A atriz Marisol Ribeiro acabou recentemente sua participação da novela “A Terra Prometida”, mas quem pensa que ela quer uma pausa está bem enganado. Cheia de projetos, que envolvem arte, criatividade, literatura e cultura, Marisol está sempre pronta para novos voos. Entre suas várias personagens, na TV, cinema ou teatro, Marisol se joga de cabeça e cada nova jornada. Assim como pretende fazer em 2017. Com visual novo e muitas ideias na cabeça, conversamos com essa inquieta atriz para saber o que se passa nessa mente brilhante.
Marisol, você acabou de gravar a novela “A Terra Prometida” que fica no ar até fevereiro na Record. Conte para nós como foi essa experiência. Foi um ano importante e de muitas mudanças. Morávamos em São Paulo e fomos para o Rio onde começamos a construir um estilo de vida mais sustentável e mais próximo da realidade relacionada às necessidades do mundo atual. Moramos em Vargem Grande, no mato, perto de cachoeiras e pastos. Foi a novela, por ser gravada no Rio, que possibilitou essa iniciativa. Além das pessoas legais que conheci e troquei, ter praticado o meu oficio em uma obra bíblica foi algo desafiador. Com certeza, aprendi muito em diversos sentidos.
Da estreia na Disney, passando por Malhação, América, Morde & Assopra, Os Dez Mandamentos, entre outros muitos trabalhos na TV… Já se vão 15 anos de carreira. Que avaliação faz de tudo que já fez? Se sente realizada? Acho que estarei realizada quando conseguir me expressar exatamente como quero. Tirando os bloqueios que nós, seres humanos, temos diante de uma vida toda, esse é o objetivo. Minha meta está em ser cada vez mais honesta com o que penso, falo e faço. Em cada trabalho que fiz, recebi e doei bastante. Acho que estar inteira dentro do que se está fazendo é a grande potência. Os trabalhos que mais me realizaram como artista foram alguns filmes que fiz e algumas peças também- além de peças que tenho na gaveta e que estão querendo ir para o mundo. Novela é muito bom de se fazer, mas um bom filme é sensacional.
Se imagina fazendo outra coisa senão atuar? Como foi no início de tudo? Quando descobriu que queria ser atriz? Já faço! Esse ano, eu e o Fernando, meu marido, abrimos nossa agência de criações artísticas chamada “Desobedientes” onde temos alguns braços de produção, roteiros, livros, vídeo arte e também a “Desobedientes Box” que é uma caixa por assinatura onde os assinantes recebem todos os meses um livro e um pôster produzido em cima da atmosfera da obra literária. A caixa surgiu para unir arte e literatura de uma maneira criativa e sensorial. Sobre a minha atriz, descobri que gostava de atuar ainda criança quando apresentei uma peça infantil. Sempre tive vontade de contar histórias e sensações a partir do meu corpo, mente e coração.
Que desafios a profissão de atriz te traz? O que você quer passar como atriz? Estar cada dia em um lugar, em situações distintas e me conectar com pensamentos que não são meus, mas conseguir transmiti-los sem julgamentos. É um aprendizado de empatia! Artista é aquele que recebe a inspiração e divide com o outro através da sua arte. Se eu conseguir transmitir e dividir as minhas melhores inspirações, estarei feliz.
São várias mulheres em uma só. Sempre fica algo de alguma personagem? Isso te ajuda na via real? Tento não misturar ficção com a vida real. É importante, ao escolher um papel, medir como está sua vida e como é a vida da personagem, ou seja, saber ir e saber voltar com o compromisso de voltar melhor. Existem várias técnicas para os resquícios da personagem não invadirem você. É preciso muito amor e cuidado. Atuar é um ofício delicado que promove nossa evolução se for de uma maneira consciente e sem que a ambição pessoal tome à frente.
Você irá publicar um livro em breve e acabou de lançar um site. Fale um pouco sobre esses dois projetos. A “Desobedientes”, como já falei, é o nosso campo criativo, nossa caixa de diversões. Já a Desobedientes Box é a união da arte com a literatura em uma experiência mensal por assinatura. O livro “Marfim” é sobre o peso das memórias, onde as guardamos e o que fazemos com elas. No site da Desobedientes tem um blog onde contamos um pouco dos processos criativos, nossas impressões e inspirações. É um canal de aproximação onde falamos do nosso dia-a-dia.
No cinema você esteve em dois longas recentemente: “Entre idas e vindas”, do José Eduardo Belmonte, e “Malícia”, de Jimi Figueiredo. Como foi atuar em cada um deles? São dois filmes bem interessantes, completamente diferentes e que falam muito sobre a ausência. “Entre idas e vindas” é leve, uma comédia romântica feita do jeito do Zé, e que eu gosto muito. Questionador, mas muito carinhoso! Sem contar a linguagem estética que o Zé possui e que me identifico muito. Foi um desafio atuar nele porque a personagem Ângela não tinha um passado muito sólido. Tudo o que sabíamos é que ela estava enfrentando algo importante que ela mesma havia negado. Já a Camila, do filme do Jimi, está tentando se libertar das escolhas que fez. E ela faz isso de uma forma violenta, arrancando as próprias correntes à força. Um é misterioso e delicado. O outro é sobre a indignação com a própria história.
Você também integra o elenco da série “Nem vem que não tem” da FOX. Qual a diferença de estar numa série ou numa novela? A diferença está na constância. Em novela gravamos praticamente todos os dias durante 8 ou 9 meses. Nas séries gravamos por temporada. Também existem diferenças em relação ao enredo, roteiro… Na realidade, são duas linguagens completamente diferentes.
Você é casada com o artista plástico Fernando Mira. O que faz um relacionamento dar certo pra você? O que é essencial? O amor. Tão simples e complexo assim. O amor é o sustento, a união, o companheirismo. É ter o mesmo propósito de vida. O propósito funciona como o leme do barco. O amor é o barco inteiro.
Você é muito vaidosa? Até onde vai a sua vaidade? Como lida com o espelho? Um pouco, mas faço questão de estar bem comigo mesma, me alimentar bem e estar bem humorada na maior parte do tempo. Também medito para ajudar nisso tudo. Gosto de me vestir bem, da forma que acredito, e conversar com a minha visão de mim e do mundo. Apesar disso, não sou consumista e uso pouca maquiagem. Minha vaidade é batalhar para meu estilo de vida ideal estar sempre presente.
O que os homens, de um modo geral, não sabem sobre as mulheres e que deveriam (precisam) saber? Que elas são sensitivas e geralmente mais conectadas. As mulheres são feiticeiras. Só precisam treinar esse dom nato. É uma essência poderosa.
Quando não está trabalhando o que te diverte? Ler na rede com um bom chá ao lado e estudar. Se tem algo que eu gosto nessa vida, é estudar sobre temas que me interessam e me aprofundar nessa pesquisa debatendo com pessoas afins.
Quais os planos para 2017? O que vem por aí que você já pode nos adiantar? A “Desobedientes” que tem muuuitas coisas lindas sendo produzidas e o meu livro de memórias “Marfim”. Também pretendo escrever bastante. Personagens instigantes estarão por aí também! Eu adoro ano novo.