotógrafos nacionais.
Você é formado em Literatura e Economia, e terminou virando fotógrafo. Como foi isso?
Pra você fotografar belas mulheres pra editorais de moda, campanhas publicitárias, mulheres nuas ou cantores para capas de cd, tem tudo o mesmo peso de satisfação? Onde você se realiza mais?
É da minha natureza experimentar, diversificar. Sou assim. Houve um momento onde procurei traçar “a reta”, mas não consigo. Gosto muito de muitas coisas e quero ser livre para ver, sentir, expor.
Uma vez você comentou que freqüentou um campo de nudismo na Austrália e não usou sua câmera. Experiências como essa que tornam o nu algo banal facilitaram para você como fotógrafo na hora de fazer ensaios de nudez? Como lida com isso?
Era um trabalho lindo e vertiginoso. Um trabalho de muita intimidade com as pessoas. Um trabalho de amizade, de amor. Realmente muito tocante e muito diferente de tudo que vi até hoje. Perguntei na época o que ele queria fazer com as imagens e ele disse que nada o interessava alem de poder distribuir as imagens para quem estava nelas. Ou seja, ele ia nos encontros fotografar, dar fotos para as pessoas que ele fotografava e ficava lá curtindo isso. Enfim, não me senti no direito de fazer nada ali. Qualquer coisa estaria muito aquém do que eu vi com esse fotógrafo, que não me lembro o nome, cacete!!!! Ali despertou em mim, de maneira muito natural, o que depois descobri ser algo que Kertesz divulgava no tempo dele: “respeite o material, respeite o sujeito, respeite o assunto” …ou algo assim. Hoje fotógrafo com isso na cabeça.
Na minha bagagem coloco sempre a sandália da humildade… rs rs aquela do pânico mesmo – porque já fotografei cavalos, mas também já fotografei porcos, vacas, ferro velho (tudo p uma revista de leilões) e já fotografei coluna social também, que pra mim foi o pior! Brincadeiras a parte, sigo com os dizeres de Kertesz, sobre o respeito durante o exercício da nossa profissão. Na vida como um todo, vale o mesmo.
Fotografar Marina de La Riva para a S/N, do BOB. E gostaria de clicar o Papa.
Conheça um pouco mais do trabalho de Christian: www.chistiangaul.com