CAPA: JULIANO CAZARRÉ, ENTRE A FAMÍLIA E O TRABALHO

Entrevistar Juliano Cazarré é sempre um prazer. E aqui na MENSCH é a terceira vez que conversamos com ele. Na  primeira, em 2015, ele estava se destacando na TV com seu personagem MC Merlô na novela Regra do Jogo – tinha apenas dois filhos e escrevia poesia. Ao longo desses anos, Cazarré conquistou cada vez mais espaço, chamou atenção no cinema com o filme Boi Neon. No teatro, foi muito elogiado por sua atuação na peça Um Bonde Chamado Desejo. E na TV, nem se fala, seja qual for seu papel, ele arranca elogios da crítica e do público. Foi assim com o peão Alcides de Pantanal e está sendo agora com o Pascoal, na atual novela das 19h na Globo – Fuzuê. Um cara de mil funções. Além do trabalho na TV, ele é um super pai dedicado, faz jiu-jítsu, natação, faz Faculdade de Filosofia e frequenta a igreja religiosamente, toda semana. Como ele consegue? Só lendo essa entrevista, que mais uma vez ficou ótima como as demais. Dá-lhe Cazarré!!

Juliano, depois de diversos filmes, várias novelas, peças… como anda o ator Juliano Cazarré até aqui? Se sente realizado com sua trajetória? Eu me sinto feliz com tudo que aconteceu na minha carreira até aqui, eu olho pra trás e sou muito grato por ter trabalhado bastante. Participei de muitos filmes, fiz muitas novelas, fiz menos teatro do que gostaria. Agora, eu diria que completamente realizado – não, porque eu sinto que ainda posso fazer coisas, que quero fazer coisas legais e, na nossa profissão, depende muito da oportunidade, de aparecer um excelente projeto, de aparecer um excelente personagem. Então, eu gostaria de fazer coisas belas, que eu ainda não consegui fazer.

Um de seus trabalhos recentes e que chamou atenção do público e da crítica, foi o Alcides de Pantanal. O personagem teve várias camadas e mostrou sua versatilidade como ator. E como foi para você, esse trabalho? O que foi mais desafiador e prazeroso no final? Realmente, o Alcides foi um personagem muito gostoso de fazer. Pantanal, foi uma novela incrível. Conseguimos chegar no coração do povo brasileiro,  que é tudo o que uma novela pode querer. Eu acho que o Alcides chegou no coração das pessoas de um jeito muito legal. Esse cara que todo mundo conhece alguém que é assim, que é brutão por fora e que por dentro tem um bom coração. O Alcides me deu oportunidade de interpretar esse tipo de personagem que eu gosto muito. Toda a relação dele com a Maria Bruaca, toda relação dele com o Zaqueu, foi um personagem muito especial  e Pantanal era uma novela que tinha uma magia diferente. Nesses dias, eu estava revendo uma cena pela qual Pantanal foi indicada ao Emmy e era só os peões ali conversando, mas tinha uma magia, tinha um universo ali. Então, foi muito gostoso de fazer, não sei dizer direito qual foi o desafio. Uma novela tão boa de fazer, colegas tão bons – foi gostoso demais poder jogar num time que só tinha camisa 10.

Aliás, você vem de uma sequência de personagens incríveis que roubam a cena como o Magno de Amor de Mãe, o Alcides de Pantanal e agora o vilão Pascoal de Fuzuê. Como eles lhe tocam e o que você aprende com esses trabalhos? Pois é, tenho tido uma sequência muito boa de personagens nas novelas – gostei muito de fazer o Mariano da novela Do Outro Lado do Paraíso, o Magno de Amor de Mãe um personagem que eu adorava, um homem bom, um bom filho, um bom pai. Eu acho que a teledramaturgia e a dramaturgia em geral nesse momento, carecem de bons personagens masculinos. A gente vê que é muito difícil encontrar personagem em que o cara é um bom pai, um bom marido, um homem trabalhador… Geralmente, se vê mais aquela coisa do homem quebrado que fracassou, o mentiroso, o que trai, o alcoólatra, ou é o homem ganancioso que explora os outros e tal. Todas essas características ruins existem por aí, mas eu acho que os bons homens, assim como as boas pessoas superam e muito os ruins, e precisamos de bons exemplos e o Magno foi a oportunidade de fazer isso.  Depois teve o Alcides que era muito gostoso de fazer como eu já falei na pergunta anterior – eu me divertia com ele que era engraçado, mas também era dramático, e agora, fazendo um vilão na novela das 7h, outra proposta. É uma novela que tem um mais de brincadeira, não é aquele realismo que a gente via em Pantanal, embora Pantanal seja um realismo fantástico, novelas das 7h têm mais uma diversão, busca de tesouro, aventura… Então,  pra mim, é como estar fazendo um vilão de filme de 007, um vilão de James Bond, de Indiana Jones. Eu tenho me divertido muito lá,  tenho amigos excelentes fazendo cenas muito boas como Mariana Ruy Barbosa e agora, com Leopoldo Pacheco. Tive momentos legais com Felipe Simas.  Tomara  que a gente se trombe mais no rumo da novela até o final. Realmente, a vida tem me dado oportunidades muito boas.

Com o fim dos longos contratos, o streaming com novas possibilidades de trabalho e artistas surgindo de diversas formas pode-se dizer que você é um privilegiado por estar sendo lembrado por autores e diretores? Como você percebe o mercado atual? Realmente, me sinto muito sortudo ou honrado por ter conseguido trabalhar bastante até agora. Como respondi na primeira pergunta, é um mercado muito competitivo, muita gente quer chegar, muita gente quer chegar na Globo, muita gente quer chegar no cinema. Eu tive essa sorte na vida. Sou muito grato a todo mundo que me convidou, me chamou para trabalhar.

E eu acho que o mercado parece que vai aquecer e, realmente, não sou um cara que é muito ligado nessa parte do mercado – dos números, das políticas… Sou um ator, um cara que estuda. Estudo  outras coisas da vida, mas essa parte não sei muito. Nesses dias, tive uma conversa com um amigo que entende muito disso, e há uma expectativa que os streamings cresçam no Brasil com novas legislações que estão saindo – eu acho bom que isso aconteça. Claro, não só pelos atores, mas digo até, principalmente, pelos técnicos. No Brasil, tem muita gente boa que trabalha atrás das câmeras, na fotografia, assistente de câmera, na elétrica, na maquinaria, sabe? Muita gente… catering, platô, muita gente que trabalha no cinema, muita gente boa na publicidade que serão bem aproveitados, se vier essa onda de novas produções. Assim como a gente tem visto acontecer, e eu acho que o Brasil pode filmar muito mais e deve filmar muito mais, mas eu acho que a gente tinha que ver uma maneira de trazer produções de fora do Brasil para filmar aqui. Somos um país que tem floresta de pinheiros no sul, temos cerrado, quase uma savana, temos praias maravilhosas, montanhas, frio, calor, deserto. Temos mangue, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica… Então, temos cidades grandes e pequenas. O Brasil tem todo tipo de cenário que poderia interessar para produções do Brasil e de fora, vindo trabalhar aqui, mas vemos um país complicado com muita burocracia e muitos impostos. Então, é difícil de entender porque um filme como Velozes é Furiosos quando vai fazer um capítulo dessa série que seria no Brasil, eles filmam em um outro país, porque é caro filmar no Brasil. Então,  a gente tem que pensar para que o nosso país seja um país de cinema.

Em 2020, conversamos sobre o papel do homem em cuidar da família, assim como os gorilas fazem (relembrando o exemplo que você deu na época). Você, mais do que nunca, continua sendo esse gorilão ao cuidar da família, ainda mais após o drama vivido por conta da saúde da sua caçula? As pessoas, todo mundo sabe, os números não mentem. Então, se você for nas cadeias brasileiras e começar a entrevistar os homens que estão presos lá, você vai perceber que um dos traços que a maioria deles vai ter em comum é a ausência paterna. Então, a figura paterna é fundamental e necessária. Isso é um drama hoje em dia – uma porcentagem muito grande de mulheres é deixada pra criar os filhos sozinha e isso é difícil para elas. Não é impossível. Elas são fortes, elas fazem o melhor, mas é óbvio que a melhor situação seria um pai e um mãe dividindo as responsabilidades, os esforços e também dividindo as alegrias da paternidade e da maternidade. É bom para o menino ter o pai ali como referência, um exemplo de como se comportar, de como tratar a esposa e é bom para a menina ver um pai amoroso tratando bem a mãe. Então, assim, as pessoas ficam bravas achando que estou fazendo uma defesa de que o homem é maravilhoso e nem é. O que acontece é que muitas vezes é o contrário, uma tentativa de dizer que os homens são péssimos e as mulheres são maravilhosas e a sociedade não precisa de homens, o que é uma bobagem, porque a sociedade precisa dos dois. Precisa de um equilíbrio entre o masculino e o feminino e nós precisamos de mais pais em casa, de pais presentes. Porque a gente fica pensando em como vai fazer para ter um futuro melhor, um Brasil melhor, e acha que adianta falar de sistema político, de legislação, melhores leis, mais controle… A verdade é  que, só teremos uma sociedade melhor quando tivermos pessoas melhores e o primeiro lugar onde somos educados, onde aprendemos as coisas mais importantes de nossas vidas, onde aprendemos a conviver com o outro, respeitar o outro, cuidar do outro é na família. Então, precisamos de famílias fortes, de pais e mães amorosos, presentes que ensinem e deem carinho, mas que também deem disciplina, por que não  adianta achar que teremos uma sociedade melhor de cima para baixo. A sociedade só vai melhorar com a reforma dos indivíduos e isso começa na família, começa com o pai e com a mãe.

Em 2023, você foi criticado nas redes sociais após anunciar a vinda do sexto filho. As pessoas perderam o senso de limite, do que é se meter na vida alheia. Como lidar com esse tipo de coisa? Haja muita paciência e florais para dar a resposta que precisa ser dada, sem dar mais asas aos imbecis. Essa coisa das pessoas falarem que você não pode ter filho e tal é uma coisa muito louca, porque existe uma agenda anti-natalista, que no fundo é uma agenda anti-humanidade de dizer que se você tem filhos está acabando com a natureza. É uma coisa que, às vezes é melhor não pensar sobre, porque é tão ridícula e, ao mesmo tempo, uma coisa que faz tão mal, mas tem que pensar um pouco de onde estão vindo essas ideias, por que essas ideias estão aí e por que são mentirosas?!

São ideias de gente que não gosta da humanidade e que não acredita, por exemplo, que essas crianças que estão nascendo de filhos únicos ou de uma família numerosa um deles pode ser um cara que vai inventar um novo processo de reciclagem de lixo, vai inventar uma maneira de plantar utilizando menos terra e menos defensivos. A humanidade sempre teve desafios e sempre conseguiu superá-los. Vemos hoje em dia que vivemos em um mundo que nunca teve tanta segurança com os eventos climáticos, que acontecem furacões, terremotos, maremotos, epidemias. O ser humano nunca esteve tão preparado para lidar com tudo isso. Então, eu acho que é uma questão de continuar tendo fé na humanidade, continuar tendo fé na capacidade criativa do homem, na capacidade empreendedora do homem e continuar tendo filhos e os criando bem.

Eu tenho fé na humanidade e acho que é uma besteira essa agenda. Essa agenda é nefasta, uma agenda má. Hoje, em vários lugares no mundo, já tem taxas de reprodução que ficam abaixo de dois filhos por mulher ou dois filhos por casal, ou seja, são sociedades que estão diminuindo. A  história nos mostra que as sociedades que chegam nesses níveis acabam por desaparecer, não se recuperam. Então,  no mundo inteiro, os índices de natalidade vêm caindo muito e eu acho que devemos pensar nisso. Um mundo sem humanidade, é um mundo com um monte de bichos devorando uns aos outros. Sem  ninguém para olhar, sem ninguém para fazer uma foto bonita, sem ninguém para refletir sobre aquilo, porque nós pensamos nos animais, mas eles não pensam em nós, nós queremos salvar as girafas e elas nem se dão conta que existimos. O ser humano faz coisas horrorosas com certeza, mas também faz coisas maravilhosas. O ser humano construiu catedrais, escreveu sinfonias, poemas, romances, peças de teatro…O ser humano é capaz de dar a vida pelo outro, de se sacrificar pelo outro. Então, eu acho que temos que amar o homem, amar a humanidade e tentar criar pessoas melhores que vão cuidar do planeta, mas sem essa coisa de transformar a natureza no nosso Deus.

Você e Letícia parecem ter uma sintonia incrível e esses percalços da vida só une mais vocês. Como explicar isso? Qual o segredo, se é que existe, dessa sintonia? Como equilibram os desejos pessoais em prol do casal? Os anos foram passando e tínhamos uma missão mutuamente assumida que era –  vamos ficar juntos para sempre. Então, quando você olha para a vida futura e fala “eu vou passar o resto da minha vida com essa pessoa”. Então, é melhor que eu consiga me aperfeiçoar – o bom é que eu consiga melhorar como pessoa para que a vida não se torne um inferno. Então, eu e a Letícia aprendemos a ceder, a nos entregarmos um para o outro, nos sacrificarmos um pelo outro e a falar a verdade. A  sermos sinceros – “olha só, isso aqui me incomoda, isso não”. Fomos  mudando mesmo o que dava para mudar e, às vezes, aceitamos que tal coisa não vai mudar e tudo bem. Vou  viver com isso, porque o objetivo é passar a vida inteira juntos e a vida tem que ser agradável, né?!

Então, acho que isso é algo que só acontece quando duas pessoas se olham e tomam essa decisão o que é o amor. Vamos ficar juntos para sempre. Hoje,  se confunde muito o amor com uma paixão, um estado afetado da alma – “ah estou apaixonado”. Acho  lindo, como não sei o quê, perdi o apetite, só penso na pessoa… E isso não é amor, é uma paixão que tem, inclusive, sintomas de uma doença, perde o apetite e tal, não conseguir dormir. O amor é a firma decisão de vou ficar com essa pessoa e vou trabalhar por ela, vou servir a ela, vou me entregar a ela. Então, acho que uma coisa que nos juntou foi compreender essa dimensão do amor que é a seguinte: o amor envolve sacrifício, o amor envolve entrega, o amor envolve dor. Então,  um deve ser menos egoísta e viver para o outro e para a família.

Após o drama enfrentado por conta do problema de saúde de sua filha caçula, você se aproximou mais da igreja. Como isso lhe deu um suporte para enfrentar tudo? Como anda sua religiosidade hoje em dia? Na verdade, a gente não se aproximou mais da igreja com o nascimento da Guilhermina, a gente já estava muito dentro da igreja católica vivendo verdadeiramente uma vida católica, não uma vida católica – ah vou na missa de vez em quando. Não, a gente vai na missa várias vezes por semana. Domingo mesmo, não tem um dia que a gente não vá na missa. A gente reza em casa, reza o terço… e não é só pra cumprir normas que a igreja dita. É fazendo aquilo que Cristo pediu pra gente, que a gente ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Então, a gente já estava muito dentro da igreja, levando uma vida espiritual muito rica, e eu acho que foi isso que nos deu força para passar por todo o problema da Guilhermina, com serenidade. Porque a gente olhou tudo com uma visão espiritual, uma visão de que aquilo era a vontade de Deus que estava se fazendo, acreditando que aquilo era o melhor para nossas almas, mesmo que não seja o melhor naquele momento. A gente quer ver Guilhermina curada? Quer!! É a coisa que eu mais quero. Não tem um dia que eu não reze por isso e que eu trabalhe muito por isso, né?! Cuidando dela e coordenando fisioterapia, técnicas de enfermagem, nutricionista, pediatra, cardiologista… É um batalhão de médicos e técnicos. A Letícia trabalha muito mais do que eu, né? Porque eu sou o cara que trabalha fora de casa e também muito do tempo que ela dedica para Guilhermina eu acabo dedicando aos outros (filhos), que também precisam de carinho e atenção.

Mas a gente sabe que aconteça o que acontecer na vida dela, tudo é o melhor pra nossas alma e a gente está trabalhando duramente na Terra, mas nosso olhar está colocado no céu. A gente quer um dia merecer o céu e um dia estar com a Guilhermina e todos os outros filhos no céu. Então, é um jeito que menos e menos pessoas querem viver assim. Quer dizer, não sei na verdade. Porque tem muita gente voltando para a igreja católica, muita gente se convertendo, muita gente procurando Cristo, muita gente procurando a Palavra. E, talvez, isso nem apareça tanto na Internet, na mídia… sei lá. Muita gente não está vendo ainda. Mas esse movimento está acontecendo. Porque eu acho que o mundo… o progresso científico , todas as comodidades que o mundo moderno nos trouxe, e todas as mentiras ideológicas… é o que a gente vê todos os dias… Elas não trouxeram mais felicidades para as pessoas. Na verdade, a gente nunca teve tanta tecnologia, tanto remédio, e as pessoas nunca foram tão tristes e deprimidas. Então, eu acho que tem muita gente trilhando esse mesmo caminho que eu e a Letícia trilhamos.

Ainda desse universo religioso, você e sua esposa se tornaram embaixadores de um hospital em Taubaté, no interior de São Paulo, que atende pessoas com doenças raras no Brasil. Como isso completa você? Foi o Padre Marlon que é portador de uma doença rara que criou o hospital. Ele pediu nossa ajuda só para trazer mais visibilidade para o projeto dele. Assim, todos os louros são dele. E eu e a Letícia, como pais de uma criança que também nasceu com uma doença rara – a cardiopatia da Guilhermina é uma doença rara, a gente viu que a gente poderia emprestar nossa imagem, nossa voz, para atrair mais atenção para ter mais recursos para esse hospital que é uma obra muito linda e que vai cuidar de gente que sem esse hospital, talvez não pudesse ser tratada com toda a atenção, toda dignidade e carinho que merece.

Em 2015 perguntamos se você gostava da pessoa que você era. Você respondeu que sim, mas que gostaria de mudar várias coisas. Conseguiu mudar? O que mudou de lá pra cá em você? Eu acho que daria a mesma resposta hoje. Continuo tentando mudar e é aquela passagem onde São Paulo fala: “bem que eu quero fazer e eu não faço, e o mal que eu não quero fazer esse eu faço”. Eu e muita gente que leva uma vida consciente, que pensa na vida que quer melhorar, sente isso, né?! “Eu queria ser tão melhor do que eu sou e por que eu não consigo, né? Por que eu ainda perco tempo no celular? Por que de vez em quando eu sucumbo à preguiça… e que eu perco a paciência”. Então, eu acho que tem sempre alguma coisa em que a gente pode melhorar. Eu tento fazer o que eu posso. E ao mesmo tempo, eu sei que sou muito fraco. E que eu preciso da ajuda de Deus pra superar certos vícios, certos maus hábitos que foram ficando comigo ao longo da vida e por minha própria culpa. Então, eu tento ser melhor –  primeiramente, pelo meu próprio esforço, mas eu peço muito a ajuda de Deus para que a graça possa me mudar. Porque eu creio que chega um certo ponto na vida em que só a graça pode ajudar a gente a superar maus hábitos e vícios.

Nessa correria toda entre trabalho e família, ainda sobra tempo para escrever? Como anda seu lado escritor? Realmente, a vida está bastante corrida e eu não tenho conseguido escrever. Tomara que um dia eu consiga retomar mais isso. Eu tenho estudado. Tenho feito Faculdade de Filosofia online, isso já toma bastante do meu tempo livre. Uma outra parte que sobra, ali, é um pouquinho de tempo eu consigo separar para fazer exercício, que é uma coisa que me dá, não só prazer, mas que também é fundamental para eu manter minha cabeça boa. Eu preciso mexer o corpo para a cabeça ficar tranquila, em paz. E o resto, realmente é dedicação a vida, a tudo que a família exige e o trabalho. Mas tá legal. Eu estou com 43 anos e poderia estar produzindo, escrevendo, mas eu sinto que eu ainda estou em formação. Então, está sendo muito bom fazer esse curso de Filosofia, continuo sempre lendo literatura. Eu acho que é outro tempo, né?! Antigamente, os escritores com 20 e poucos, 30 anos. Eram muito mais maduros do que nós – a vida amadurecia as pessoas mais rápido. Então, eu sinto que ainda estou numa fase de formação.

Para você que sempre foi um homem culto e ligado às artes, como anda a cultura brasileira? Acredita que estamos menos cultos? Não é nem uma questão de acreditar ou não, é uma questão de olhar e ver. O Brasil é um pais onde as pessoas não leem nem um livro por ano. Como eu falei outro dia, quando saiu o resultado do PISA, exame internacional de educação, foi noticiado que o Brasil ocupa as piores colocações no mundo em matemática, leitura e ciência. As pesquisas mostram que os jovens não conseguem mais ler dez páginas, chegam ao final de uma história e não conseguem resumir essa história. E agora, que  o Instagram está uma moda, vemos uns vídeos em  pessoas saem às ruas e perguntam “qual a terceira pessoa do singular?”, “o que é uma proparoxítona?”… E cara, a gente vê que o nível educacional dos jovens está muito baixo. É uma coisa que a gente precisa melhorar. Primeiro, precisa assumir que está ruim. Assumindo que está ruim, procurar ver o que deu errado. E a partir desse diagnóstico, começar a mudar. E para mudar, levaria muitas e muitas décadas. Então, é isso – o que posso fazer, é cuidar da minha família. Eles têm uma boa educação, nível cultural legal para que eles passem para os filhos deles e é o que eu falei, acredito nessa tomada de consciência individual. Mais do que acreditar que vai vir um programa de cima pra baixo lá de Brasília e vai fazer a coisa mudar.

Você sempre foi um cara ligado a esportes e cuidados com o corpo. Como tem se cuidado? O que tem feito por você para manter a “carcaça” em dia e saudável? Hoje em dia eu vou no jiu-jítsu e na natação E aí, eu completo um pouco com alguma ginástica aqui em casa. Eu montei um quarto aqui em casa, onde tenho ali alguns pesos, uma barra, uma estrutura bacana. Uma máquina de remo. Então, eu tento fazer um pouco de musculação em casa. E a natação, um esporte que eu sempre fiz a vida inteira. Eu adoro nadar. Tomar um sol. Natação é demais! E no jiu-jítsu, que é uma coisa que é uma brincadeira e é um esporte, encontro os amigos, e dá risadas. E faz força de verdade. Um desafio ali, você e outro lutador – um querendo ganhar do outro, mas com lealdade, sem querer machucar. É um esporte interessantíssimo o jiu-jítsu, infinito, onde é preciso técnica, é preciso força , é preciso resistência. Precisa de criatividade e de consciência corporal. Então, hoje em dia seria isso, jiu-jítsu, natação e musculação.

Desejos para o ano novo… O que deseja para sua vida pessoal e profissional? Para este ano, eu desejo que a nossa família continue muito unida, que a gente possa crescer em harmonia, que a gente possa continuar criando bem nossos filhos. Que eu e a Letícia possamos dar a cada filho  atenção e  carinho e o cuidado, a disciplina que cada um precisa. São muitas crianças e todos são diferentes entre si. Tomara que eu continue aqui a praticar meus esportes e continuar trabalhando para sustentar minha família com o fruto do meu trabalho. Tomara que venham uns projetos legais por ai, e que eu consiga arrumar tempo para estudar Filosofia – esse curso que vai ser importante para mim. De repente, pegar a faixa marrom no jiu-jítsu. Eu acho que é isso! Obrigado pela atenção e pela entrevista!

Fotos @priscilanicheli_ph

Produção executiva e styling @samantha_szczerb

Beleza @luan.milhoranse

Agradecimentos Hotel Windsor Marapendi

Cazarre usou Raffer, Breda Uomo, Amil Confecções, Aramis