Estamos acostumados a ver Cleo fazendo e acontecendo. Cheia de atitude e novas ideias. Ousada e brilhante, Claro desbrava novo territórios com música, livros e projetos que vão muito além de ser apenas uma atriz. Agora o que pouca gente viu é Cleo na intimidade com o marido Leandro Dlucca. E nós da MENSCH fomos lá atrás desse casal que se completa e onde a química entre eles é fato. Prepare-se, a coisa vai esquentar por aqui!
De onde vem seu humor repleto de personalidade? Que importância tem o humor na sua vida? Acho que vem de como eu encaro a vida, o que consumo no meu dia a dia…, considero termos um pouco de humor no nosso dia essencial para passar pelas situações. Levar a vida tão a sério não é nada produtivo. E sei disso porque tive em momentos da minha vida que me levei muito a sério, filtrei muito o que falava e como agia e isso não foi bom pra mim. Hoje busco ter mais liberdade e ser mais leve, olhar as coisas com menos seriedade.
Você vem de uma família de 7 irmãos, somando os demais integrantes o clã é grande, como é a dinâmica familiar? Que papel a família exerce em sua vida? Família é tudo pra mim, sempre foi. É a minha base, meu porto seguro e quem me acolhe e dá apoio também. Nós somos muito unidos, mas há momentos em que estamos mais próximos de uns ou de outros, o que é natural. As pessoas imaginam muito como é a dinâmica da minha família, está muito no imaginário do social, mas é uma dinâmica normal de convivência. A gente se ama, se estranha as vezes, se reconcilia, se afasta e se reaproxima… uma família normal.
Qual a influência dos seus pais em sua formação artística? Foi uma influência grande, mas mais sobre como eu queria ser como profissional do que seguir a profissão artística em si. Eu sempre admirei muito a determinação que minha mãe e meus pais possuem, a dedicação deles à profissão que amam, em sempre evoluir e ser uma pessoa e artista melhor. Ao contrário do que muitas pessoas podem acreditar, minha família nunca me pressionou para seguir a carreira artística, sempre me deram o campo livre para escolher o que eu queria ser. Eu conto como início de carreira só quando tinha 19 anos e fiz meu primeiro filme, muito porque essa sim foi uma escolha mais consciente minha em experimentar uma profissão e então descobrir uma paixão imensa pelo universo artístico e investir nisso. Independente do que eu escolhesse seguir como carreira, minha família ia apoiar.
Você estreou aos 12 anos, atuando na minissérie Memorial de Maria Moura, contudo, só decidiu seguir a carreira artística após atuar no filme Benjamim (2003). Em 27 anos de carreira dentre tantos personagens quais considera mais transformadores em sua trajetória pessoal e profissional? Nossa, é difícil responder essa pergunta por várias questões. Primeiro porque pra uma libriana como eu fazer esse tipo de escolha é um desafio, segundo porque cada personagem que fiz e trabalho que me comprometi moldaram que eu sou hoje como pessoa e profissional. Tenho o privilégio de dizer que todos os personagens que fiz me transformaram. Produções como Araguaia, Salve Jorge, Caminho das Índias, Qualquer Gato Vira-Lata, Operações Especiais, Meu Nome Não É Johnny, possuem um destaque não só pelo alcance que tiveram, mas pelos desafios que me trouxeram como profissional e pessoa.
O que te inspira e como funciona o seu processo criativo? Não tenho como definir precisamente o que me inspira, porque tudo pode ser um motivo de inspiração. Seja algo que ouvi, algo que li, que vivenciei ou observei alguém vivenciar. O meu processo criativo vem muito dessas inspirações que acabo compartilhando com a minha equipe e daí surgem os projetos. Eu sou naturalmente mais ativa à noite, mas nos últimos tempos tenho tido uma boa relação com o horário matutino, (risos).
Atuar, cantar, produzir e empreender qual destas atividades te dá mais prazer? Todas. Sei que isso soa muito clichê, mas é impossível eu escolher só uma. Eu me realizo através de todas essas vertentes.
Como a paixão pela leitura ajuda na sua formação, a se reinventar, a ressignificar as coisas? Pra mim a leitura é fundamental. Os livros tem muito esse poder não só de ampliar o nosso conhecimento, mas de abrir novos horizontes e novos olhares para como vemos o mundo. E, sim, de certa forma ressignificar a forma como encaramos as coisas.
Além de amante de literatura, você é uma empreendedora nata, adquiriu uma plantação de oliveiras e empreende na produção de azeite. Conta pra gente um pouco sobre essa experiência e planos para o futuro nos negócios. Eu conheci o pessoal da Alphaz através do meu marido, Leandro. Fiquei muito encantada com a proposta que eles possuem em imóveis pensados de forma sustentável e que não necessariamente possuem um orçamento extremamente caro. Todo o pensamento por trás dos projetos, em como construir algo pensando no impacto que isso vai ter no meio ambiente, em um formato que seja real para o proprietário e também transformar os proprietários em empreendedores.
Quais os planos artísticos para o futuro? Os planos futuros que tenho na carreira artística é o lançamento do meu primeiro álbum de estúdio agora em 2022, que é o que estou mais focada agora. Em novembro lançamos o primeiro single desse álbum, a faixa “Tormento” com a participação de Karol Conká e da AZZY. Foi incrível! Fiquei muito feliz com todo o resultado final do projeto. Espero que as pessoas curtam muito! Ainda tenho alguns filmes para lançar também, sendo eles “O Amor Dá Voltas”, “O Segundo Homem”, “Vovó Ninja” e “Me Tira da Mira”, esse último além de protagonizar eu também produzo, foi meu primeiro longa-metragem como produtora executiva, então estou bem ansiosa.
Você casou, planta e semeia árvores, para fechar a trilogia tem projeto de escrever livros? Estou com um projeto de livro para ser lançado, se tudo der certo, para este ano. É uma obra que estou escrevendo ao lado da Tatiana Maciel, será um livro onde vamos falar sobre relacionamentos tóxicos, a experiência de cada uma a respeito disso, como lidamos e como podemos, até certo ponto, ajudar outras mulheres a enxergarem também essas situações. Não é só sobre relacionamento amoroso e sim sobre todo e qualquer tipo de relacionamento em nossas vidas que pode se tornar tóxico, ou seja, amizade, profissão e por aí vai. Estou muito empolgada com esse livro e com o que eu e a Tatiana estamos criando. O prefácio será pela Djamila Ribeiro, ou seja, mais perfeito que isso não tem como ficar!
Você reúne milhões de seguidores em suas redes, só no Instagram são mais de 19 milhões, como é sua relação com o público nas plataformas onde atua? Hoje em dia estou com uma relação muito positiva com as redes sociais em geral. Consegui consolidar um público que, em sua grande maioria, me acompanha porque gosta do meu trabalho, gosta do eu faço. Acaba sendo uma troca muito positiva. Existem percalços no caminho, o que é natural, mas eu filtro muito o que olho nas redes porque em primeiro lugar vem a minha saúde mental. Foco no que é positivo e no que vai ser construtivo na minha vida, o que é voltado ao ódio eu não vejo.
Você é chamada de “Mamma” pela sua rede, seria por causa do instinto natural aflorado para a maternidade? Eu sou muito maternal, sempre fui. Sempre fui de cuidar muito daqueles que amo, de me preocupar, de acolher e apoiar… E meus fãs sabem disso. De uma forma geral, não necessariamente o fato de uma mulher ser maternal indica que ela queira ter filhos. Ela pode ter esse olhar e não querer filhos e tudo certo. No meu caso, quero sim, mas no momento certo. Não sei se apenas um ou muitos, mas sei que quando chegar o momento isso vai acontecer.
A websérie “Onde está Mariana?” lançada em 2019, é a primeira no Brasil com o conteúdo criado e pensado para veiculação exclusiva no instagram. Foi o primeiro conteúdo do projeto “Cleo On Demand” e chama atenção pelo discurso a vida, abordando o feminicídio. Você assina a direção executiva, como foi a experiência de produzir? Tem planos para novas produções? Foi uma experiência engrandecedora para mim como pessoa e profissional. O Cleo On Demand é um projeto que eu pude tirar do papel graças à minha equipe e as pessoas que o apoiam até hoje. Vai muito além de só produzir conteúdo e sim incentivar o audiovisual brasileiro em uma plataforma que todas as pessoas podem ter acesso e com temáticas que eu e minha equipe sempre sentimos falta como consumidores do mercado. Então ter a primeira websérie voltada para um assunto tão importante e atual, que é o feminicídio, foi essencial para a estreia. De lá para cá, produzimos outros conteúdos como a série “Reflexos”, “Todos Merecem o Céu” e agora a animação “Travessia”, que é a primeira animação do Cleo On Demand. Além disso, funcionamos como uma plataforma de distribuição, então também temos curtas e outras séries que temos disponíveis em nosso catálogo. Eu amo essa movimentação dos bastidores de um produto audiovisual, já fazia algum tempo que estava querendo exercer esse lugar ao invés de estar à frente das câmeras – que é algo que amo também.
Sempre com posicionamento forte, você usa suas plataformas de comunicação para fomentar aliados nas causas que defende. O que acha sobre o uso da arte como atos de posicionamento? Na minha vida, a arte anda lado a lado com as coisas em que acredito. A arte é um meio de educação muito importante, de fomentar discussões e reflexões…, mas nem tudo precisa ser só sobre isso. A arte do entretenimento é essencial também. Vivemos isso na pandemia, em como produtos voltados para o humor e descontração cresceram em seu consumo, pois as pessoas precisavam também de um olhar mais leve. Me expressar através da arte é algo que faço bastante, para mim faz sentido. Seja em uma produção ou música ou o que for. A arte é esse campo em branco que podemos preencher com o que nós queremos e impactar diversas pessoas, é necessário ter responsabilidade em cima disso.
Você integra a seleta lista de mulheres mais sexy do país, esse sex appeal pode-se atribuir a mistura da sua descendência espanhola, indígena e portuguesa? Faz parte do segredo de beleza da família? (risos), obrigada. Olha, vou te confessar que esse lugar sempre foi muito uma visão das pessoas e não tanto a minha própria. Eu fico lisonjeada quando falam isso, mas é muito mais sobre como elas me observam.
Em meio a tantas atividades, como é sua rotina de cuidados com a saúde física e mental? Ultimamente eu tenho conseguido encontrar um bom ritmo na rotina de cuidados, até porque cuidar do corpo também é cuidar da mente. Desde que comecei a fazer o meu tratamento da Hashimoto, minha disposição no dia a dia mudou completamente. Hoje em dia estar muito mais presente e disposta desde cedo para cumprir a minha agenda ou até para curtir o meu dia em si. Então todos os dias tenho o meu ritual de skincare, que é essencial e é um momento sozinha que me sinto muito bem. O dia em si é muito corrido, mas durante a semana busco ter uma base de exercícios físicos regulares, de ir ao médico, de falar com a minha terapeuta e por aí vai. São várias as atividades que me fazem sentir bem, desde passar tempo com o meu marido, minha família e meus amigos até o trabalho, que é um lugar que me realizo muito ao fazer.
Como enfrentar traumas emocionais e psicológicos? Eu tenho uma rede de apoio que vai dos meus amigos até profissionais. Hoje em dia faço terapia, o que me ajuda diariamente. A base de apoio da minha família, amigos e equipe também é fundamental para que a manutenção da minha saúde mental seja positiva. Hoje consigo identificar muitas coisas sobre mim, sobre o que me toca e me fere e busco lidar com isso no dia a dia. Por isso é importante termos uma base de apoio para nos momentos de extrema vulnerabilidade, termos alguém para nos dar sustentação. Sei que sou extremamente privilegiada por isso.
Com mais de 40 mil ouvintes mensais no Spotyfi, conta um pouco da sua trajetória musical. Nos anos 2000 você teve uma banda de rock chamada Seedless, já experimentou eletrônico, pop, atualmente qual o estilo do seu som? Essa primeira banda que tive foi um processo muito experimental meu. Eu sempre sonhei em seguir na música, a banda é prova de que na época até tentei, mas não me senti preparada para. Sempre tive muito medo do palco, medo dessa exposição que o palco carrega. Poder retomar isso e investir nesse sonho foi fundamental para mim. Eu tenho um gosto muito eclético e cada EP que lancei mostra muito isso. Hoje em dia posso dizer até que beiro a algo perto do pop, mas não é exatamente isso também, haha. É difícil achar um único estilo ao qual eu me enquadro, gosto de sons mais experimentais, de mesclar as referências. Após os dois EP’s (Jungle Kid e Melhor Que Eu), fui ganhando mais confiança no que estava fazendo, encontrei uma equipe porreta que muitas vezes acreditou em mim mais do que eu mesma. Isso fez todo o diferencial para eu continuar a me desafiar, continuar a investir nesse sonho e a crescer como profissional.
Suas parcerias misturam estilos bem diferentes como Mano Brow e Pocah, como acontece a formação de parcerias em seus projetos? Eu geralmente penso nas parcerias com artistas que admiro ou consumo. O Mano Brow foi na verdade uma atuação dele no clipe de “Melhor Que Eu”. Eu sempre o admirei muito como artista e sabia que ele estava para estrear um projeto audiovisual, então perguntei se ele queria participar do clipe como ator e ele adorou a ideia. Já a Pocah, que é minha amiga, a gente sempre comentou de fazer algo juntas e quando compus com a minha equipe o single “Queima” fazia muito sentido tê-la na faixa comigo.
Sexualidade feminina ainda é um tabu? Conversar sobre sexo abertamente assusta a sociedade? Sim, a sexualidade feminina ainda é vista como um tabu na sociedade. Eu não diria que o assunto assusta as pessoas, acho que é mais uma resistência sobre a mulher ocupar esse lugar e falar sobre isso por conta das estruturas machistas que a sociedade é baseada. Isso em si já é uma questão, mas além disso ainda temos o fato de que se cria ao redor da porta-voz um estereótipo muito opressivo. A mulher que fala sobre liberdade feminina é colocada em uma caixinha onde será ainda mais objetificada e sexualizada.
Você se considera uma mulher livre? Eu sou uma mulher que busca sempre a liberdade, mas não sei se hoje existe uma mulher completamente livre. Isso envolve questões no ambiente em que estamos inseridas e como essa opressão não permite a total liberdade. Não somente isso, mas como fomos criadas nesse ambiente, naturalmente temos muitos resquícios comportamentais que inibem essa liberdade. Mas estou em busca. Eu me questiono com frequência, me desafio a ter outros olhares para realidades que são diferentes da minha ou que conflitam com a minha. É um constante exercício.
Qual a importância de dialogar sobre o preconceito que existe em torno da sexualidade humana e as variações gênero? Qual gênero você se identifica? A minha identidade de gênero é cisgênero. Acho importante termos esses debates. O mundo é diverso, é plural e essa pluralidade precisa ser reconhecida para que cada vez mais as pessoas tenham conhecimento dela. E é importante para nós, como parte dessa sociedade, consumir todo o conhecimento, experiência e conteúdo que o assunto pode nos trazer.
Juntos desde dezembro de 2020, seu casamento com o modelo e empresário Leandro D’Lucca aconteceu em dois momentos diferentes, julho e agosto de 2021. Como foi a experiência para vocês? Cada momento teve a sua importância. É claro que a gente queria fazer uma grande festa com todos para celebrar isso, para que a família toda pudesse comemorar com a gente, mas pensamos muito na saúde da nossa família e não tinha como naquele momento. Então, optamos por algo mais simples em um primeiro momento, que foi com algumas testemunhas no cartório e depois celebrar com esses mesmos amigos que estavam em isolamento com a gente no nosso sítio. Quando conseguimos nos encontrar com a família, fizemos algo mais íntimo para curtir mesmo. Foi muito bom, não faria diferente!
Outro amor declarado seu são as tatuagens, antes de casar você e Leandro tatuaram as expressões “Yo x Ti” e “Tu e Mi”. Qual a tatoo preferida? Eu adoro mesmo. É quase um vício, (risos). Eu tenho várias que amo, é difícil escolher só uma… Cada uma tem o seu significado.
Na sua lua de mel Maldivas, Dubai e Fernando de Noronha fizeram parte do roteiro, o que motivou a escolha? A gente queria um lugar para descansar e curtir. Eu amo sol, amo praia, mar, lugares exóticos. Então, pensamos em um roteiro onde a gente conseguiria descansar alguns dias em um local mais paradisíaco e depois ter também algo cosmopolita, algo diferente. Eu nunca tinha ido para Dubai, por exemplo, e amei a experiência.
LEANDRO…
Onde Cleo te completa? Cleo é muito parceria, me completa em tudo! Amo nossa sintonia.
Como percebeu que ela era a mulher para casar? Pelos valores e desejos… são muitos parecidos com meu!
Você é daqueles que pensa que entre quatro paredes vale tudo na hora do sexo? Com certeza, quando você se entrega e confia na pessoa nem o céu é o limite!
Essa dupla ainda vai render grandes parcerias fora da intimidade? Algum plano de negócios juntos? Vai sim, temos muitos sonhos e alguns já vem se construindo.
Empresário, modelo, bem relacionado e articulado. O que almeja daqui pra frente? Quero construir nossa família e tenho alguns projetos voltado para sustentabilidade e moda para esse ano.
Assista making of:
Texto Mychelle Jacob
Fotos André Passos
Direção de Produção Ju Hirschmann
Stylist João Ribeiro
Beleza Rodrigo Albuquerque
Videomaker Stefano Raphael
Produção Beatrix Bortolai e Juliana Imperial
Assistente de produção Wallace Morais
Assessoria de imprensa Melina Tavares Comunicação
Agradecimentos especiais: Juliana Constantino e Jarves Rockenbach – Hotel Pullman Ibirapuera (@pullmanspibirapuera) – 11 5088-4000