Desde quando o ator Sérgio Malheiros surgiu como o menino Raí na novela “Da Cor do Pecado”, isso em 2004, a empatia com o grande público foi instantânea. A cada novo trabalho Sérgio, hoje com 25 anos, foi se desenvolvendo como ator e encarando novos desafios. Aquele garoto filho de Preta, personagem de Taís Araújo, cresceu e se revelou um ator, diretor e mais recentemente um ótimo pé de valsa. Ele atualmente está bailando no “Dança dos Famosos” e nas horas vagas pegando ondas para seu próximo personagem em novela para o início do ano. Tranquilão, como ele mesmo se auto define, Malheiros segue de bem com a vida, ao lado da bela Sophia no embalo dos seus ensaios para o próximo ritmo.
O carinho de Preta (Taís Araújo em “Da Cor do Pecado”) pelo jeito contagiou o público e até hoje você será sempre lembrado pelo menino Raí. O que Raí e esse trabalho representou? Eu tenho um carinho muito especial por esse personagem e toda a história que vivi na época em que a novela estava no ar, aprendi e descobri muito. Esse trabalho representou novos horizontes para mim, foi ali que me apaixonei ainda mais pela forma de produzir entretenimento, além de descobrir a minha paixão pela atuação. Tanto esse folhetim como tantos outros que fiz ao longo da minha carreira, sou muito grato por todas as experiências incríveis que tive e o aprendizado que me leva a ser um profissional melhor.
Talvez muita gente não lembre, mas seu início na TV foi bem antes, em 2000, no “Gente Inocente”. Como veio esse convite e como foi esse início? Na verdade iniciei antes, o meu primeiro trabalho na televisão foi no programa “Samba, Pagode e Cia”, em 1998. O convite de “Gente Inocente” veio após o final do programa anterior, foi bem bacana para mim naquela época fazer parte de um outro formato televisivo. Aprendi muito no programa e me diverti, também. Foi essencial ter essas experiências para perceber o quanto eu teria que me empenhar para fazer daquilo uma profissão, por mais novo que fosse. Mas todos sempre tiveram muita paciência comigo e com o elenco infantil, eles nos conduziram muito bem nesse início de carreira! Inclusive o Márcio Garcia que sempre foi incrível e extremamente paciente com todas as crianças.
Você e tantos outros atores que começaram criança na TV cresceram aos olhos do público. Isso já incomodou de alguma forma? Como lida com isso? Eu não diria que tenha me incomodado, mas há desafios em começar tão cedo, claro. Quando estamos crescendo na frente dos olhos de todos chegamos a um ponto no qual temos que mostrar que amadurecemos como profissionais, que estamos prontos para novos desafios e personagens mais complexos; essa é uma fase complicada, mas com muito trabalho e determinação dá para passar por ela sem grandes problemas. Eu lido de forma tranquila com o assédio do público e sei da importância dos fãs no nosso trabalho, respeito muito isso. Por mais que a minha profissão seja de bastante exposição, encaro isso como uma consequência do que faço.
Olhando para o início da carreira até hoje percebemos que desde 2000 você não para. Começou na Globo, passou um período na Record, e hoje em dia retornou para a Globo. Tem saído tudo como imaginava? Que avaliação faz? Eu tive oportunidades muito boas e que me fizeram crescer como profissional, sou muito grato por todos os trabalhos que embarquei. Nem tudo sai sempre como imaginamos, mas essa é a graça da vida, não é? Hoje estou muito realizado com o que conquistei e com o que tenho planejado para o futuro, tanto na carreira de ator como na de diretor. A avaliação que faço é muito positiva, cresci bastante ao longo da minha carreira. Fui desafiado como profissional diversas vezes e aprendi muito nesses momentos, é isso o que importa: a evolução do nosso trabalho.
Atualmente você está se desafiando no “Dança dos Famosos”. Como tem sido para você? O que é mais difícil? Alguma zona (ritmo) de conforto? A experiência tem sido ótima, é um projeto desafiador e instigante. Cada semana é um ritmo diferente, então não tem como entrar em uma zona de conforto, pois a cada nova dança é um novo desafio. Porém, eu diria que o funk, até o momento, foi relativamente mais tranquilo de aprender a coreografia, porque é uma dança mais solta, descontraída. O mais difícil para mim são os passos técnicos de cada ritmo. Eu não sou dançarino profissional, então essas tecnicalidades são mais complexas de gravar.
Em casa chega a treinar com Sophia (que já passou pelo “Dança”)? Ela te dar algum toque? A Sophia me ajuda quando preciso, sim. Mas ela procura não interferir muito. Ela já passou por isso, então sabe como é difícil a competição e os ritmos. Ela me dá alguns toques mais voltados para o lado emocional do quadro, que é o que mais pega na hora de dançar. Se estamos tranquilo, tudo flui muito melhor.
Falando em Sophia como é o assédio do público com vocês? O ciúme aparece em algum momento? O público é sempre muito carinhoso conosco, mas somos bastante reservados com a nossa vida pessoal. Nós somos muito parceiros e temos respeito um pelo outro, não há espaço para ciúmes.
Vocês estão juntos há 4 anos, ou seja, existe uma ótima cumplicidade entre vocês. Qual o “segredo” e onde mora o “perigo” em uma relação para se manter estável? Eu não sei se existe um segredo e é muito relativo de casal para casal, para mim o relacionamento tem que ser saudável para ambos, cheio de respeito e parceria. Acredito que o maior desafio é o dia a dia, aprender a conviver em dois, que é muito mais complicado, temos que saber a hora de dar e ceder. Mas se o relacionamento tem amor e respeito, então está tudo certo!
O que te atrai em uma mulher? E que qualidades suas são mais elogiadas? Inteligência. Eu tenho o prazer de viver com uma mulher extremamente inteligente e feminista. E conviver com alguém que te influencia intelectualmente me proporciona uma nova percepção de mundo, que minha mente masculina talvez não conseguisse formatar sozinha.
Você parece ser um cara tranquilão. O que te deixa assim e o que te faz perder essa calma (se é que ela existe)? Tranquilão é realmente uma palavra que me define. Eu tenho um mantra pessoal que eu sempre aplico quando tenho um problema: “aceita, assume e administra”. Eu acredito que tudo pode ser resolvido na conversa, na razão. Acho que ter uma estabilidade emocional é essencial para viver bem. Quando exercitamos nossa mente, quando estamos com uma boa qualidade de vida mental e física conseguimos encarar a vida sob outra perspectiva. Eu pratico bastante esporte, que é algo que me relaxa. Como estou na preparação para o meu próximo personagem, que será um surfista, tenho praticado surfe quase todos os dias e descobri na modalidade paz e equilíbrio. Poucas coisas fazem com que eu perca a calma… A desorganização é algo que me incomoda bastante, mas isso se deve ao fato que sou um cara cheio de manias e a arrumação e planejamento é uma delas, (risos).
O que faz sua cabeça na hora de relaxar? Eu gosto de ler livros, assistir documentários, séries e quando consigo ir ao cinema ou teatro. Sempre tive uma fome de conhecimento muito grande, então esses momentos de calmaria servem para alimentar esse anseio. Mas tenho uma agenda bastante atribulada, então aproveito qualquer brecha, desde o intervalo para almoçar até quando estou fazendo alguma atividade doméstica. O esporte é algo que, por mais que me mantém em movimento, me relaxa. Pratico atividade física desde muito novo, meus pais sempre incentivaram isso, então hoje é algo que me agrada bastante.
Próximo ano você volta às novelas em “Verão 90 Graus”. Qual a expectativa? Algo do personagem que possa adiantar? Estou bastante feliz com esse personagem, que é um presente para mim das autoras Paula e Izabel, então a expectativa é grande. Ainda estamos nos ensaios, então não consigo adiantar muita coisa, tanto porque essas características podem mudar, mas o Diego é um surfista carioca que, cansado de enfrentar o preconceito diário pela sua cor, resolve estudar direito e lutar pelos direitos negros na justiça. É um cara muito do bem e determinado a provocar mudanças sociais-culturais no seu meio.
E como andam os trabalhos como diretor de clipes? Pretende chegar mais longe? Eu tenho feito menos trabalhos de clipes no momento, estou focando em outras vertentes como diretor, mas estou estudando bastante e tendo ótimas oportunidades para continuar a crescer na profissão. Porém, por conta do ‘Dança dos Famosos’ e da preparação para a novela, é algo que está acontecendo aos poucos. Atualmente eu tenho produzido vídeos para o IGTV, que mostram uma outra pegada minha, mais descontraída, e tenho projetos de entrevistas e curiosidades para mostrar na plataforma, também.
Que valores trouxe da sua criação que pretende repassar para um filho? Nossa, muita coisa! Os meus pais sempre incentivaram o respeito e empatia com o próximo, que julgo ser essencial na formação de uma pessoa. O esporte também é necessário porque a disciplina exigida nas modalidades ajuda a moldar o caráter e valores, então com certeza repassaria isso para meu filho um dia. Mas é algo que tenho bastante tempo para pensar ainda, tenho outras prioridades no momento.
Que defeito gostaria de não ter e que qualidade realça mais? Eu gostaria de ser um pouco menos metódico, mas não consigo me controlar. Difícil falar de alguma qualidade minha… mas acho que a habilidade de me comunicar de maneira articulada e eficaz me fez ganhar muito ao longo da vida. Essa é uma habilidade que eu admiro muito nas pessoas também.
Qual sua maior vaidade? Não sei dizer qual a minha maior vaidade, sou um cara bem tranquilo e o cuidado que tenho com a aparência é porque sou ator e meu corpo é o meu instrumento de trabalho. Então preciso estar saudável e, se o personagem pede, em boa forma. No geral, sou bem desencanado.
Fotos Márcio Farias
Styling Dudu Farias
Assist. de Produção Fabiana Pernambuco
Beleza Gabriel Gomez
Assist. de Fotografia Douglas Jacó
Vídeo André Ivo