Vivemos numa sociedade capitalista, e mais do que um sistema de trocas meramente financeiras isso molda a forma como agimos e nos organizamos. Não há como não misturarmos as coisas, e levamos o que é da vida para a ciência e trazemos do mercado para a vida afetiva. Nós nos vendemos para as pessoas e também as compramos o tempo todo.
Explicando melhor: nós vendemos (criamos uma imagem de nós mesmos que expomos para quem está ao nosso redor) e compramos (absorvemos as imagens que as pessoas projetam para nós). Me refiro em termos de compra e venda, pois são imagens criadas com o intuito de serem lançadas e elas tem seu valor também. É nisso que nos aproximamos do Marketing: o Marketing pessoal.
Utilizando essa analogia na vida sentimental (e por que não dizer sexual) podemos imaginar pessoas como seres que despertam a atenção, que despertam o desejo e que motivam ações (assim como produtos). Então vamos usar um pouco do que o Marketing ensina a nosso favor também, adaptando algumas regras e princípios de estratégia empresarial a nosso favor.
A coisa mais importante é a percepção da marca ser equivalente ao momento e aos interesses da empresa. Isso quer dizer para pessoas: fazer com que a sua aparência reflita e exponha seus interesses e sua realidade. Longe de se lançar em estereótipos de imagem pré-concebida (o “mauricinho”, o “yuppie”, o alternativo”) que venham de fora pra dentro, é sempre o processo inverso, de deixar algo de dentro aparecer do lado de fora.
Um ponto interessante é no que o marketing fala do “ciclo de vida” do produto. Ele é concebido, nasce, cresce, amadurece, declina e morre, assim como o ser humano (pois é do ser humano que vem essa analogia) e de acordo com o estágio em que a empresa deseja estar ela muda a sua imagem. Da mesma forma nós passamos pelas fases da vida e devemos ser honestos com nós mesmos, pois a imagem que passaremos demonstra nosso estágio e atrai quem se interessa por aquele estágio. A criação de uma imagem que não bate com a realidade do produto traz casos como o “tiozão” (que foca seu interesse num público que não se interessa pela sua faixa etária). Como dizem os americanos: say what you mean and mean what you say (diga o que pensa e haja de acordo com isso).
Então se você está se “vendendo muito barato” ou não atrai os olhares das pessoas que você gostaria de atrair, talvez precise repaginar a sua marca, não esquecendo nunca que a apresentação do produto é uma “justiça elogiosa” que se faz ao seu conteúdo. Ela nunca deve ferir a essência desse produto nem impedir a criação do estilo pessoal, sobretudo quando se trata de uma pessoa, suas convicções e valores. A beleza estética não se trata de futilidade, mas da busca pela melhor forma de externar algo, já que o essencial é invisível aos olhos.