Ao todo já são 20 anos que Mariana Molina está trabalhando com atuação, seja em novela, publicidade, cinema… “Eu vivi nesses dez anos, altos e baixos assim como em todas as profissões, o que entendi e aprendi é que temos que continuar falando, lutando pelo que nós acreditamos”, comentou a bela durante entrevista para a Mensch. Na reta final de sua mais recente personagem, a tímida Evelyn, a novela “Bom Sucesso”, Mari foi desafiada a abrir mão da vaidade para interpretar uma personagem bem diferente dela mesma. O resultado não poderia ser outro, caiu no gosto do público. Com humor, drama e boas risadas Mari foi da tímida Evelyn à fatal espiã da literatura. E assim Mari revelou para o grande público que uma das grandes facetas das mulheres é sua versatilidade. Versatilidade essa que Mari provou ter de sobra. E nós já ficamos aqui com saudades de Evelyn / Mari. Para celebrar bem isso, uma matéria inesquecível com uma Mari pra lá de sexy que nos deixou apaixonados.
Mari, quem vê a Evelyn toda caretinha e desapegada de vaidade não imagina esse mulherão da nossa capa não é? Como foi para você fazer uma personagem desapegada de vaidade? Desapegar da vaidade para fazer a Evelyn foi muito tranquilo. Primeiro que eu sou uma pessoa muito livre com isso, eu não sou o tipo de pessoa que se preocupa muito com a imagem ao sair de casa, então se eu acordo e tenho que ir à padaria ou resolver algo, eu vou sempre sem maquiagem, me aceito do jeito que sou. Para fazer a Evelyn os desafios foram outros, desapegar da vaidade foi uma das coisas mais tranquilas pra mim. É muito engraçado que as pessoas realmente não imaginam que existem esses dois tipos de mulheres dentro de mim, existe a Evelyn dentro de mim e existe a mulherão da capa.
Se bem que em alguns momentos, durante as aventuras investigativas, sua personagem usou batom e figurino sexy. Como foi transitar entre esses dois mundos? Foi delicioso. Foi muito engraçado viver aquele momento de estar super sexy, bem mulherão. Demorava uma hora e meia para fazer a transformação toda. E ao mesmo tempo não era a Mariana fazendo tudo aquilo, era a Evelyn, a menina ainda tímida, desajeitada. Então, foi um dos momentos de maior desafio que tive na novela, que era manter na minha cabeça a Evelyn e agregar a sexualidade. Foi divertidíssimo.
Você na vida real tem alguma coisa de Evelyn ou é mais ousada no visual? Eu tenho muito da Evelyn num lugar de desapego da imagem. Eu sou realmente muito tranquila. É muito difícil de me ver muito produzida, óbvio que tem dia que acordo com vontade de me arrumar toda mas estes dias são bem raros.
Isso de certa forma traz a ideia de que toda mulher no fundo pode se revelar e se ver linda e sexy. Concorda? Eu concordo completamente. Eu acho que todas as pessoas, não só mulheres, podem se sentir lindas e sexys a qualquer momento. E não, não tem nada a ver com a aparência. Nós vemos mulheres lindas, maravilhosas, por estarem num padrão de beleza e muitas vezes nem elas se sentem sexy. Eu acho que vem muito do emocional da pessoa, se você está se cuidando, se amando, aceitando. Tem muito mais a ver com auto estima do que aparência. Eu vejo algumas pessoas que não fazem parte da ditadura da beleza e penso “meu deus como essa pessoa e linda! Sexy” então eu acho que qualquer pessoa pode se sentir assim sem sombra de dúvida.
E como foi a repercussão do público nas ruas? As pessoas amam a Evelyn e isso é muito gostoso! Eu acho que no fundo tem uma dose de empatia e isso é muito bom, é uma repercussão muito diferente de tudo que eu já fiz, porque é uma personagem cômica e eu estou amando, eu sempre soube que tinha vontade de fazer comédia mas eu não sabia se conseguiria acessar isso tão bem, se era um ponto forte em mim. Meus amigos sempre me falaram que eu tinha que trabalhar com humor. Fazendo a Evelyn eu descobri esse lado gostoso do humor para a Mariana. Eu sempre ri muito de mim, nunca me levei muito a sério e isso é bom, consigo levar a vida com mais leveza, tenho minhas metas mas eu nunca me martirizei muito com frustrações, sempre acabo rindo e achando maravilhoso ter vivido cada coisa, isso me ajudou muito criar a personagem. Chegaram também muitas mensagens de pessoas tímidas, isso foi ótimo, sinto que to ajudando pessoas com o meu ofício e me divertindo. Uma gratidão sem fim!
Quando se acha sexy? E como usa isso a seu favor? Eu me acho sexy nos momentos onde eu estou mais de bem comigo mesma. Não tem nada a ver com pesa, beleza ou roupa. Eu acordo me sentindo sexy e tem que eu acordo não em sentindo sexy. Eu acho que vai muito de como está minha vida, se eu dormi bem, se eu estou realizada, estou bem das minhas emoções dos meus sentimentos. Isso sim me faz sentir sexy. Quando estamos realizadas a gente acaba se sentindo mais sexy, poderosa óbvio e se eu coloco uma roupa, batom aí valoriza mais ainda a gente. Mas eu já me vi com roupas e maquiagens maravilhosas e mesmo assim não me senti linda. Então como eu disse antes só tem a ver com o interior.
É muito vaidosa? Como lida com o espelho e como mantém a boa forma? Eu não sou muito vaidosa não, eu gosto de estar confortável. Eu tenho um cuidado básico com corpo mais pela saúde mesmo do que pela vaidade. Eu não sou muito de academia eu gosto muito mais de fazer exercícios e aulas ao ar livre. Eu tenho um ritual básico com minha pele que é de proteção do sol, manchas. Gosto de acordar colocar um vestidinho um tênis ou chinelo e sair. E o jeito que mais me sinto à vontade.
Na reta final da novela, como foi participar desse trabalho? O que te trouxe de novo e desafiador como atriz? É só gratidão! Fizemos uma equipe tão linda tão unida, pode parecer clichê. Mas é que, realmente, eu tive a honra e a sorte se que posso chamar assim, de trabalhar com pessoas que admiro muito, tanto a galera que já está aí a muito tempo como Antônio Fagundes, Ângela Vieira que são ícones de uma vida inteira assistindo, quanto as pessoas que são jovens e começaram a pouco tempo comigo, que são pessoas que admiro muito. Então a gente conseguiu juntar todo esse talento de todas essas pessoas maravilhosas com uma energia incrível. Todo mundo se dá muito bem, não tivemos nenhuma questão durante toda a novela, muito pelo contrário a gente se colocava pra cima o tempo todo. Então nessa reta final é só tenho a agradecer aos autores da novela que me deram essa oportunidade maravilhosa que foi a Evelyn que e meu bibelô e eu vou guardar pra sempre com muito carinho, a direção que me deixou totalmente livre pra criar e fazer todas as maluquices que eu propunha que confiaram e acreditaram em mim e a todos meus colegas que foram todos de mão dada comigo e pularam nesse precipício e se jogaram comigo. Mas fica, claro, uma dorzinha de desapegar da Evelyn. Mas eu tô só alegria.
Homem vaidoso, pode até que ponto? O que faz a diferença e o que não pode faltar? Eu acho que isso não existe, acho que todo mundo pode tudo, eu não entendo essa diferença sobre até o homem ou até onde a mulher pode ser vaidoso, acho que a gente fica muito sexista estipulando isso, esses padrões todos e essas crenças limitantes já estão caindo por terra e isso é maravilhoso. Acho que o homem tem que fazer o que ele quiser fazer e a mulher também, não existe isso, a gente criou todas essas questões difíceis e frágeis na sociedade baseadas em cima disso, a gente vem falando sobre o homem não poder chorar, a mulher tem que se arrumar por homem, isso não existe. Os homens agora estão podendo cada vez mais mostrar a sua sensibilidade e isso é ótimo tanto pra eles quanto para nós mulheres, ninguém precisa ficar se podando.
Mari, desde sua estreia na TV em 2009, em “Malhação ID”, já se vão mais de 10 anos de carreira. Muita coisa aconteceu, muitos personagens… que momentos dessa época? Dez anos de “Malhação ID” e 20 de carreira, já fui apresentadora, publicitária, tenho orgulho demais da minha história. Nós sabemos que a arte não é valorizada, hoje em dia, estamos passando por um momento de crise onde a gente tem que lutar e resistir e ver que eu estou resistindo e existindo na arte há 20 anos é só alegria. Quando eu fiz “Malhação”, minha vida foi uma loucura, nunca tinha feito uma novela desse alcance e viver uma protagonista vilã foi ótimo, tenho amizades da novela até hoje, pessoas que a gente saiu de uma adolescência juntos e agora vê todo mundo na vida adulta, são só lembranças boas. Eu vivi nesses dez anos, altos e baixos assim como em todas as profissões, o que entendi e aprendi é que temos que continuar falando, lutando pelo que nós acreditamos e deixar nossa mensagem para o planeta, pra existência, e isso que me motiva! Amadurecendo depois desses dez anos isso só aumenta e se fortalece dentro de mim.
Qual seu maior desafio como atriz? O que busca em cada novo personagem? O meu maior desafio como atriz é encontrar a cada novo personagem, a humanidade, mesmo que seja um personagem completamente fantasioso, uma vilã que faça coisas horrorosas, não julgar essa personagem, entender e achar as razões dela pra fazer aquilo, sendo coisas aceitáveis ou não e acreditar, acho que o maior desafio de cada ator é se entregar na personagem sem julgar. O que eu busco em cada personagem, eu não sei ao certo, sempre é diferente, sempre novo, acho que eu busco sempre me doar completamente, estar entregue e poder contar essa história que vá tocar o espectador.
Na hora da paquera você é mais tímida ou joga de igual para igual? Na paquera eu sempre joguei de igual pra igual, não sou muito expansiva, eu chego, entendo o que tá acontecendo e aí me coloco, nunca gostei muito de joguinho, me dá preguiça, sendo o mais verdadeira possível é melhor pra todo mundo e entendemos o que cada um quer.
Existe cantada perfeita pra você? O que te traz um sorriso no rosto? Pra mim não existe cantada perfeita, o que me conquista é espontaneidade, sinceridade e é isso que me traz um sorriso no rosto.
E o que te conquista e te aquece o coração? Eu gosto muito de pessoas verdadeiras. Quando vejo algum tipo de máscara ou que vejo que está fazendo algum tipo, perde o encanto completamente. Sou fascinada por pessoas que tem a coragem de expor quem elas são. Eu adoro gente que não sabe coisas, que assume, eu sou muito assim. Ter essa troca com pessoas abertas me conquista muito. Estou casada há 4 anos com o João Vitor e a gente joga assim na nossa relação. Pessoas transparentes e entregues de verdade.
Foto Fernanda Garcia
Make Aline Oliver
Styling Ale Duprat
Agradecimento LSH Hotel