Parceiros nos negócios há quase uma década, o chef Henrique Fogaça e o músico Fernando Badauí, que são sócios e fundadores do Gastropub Cão Véio, também dividem a paixão pelo rock e integram bandas nacionais do estilo. Fogaça é vocalista da banda de metal hardcore, Oitão, formada em 2008, já Badauí é vocalista da CPM 22, que está há 27 anos na estrada. A parceria da dupla começou em 2013, quando tiveram a ideia de criar o Cão Véio, gastropub com pegada hardcore, que se consagrou pela gastronomia, decoração canina, petiscos e cervejas artesanais. Com um misto de bar e restaurante, o local tem espaços aconchegantes dentro de uma atmosfera intimista, além de todo cardápio assinado pelo chef Henrique Fogaça. Atualmente, a rede conta com 5 unidades, localizadas nos bairros da Vila Mariana, Vila Madalena e Tatuapé em São Paulo, e nas cidades de Curitiba e Alphaville.
Como resultado desta parceria de 9 anos entre música e gastronomia, recentemente a dupla inaugurou a nova matriz do Cão Véio, localizada na Vila Madalena. O casarão conta com uma pegada industrial, com pé direito alto e andares integrados, idealizado para melhor circulação dos clientes. Além disso, o novo espaço traz também muita diversão, com mesa de sinuca, jogos de dardos e muita música, reforçando ainda mais a essência do Cão Véio.
Quando vocês se conheceram e como surgiu essa parceria?
Badauí: Desde 2008, eu o Kichi, nosso amigo e sócio, que infelizmente faleceu ano passado, já falávamos de ter um bar, nós andávamos juntos, saíamos para vários lugares da cidade, bares, shows e queríamos ter um bar nesse estilo de pub londrino. Eu já conhecia o Fogaça há bastante tempo. Fizemos uma reunião com duas pessoas, possíveis sócios, mas acabou não evoluindo, então marcamos de ir lá no Sal, restaurante dele, para trocar uma ideia, e entender o rumo que isso iria tomar, porque já estava bem encaminhado, com a vontade e o foco.
Então, no final do expediente dele, estávamos tomando uma cerveja e comentamos que queríamos ter um bar, e ele se interessou, quis saber mais, e acabou se colocando como sócio, falou que estava afim de fazer também, que sempre teve vontade de ter alguma coisa mais nesta linha, além do Sal. E aí começamos a procurar casas, a entrada dele foi determinante para isso, porque ele já era do ramo e tinha uma estrutura também nessa área da gastronomia. Abrimos o bar em 2013, pequenininho, com 55 a 60 lugares, e foi assim que tudo começou.
Ficamos nove anos no bairro de Pinheiros, onde foi nossa primeira unidade, e recentemente, mudamos para um novo endereço, na Vila Madalena, para um ambiente maior e que nos permitiu trazer novas experiências para nossos clientes.
Como surgiu a ideia de juntar o amor pela música com a gastronomia?
Fogaça: Essa junção foi natural. Logo que conversamos já sabíamos como queríamos o pub, e a música e gastronomia fazem parte do nosso DNA, eu e Badauí somos músicos, e Kichi era uma figura lendária no meio hardcore/metal/punk brasileiro, e não teria como deixar essa nossa paixão de lado. Então, o Cão Véio traz a nossa essência com o espírito hardcore sempre presente.
O que o Rock e a gastronomia têm em comum?
Fogaça: A confraternização, estar entre amigos e pessoas queridas. A música e a gastronomia tem esse poder de reunir pessoas.
Badauí: E a paixão, por que tanto para fazer música, quanto para ter um restaurante, você precisar gostar do que faz e isso ser prazeroso mesmo. Só assim o resultado final vai agradar o público também.
Por que Cachorro como tema? O que o Cão Véio tem em comum com estilo e vida dos dois?
Fogaça: Desde nossa primeira conversa estava claro essa ideia de cão, o cachorro tem esse lado amigável, despojado, que combina com a vibe rock n’roll. Então, em toda decoração do restaurante trazemos os cachorros de formas hilárias questionando a postura de humanos. No cardápio, também seguimos a brincadeira dos cães, batizamos com nomes de diferentes raças e de cachorros que fizeram e fazem parte da nossa história, como a Granola e o Cupim, que são meus cachorros.
Fogaça, você é Chef e empresário! Como surgiu o amor pela música também? E como conciliar a carreira de chef com a sua Banda Oitão?
Fogaça: A música talvez tenha sido a minha primeira paixão, me considero um rockeiro desde os 10 anos de idade, comecei ouvindo os sons de AC/DC e Iron Maiden, e logo descobri as bandas nacionais, como Cólera e Ratos de Porão. Em 1998, comecei a cantar e tive mais duas bandas, a Impala e a Osso, antes de formar e me encontrar com a Oitão. A música e a gastronomia fazem parte da minha essência, amo o que eu faço e isso facilita na hora de conciliar as gravações, a banda, os restaurantes e a família, mas também tenho o apoio de uma equipe que me ajuda a dar conta de todas as demandas.
Badaui, todos te conhecem por seu trabalho no comando de uma das maiores bandas de rock nacional, o CPM22! Agora, nem todos conhecem o Badaui empreendedor. Você sempre teve vontade de ter seu negócio? Como consegue conciliar o bar com os shows?
Eu sempre gostei de frequentar bar, tomar cervejas artesanais, e isso começou a ganhar mais força no Brasil de uns anos pra cá, e vários bares começaram a surgir nesse estilo pub, que eu sempre curti. Então, em 2008, fomos tocar em Londres, estava muito frio porque era dezembro, e eu fui andando de pub em pub, era a coisa que eu mais gostava de fazer ali na cidade, conhecer os bares, porque já estava com a ideia de ter o meu pub. A paixão veio daí, e claro, a banda é bem sólida, nossa carreira em si, a gente faz muito show, está a 27 anos na estrada, mas eu queria ter um outro negócio, começar a abrir outras possibilidades, e o bar mesmo me deu outras condições, de explorar outras habilidades minhas e até mesmo de fazer, de repente, uma publicidade com cerveja, de receber convites para ir há alguns bares, tudo isso por conta do Cão Véio.
Eu tinha essa vontade de ter outro negócio, e por mais trabalhoso que seja ter um bar, principalmente um bar que passou a ter franquias, o que realmente dá muito trabalho, a gente tem que montar uma equipe competente e se ajudar. Por isso nós temos o Akira, que é nosso braço direito, e agora temos também uma equipe grande para tocar as franquias e ir em frente.
Fogaca, como é o Badaui empresário? Badaui, como é o Fogaça empresário?
Fogaça: O Cão Véio também nasceu da paixão do Badaui por pubs, então, ele é um empresário que gosta do que faz! Nós gostamos. Sempre que consegue está presente no Bar, e também trocamos em nossas reuniões de alinhamento, para definir estratégias e ações. Acaba que cada um de nós atua na frente que tem mais afinidade. E hoje, temos uma equipe, que é super empenhada no sucesso do Cão Véio conosco.
Badauí: Posso dizer que não tem aquele perfil de empresário tradicional, de gravata, camisa e tal. Nós temos o nosso estilo, mas buscamos sempre tomar as decisões com base na razão, apesar da gente não conseguir separar o coração nas decisões que a gente toma. Hoje em dia, nós também estamos cercados de uma equipe muito competente, então facilita muito esse nosso lado empreendedor.
Conversamos quase diariamente, fazemos várias reuniões de estratégia, estamos sempre fazendo de tudo para que o nosso negócio prospere, é isso que o empresário tem que fazer quando tem uma empresa.
Hoje, como se dividem na gestão do Gastropub?
Badaui: Nós nos dividimos na gestão do pub, assim como no alinhamento de estratégias de marketing e para as franquias. E claro, o Fogaça é responsável por todo o menu da casa.
Qual o maior desafio da carreira do músico? E do dono de bar/restaurante?
Fogaça: O tempo, tanto o Chef de cozinha, o dono de bar quanto os músicos têm horários diferentes, a noite. Quando você junta os dois, como meu caso e do Badaui, a agenda fica realmente complicada, então, precisamos ter uma dedicação maior para estar com a família e conciliar os compromissos. Mas é isso que gostamos e que nos motiva, então dá certo.
Hoje, vocês tem a matriz do Cão Véio na Vila Madalena e mais 5 franquias pelo Brasil! Vocês pretendem ampliar as unidades?
Badaui: Sim, estamos com um plano de expansão para 2023 e uma equipe dedicada exclusivamente às franquias. A ideia é levar a filosofia do Cão Véio para mais cidades, e ter franqueados que compartilhem do nosso estilo de vida, e que assim como nós tenham essa paixão pela música, bar e restaurante.
O que mais os fãs de vocês podem esperar dessa parceria? Existe a possibilidade de um projeto em conjunto na música?
Fogaça: O Badauí já participou de um disco do Oitão em 2015, em uma música chamada “Hipócrita”, então por enquanto o que podem esperar é o avanço da nossa parceria na parte de negócios, com o Cão Véio e nosso crescimento como franquia.