Por Nadezhda Bezerra
Empresária à frente do Buffet que leva o seu nome e dos restaurantes Villagio, Camila Arruda começou cedo no ramo da hotelaria e com mais de dez anos de experiência já é referência em operações de catering e restaurantes em hotéis. Criativa, inovadora e atenta ao mercado e aos clientes, Camila chega com seus restaurantes em São Paulo e não para quando o assunto é buscar novos desafios. A MENSCH conversou com Camila sobre carreira e vida pessoal.
Camilla, conte para a gente um pouco da sua trajetória. Você vem da hotelaria, migrou para alimentação e montou um negócio específico unindo as duas coisas. Como teve essa ideia? Comecei na hotelaria com 19 anos. Aos 21 anos, já estava como gerente de operações de uma grande rede hoteleira, cuidando de algumas operações em algumas capitais do Brasil como Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e São Paulo.
Em 2015, com a crise que tivemos em nosso país, encontrei um nicho de mercado para atender grandes empresas que deixaram de fazer eventos nos hotéis. Buscando reduzir os custos, elas estavam realizando seus treinamentos e palestras dentro das próprias empresas em salas de auditórios. Então, surgiu a ideia de montar um buffet e levar até eles todo conforto, qualidade e sofisticação que eles encontravam nos coffees breaks, almoços e coquetéis nos hotéis.
Começamos a trabalhar com várias empresas como Accenture, Porto digital, Bradesco e Unilever. Esse negócio foi crescendo muito rápido com procura não só pelo evento corporativo, mas também pelos eventos sociais, como aniversários infantis, batizados e confraternizações. Em 2017, quando estava de licença maternidade, resolvi parar de viajar tanto e focar em meu novo negócio que já estava demandando muito de mim também. Em 2018, recebi o convite para assumir minha primeira operação de restaurante em uma rede hoteleira. Desde então, não paramos até hoje.
Atualmente, contamos com cinco operações (duas unidades em Recife e três unidades em São Paulo), dentro de hotéis e mantemos o sucesso do nosso buffet que leva o meu nome. Assinamos, inclusive, o cardápio do Classic Hall, casa de shows em Recife, onde atendemos todos os shows e eventos nacionais e internacionais da casa com sistema de catering.
Quais as maiores dificuldades em lidar com alimentação e atendimento ao público? Hoje em dia, não sinto mais tanto essa dificuldade, pois já temos nossas rotinas e procedimentos muito bem definidos, uma equipe consolidada e conseguimos tocar todas as operações mantendo o nosso padrão. Eu diria que, a maior dificuldade foi acertar e consolidar nossa equipe. Afinal de contas, a empresa é 100% serviço e eles são peças fundamentais nesse processo.
Como você monta o cardápio de um hotel ou evento, de forma a não perder a sua assinatura e respeitar os hábitos alimentares locais? Temos uma culinária contemporânea, procuro não perder nosso padrão de cardápio. Nos hotéis, temos que fazer um cardápio que atenda a todo tipo de público e ofereça entradas, saladas, pratos veganos, carnes, aves, peixes, frutos do mar, massas e lanches. Funcionamos 24 horas por dia em nossas operações e nunca fechamos nossas unidades, uma vez que, todas funcionam dentro de hotéis. Para as unidades de São Paulo não retirei nossos pratos clássicos do Nordeste como carne de sol com queijo coalho e cartola, pois fazem muito sucesso. Para os cardápios do Buffet buscamos muito atender as necessidades dos clientes, personalizando, mas sem sair da linha clássica que já trabalhamos. Para o Classic Hall dispomos de petiscos e finger foods que facilite os clientes se alimentarem enquanto assistem aos shows.
Sair de casa nem sempre é fácil, os enfrentamentos são muitos, desde a adaptação até mesmo algum preconceito. Como foi ingressar no mercado paulista e, em tão pouco tempo, já contar com três unidades do Villagio? Acredito que nossa forma de trabalho e a bagagem no nicho de alimentos e bebidas dentro do setor hoteleiro, nos torna uma referência entre as bandeiras hoteleiras e acabamos sendo convidados para assumir novas operações. Isso me deixa muito honrada e feliz pelo trabalho que estamos desenvolvendo. São Paulo é uma capital onde sempre tive o sonho de montar uma unidade. A cidade nos acolheu de braços abertos e, em um ano, já estamos com três operações em funcionamento.
Em meio aos negócios do Villagio, o Buffet Camila Arruda e o serviço de catering, sobra tempo para o lazer? Como relaxa e se diverte em meio a vida de empresária? Tem que sobrar! Afinal, nada disso vale se não aproveitarmos a vida. Os momentos de lazer são com minha família, com minha filha. Viajamos, vamos para a fazenda onde temos um projeto do Haras Villagio e, principalmente, onde encontramos paz e renovamos as energias.
O fato de ser mulher no mundo empresarial, ainda com alguma cultura machista, já lhe trouxe algum dissabor ou dificuldade? Acredito que esse é um tema muito presente ainda em nossa sociedade. Encontrarmos mulheres no poder e à frente das decisões ainda é um número pequeno, mas cada vez em uma crescente, o que nos fortalece cada vez mais. No meu caso, nunca tive essa dificuldade presente em meus negócios. Pelo contrário, sempre recebo apoio por onde passo levando meu conhecimento e know-how.
Chegou aonde queria ou há mais sonhos a conquistar na vida profissional? E pessoalmente? Acredito que, para uma mulher de 31 anos, ainda desejo aprimorar minhas conquistas, consolidar cada vez mais minha empresa e tocar o projeto pessoal de abertura do nosso Haras Villagio. A paixão pelos cavalos e a paz que sentimos em nossa fazenda, também pode ser um novo negócio que nos traz muita felicidade e novos desafios.
Qual conselho daria a uma mulher que busca empreender? Primeiramente, amar o que faz. Depois, se dedicar buscando conhecimento, inovações para agregar ao seu negócio e trabalhar com muito profissionalismo atendendo à necessidade do seu cliente.