SAÚDE: CUIDADOS COM O CORAÇÃO – PREVINA-SE E TENHA UMA VIDA SAUDÁVEL E CHEIA DE VITALIDADE

Caro leitor, responda seu coração “bate feliz”? E funciona bem? Já fez algum check-up? Os cuidados com o coração vão muito além dos romances e conquistas, o músculo mais importante do nosso corpo precisa de cuidados para funcionar muito bem e nos proporcionar uma vida saudável e cheia de vitalidade. Para tratar do assunto conversamos com o cardiologista André De Marco. Leia com carinho, seu coração merece esse cuidado.

O CORAÇÃO DO HOMEM

Algumas mulheres dizem que homens tem coração de pedra enquanto elas têm de manteiga. Associações à parte é verdade que existem diferenças sim. Do ponto de vista da fisiologia cardíaca, eles são iguais, mas na anatomia e predisposição para doenças, aí a coisa muda, talvez a mais importante para sabermos no dia a dia é que a doença cardiovascular acontece mais precocemente no sexo masculino. Segundo Dr. André a idade média de início de risco aumentado para o homem é 35 anos, já no sexo feminino isto se situa entre 40 a 45 anos. As diferenças não param por aí, alguns estudos sugerem que o coração do homem perde em potencia com o envelhecer, o que não acontece com as mulheres, e também sofre um enrijecimento arterial mais cedo.

Além das diferenças de anatomia e predisposição genética, outro fator de causa de mais doenças cardíacas no homem é o fato deles não terem o bom hábito de realizar checkups periódicos com a mesma frequência que as mulheres. A hipertensão arterial, angina do peito, insuficiência cardíaca e o infarto agudo do miocárdio são algumas destas doenças mais comuns neles do que nelas que poderiam ser evitadas com exames periódicos.

E falando em exames, Dr. André explica que não existe um consenso bem formado sobre idade, mas alguns estudos sugerem a realização de um primeiro check-up até os 20 anos para afastar doenças de nascimento. A partir de então, a avaliação preventiva deveria iniciar a partir dos 35 anos para homens e 40 anos para as mulheres. As demais avaliações clinicas usuais e de exames laboratoriais já são realizadas desde o pediatra. Na avaliação cardiológica dispomos de eletrocardiograma, ecocardiograma, teste de esteira, Doppler de carótidas, cintilografia miocárdica, angio tomografia coronária, entre outros e devem ser realizados conforme a individualidade de cada caso.

HERANÇA DE FAMÍLIA

Além de ser a cara do seu avô, ou ter o nariz da sua tia, a genética familiar pode contribuir para os males do coração é por isso que o cardiologista sempre pergunta sobre alguns fatores de risco no histórico familiar do paciente. É considerado positivo o histórico familiar de um paciente quando ele teve parentes de primeiro grau com doenças cardíacas (infarto, angina, derrame cerebral, morte súbita) antes dos 55 anos se homem e antes dos 65 anos se mulher. Um grande estudo determinou que quanto maior a frequência de parentes de primeiro grau acometido, maior o risco cumulativo para o indivíduo. Além disso, os próprios fatores de risco: hipertensão, dislipidemia e diabetes, são de maior risco para indivíduos com familiares de primeiro grau portadores das mesmas. Diante disso, vale uma pesquisa na saúde do coração da sua família, as informações será de suma importância na sua visita ao médico.

É importante dizer que a hereditariedade não é a regra nas doenças citadas anteriormente. A história familiar é um dos grandes fatores de risco para desenvolvê-las, mas pacientes têm infarto, hipertensão, insuficiência cardíaca, na ausência de qualquer histórico genético. Os fatores ambientais, bioquímicos (glicose, colesterol), psicossociais (estresse), hábitos (tabagismo), entre outros podem levar as mesmas doenças e ainda outras como a febre reumática, que são adquiridas durante a vida que têm componentes hereditários facilitando sua instalação.

SINAIS DE ALERTA: OUÇA O SEU CORAÇÃO

 

E o coração, bom amigo que é, costuma dar sinais quando não vai muito bem. Esses sinais às vezes são claros e notórios, outras, mas discretos, por isso é importante estar em alerta para identificá-los. Segundo doutor André de Marco, a sintomatologia da doença cardíaca passa por palpitações, taquicardias, cansaço respiratório, fadiga muscular, dor no peito com ou sem irradiação para os braços e pescoço, desmaios etc. Há, porém uma frequência muito grande entre os sintomas citados e a somatização de situações de estresse e estafa, dando a falsa impressão de doença cardíaca ao indivíduo. Uma avaliação especializada deve ser agendada para identificar a causa e tratar de acordo.

Um dos maiores temores referentes ao coração é o enfarte. O enfarte ou infarto é a morte de uma porção de células musculares que compõem o miocárdio (músculo cardíaco) por falta de suprimento de sangue. As artérias coronárias são as responsáveis pelo suprimento deste sangue e este por sua vez leva o oxigênio até as células. Assim, uma vez obstruída a artéria coronária, os miócitos morrem por anóxia (falta de oxigênio). Em ultima análise, a porção de miocárdio perdida em um enfarte será substituída por um tecido fibroso cicatricial, que não tem função contrátil, diminuindo assim a potência do coração. Ainda, durante o processo de enfarte que dura geralmente entre 6 e 12 horas, podem aparecer algumas complicações como arritmias e levar a morte súbita.


Se você presenciar uma pessoa com sintomas de enfarte, procure chamar imediatamente um serviço de urgência (SAMU ou algum hospital com urgência externa com UTI móvel). Enquanto a ajuda chega, procure deixar a pessoa sentada em repouso absoluto. Quanto menos energia este indivíduo gastar neste momento, menor será o dano do enfarte. Procure afrouxar um pouco as roupas e o mais importante: se a pessoa não tiver contra indicação ou alergia ao ácido acetil salicílico (AAS), mande-o mastigar 2 comprimidos de 100 mg e engolir imediatamente. O AAS é uma medicação que bloqueia as plaquetas e o processo agudo do enfarte é desencadeado na maior parte das vezes por um coágulo de plaquetas na região da placa de colesterol. Se em qualquer momento a pessoa perder a consciência e você não o ver respirar nem sentir seu pulso devem ser iniciadas as manobras de ressuscitação cardiorrespiratória até a chegada do socorro.

FAZENDO BEM AO CORAÇÃO

E depois de tanta informação você deve estar se perguntando sobre o que fazer para cuidar melhor do seu coração.  O Dr. André dá as dicas para um estilo de vida mais saudável para o seu coração bater no ritmo certo. Devemos lembrar sempre de manter alguma atividade física, sendo o ideal 5 vezes por semana por pelo menos 35 minutos.

A manutenção do peso na faixa ideal e a redução do estresse, além do controle da ingestão total de sal para até 5 g ao dia (cerca de 1 colher pequena) também contribuem para redução de risco cardiovascular. Ter sempre alguma atividade que traga prazer ao indivíduo e talvez o mais importante de todos, não fumar. O tabagismo é o fator de risco de estilo de vida mais grave para facilitar infarto e AVC (acidente vascular encefálico).

Com relação aos alimentos a recomendação mais bem estabelecida hoje é a dieta do mediterrâneo que preza por pouca ingestão de açúcar e gordura saturada, uma grande quantidade de frutas, verduras e alimentos integrais, pouca carne vermelha, moderadas quantidades de peixes, aves e laticínios, além de azeite de oliva e vinho. Ainda assim, citando alguns alimentos, os peixes, principalmente o salmão selvagem, nozes e amêndoas, cereais integrais (aveia, linhaça, arroz, soja), tofu, cenoura, espinafre, brócolis, batata doce, tomate, laranja, papaia, pimentão vermelho entre outros.

Que tal marcar um chek-up com seu cardiologista depois desta matéria?