Atualmente interpretando a personagem Nina na novela Terra e Paixão (Globo), Kizi Vaz tem chamado atenção. Muito por conta da simpatia de sua personagem, mas também pela atriz por trás dela. Talvez muitos estejam conhecendo o trabalho de Kizi agora, mas ela já vem de uma longa trajetória que começou com o Nós do Morro e não parou mais. Essa bela mulher é a prova de que determinação e talento te levam longe. Sempre pronta para um novo desafio, seja como mãe, mulher e atriz, Kizi encara os desafios sem medo. A MENSCH bateu um papo com ela e o resultado não poderia ser mais incrível. Leia e encante-se também.
Kizi você já declarou que sua base vem da Baixada Fluminense e o projeto Nós do Morro. Como sofreu influência e foi formada por essas origens? Essas duas bases têm um papel fundamental na formação da minha identidade. Tenho muito orgulho das minhas raízes, do lugar onde fui criada. Carrego no meu peito e memória de todas as experiências vividas em Duque de Caxias. Bato no peito e digo “Sou da Baixada”. Não tive uma infância fácil, passei por muitas dificuldades, mas tudo que passei faz parte de quem eu sou, me fez querer vencer, lutar por meus objetivos. Nunca lamentei por ter tido uma infância pobre, eu transformei a luta em realizações. Sempre tive o amor e o apoio da minha mãe, isso fez toda diferença na minha caminhada. Do outro lado, tem a minha base artística que me influenciou em vários aspectos. Me formou como artista, fez eu entender culturalmente a minha ancestralidade, me desabrochou para o universo da arte. O grupo Nós do Morro me abriu muitas portas. Foi onde eu fiz meu primeiro espetáculo profissional, onde tive a oportunidade de fazer a minha primeira viagem internacional – foi através do meu aprendizado no grupo que comecei a minha carreira no audiovisual. Sou muito grata a todos que me ajudaram. Agradeço a todos os integrantes do Nós do Morro, cada um tem sua importância na minha trajetória artística.
Muitos atores que passaram pelo Nós do Morro terminaram conquistando seu espaço e fazendo história. Com você foi o início de tudo? Na época já sabia que queria ser atriz? Eu já tinha feito algumas oficinas, mas foi no Nós do Morro que realmente comecei a me dedicar e ter contato de verdade com o teatro. Eu já sabia que queria ser atriz, mas estava mais preocupada em estudar, aprender, me dedicar às práticas de montagem, nem passava pela minha cabeça fazer TV. Na época, em 2006, tudo que eu queria era fazer parte da companhia do grupo, demorei sete anos para entrar, mas com muito estudo e dedicação eu consegui. Só depois que o audiovisual entrou na minha vida, me apaixonei. Tudo tem seu tempo, sempre respeitei isso.
Atualmente como a Nina na novela Terra e Paixão, como está sendo estar numa produção no horário nobre. Como tem sido a repercussão da personagem? Está sendo incrível trabalhar com toda a equipe. Contracenar com artistas que eu sempre admirei e são referências pra mim, é um privilégio. A repercussão da minha personagem tem crescido a cada capítulo, principalmente quando tem cenas da Nina com a Mara, o público adora.
Uma das características da personagem é sua bissexualidade que em breve será mais discutida na trama. Como é para você encarar isso através de sua personagem? É de uma grande responsabilidade, sensibilidade. Trabalho para retratar a personagem de forma positiva, mostrando que a bissexualidade é uma parte válida da diversidade sexual. Compreendendo suas complexidades, lutas e alegrias. O objetivo é representar de forma respeitosa e contribuir para maior compreensão e aceitação das diversas identidades sexuais na sociedade. Nunca pensei na Nina como uma coisa só, ela é fluida, gosta de gente. Mesmo ainda amando a Mara, ela não se prende só a um tipo de gênero. A Renata Gaspar tem uma troca muito boa comigo, tem me ajudado muito.
Mãe de um adolescente de 15 anos, como é a relação de vocês? Como concilia as gravações com os momentos entre vocês? Minha relação com meu filho é muito verdadeira e aberta. Manter as linhas de comunicação abertas é muito importante, tanto para o filho quanto pra mãe. Sempre procuro ter paciência, empatia, equilíbrio entre orientação e liberdade. Sempre imponho limites também, para que ele aprenda e amadureça. Meu filho não me da muita dor de cabeça, ele é calmo e respeita os limites que estabeleço. Essa fase é desafiadora, mas muito gostosa também. Aprendo muito com ele. Eu procuro ter um tempo de qualidade com meu filho. Sempre que estou com ele procuro dar atenção, ouço as histórias que ele tem pra contar, até sobre futebol… agora ele tá louco pelo Vasco, não tira a blusa nem pra dormir (risos), escuto trap com ele, curto muito essa fase. Às vezes surgem momentos espontâneos, do nada a gente pede uma pizza e assiste a um filme juntos. Estamos fazendo Muay Thai, uma forma de estar junto com ele e me exercitar, já que gostamos muito de praticar esportes. A qualidade de tempo que passamos juntos, é o mais importante.
A novela Terra e Paixão discute temas bem atuais como violência contra a mulher, preconceito de gênero e raça. Já teve que enfrentar algo parecido? Infelizmente, na sua maioria, as pessoas já vivenciaram ou souberam de pessoas que viveram esse tipo de violência. É de uma grande importância a novela abordar esses temas. Através disso, aumentamos a conscientização sobre as desigualdades e discriminação. Discutir esses temas e mostrar isso nos meios de comunicação ajuda às vítimas que sofrem preconceito, de gênero ou raça a se expressarem e buscar por seus direitos. Sim, já passei por situações de violência de raça e gênero.
Na série Ilha de Ferro você era uma das poucas mulheres naquela plataforma de petróleo. Um ambiente bem masculino. Você chegou a conversar com outras mulheres na mesma situação da sua personagem, como preconceito e machismo no trabalho? Eu conversei pouco, porque foi tudo muito corrido, mas tive oportunidade de ter contato com algumas dessas mulheres. Infelizmente, existe preconceito em relação às mulheres que trabalham em algumas plataformas de petróleo, mas a indústria está mudando. Muitas empresas estão trabalhando para melhorar a igualdade de gênero e criar um ambiente mais inclusivo. As mulheres com as quais conversei falaram que são respeitadas, mas sei que nem todas o são. Acredito que a mulher pode ser e estar onde ela quiser, e precisa ser respeitada em todas as áreas. Fico feliz em saber que as mulheres estão desempenhado papéis importantes em plataformas de petróleo.
Sua personagem não tinha muita vaidade, mas você parece ser bem vaidosa. Onde mora a sua vaidade? Do que não abre mão? Eu tenho momentos. Tem fases que eu sou muito vaidosa, outras nem tanto. A minha vaidade está na qualidade de vida. Faço exercícios todos os dias, cuido da minha alimentação, e também da parte mental e espiritual. Não abro mão de limpar e hidratar minha pele todos os dias, e sempre ando com protetor labial e de rosto.
E o que alguém precisa ter para chamar sua atenção? Um bom papo, ser engraçado, simples e gostar da natureza.
Nos momentos de folga como cuida da cabeça e do corpo? Eu sempre faço exercício, nem que seja uma caminhada na praia. Separo um tempo para curtir com a minha mãe e meu filho. Sou muito caseira, quando estou de folga gosto de curtir minha casa, assisto séries e filmes, mas também encontro minhas amigas para colocar a fofoca em dia e dar boas risadas.
Qual pecado é difícil resistir? A gula. Controlo, mas às vezes é difícil (risos).
Planos para depois da novela? O que almeja na profissão? Estou sempre aberta para novos desafios e espero poder já emendar num próximo projeto. Eu e meu amado agente Leandro Alencar já estamos fazendo esse movimento. No próximo ano vai estrear uma série que eu fiz no Globoplay O Jogo que mudou a História (estou ansiosa) Eu almejo vida longa na minha caminhada artística, espero voltar aos palcos, ficar em cartaz com algum espetáculo. Sinto muita falta de estar no palco. Quero ser reconhecida cada vez mais pela minha arte, quero tudo que a arte tem pra me oferecer. Estou sempre de peito aberto.
Fotos Priscila Nicheli
Stylist Samantha Szczerb
Beleza Titto Vidal
Assessoria First Press Comunicação
Agradecimentos Hotel L’Homme de Rio, Reversa, Àrsie, Noêmia Jóias