Por Bruno Albertim
Muito populares desde a década de oitenta deste recentíssimo século passado no Japão, os Izakaya são os equivalentes nipônicos dos pubs ingleses ou botequins brasileiros: lugares onde se vai normalmente motivados pela bebida, generosa e, antes, por questões que o machismo bem explica, majoritariamente frequentados por homens depois de seus horários de trabalho. A comida, ali, estava quase sempre como coadjuvante.
Hoje, exigências de um mundo contemporâneo em busca de equidade, os Izakaya não são apenas frequentados também por mulheres, como por jovens e adolescentes em busca de diversão à mesa e, embora não tenham aberto mão de uma boa oferta etílica, têm também na comida um atrativo tão importante quanto. No Recife, a família Melcop, ligada a estabelecimentos que fazem parte da memória da cozinha oriental na cidade, à frente de casas como o Nippon, na Zona Norte, estão agora também no comando de um bem-vindo estabelecimento inspirado francamente na cultura japonesa dos Izakaya.
Yokocho Izakaya é o nome do lugar, instalado na Torre. Yokocho, em japonês, quer dizer beco ou rua do lado. Ou seja, temos ali o Yzakaya do beco. Após um breve lance de escadas, temos um salão amplo, quase um galpão suspenso, iluminação mínima, música pop oriental bom volume (leia-se, q-pop coreano, basicamente), um bar com boa arenas para o preparo de drinques, um clima, em fim, que remete à grande cultura de comida de rua no Oriente. O público é heterogêneo: de casais adultos a grupos animados de jovens e adolescentes. A comida é divertida, de muitas texturas e cores e, como pede o clima de um yzakaya, informal e boa de compartilhar.
A cozinha é pensada por três profissionais experientes. Cezar Toyoda – ex Nakka; Júlio Ferreira que passou anos no Akira; e Miguel Angel, hoje à frente de restaurante em Sydney, na Austrália. Há claro, uma grande cozinha aberta com balcão disponível para o público sentar. E, ali, uma “yakitori-ya”, uma estação de brasa onde os espetos podem e devem ser grelhados na frente do cliente.
DOS TRADICIONAIS AOS CONTEMPORÂNEOS
Há sushis tradicionais e contemporâneos. Mas o que chama a atenção é a oferta de acepipes para compartilhar, fazendo da refeição uma grande sequencia de pequenos momentos. De entrada, há a porção de duas unidades (R$ 38), do bao, o pãozinho no vapor japonês, com carne suína assada e desfiada com maionese de hondassi e sriracha, uma pimenta, picles e cebola. Um deleite.
Depois, talvez seguir por uma “pipoquinha” de camarão empanado, masinha inflada ao molho de missô, com maionese da casa, ovas de massagô e (há quem possa achar excessivo), um pouco de azeite trufado. Menos hortodoxo ainda é um acarajé japonês: bolinhos de arroz (no lugar do feijão fradinho baiano), fritos, recheados com salmão grelhado e cream cheese – um perparo que faz sucesso, sobretudo entre os mais jovens. Mais assertivo é o Katsu Sando (R$ 34), um monumental sanduíche de copa lombo perfeitamente empanado com picles marinado e maionese.
Entre os principais, da cozinha da Coreia, eles tomam emprestado o interessante Bibimbap (R$ 52), um mosaico de legumes frescos, arroz, nacos de carne bovina, pasta de pimenta coreana, cogumelos fritos e uma gema mole ao centro para dar união e untuosidade ao conjunto. Mas a estrela do cardápio é mesmo a seção dedicada aos raméns, o prato tradicional de macarrão, panceta, cebola quiabo e outros legumes servidos numa tigela grande cujo caldo é alma do negócio. Dos disponíveis, do de missô apimentado me pareceu o mais sedutor (e aviso que não se deve incorrer muito pelas entradas se a ideia é finalizar com ramem; as porções são generosas).
SERVIÇO:
@yokocho.yzakaya
Rua Padre Anchieta, 291 Diariamente, a partir das 18h45