Por Fernando Russo / Fotos Divulgação & Fernando Russo
Muito além dos Alpes nevados e do fondue a Suíça é um grande destino no verão. Com suas principais cidades localizadas a beira de belos lagos e rios as paisagens são lindas e o alto astral toma conta das ruas das cidades. Comecei minha viagem por Berna atravessando os Alpes de trem vindo de Milão.
As paisagens no caminho são maravilhosas principalmente na fronteira da Suíça e Itália que mesmo no verão tem o cenário coberto de neve. Nessa viagem para o desespero dos Suíços a linha de trem estava interrompida em um dos túneis da fronteira e tivemos que fazer a travessia entre Domodossola na Itália e Brig na Suíça em ônibus. O acidente de percurso acabou virando um tour cenográfico das montanhas me deixando com vontade de um dia repetir a viagem com um carro alugado. Chegando a Berna outra agradável surpresa. A pequena capital da Suíça tem arquitetura medieval única bem diferente de outras cidades históricas européias. As ruas principais do centro estão repletas de belas estátuas, edifícios centenários e torres com seus famosos relógios.
No final da tarde os bares e restaurantes que quase sempre tem porões usados no inverno sobem o serviço para as calçadas no verão. Em uma noite quente e estrelada como a minha primeira em Berna parecia um insulto ficar em casa. A cidade inteira estava jantando ou tomando um trago ao ar livre. Apesar do aparente clima de festa, Berna é uma cidade bem tranquila que deve ser apreciada durante o dia. Uma caminhada na beira do rio mostra que a poucos quilômetros do centro o cenário é quase rural. Aproveite para comprar uma sesta de framboesas frescas na feira de rua ou experimente o tradicional filé de cavalo em um dos restaurantes com mesas ao ar livre. Sim, na Suíça diferente do nosso filé a cavalo o “Steak de Cheval” não leva esse nome por vir acompanhado de dois ovos, mas sim por ser realmente carne de cavalo muito apreciada na região.
Rumo à…
Relaxado após um dia bucólico tomei o trem rumo à cidade grande. Se Berna floresce no verão Zurique bomba. A quantidade de eventos principalmente noturnos surpreende para o tamanho da cidade. Zurique não é só conhecida como capital do chocolate, mas também pela cena de música eletrônica que levou seus DJs a tocar nos melhores clubes do mundo. Mal cheguei e já fui convocado para um happy hour no Valmann que lota as quintas-feiras. No local uma mistura de banqueiros almofadinhas com gente mais descolada que estava mais preocupada em dançar e se divertir do que distribuir seus cartões de visita. Fui buscar uma cerveja e enquanto me esforçava com o meu alemão sofrível percebi que no bar se falavam pelo menos cinco idiomas. Era normal ouvir um grupo começar uma conversa em alemão, passar para o inglês e fechar com o italiano sem mudar o assunto.
No dia seguinte fazia muito sol em Zurique e fomos curtir a cidade a beira do lago. Nessa tarde conheci dois aspectos admiráveis da cultura local. O primeiro foi me deparar com um rio de águas cristalinas cruzando uma cidade grande, fato chocante para um Brasileiro. Na Suíça o respeito pelos rios e lagos é tão forte que as cidades competem para mostrar quem tem a água mais pura.
Aqui garrafa de água mineral é artigo de luxo já que se bebe água potável nas fontes públicas e em qualquer torneira. Em dez minutos de caminhada comprovei o segundo ponto que reforça uma visão diferente e evoluída da convivência social na cidade. Aqui ninguém se importa com o que você esta fazendo em público desde que não interfira na vida do próximo. Casais gays trocam malhos ao lado de velhinhos que fazem pic-nic felizes com seus netinhos na beira do lago. Alguns metros à frente um senhor de uns 60 anos com um metro e meio de altura e pança passeava vestido com um maiô feminino verde de tricô e seu poodle branco. Uma cena capaz de parar Ipanema na praia de Zurique ninguém se abalava.
No final da tarde de Sábado fomos curtir o por do sol em Oberen Letten. Antes um reduto de viciados que podiam se drogar livremente nessa parte da cidade a região foi limpa e revitalizada e hoje funciona como praia da juventude local que ao som de DJs promove festas a beira de um canal. Compre uma cerveja gelada e curta o som observando a diversidade do local que no inicio da noite irá reunir a galera que esta fechando o dia ainda em traje de praia com aqueles que estão fazendo o esquenta da noite. A meia noite o parque fecha e o pessoal segue embalado para os bares do centro ou os clubes de West Zurique. É nessa região que funcionam as casas noturnas maiores onde a festa se estende pela madrugada. Procure a Supermarket que aos sábados começa a encher depois da uma da manhã.
Antes de entrar vale conferir a frequência e programação das casas vizinhas. Cuidado para não ficar sem o dinheiro do taxi. Um fato marcante e desanimador da Suíça, principalmente em Zurique é que seus Francos voarão da carteira com a mesma facilidade que você irá se encantar com a cidade. Com cerveja a R$ 20 e coquetéis a R$ 40 sem falar na taxa de entrada das boates uma noite de farra pode custar caro. Apesar do investimento vale à pena curtir cada minuto do abençoado verão suíço bebendo muita água da torneira e livre do moralismo chato que domina outras partes do mundo.
SERVIÇO:
Valmann – Talstrasse 58, 8001 Zurich, Suiça – F: 043 497 31 31 – www.valmann.ch/
Texto: Fernando Russo
Fotos: Fernando Russo, Divulgação
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