ENTREVISTA: Jairo Goldflus, um papo família sobre ftografia

Autor de belos ensaios, campanhas publicitárias de sucesso e uma variada quantidade de capas de badaladas revistas, Jairo Goldflus hoje é um exemplo não só na fotografia, mas ao amor e dedicação à seu maior prêmio, sua família. Pai orgulhoso e marido dedicado, Jairo ao longo de anos de carreira conquistou não só fãs da fotografia e editores de revistas como Elle,Vip, Playboy, Estilo, mas a admiração da atriz Gabriela Duarte, com quem tem uma bela filha. Pai coruja, se orgulha do seu principal retrato, o de sua própria filha. Entre lindas e famosas mulheres, atores renomados e marcas famosas, Jairo se mostra um cara simples e amante (e observador) da vida. Conheça um pouco desse grande profissional, Jairo Goldflus.

Começando pelo começo de tudo… de onde você é? Qual sua formação?Paulistano, 43 anos. Formado em JornalismoQuando e como você se tornou fotógrafo profissional?
Vivo de fotografia há uns 22 anos. Comecei tendo como herança uma Nikon FE que minha irmã não usava mais, desde então câmeras são minhas eternas companheiras.

Pra você fotografia sempre foi vista como arte, hobby ou uma forma de ganhar dinheiro, fazendo algo que gostava?
Começa como um hobby, ai você percebe que pode viver daquilo e creio que depois de muitos anos você já constrói um olhar para ser considerado arte, mas isto é bem questionável, o “fotógrafo artista”, por isso não ligo muito para as fases, vou vivendo cada uma da forma mais vibrante que se possa viver. A grande vantagem da fotografia é que ela se renova ano após ano.

O mercado brasileiro hoje em dia está mais profissional em relação ao exterior? Existe grandes diferenças? Quais?
Creio que esta mais profissional do que no passado, mas existe um longo caminho a seguir. Acho que a grande diferença está na formação do próprio fotógrafo. Quando digo isto, falo de uma maneira mais erudita e natural. Algo de Percepção e sensibilidade. Vejo que os fotógrafos mais novos mudaram o foco do prazer da fotografia, estão muito apegados ao reconhecimento instantâneo. Uma vez, há uns 20 anos, fiz um workshop com Lucien Clergue, que foi um gênio da fotografia, e ele sugeriu que não pode ser chamado de fotógrafo o cidadão que não tem menos de 40 anos de observação fotográfica, concordo com ele! Eu sou calouro.Existe diferença pra você entre fotografar para campanhas publicitárias, revistas e viagens? O prazer é o mesmo?
São prazeres diferentes, sempre digo que existem 3 motivos que fazem o fotógrafo executar um trabalho: Dinheiro, Portfolio e Amizade. Não existe ordem para esta seqüência, vai depender do momento e da necessidade.

Como lidar com o lado artístico e o comercial quando se fotografa para uma revista masculina ou de moda?Acho difícil chamar de artístico um trabalho que tem um briefing fotográfico. Todo fotógrafo deve acreditar na sua linguagem e não se flexibilizar ao extremo simplesmente para estar lá, eu penso: Se me chamaram é porque querem a minha linguagem. No Brasil existe a cultura do fotógrafo polivalente, aquele que faz tudo a médio prazo isso é determinante para ele cair no ostracismo.

Como você lida com a insegurança da modelo? Você percebe logo de cara e já imagina os limites com aquela estrela? Ou você tenta ultrapassar os limites dela?
Depois de um tempo você já tem uma técnica natural de transformar aquela situação em algo agradável, é o que eu chamo de “O dia da Noiva”, tudo flui naturalmente, não tenho reparado este tipo de dificuldade.Hoje em dia você acha que o photoshop é utilizado de forma exagerada? Você tem controle sobre isso nos seus trabalhos?Acho que agora esta havendo uma conscientização do mal uso do Photoshop, creio que as coisas estão melhorando conforme são testadas. Sou do tempo onde havia o risco de errar, existia um cuidado maior na captura da imagem, existiam limites e por isso dedicava-se muito nas alternativas de luz, filme revelações, e diria que existia muito mais prazer na conquista de uma linguagem. Tenho a impressão que nenhum fotógrafo que não passou por isso, sabe fazer uma pele de verdade… sem o efeito. Photoshop.

Como é seu grau de satisfação em relação aos seus trabalhos em geral?

Gosto de fotografar, o ato em si, a coisa do Showtime. O resultado é conseqüência. Gosto de ver um trabalho pronto, mas sinceramente acho que ele é o resultado de um dia bom ou ruim, gosto de lembrar de dias bons. 

Muitas mulheres famosas se negam a posar nua para revistas como PLAYBOY, mas posam nuas para revistas de moda e livros de arte. Como você vê isso? Que tendência é essa?Revistas com a PLAYBOY, tem uma linguagem muita clara e definida, não dá para sair muito daquilo, as coisas precisam ser com aquela cara, aquele enquadramento, aquela seqüência. Acho que não se tem preconceito com o nu, mas elas tem vontade de fazer algo que saia do formato do nos comercial.
Você já fez ensaios com sua esposa, a atriz Gabriela Duarte, em poses sensuais e semi nua. Na hora de expor o trabalho, pinta algum ciúme? Existe um limite em relação a expor sua esposa?
Nenhum. Não tenho nenhum problema com isso.Você é um homem que lida com várias mulheres bonitas, famosas num ambiente descolado e pretensiosamente liberal. Na sua vida particular, bate o Jairo homem-machão-conservador em algum momento?As pessoas fantasiam que nesses ambientes as pessoas são descoladas e liberais. Não tem nada disso. Todo mundo tem suas angustias, inseguranças e contas para pagar. Sou contra o excesso de glamorização da minha profissão. O fato de viver em um ambiente de gente bonita e descolada não quer dizer que vivemos a década de 70, onde todo mundo é lindo, muito louco e liberal. Não acreditem nessa mentira.

Pra você qual a maior dificuldade do homem hoje em dia? Afinal temos que ser profissional de destaque, pai, bom marido e amante, e ainda arrumar tempo pra sair pra tomar chopp com os amigos.
Tudo se torna fácil em comparação a responsabilidade de ser pai hoje em dia.

Qual seu momento “válvula de escape”, que você precisa ter pra relaxar e enfrentar um novo dia de trabalho e vida conjugal?Antigamente trabalhava 7 dias por semana, sem hora para terminar. Hoje determinei limites. Não trabalho de finais de semana, preciso deste tempo para poder observar e viver a vida

O mercado da fotografia praticamente é dominado por homens. Se as mulheres são mais sensíveis, por que elas não se destacam no campo da fotografia?

Existem muitas fotógrafas de destaque hoje em dia. Acho que esta bem dividido
Por ser casado com uma atriz conhecida, de certa forma esse convívio mais próximo com as celebridades influenciou de alguma forma no seu trabalho?
Conheci minha mulher trabalhando, já trabalhava com pessoas conhecidas antes de casar. Não creio que mudou.Você teve ou tem algum referencial masculino? No seu lado profissional e pessoal.Tenho admiração por inúmeras pessoas. Cada vez menos por pessoas públicas ou conhecidas, gente comum me fascina.

Se você estivesse numa praça com sua câmera na mão e flagrasse três momentos distintos como: – duas belas mulheres incríveis, – um ídolo num banco da praça comendo com a mão, – um acidente na rua. Você apontaria sua câmera pra onde?
Para as mulheres. O as outras opções, fotograficamente falando, não me interessam.Que dicas você daria a quem está começando a fotografar?
Fotografe e observe a vida.

Dá pra citar algum trabalho que você tem o maior orgulho de ter feito? E qual ainda deseja realizar?

Odeio explicar fotografia. A imagem tem de ser auto explicativa, mesmo porque o que é relevante para um se torna banal para o outro, mas em geral as fotos que faço da minha filha são as que me dão mais orgulho. E desejo sempre me surpreender com a fotografia.Conheça o site ficial de Jairo Goldflus:
http://www.jairo.com.br/