CARREIRA: AS LIÇÕES DE MATHEWS KRAMBECK

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Meu nome é Mathews Krambeck, tenho 30 anos e sou professor, empresário e fisiculturista. Natural de Ibertioga, uma cidade com 5000 habitantes no interior de Minas Gerais, aos 18 anos me mudei para Viçosa-MG para estudar Engenharia Química. No entanto, minha trajetória tomou outro rumo quando, um ano depois, descobri minha verdadeira paixão pela educação ao ser contratado como monitor de Química. Abandonei a Engenharia para seguir a Licenciatura em Química e abraçar a desafiante carreira de professor, com o objetivo de transformar vidas através das minhas palavras, exemplos e posicionamentos. Ao longo dos últimos anos, tive a oportunidade de guiar milhares de alunos rumo às suas aprovações, transformando suas histórias e impactando positivamente suas famílias

Mas nem tudo foi fácil, e nunca imaginei que seria, afinal de contas, a vida de um menino de classe baixa que morava no interior de Minas Gerais não parecia ser a mais destinada ao sucesso. Desde muito novo minha mãe me dizia: “Filho, estude, pois o conhecimento é a única coisa que ninguém poderá tirar de você. Minha mãe era professora de Literatura, tinha o hábito de ler e sempre fez um esforço enorme para comprar dezenas de revistas científicas para eu poder ler e me informar. Sempre tiver sede de conhecimento, e com apenas 6 anos, já sabia as capitais de todos os países do mundo, desmontava os objetos eletrônicos em casa para entender como eles funcionavam, e depois montava-os novamente com alguns parafusos a menos.

Minha mãe como professora de escola pública,tentou me absolver dos desafios que a carreira de professor tinha, e a segunda grande frase que ela me disse que me recordo é “Você pode ser qualquer coisa, menos professor”. Não desgostosa da profissão, mas trazia com si, a triste realidade de um professor de escola pública que enfrenta uma miríade de desafios, que vai desde a falta de capacitação profissional adequada e continuada até uma desvalorização profissional que vai desde o âmbito econômico até o social.

Desde pequeno, fui um aluno ávido por conhecimento. A inquietude de não entender algo sempre me impulsionou. Há dois anos, assisti a um vídeo emocionante do Clóvis de Barros Filho que viralizou na internet, onde ele afirmava com fervor: “Se o cara escreveu, velho! Você só vai entender o que ele escreveu, imagina o esforço para criar isso tudo do zero.” Essa busca constante pelo entendimento é algo que tento transmitir aos meus alunos em minhas aulas de Química.

Acredito firmemente que todos nós tivemos um professor que deixou uma marca indelével em nossas vidas. Certamente, você, que está lendo isso agora, também tem sua história. Para mim, essa professora foi Fernanda, minha professora de Física. No último dia de aula do ensino médio, ela, como paraninfa da turma, dirigiu palavras específicas a cada um de nós. Ao olhar para mim, disse algo que ressoou profundamente: “Mathews, você pode fazer e ser tudo o que quiser.”

Dois meses depois de ouvir aquelas palavras que mudariam o curso da minha vida, eu estava me mudando para Viçosa para cursar Engenharia Química. Escolhi esse curso porque a Química era minha matéria favorita, e porque na sociedade diziam que para ganhar dinheiro você precisava ser médico, advogado ou engenheiro. Um ano depois, lá estava eu, um jovem pobre vivendo no alojamento da Universidade Federal de Viçosa, abandonando a Engenharia para seguir a carreira de professor. Certamente não parecia ser uma decisão fácil. Poucas pessoas sabiam da minha escolha na época, e muitas nem sabem até hoje. O medo do julgamento era grande, pois as probabilidades não estavam a meu favor. Quando se tem muito, você pode se arriscar mais, mas quando não se tem nada, não há espaço para erros. No entanto, algo no fundo do meu coração dizia que tudo daria certo. Minha intuição nunca falhou. Lembrei das palavras da minha professora: “Mathews, você pode fazer e ser tudo o que quiser.”

Assim, mergulhei profundamente no curso. O menino de seis anos que assistia ao desenho do Dexter e sonhava em ser cientista, desmontando tudo que tinha em casa, entrou em um laboratório de Química para fazer ciência. Passava noites e noites realizando experimentos, sonhava com soluções para problemas e testava suas ideias ao acordar, tal como Mendeleev organizou os elementos na Tabela Periódica. Após cinco anos de dedicação intensa, concluí minha graduação com cinco artigos publicados nas melhores revistas de Química Analítica do mundo.

Logo em seguida, fui aprovado em primeiro lugar no programa de mestrado da Universidade Federal de Viçosa. Embora o curso fosse de dois anos, completei todos os requisitos em apenas um ano. Pouco depois, também fui aceito no doutorado, que concluí em 2022 com 18 artigos publicados. Dois sentimentos me acompanhavam: a realização do sonho de criança de me tornar cientista, investigando, testando e revolucionando a Química, e a certeza de que muitas coisas aconteceram nesse percurso. Infelizmente, aquele foi o encerramento de um ciclo, preparando o caminho para outro ainda mais belo.

A DESCOBERTA DO SER PROFESSOR DE UM FUTURO EMPREENDEDOR

Em 2017, participei de um concurso para professor substituto no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni). Nunca havia estado diante de uma sala de aula para ser avaliado, exceto pelas experiências como monitor durante a graduação. Estava competindo com candidatos extremamente experientes, com anos de prática e altamente capacitados. Sabia que precisaria me destacar muito para conquistar a vaga, pois as probabilidades, mais uma vez, não estavam ao meu favor.

Decidi fazer algo diferente, algo que demonstrasse minha paixão pela educação e pelo ensino da Química. Lembro-me vividamente daquela aula até hoje. Cheguei com toda a empolgação do mundo, tentando esconder o nervosismo. Mentalizei que a banca avaliadora eram apenas alunos, e minha missão era mostrar a eles a beleza de estudar reações químicas e como isso era fundamental para compreenderem sua própria existência. Afinal, temos milhares de reações químicas ocorrendo em nosso corpo neste exato momento, e mesmo após nossa morte, outras continuarão a ocorrer, fazendo a vida seguir seus ciclos. Os átomos de carbono dos dinossauros que existem em nós hoje serão parte de quem sabe qual ser daqui a milênios.

Durante aquela aula, bati no quadro, elevei a voz diversas vezes, alterei meu tom de maneira incansável, e saí de lá com uma convicção profunda: eu realmente nasci para ser professor. O resultado do concurso chegou dois dias depois, e sim, conquistei a vaga.

Foram dois anos de intenso aprendizado no Coluni, considerado o melhor colégio público do Brasil, onde tive a honra de aprender com os melhores. Há momentos que são verdadeiros pontos de virada em nossas vidas, e esse foi o meu. Dois motivos fundamentaram isso: primeiro, eu soube que havia feito a escolha certa ao abandonar a Engenharia; segundo essa experiência me abriu outras oportunidades profissionais. Logo comecei a trabalhar em um cursinho pré-vestibular, onde duas certezas se consolidaram: eu ainda tinha muito a aprender, mas também possuía um potencial significativo.

Um dos motivos que me levou ao sucesso na vida, sem dúvida, foi minha capacidade de aprender e me desenvolver em meio às dificuldades. Nunca encarei os obstáculos como empecilhos, mas como oportunidades únicas de crescimento e empreendedorismo. Mesmo que indesejado, o sofrimento pode trazer grandes ensinamentos, dependendo da forma como lidamos com ele. Lembro-me que um dos meus sonhos mais banais era ter barba. Após várias pesquisas na internet, descobri que o Minoxidil poderia me ajudar. Assim, comecei a usá-lo e logo fiquei barbudo.

Eu sabia que ter barba provavelmente era o desejo de muitos outros homens e, nesse momento, criei meu primeiro negócio: vendedor de Minoxidil. Criei um Instagram onde fazia divulgações diárias, importava o Minoxidil dos EUA e fazia as entregas de bicicleta durante os intervalos das aulas do mestrado. O negócio deu super certo e, em pouco tempo, eu já era o maior distribuidor de Minoxidil da cidade, fornecendo para quase todas as barbearias. O modelo de negócio era muito sustentável e lucrativo. Com o dinheiro das vendas de Minoxidil, comprei meu primeiro carro. Foi ali que descobri meu talento para o empreendedorismo, algo que seria muito útil no futuro.

SURGIMENTO DO MAGO DO PISM

No dia 10 de dezembro de 2021, tomei uma das decisões mais importantes da minha vida: casar-me com minha então namorada, Thais Pacheco. A gente se conhecia há cerca de nove meses. Eu já estava no doutorado, ela havia acabado de se formar em Nutrição. Ela morava em um dos melhores condomínios da cidade, enquanto eu estava começando a vida, dando algumas aulas em cursinhos presenciais na cidade, além de vender Minoxidil, que durante a pandemia estava longe do seu auge. Ela saiu de um dos melhores condomínios da cidade para morar em uma kitnet comigo, com apenas um quarto, uma sala, um banheiro e uma cozinha conjugada com área de serviço. A vida dela mudou completamente em termos de conforto, alimentação e qualidade de vida, mas ela estava feliz, porque existia o principal: o amor.

Um dia, ela chegou até mim, com sua voz serena e calma, e me perguntou: “Você pode comprar um pote de requeijão para a gente?” Meu coração gelou naquele momento. Ali, percebi o quanto tudo havia mudado para ela. Ela estava há meses comendo simplesmente o que tinha, nada do que estava acostumada. Aquele pedido me machucou, me dilacerou por dentro. Fui ao mercado, comprei o requeijão e, na volta, prometi para ela que, a partir daquele dia, ela teria uma vida igual, ou melhor, àquela que tinha antes de nos casarmos.

Acordei cedo no dia seguinte e minha primeira decisão foi criar um Instagram de Química. Eu sabia do meu potencial, seja como professor, seja como empreendedor. Abri o software de edição de fotos, fiz nove posts péssimos, um pior que o outro, e postei mesmo assim, afinal, o feito é melhor que o perfeito. Abri a câmera e anunciei a primeira turma de Química do professor Mathewsão, mas eles precisavam ficar espertos, pois as vagas eram limitadas. Pobre de mim, só queria ganhar R$ 600,00 para pagar o aluguel da kitnet que estava atrasado, atrasado porque o cursinho presencial fechou na pandemia. Pensei comigo: “Se eu conseguir 10 alunos e cobrar R$ 60,00 de cada um, vou conseguir os R$ 600,00 do aluguel.” E não deu outra, consegui exatamente 10 alunos e ainda dei duas bolsas para alunos que sabia que não tinham condições de pagar. E assim comecei, 10 alunos, um pote de requeijão, um computador quebrado com a tela amarrada com fita e uma certeza: farei o meu melhor. Vou estudar duas horas por dia antes das aulas para ensinar da melhor forma possível para esses alunos. O principal eu já tinha: o carisma para chamar a atenção dos alunos e um coração bondoso e gentil, necessário e inerente a todo bom professor.

Na época do Coluni, lembro que havia um monitor de Química que oferecia aulões preparatórios para o PISM, o vestibular seriado da Universidade Federal de Juiz de Fora. Esse vestibular é muito popular em Minas Gerais e na região serrana do Rio de Janeiro. No entanto, durante a pandemia, essas aulas não estavam acontecendo, e eu enxerguei uma oportunidade para abrir uma primeira turma para o PISM. Abri as inscrições e tivemos 25 alunos, algo extremamente promissor. Os alunos me pediam constantemente para chamar outros professores de outras matérias, e assim fiz. Consegui um professor de matemática maravilhoso, o Vinícius, que foi extremamente importante para o início do projeto. Entraram mais dois professores excelentes: Michel de Biologia, que conheci na época do Coluni, e Kevin, do antigo pré-vestibular presencial onde trabalhamos juntos. Daí em diante, éramos quatro, eu liderando o projeto com muita vontade de fazer dar certo.

Eis que um ex-aluno, Vitor Caires- Vitão, me mandou mensagem querendo ajudar com o marketing. Eu claramente sabia que precisava de ajuda e não recusei a oferta mais que tentadora dele: “Trabalho três meses de forma gratuita para vocês, mas se der certo, quero entrar no negócio!” Vitão era um daqueles alunos que poderiam ser e fazer qualquer coisa que quisesse. Tirou nota alta no ENEM, mas desde sempre quis desafiar o mundo e ser empresário, totalmente na contramão de tudo. Ali, já tínhamos muito em comum. Simplesmente confiamos nos nossos potenciais e fomos navegando, com vento, sem vento, estávamos lá, remando, navegando e fazendo o projeto dar certo dia após dia. E deu certo! Três meses depois, tínhamos uma sociedade. Os alunos passaram de 20 para 50 e, em apenas três meses, já tínhamos 200 alunos.

Lembro como se fosse hoje, em uma dessas aulas, tive uma ideia totalmente disruptiva, beirando a maluquice. Inventei para os alunos que iria prever as questões que cairiam na prova do PISM. Desde aquele concurso do Coluni, eu já sabia que fazer o arroz com feijão não funcionava para mim, mas ao mesmo tempo era muito arriscado. Acreditei em duas coisas: primeiramente, na minha intuição, que raramente falha, e depois, na minha capacidade cognitiva como cientista de analisar e interpretar dados complexos. E assim fiz. Fiquei três dias analisando as provas antigas, percebendo os mínimos detalhes, índices e padrões de recorrência das questões. Somei a isso o meu instinto, e lá fui eu prever as questões que cairiam na prova. E o resultado disso? Para surpresa de todos, inclusive minha, acertei todas as questões, todos os temas, inclusive até os gráficos que caíram na prova.

Os alunos ficaram extasiados. Alguns não acreditaram e afirmaram que eu tinha contatos privilegiados, enquanto outras pessoas começaram a me atacar nas redes sociais, chamando-me de golpista. Mas o fato é que a grande maioria das pessoas percebeu o tamanho do feito e, então, começaram a me chamar de Mago por ter feito a previsão acertada das questões que caíram naquela prova. Logo, esse virou meu apelido, e de repente, todos estavam me chamando de Mago. Após ter meu Instagram hackeado e conseguir recuperá-lo, já voltei trocando o @ para magodopism.

Ter acertado essas questões foi extremamente importante para o futuro do projeto. Passamos de 200 alunos para 500 alunos em apenas quarenta dias. O nome Mago, que foi criado pelos próprios alunos, foi extremamente assertivo, pois envolve toda a mística dos Magos que conseguem fazer o impossível se tornar possível. Não obstante, num estalar de dedos, a magia agora era feita com muito trabalho e estudo, e claro, um toque de intuição; sem ela, nada disso teria acontecido.

O fato é que esse nome, comercialmente falando, foi extremamente rentável, pois trouxe vários elementos: o primeiro é a pura e simples realização de conquistar feitos sobrenaturais, e uma aprovação para um aluno do ensino médio, inseguro e com medo, beira ao sobrenatural. Outro ponto é que conseguimos promover muitas alusões com os mais diversos personagens cinematográficos de magos, seja de filmes e séries, seja do próprio Harry Potter, e consequentemente, aumentamos nosso arsenal de possibilidades no campo das mídias sociais. O nome, além disso, é curto, conciso e fácil de memorizar. O Mago uniu o melhor de todos os mundos, e o mais interessante é que foi construído pelo próprio público.

Hoje, três anos depois dessa primeira previsão das questões, já fiz outras três, todas extremamente assertivas. Ensinei meu método para os professores do curso, que começaram a acertar até mais do que eu. Assim, criei uma legião de Magos, professores especialistas no vestibular, que realmente entendem a prova: o que cai, o que não cai, a forma como cai. Revolucionamos o modo de ensinar e de preparar os alunos para o vestibular. De apenas quatro professores no início, hoje contamos com 27 professores e 4000 alunos. Eu e Vitão replicamos nosso modelo de negócio e criamos mais três empresas com outros professores como sócios: uma preparatória para UERJ, outra para o Coluni/IFs e outra de redação para o ENEM.

O Mago do PISM foi uma revolução na forma de promover a educação e preparar os alunos para o vestibular. Revolucionamos o mundo da educação ao deixar para trás aquele EAD frio, com aulas gravadas, e investimos em aulas online, mas ao vivo, que também ficam gravadas, explorando ao máximo a interação entre professores e alunos. A criação dessa comunidade estudantil online, pautada na colaboração entre professores e alunos, foi extremamente importante para o sucesso do projeto e, claro, repercutiu em resultados.

Em 2024, aprovamos incríveis 330 alunos pelo PISM e pelo ENEM, sendo 56 aprovados em Medicina. Desde sua criação, foram centenas de sonhos conquistados e vidas completamente mudadas por um método de ensino dinâmico, eficiente e acessível. Prezamos por uma educação humana, que busca entender as dores e dificuldades dos alunos, tentando nos aproximar deles para criar conexões fortes o suficiente para gerar uma relação segura e confortável para os estudantes. Tenho uma premissa que sempre digo para todos: “Primeiro o aluno precisa gostar do professor; se ele gostar, ele vai começar a prestar atenção em você; se ele presta atenção em você, ele aprende.”

Por esse motivo, os professores são escolhidos a partir de um perfil de profissional que realmente ama o que faz, que tem paixão e entusiasmo, tal qual aquele professor que foi aprovado em um processo seletivo tendo dado poucas aulas na vida. Quando se trabalha com paixão, a magia revela o extraordinário.

Com a reforma do novo ensino médio em 2022, observamos um aumento crescente, ano após ano, na dificuldade dos alunos no nosso curso, especialmente os alunos de escola pública, que representam 70% dos nossos alunos. Pude observar, por exemplo, alunos que no 2º ano do ensino médio nunca tiveram uma aula de Química sequer.

Esse novo modelo de educação fragmenta e empobrece a formação dos alunos, trazendo de volta uma concepção elitista da educação que não contempla medidas necessárias para solucionar problemas estruturais. Dessa forma, o curso do Mago se torna quase a única oportunidade para esses alunos conseguirem uma aprovação em uma universidade pública. Por esse motivo, mantemos o valor do curso acessível, pois, caso contrário, estaríamos contribuindo ainda mais para a acentuação das desigualdades sociais.

Nós aprovamos cinco vezes mais alunos que nossos concorrentes e, consequentemente, poderíamos cobrar um valor maior, mas não o fazemos justamente por essa questão de acessibilidade social. Assim como a maioria dos nossos alunos, também tive origem humilde e venci na vida através da educação, e quero, por justiça, proporcionar isso a milhares de alunos.

Portanto, prezamos por um novo modelo de educação dinâmico, acessível, e sobretudo, humano. Há três dias, uma aluna recém-aprovada em Medicina me mandou a seguinte mensagem: “Mago, minha mãe está chorando aqui em casa, ainda sem acreditar na minha aprovação, porque ela sempre achou que pobre não poderia fazer Medicina.” Essa frase diz tudo sobre nosso propósito. É fazer a magia através da educação, tornar o impossível possível, dar esperança para um futuro melhor e mais justo.

 FISICULTURISMO

Quando eu tinha 14 anos, já media 1,77 metros, mas pesava apenas 45 kg. Sempre fui muito magro e, por isso, sofria bastante bullying na escola. Lembro que, na época, o desenho “Yu-Gi-Oh!” estava na moda, e todos me chamavam de “Rei Caveira”, um dos personagens do desenho. Um dia, um amigo bateu à minha porta e, contra a minha vontade, me levou para a academia, a única que havia na cidade. Bons amigos nos tiram da zona de conforto e nos impulsionam para cima; é sábio cultivar e manter esses por perto. Foi assim que tive meu primeiro contato com a academia. Três meses depois, já estava pesando 57 kg, eu já era outra pessoa. Reconheci meu valor, minha segurança aumentou, e tive certeza de que jamais poderia abandonar aquela prática esportiva.

Em 2021, incentivado por um amigo que havia morado comigo no alojamento da UFV, comecei a praticar fisiculturismo. Nunca havia pensado em participar de um campeonato de fisiculturismo, mas sempre fui apaixonado pelo esporte. Era emocionante ver vídeos na internet de grandes fisiculturistas da década de 90: Dorian Yates, Ronnie Coleman, Jay Cutler, Phil Heath e o grande Arnold Schwarzenegger, que, além de ser um dos maiores fisiculturistas de todos os tempos, também teve sucesso como ator, empresário e político. Comecei minha primeira preparação durante a pandemia, quando as academias estavam todas fechadas, mas, por sorte, eu tinha alguns pesos e um banco de supino em casa.

Sempre fui muito intenso em tudo que me proponho a fazer, seja como cientista, professor, empresário ou fisiculturista. Minha formação como Químico Analítico me ensinou a ser metódico: 0,030 gramas de cloreto de sódio não são 0,031 gramas. Quando se busca alcançar um esporte de alto rendimento, é preciso dar 100%. Cem gramas de arroz não são 103 gramas; cada grama faz diferença, às vezes não para o corpo, mas para a mente. O fisiculturismo é um esporte em que o atleta leva seu instrumento de trabalho consigo mesmo. O corpo está ali, mostrando a todos que ele pratica aquele esporte. Não é necessário chuteira, raquete ou touca de natação; você é o instrumento. Mas o mais importante não é o corpo, e sim a mente.

Quando estou em preparação para campeonatos de fisiculturismo, treino duas horas de musculação por dia, acrescidas de duas horas de esteira divididas em intervalos de uma hora, além de 30 minutos diários de treino de poses. Associo a isso uma dieta extremamente restrita em termos de calorias e alimentos. Ou seja, um desgaste físico ao extremo, em vários momentos do dia, é necessário lidar com uma sensação de fome constante. Além disso, trabalho 14 horas por dia, gerenciando quatro empresas e quase 100 colaboradores. Isso só foi possível devido a alguns fatores: primeiro, a disciplina, e depois, muita terapia para manter a saúde mental em dia e lidar com todos esses conflitos e desafios.

A Química Analítica me ensinou a ser metódico, o fisiculturismo a ser disciplinado, e vender Minoxidil me ensinou que poderia ser um bom empreendedor. O mais importante na vida é aprender o máximo que pudermos com nossas escolhas e decisões e levar esse conjunto de aprendizados para todos os segmentos da vida. Ser metódico e disciplinado me levou a alcançar resultados muito maiores nas minhas empresas. Tudo depende, no final, da forma como lidamos e aprendemos com tudo. De 2021 até 2023, participei de sete campeonatos de fisiculturismo, ganhando seis troféus que carregam o suor e o esforço de cada preparação.

Fotos Nilo Lima

Styling Marco Antônio Ferraz

Tratamento de Imagem Rodrigo Lopes

Vídeo Mauricio Macedo.