CAPA: MARCÉU PIERROTTI, O “GEAZI” NA MACROSSÉRIE “JEZABEL”, ATUA E DIRIGE

A macrossérie “Jezabel” chegou trazendo grandes revelações como o ator e diretor Marcéu Pierrotti, que interpreta o profeta “Geazi” na trama. Como um currículo de fazer inveja, Marcéu já passou pela renomado Studio da Stella Adler em Nova York durante 6 meses. Foi lá que aprendeu e aprimorou suas técnicas que hoje em dia ele coloca em prática. “Principalmente me ensinou a buscar as perguntas a serem feitas e me imaginar naquele lugar, naquela situação e com aquelas circunstâncias. Imaginar com o corpo e com mente”, comentou Marcéu. Entre um capítulo e outro conversamos com ele para conhecer um pouco mais da sua trajetória e seus planos para o futuro, como e ator e diretor.

Stella Adler foi uma importante atriz na década de 40. Em 49 fundou o Conservatório Stella Adler, em Nova York. Ela destacou-se por ser uma professora que usava o método de interpretação para atores inspirada nos ensinamentos de Stanislavski que considerava que o ator deveria criar usando a sua imaginação. Fale um pouco sobre essa técnica, já que você fez esse curso em Nova York. Stella Adler foi uma grande mulher e artista. Dois dos grandes atores que admiro estudaram com ela – Marlon Brando e Robert De Niro. E foi através da minha paixão pelo trabalho deles que cheguei até os ensinamentos dela.  Tive uma grande oportunidade de estudar no Studio da Stella Adler em Nova York durante 6 meses. A técnica é bastante ampla, o que posso falar é como essa técnica me atravessou. Principalmente me ensinou a buscar as perguntas a serem feitas e me imaginar naquele lugar, naquela situação e com aquelas circunstâncias. Imaginar com o corpo e com mente.  E “se” eu fosse filho do maior mafioso italiano nos Estados Unidos; e “se” eu repudiasse completamente essa vida que estou inserido; e “se” de repente meu pai morresse e eu precisasse assumir o lugar dele, e me tornar o chefe. O personagem está mais nas perguntas que faço, do que nas respostas que tenho certeza.

Você também dirige. A sua maneira de atuar influencia na hora de dirigir outros atores? Não, espero que não. Eu acredito que cada ator tem seus caminhos, e eu busco compreender cada ator/pessoa e suas características para guiá-lo na direção que me interessa para a peça. Claro que minhas experiências como ator me ajudam na direção, mas de jeito nenhum eu espero que o ator resolva a cena da forma como eu resolveria no lugar dele. Instigo à todos que me mostrem outras possibilidades para a mesma cena.

Pretende continuar dirigindo? Sim, a direção me trouxe uma certa autonomia sob o meu trabalho. Escolher o que e quando montar. Este ano fiz temporada de “Moléstia”, a qual também produzi, e vou voltar a cartaz com “O Lado B” agora em maio no Teatro Sergio Porto. E também tenho um projeto para o segundo semestre, que vou começar a ensaiar em agosto.  E nos planos do futuro, dirigir uma série ou um longa entra na seção de planos a médio prazo.

Atualmente você interpreta o profeta “Geazi” na macrossérie “Jezabel” na Record. O preparo para interpretar um personagem bíblico requer um estudo diferente de um personagem da vida atual? Cada personagem pede uma forma de encontro. Entre mim e ele. Sempre começo um trabalho lendo o material (peça, roteiro, ou capítulos). E depois navego atrás da preparação na qual achar necessário. A particularidade do personagem bíblico é que já existe um material prévio – a Bíblia – onde posso estudar mais sobre, e um grande público que já conhece e tem sua própria interpretação sobre ele. É preciso ter cuidado com este personagem, com a importância dele na vida das pessoas, mas não deixo de propor minha visão e escolhas sobre ele.

Você estudou com grandes mestres, entre eles, Ariane Mnouchkine (Théatrê du Soleil), Robert Castle, Daniel Herz, Camila Amado, Delson Antunes, Miwa Yanagizawa, Fátima Toledo, Sérgio Penna, Walter Lima Jr, e Eduardo Milewicz. Qual foi a sua busca como ator? Métodos diferentes? A busca é eterna. Busca por autoconhecimento e ferramentas para expressar emoções e comunicar histórias. Quando eu tinha uns 20 anos eu achava que um método – O Método americano – me daria todas as respostas. Mas ainda bem que pouco depois eu entendi que era uma bobagem pensar assim. Se posso estudar e compreender como diversos artistas pensam e exercem o mesmo ofício de diversas maneiras porque não aproveitar. Por exemplo, com um, o trabalho minucioso com a palavra; com outro, escutar e viver o silêncio; outro, um corpo vivo e latente; e com aquele, um estado de presença e jogo. E comigo, como tudo isso me move e o que seleciono do todo a cada momento para continuar a me mover artisticamente.

Como você se definiria como ator? Um ator que busca contar uma história com a maior profundidade e entrega possível. Eu tenho um respeito enorme por esse ofício.

Algum ator ou atriz inspirou você na escolha dessa carreira? Na escolha, não. O que me inspirou na escolha foi perceber a multiplicidade de vivências e pensamentos que eu poderia navegar através dos personagens e histórias.

Você atuou nas séries “(Des)encontros” (2018) para a Sony e “Pela Fechadura” com estreia para esse ano pelo canal Prime Box Brasil. Esse é um mercado de futuro para os atores que não fazem novelas? Acho que é um mercado presente para todo mundo. Para atores, produtores e todos os criadores de conteúdo. As séries tem sido consumidas cada vez por mais espectadores. É um mercado com muita possibilidade de crescimento. Mas acredito e espero que as novelas tradicionais continuem tendo seu espaço. Particularmente, encontro prazer como ator tanto na concisão das séries, quanto no destrinchamento diário das novelas.

Sabemos que você gosta de esportes. Quais você pratica? Amo! Todos…(risos). Os mais presentes são o surfe e o tênis. E o futebol aparece de vez em quando. Mas também ando de skate, já fiz algumas lutas, especialmente Muay-Thai. Além dos aquáticos como natação, wakeboard, ski, mergulho. E atualmente tenho praticado crossfit!

Quais são seus planos para o futuro como ator? Mais e mais fazer obras audiovisuais, estou adorando trabalhar nesta plataforma. E não deixar de fazer minhas peças, pelo menos uma por ano. Mas acima de tudo, contar histórias que precisam ser contadas.

E cinema? Você também busca esse caminho? Muito! Faz parte desse plano para o futuro. Já fiz diversos curtas-metragens, e não vejo a hora de estrear em um longa. Explorar a atuação no audiovisual com mais tempo na produção de uma cena me instiga.

A nova geração de atores está cada vez mais comprometida em buscar novos conhecimentos. Na sua visão, o que não pode faltar para um ator? Escutar o outro, a si, seu corpo, o mundo, seus risos e choros. Olhar o presente, o agora, suas entranhas, seus sonhos e medos. Disponibilidade para se transformar e coragem para assumir tal transformação.

Criação e fotos Vinícius Mochizuki

Coordenação geral Berê Biachi

Assistente de estúdio Rodrigo Rodrigues

Assessoria de imprensa Equipe D Comunicação