ESTRELA: JENIFFER DIAS VOLTA COM TUDO EM ‘RENSGA HITS’

Se depender de Jeniffer Dias, sua Thamy Vingadora vem ai com tudo na segunda temporada da série Rensga Hits (Globoplay). Mas nossa bela estrela de capa não para por aí, vem filme juntamente com Fernanda Montenegro, projetos e mais uma série que vai dar o que falar, dessa vez ao lado de Julia Lemmertz que estreou em março no Canal Brasil. Ou seja, Jeniffer sem dúvida chegou lá. Nascida e criada na comunidade Coronel Leôncio, em Niterói (RJ), logo que despertou para a arte de interpretar, logo descobriu que queria isso para vida. Sua grande estreia na TV foi no programa Esquenta, de Regina Casé, na sequência veio sua participação em Malhação: Vidas Brasileiras, e daí em diante melhor mesmo é você ler essa entrevista com essa atriz que ainda vai dar muito o que falar.

Jeniffer sua formação como atriz passou por diversos caminhos, que foi da Escola de Atores Wolf Maya, da Escola Sesc de Teatro, da Trupe Cena ao projeto de teatro da Globo. Como cada uma dessas experiências contribuiu para sua formação? O que foi crucial nesse processo? Todos os cursos que fiz, projetos pelos quais passei, somados com as personagens que interpretei até aqui, me transformaram na atriz que sou hoje. Estar na sala de aula é de extrema importância. O ator não pode ficar muito tempo longe da sala de estudos. Temos que nos reciclar a todo momento. Para criar tônus. Tenho um carinho enorme por meus mestres, professores, por todos os ensinamentos. E pelos diretores e equipes que conheci nesse processo. Eu pude entender que tipo de artista eu sou e quais ferramentas usar na construção dos meus personagens. Também entendi que não se faz arte sozinho. A gente precisa dar a mão para que um projeto aconteça. Isso é lindo. Mas de tudo, pra mim, foi crucial entender que ritualizar é preciso – em todo e qualquer projeto artístico. É preciso ter uma rotina. Um preparo, uma entrega diferenciada. Responsabilidade. E pra mim, a beleza tá aí. A vida seria melhor se a gente ritualizasse tudo, né?! Como na arte (risos).

Nascida e criada na comunidade Coronel Leôncio, em Niterói (RJ), você já sonhava com a vida de atriz ou era um sonho distante ainda? Quando pequena, eu assistia TV e achava uma realidade muito diferente da minha. Não via ninguém parecido comigo. Não me sentia representada. E não me lembro de ter ido a um teatro quando criança. A interpretação foi uma descoberta. Quando eu comecei a estudar artes dramáticas, além de me reconhecer como artista, me sentí super à vontade no palco e na frente das câmeras – me auto-conheci. Porque o teatro também tem esse papel, né? Ali eu descobri o que eu realmente queria na vida, o meu lugar de fala.

A sua porta de entrada na TV foi no programa Esquenta, com Regina Casé. Diria que ela foi sua fada madrinha nesse início? Que referências tem dessa época? Podemos dizer que a Regina foi uma fada sim. E é uma grande referência como mulher que faz arte. Ela me apresentou o Asdrubal Trouxe o Trambone e um mundo de possibilidades com o Esquenta. No Esquenta, eu vi que podia viver de arte, que eu podia fazer parte daquele universo. Sempre fui apaixonada por música, e trabalhar com tantos artistas grandiosos como Arlindo Cruz, Xande De Pilares e Péricles, me deu impulso e gás para fazer o que fazia o meu coração vibrar. Então, eu entrei no teatro. Foi um momento de virada de chave pra mim, e eu agradeço muito a Regina e a toda família Esquenta. 

Lá atrás você chegou a ser atleta de ginástica rítmica. Isso lhe deu alguma desenvoltura ou algo que ajudou na carreira de atriz? Com certeza. A ginástica rítmica me deu uma consciência corporal absurda. E como atriz, trabalho muito cada pedacinho do meu corpo para conseguir atingir certas sensações. Adoro trabalhar com chakras.

Você chegou a cursar até o sexto período de Engenharia Ambiental. O que lhe fez escolher esse curso na época? Eu fiz engenharia única e exclusivamente para tentar ajudar financeiramente minha família. Primeiro, me formei em gestão ambiental, consegui um trabalho legal e entendi que, fazendo engenharia eu teria mais oportunidades na área. Gostar, eu nunca gostei. Mas precisava pagar as contas.

Um pouco da sua história foi o que lhe levou a criar o Projeto 111? Explique um pouco como ele funciona? Como atua? Com certeza. O Projeto 111 começou de uma vontade de movimentar os circuitos artísticos com diversidade de cultura e com experiência de troca. E ele se consolidou como resistência, em que a arte é respeitada e valorizada a partir do encontro de diversos artistas, de diversas localidades e vertentes. Nós entendemos a arte como um agente transformador e até pedagógico, sendo indispensável numa construção social que pretende ser inclusiva. Nosso diferencial é juntar novos artistas de dentro e de fora da periferia e induzir, de alguma forma, que esse encontro gere frutos.

Com sua personagem Dandara em ‘Malhação: Vidas Brasileiras’ foi que sua carreira engrenou e deslanchou. Foi de certa forma um divisor de águas? Foi, com toda certeza. Foi minha primeira grande personagem na TV. Tinha uma trama interessantíssima, e eu aprendi muito fazendo Malhação… Inclusive, uma pena não existir mais Malhação, né?! Foi pra mim, e também para tantos atores que a gente vê na TV e adora, uma escola. A gente aprendia fazendo.
Dandara era muito representativa. Jovens negras retintas esperaram muito por essa personagem. Inclusive eu. 

Com Rensga Hits você trouxe à tona a pauta da falta de cantores negros na música sertaneja. Você mesma já tinha se tocado disso? Já tinha. Inclusive quando ainda estava em período de teste, e não sabia bem qual seria a trama da personagem. Fiquei questionando se eles não mudariam o perfil da atriz, porque, realmente, não vemos muitos cantores negros. Eles existem, mas não são tão conhecidos em nível de Brasil. Bato muitas palmas para Renata Corrêa e toda a equipe de roteiro de Rensga por nos dar a possibilidade de tentar subverter, trazer pro foco pautas tão importantes, com a repercussão da série.

E como você vê essa questão de mais democracia, digamos assim, no audiovisual que tem dado mais protagonismo negro. Mudança de pensamento, tendência ou modismo? Percebe uma real mudança? Percebo uma mudança sim. Tardia, mas ela está acontecendo. Que maravilha. Torço para que sigamos assim. Acho que quem está criando, produzindo audiovisual, as grandes emissoras, streamings, não só entenderam que somos poderosos, talentosos, criativos… como entenderam que a gente monetiza porque, somos a maioria da população, né?! E a gente quer se ver. Se a gente não se vê, a gente não consome.

Voltando a Rensga… neste ano teremos a estreia da segunda temporada. O que podemos esperar de Thamy em sua carreira solo? A temporada está linda demaaais. Não posso dar spoiler (risos), mas o público pode esperar uma grande produção. Com personagens mais ousados! E falando da minha Thamy, MUITO PODER vem aí! Um verdadeiro “Renaissance: by Thamy Vingadora” (risos). É o jeito que eu brinco com essa nova fase dela.

Recentemente teve a estreia de ‘No Ano Que Vem’, que você protagoniza. Como foi participar da série e trabalhar ao lado de Júlia Lemmertz? Desde o teste, vi que seria diferente de qualquer outro trabalho que eu já tenha feito, pela dramaticidade das cenas. Pelo tamanho delas também, tinha cenas de quase 10 páginas, e eu achei uma delícia (risos). Eu quis estar na série desde o primeiro momento, e ainda bem que deu certo. Uma felicidade dar voz, corpo e alma pra Bel. Ela passeia por várias emoções no decorrer da trama, o que é incrível, mas exige realmente muito preparo psicológico e físico. Isso foi feito com as incríveis Helena Varvaki e Márcia Rubin. Foram vários dias de mergulho no texto, leituras, conversas, exercícios, ensaios. Para além desse trabalho mais focado no texto, conversei muito com minha mãe, que assim como a Bel, já perdeu um filho. Eu procurei trazer tudo o que escutei dela, e tudo que encontrei, descobri, nas preparações, para a cena. Esse momento de pesquisa é um momento extremamente importante. E poder conversar abertamente com minha mãe, com quem eu tenho tanta intimidade, fez muita diferença. Me ajudou a encontrar minha Bel, a Bel que vocês veem na tela.

A Julia com toda sua generosidade foi uma parceira sem igual, muito comprometida com seu ofício, me deu a mão e não largou. A gente fazia ligações para bater texto antes de gravar, quase sempre. A gente de fato mergulhou! Dentre tantas coisas que aprendi, entendi que não importa os anos de profissão, ou o tanto de trabalho que a gente já fez, sempre vai existir aquele friozinho na barriga. E o que vai fazer a magia acontecer na hora do ação é, além do nosso nível de entrega e escuta, as conexões que estabelecemos antes.

Soubemos que ainda vem mais filmes e séries… O que pode nos adiantar? Acabei de trabalhar com o grande Jorge Aragão. Dirigi e atuei no clipe de ATÉ QUE APRENDI e tô super feliz. Primeiro, porque sou muito fã, e depois porque, caramba… Eu dirigi o Jorge Aragão (risos). O clipe tá lindo e tá no YouTube do Jorge. Em agosto, além de estrear a segunda temporada de Rensga, também é a possível data de estreia de Vitória, filme protagonizado por Dona Fernanda Montenegro e do qual eu faço parte. Tô bem ansiosa pra essas duas estreias!! Vem aí! (risos).

E para conquistar Jeniffer basta… Ser gentil, humano, precisa olhar no olho. Jeniffer gosta de gente de verdade.

Fotos Marcio Farias – @marciofariasfoto

Styling Rodrigo Barros – @rg_barros

Produção Mariana Fernandes – @eumarianafernandes1

Asst de Fotografia Marcia Alves – @marcia_alves_fotografia

Apoio Bruno Castro – @castrobrunno

Assessoria Explane Assessoria – @explaneassessoria