ENTREVISTA: NO LIMITE COM IPOJUCAN

Dos palcos do circo para os limites físicos e psicológicos. Isso um pouco define a trajetória do carioca Ipojucan Ícaro, de 29 anos, que terminou o desafio do programa No Limite em segundo lugar com ares de campeão. Afinal foram 48 dias de superação e determinação que levaram esse cara ao seu limite sem perder o sorriso no rosto e a garra de vencer. Artista de circo e da vida, Ipojucan agora se prepara para novos desafios. E nosso entrevistado já mostrou que faz jus ao nome, – afinal, “Ipojucan” é uma palavra variada do tupi-guarani e que significa “Matador”.  Em entrevista exclusiva para MENSCH, ele nos conta dos perrengues, das superações e a vida daqui pra frente.

Da arte circense para os perrengues nas praias do Ceará. Como foi sua trajetória até aqui? Eu costumo falar que minha vida foi do cerco ao circo e, no circo, foi onde eu encontrei a minha caminhada mais bonita. Ali eu me permiti traduzir toda a emoção que efervescia em mim, pude despertar o meu melhor e mostrar quem sou por inteiro. Toda a experiência que adquiri durante minha trajetória, de artista de rua à lona, me fez sentir-me preparado para qualquer desafio. Não existiria obstáculo que fosse páreo para a minha vontade de vencer, que me impedisse de mostrar que o artista, acima de tudo, é incansável.

O No Limite foi pior ou igual ao que você imaginava? Chegou no seu limite? Sempre soube que não seria fácil. Afinal de contas, não é à toa que o nome do programa é No Limite – ele, realmente, te leva aos extremos. De qualquer forma eu estava confiante, também sabia que as minhas vivências me tornaram capaz de passar por qualquer situação lá dentro. O convívio coletivo é algo intrínseco a quem sou, assim como a vida ao ar livre. Então, nada nesse sentido enfraquece meu espírito. No entanto, é difícil não se sabotar em meio aos pensamentos. Sem dúvidas, o mais difícil ali foi a distância da família, pessoas amadas, o medo de fracassar em algum aspecto e não conseguir mostrar quem é o legítimo Ipojucan e toda minha resiliência.

Quem acompanhou sua trajetória no programa viu que você era um cara bom de concentração. De onde vem isso? Como exercita? Na minha profissão, preciso manter o foco absoluto em cena. Nas artes circenses, não temos brecha para erro algum – qualquer deslize pode colocar nossa vida e de parceiros em risco. Assim, quando entrava em prova, eu trazia toda essa concentração, que ao longo de nove anos venho aperfeiçoando. Confesso que isso me deixava à frente de meus adversários em diversas provas, e aproveitei ao máximo dessa virtude.

Nos dias de No Limite o que foi mais pesado? Foi muito difícil superar as duras noites sem conforto algum, exposto ao clima, incessantes picadas de insetos, enquanto dividia o acampamento com diversos animais peçonhentos. A natureza naquele ambiente inóspito era implacável, precisei blindar minha mente para manter minha obstinação intocada.

Que momento glorioso destaca e que momento gostaria de ter a oportunidade de fazer diferente? Sem dúvidas, o momento mais emocionante durante o jogo foi ler a carta recebida. Jamais pude imaginar que tamanha emoção me inundaria. Tudo que vivi lá dentro foi extremamente intenso – as provas, a convivência, as privações, mas nada superou esse momento. Sinceramente, eu não me arrependo de nada que tenha feito. Cada ação construiu minha experiência, refletiu em um aprendizado que vou levar comigo pra sempre.

Que lições ficaram dessa experiência No Limite? As maiores lições dessa experiência é que jamais estaremos completamente prontos, que o maior desafio desse jogo é a nossa mente e que a melhor maneira de se manter vivo até o fim é tornando a convivência saudável dentro da tribo, tendo companheiros, mais que aliados, amigos, que te permitam ser você por inteiro. Essas lições valem pro jogo e para a vida.

Quando voltou pra realidade o que mais desejava fazer? E o que fez mais falta nesse período? Eu sou apaixonado por gastronomia – um dos meus maiores prazeres é apreciar uma boa comida. Então, tendo em vista que eu estava todo esse tempo (48 dias) sem comer algo que me trouxesse essa satisfação, fiz da minha prioridade chegar no Rio de Janeiro, abraçar forte minha amada e levá-la pra jantar num restaurante de culinária Italiana maravilhoso!

Com a exposição do programa vem o assédio na rua. O que uma pessoa precisa ser ou ter para chamar sua atenção? O público de reality tende a ser muito caloroso, o conteúdo apresentado cria uma relação de intimidade entre participantes e espectadores – eles, realmente conhecem nossa vida e eu gosto disso. E é assim que o público me cativa, com afeto, me traz muito aconchego saber que a minha essência foi captada.

Soubemos que você acabou de fechar contrato com uma agência de modelos. Empolgado com a nova profissão? Com certeza! Vejo aí a oportunidade de me realizar ainda mais. Ao longo da minha trajetória de vida sempre estive em busca de oportunidades para mostrar toda minha capacidade. Finalmente, com a visibilidade do programa, estou tendo a possibilidade de mostrá-la. Não tenho dúvidas de que a parceria com a 40 Graus irá render bons frutos.

Você é um cara vaidoso? Até que ponto? Do que não abre mão? Sempre contemplei o belo. Minha mãe, que é profissional da beleza, é uma grande inspiração. Acredito inclusive, que um dos traços mais fortes da minha personalidade seja minha vaidade, não só correlacionada à minha imagem, mas também como artista e performer. Sempre estou preocupado em revelar o melhor para quem o assiste. E o maior crítico dessa performance sou eu mesmo, que não abro mão de me sentir bem e confortável, acima de tudo.

De volta à civilização, quais os planos agora? A vida no circo me fez explorar o melhor do contato entre artista e público – eu adoraria permanecer vivendo essa troca. O objetivo é continuar vivendo a arte, mostrando todo meu potencial como ator, apresentador… tenho muita sede de explorar as diversas possibilidades no meio artístico. 

Fotos @marciofariasfoto / Produção @laiscrantunes / Styling @crismartinsstylist / Vídeo @euivoreal