ENTREVISTA: ALE DUPRAT – ESTILO BRILHANTE

Quem vê uma bela matéria de estilo e moda em uma revista, ou site, muitas vezes não imagina o trabalho que existe por trás. E aqui na MENSCH não é diferente. Ao longo desses praticamente 10 anos de marca, um profissional que sempre esteve presente é o stylist carioca Ale Duprat. O cara é craque! Para se ter ideia, ano longo da nossa trajetória, ele já cuidou de Mateus Solano, Caio Castro, Henri Castelli, Deborah Secco, Aline Moraes e agora Giovanna Antonelli (só para citar alguns trabalhos memoráveis). Diante de tantos trabalhos incríveis, a MENSCH conversou com Ale para conhecer um pouco mais desse carioca sangue bom (e mente brilhante).

Ale, nos conte, como foi seu início de carreira? Que barreiras encontrou e quais as superações? Nossa amigo! Meu início de carreira foi relativo –  tive que começar trabalhando em bancas de jornais pois minha família não tinha nem dinheiro para comprar as minhas famosas revistas de Moda que eu tanto amava ler e folhear, nas bancas de jornal. Foi lá em São Paulo, na Cidade de São Vicente, que comecei a descobrir que amava aquele mundo da moda no qual eu sonhava trabalhar e sempre dizia que um dia ainda iria trabalhar nas revistas de moda Vogue, Elle, Marie Claire entre outras. Também sonhava trabalhar na Rede Globo de Televisão um dia. Foi nessa banca de jornal que eu consegui meu primeiro emprego como vendedor de revistas. Quando eu chegava lá, meu mundo se resumia àquela pequena banca de jornal onde me perdia no meio daquelas belas imagens feitas pelos famosos fotógrafos e as lindas modelos com quem um dia eu viria a trabalhar depois. Logo em seguida, conheci uns amigos que trabalhavam numa empresa chamada Círculo do Livro onde eu também viria a ser vendedor de livros e depois comecei a trabalhar no comércio nas lojas Elllus, Levis, Hering, Hugo Boss, entre outras. Mas, sempre estudando e trabalhando para um dia poder realizar meus sonhos, comecei trabalhando como vendedor, depois virei sub- gerente de loja e depois gerente e por fim, como Programador Visual de vitrines.

Quando decidiu trabalhar nessa área, como você se preparou? Eu decidi trabalhar nessa área durante uma viagem que eu fiz com uns amigos para Floripa no final do Ano, de férias. Eu ainda estava trabalhando como Programador Visual, daí, nessa viagem, uma minha amiga que já era maquiadora me perguntou se eu não gostaria de trabalhar com moda e eu disse que sim, que iria amar trabalhar com ela. Então, quando chegamos ao Rio, eu me joguei e comecei a acompanha-la como assistente de maquiagem. Fizemos vários jobs juntos, desfiles, editorias de Moda e fiz um curso de maquiagem e mudei a minha faculdade que antes era Marketing para Moda, mas ainda trabalhava como Programador Visual de Vitrines e num certo dia, essa minha amiga estava passando com um amigo dela que era correspondente da revista Vanity Fair – Itália. Ele amou a vitrine que eu tinha feito e me perguntou se eu não tinha interesse em trabalhar como Produtor de Moda. Foi aí que eu comecei a trabalhar com Produção de Moda.  Fizemos minha primeira capa de revista Quem Acontece com a modelo e apresentadora Fernanda Lima. Então, aos poucos, fui me jogando e indo fazer books com modelos da Mega MODELS, Elite MODELS, Ford MODELS e ARMY MODELS. Isso foi muito bom, pois ganhei experiência montando antes meus looks em manequins de lojas e depois em lindas modelos. Era muito cansativo, mas no final do dia, era compensador todo aquele meu esforço.

Hoje em dia você é um dos profissionais mais requisitados por artistas, empresas e revistas. Que cuidado você tem ao aceitar um trabalho e como manter um padrão? Hoje em dia, meu maior cuidado é sempre ter a melhor qualidade de meu trabalho. Tenho uma equipe que trabalha comigo – meu produtor e minha camareira/costureira que estão sempre comigo e meu motorista particular, pois produzo muitas joias e roupas caras de grifes. Também tenho um manager (agente) que cuida de minha agenda de trabalho e é ele quem cuida de tudo ligado aos meus jobs tais como campanhas publicitárias, palestras, cursos como personal stylist por exemplo, que eu faço tanto para pessoas anônimas como para celebridades e outros tipos de trabalho. Tenho também uma contadora que cuida da minha vida financeira e uma advogada para cuidar de contratos profissionais.

É unânime, quem trabalha com você tece mil elogios sobre a forma como você trabalha, seu profissionalismo, sua simpatia e educação ao lidar com as pessoas. Ah meu querido, assim não vale! Como posso falar de mim na terceira pessoa (risos). Mas sim, graças a Deus todas as pessoas com quem eu trabalhei, nunca tive nenhum problema no trabalho. Costumo ter fama de exagerado – sempre chego no trabalho com 3 ou 4 malas cheias de roupas, levando diversas opções para que não tenha nenhum problema na hora do trabalho, e sempre procuro tratar todos com muita educação e simpatia sim pois foi essa a educação que a minha amada mãezinha e meu pai me deram – respeitar e tratar bem o próximo.

Sabemos que muitos profissionais dessa área ficam deslumbrados e a vaidade fica maior que seu resultado final. Como driblar isso em você e nos que chegam para trabalhar com você? Sim, isso é que sempre tenho em mente e uma dica que eu sempre dou a todos que trabalham comigo-  sempre manter a humildade e nunca mudar o seu jeito de ser com ninguém. Vou dar um exemplo –  aqui, depois que eu trabalhei com a nossa super model Gisele Bündchen, observei que ela era uma pessoa simples e que tratava todo mundo por igual. Eu a achei maravilhosa, mais ainda quando eu pude ver que ela chegava na local do trabalho e falava com todos com educação e respeito e deixava o lugar de trabalho leve e divertido e, é por isso que ela é essa estrela que ela é, né gente. Quando acontece de alguém com quem eu vá trabalhar e que vejo que essa pessoa está sendo arrogante ou com uma certa vaidade eu sempre deixo a pessoa começar o trabalho na dela e depois, aos poucos, vou conversando e descontraindo o ambiente, usando um pouco de uma certa psicologia, pois no fundo, essas pessoas só querem um certo tipo de atenção e carinho.

É um mercado competitivo e disputado. Como se manter? Que dicas daria a quem está iniciando? Sim, é verdade. Esse mercado é super competitivo, mas sempre tive uma boa relação com meus colegas de trabalho, pois cada um tem um olhar e jeito diferente de trabalhar. Uma dica que eu dou para quem está iniciando é nunca desistir de seus sonhos e sempre fazer o melhor no seu trabalho, seja o trabalho que for, a qualidade sempre tem que ser a melhor.

Você já trabalhou com inúmeros artistas. Quando você percebe que aquele ali vai dar um certo trabalho seja por conta de estrelismo ou insegurança, como tenta contornar? Sempre tento deixar o ambiente de trabalho leve e divertido, mas sempre com muito profissionalismo. Assim, deixo a pessoa mais tranquila e confiante no meu trabalho.

Já teve algum artista ou trabalho que você recusou? Como dizer um não educadamente sem fechar portas? Particularmente, isso é um problema para mim. Só agora, com mais tempo de trabalho, comecei a dizer não para alguns jobs e pessoas, mas sempre com a maior educação, sem deixar transparecer algo e ficar numa sai Justa.

Hoje em dia o que as marcas procuram? Como elas querem ser mostradas? As marcas procuram ser usadas – sempre que produzimos com as assessorias ou lojas, as marcas gostam de serem valorizadas através de uma foto feita para as revistas ou para as redes sociais, as marcações ou um making of do trabalho. Por exemplo, sempre tiro uma foto com meu celular e mostro nas lojas que a celebridade usou o look da loja e eles ficam super felizes em saber que usaram algo da marca deles.

E quais os maiores desafios neste período de pandemia? Meu maior desafio foi sobreviver. Sabe, a lei da sobrevivência? Um amigo fotógrafo, italiano, me encontrou agora há pouco tempo e me falou que eu sou um bom marketeiro que eu fui o único stylist que ele via que postava fotos de antigos jobs e #tbs de fotos que eu fiz durante minha carreira. Graças a Deus isso funcionou, pois mesmo na pandemia, fui 4 vezes São Paulo e ao Rio a para trabalhar, mas sempre testado para a COVID – 19 e com todas as medidas de segurança possível.

Uma dica para os leitores, como definir um estilo? Estilo e ser você mesmo, sempre usando peças leves e confortáveis e procurando saber qual cor favorece o tom de sua pele e marcas que tenham haver com a sua indenidade.

O que é ter estilo e elegância para você? Fugir do que é tendência é, simplesmente, ser autêntico. Ter personalidade é vestir o que você se sente bem usando. Estilo nada mais é do que a sua identidade traduzida em suas roupas, nos acessórios, em seu cabelo e até mesmo na maneira como você se comporta. Elegante é a pessoa que traduz, através da sua personalidade, sua real essência. Quem tenta parecer o que não é, o faz para agradar alguém ou algumas pessoas. Independentemente da classe social, do tipo de roupa que está usando, o meio de transporte que utiliza para se locomover, a pessoa pode demonstrar elegância

E na hora de relaxar, o que faz sua cabeça? Amo ler matérias de revistas, jornais e sites – sou a moda antiga, gosto de ir ao cinema assistir filmes e séries na TV, teatro, shows e amo sair para jantar com meu namorado e amigos. Sair para praia e viajar para conhecer novas culturas e pessoas, resumindo – eu amo a vida.

Algum projeto novo em andamento que possa nos contar? Vários projetos parados para depois dessa loucura dessa pandemia. Em breve, isso tudo vai passar e daí, eu conto tudo para vocês. Beijos meus amados leitores da revista MENSCH!

Fotos PINO GOMES