A atriz Carol Chalita é multifacetada, navegando por áreas distintas que vai do circo ao canto lírico, de dramas e comédias, cinema e teatro. E tudo isso foi ao longo dos anos formando a profissional versátil e a pessoa em evolução que ela é. Depois de passar por alguns seriados na TV fechada, Carol está de volta em uma novela para encantar o público com seu talento e beleza (a prova está aqui nessas fotos). Na 2ª fase de “Os Dez Mandamentos” ela é Tanya e vai aprontar poucas e boas. Enquanto isso não perca uma linha dessa entrevista…
Carol, depois de um tempo longe da TV você está de volta na 2ª fase de “Os Dez Mandamentos”. Como está sendo essa volta e ainda trabalhar em uma novela bíblica? Na realidade, não estive longe da TV. Fiz series como “Questão de Família (GNT), “Amor de 4” (estreia no segundo semestre no Canal Brasil), “Mandrake” (HBO) e novelas como “Pecado Mortal” e “Milagres de Jesus”, ambas na Record, e agora, “Os Dez mandamentos”, na mesma emissora, que está sendo muito prazeroso. Poder fazer um produto na televisão onde os atores revisitam uma época distante, experimentam figurinos e cabelos totalmente distantes da nossa realidade, é uma grande oportunidade para um ator poder criar personagens diferentes daqueles feitos em novelas mais contemporâneas. No caso da Tanya, me inspirei muito no personagem Iago, da peça “Otello”, de Willian Shakespeare. Iago é o criado de confiança de Otelo e, através dessa confiança, destrói a vida do seu soberano. Planta a semente do ciúme e Otelo acaba matando sua amada Desdemona.
Você já fez de peça infantil (Pinóquio) à personagens mais dramáticos, Do humor ao drama. Você acha que essa versatilidade é o que impulsiona o ator à novos desafios? Aliás, teria alguma “zona de conforto” para você na dramaticidade? Me atraio pelo desafio de construir uma nova maneira de pensar e agir na história. Através da personagem, crio atitudes e caminhos que jamais escolheria na minha vida pessoal e, sendo assim, aprendo muito com ela. É como se eu ensaiasse sempre novas maneiras de viver, como uma criança que a cada momento muda de brincadeira e inventa novas realidades. A ficção é o lugar onde me sinto mais à vontade… Mais que na vida real! Só faço trabalhos onde me sinto instigada a descobrir algo novo. Os personagens “chapados” ou dentro de uma linha clichê ditados pela indústria audiovisual me incomodam muito. Acho um desperdício de energia. É sempre possível inventar algo novo, mesmo com pouquíssimas falas, não importa, o que importa é estar vivo em cena. O público agradece!
No início da carreira você trabalhou em um circo. Como foi essa experiência e o que ela agregou a você como atriz? Ainda te encanta esse universo? Me formei na Cal em 2000, aos 19 anos, e depois trabalhei com a Cia Amok Teatro, dirigida pelo francês Stephane Brodt, onde a linha de trabalho é muito parecida com a Cia Teatre du Soleil, de Ariane Mnouskine, da França. Aprendi com meus mestres que o ator tem que aprender várias técnicas para ampliar o seu instrumento de trabalho: cantar, mímica, circo, balé, e até tocar um instrumento para termos ferramentas que nos ajudem a inovar o repertório de um ator. Por isso, resolvi fazer a Escola Nacional de Circo logo depois que me formei na Cal. Hoje, por causa de um filme que faria com o Fabio Barreto, estudo canto lírico com a Sonia Dumont, uma mestra da aula de canto.
Você está mais para palhaça (uma referência do circo) ou uma cantora lírica (onde você permaneceu no início da carreira)? Eu sou a soma de tudo o que já vivi ou experimentei. Não gosto de me definir em algum lugar ou figura, mas, se tivesse que me definir, gostaria de ser como camaleão que nos dá toda e qualquer possibilidade.
Pelo jeito você vive e respira arte… Quando a arte realmente toca as pessoas? A arte pra mim é como comer, dormir, é a experiência do belo e do crítico. Sendo assim, um ator, na minha opinião, tem que ser um curioso, um pesquisador de realidades diferentes e se colocar em risco sempre que possível. Através da ficção, conseguimos sensibilizar as pessoas, embelezar a vida e a possibilidade da reflexão sobre ela. Somos um espelho da vida e isso nos traz muita responsabilidade também.
Circo, teatro, cinema, TV… Como atriz e como plateia / telespectadora onde você se sente mais à vontade? Me vejo à vontade exercendo o meu ofício, independente do veículo. Quando estou trabalhando, me sinto em estado de plenitude.
Recentemente você esteve em cartaz nos cinemas com “Em Nome da Lei”, uma trama policial em que seu personagem era amante de um bandido. Como foi participar desse filme. Viu muita relação com a vida real? Foi um processo muito rico. Eu já havia feito, com o diretor do filme Sergio Rezende, a série “Questão de Família”, no GNT, um pouco antes do filme. Quando o Sergio me convidou pra fazer o filme, já tínhamos alguma cumplicidade devido a isso e, portanto, uma grande liberdade para criar a personagem “Pink”. Propus toda a caracterização dela inspirada nas misses libanesas (que usavam muita lente de contato azul) e ele adorou a ideia. Depois, nas leituras e ensaios com o Silvio Guindane, que faz o “Cebola”, meu marido na trama, criamos muito mais. E o Sérgio, sempre junto conosco aprofundado no nosso jogo… Foi realmente um processo de uma equipe que já se conhecia com intimidade, o que nos deu uma grande liberdade criativa. Acho que o cinema, assim como o teatro, tem isso: tempo para a criação.
Sempre em ritmo acelerado, quando quer relaxar o que você mais curte fazer? Ando de bicicleta, tomo banho de mar no Arpoador à noite e um bom vinho, claro.
Com tantas mudanças de visual por conta dos personagens, você se preocupa muito com aparência na vida real? Como lida com o espelho? Cuido da minha alimentação, ando muito de bicicleta, como já disse, e procuro me equilibrar espiritualmente. A beleza faz parte do teu estado de espírito.
E no homem, até onde a vaidade é importante? O que um homem não pode deixar de usar ou fazer em relação a vaidade e cuidados pessoais? É fundamental que a pessoa se cuide… Só assim, ela irá cuidar do outro. Se ame primeiro para, depois, estar preparado para amar.
Falando nisso, o que te atrai numa paquera ou início de namoro? Onde eles acertam e erram? O olhar, sempre! Também acho importante o tempo para deixar a relação acontecer. Percebo uma ansiedade muito grande nesse jogo da conquista e isso me broxa muitas vezes… Cortejo é fundamental!
O que os homens ainda não aprenderam sobre as mulheres? Que elas podem ser tudo, que temos muitas fantasias, mesmo depois de casadas, e que a aventura é fundamental mesmo num casamento de 30 anos. Sem isso, a relação acaba. Não é só o sentimento que segura uma relação, mas como se relacionar todos os dias. Pra mim, o jogo nunca está ganho e a conquista é diária. Conquistar a mesma pessoa todos os dias é a maior prova de sedução e de amor. O novo, é mole!
No que você tem fé! E como ela se manifesta? Sou praticante da Arte Mahikari japonesa. Não é uma religião, mas uma prática espiritual onde impomos a mão sobre as pessoas, como um Jorhei – esse ato de doar para o outro é a minha espiritualidade. A força de Deus está na energia da troca, da generosidade.
O que podemos esperar de sua personagem Tanya em “Os Dez Mandamentos”? Pesquisei muito a história do povo Midianita (cidade natal de Tanya) onde as mulheres não eram tão submissas como na maior parte dos povos daquela época. Tanya é um pouco assim e fará de tudo para conseguir Zur (Dudu Azevedo). Até mesmo passar por cima da Rainha Elda (Fransisca Queiroz).
Fotos Rodrigo Lopes
Produção executiva e stylis Marcia Dornelles
Make up Carla Barraqui
Carol Chalita usa: Look 1 – Corpete Dechelles / anel Herreira, Top Lybethras; Look 2 – Poncho Fato Basico / top Dechelles; Look 3 – Body Fato Basico / cinto Magda Occhi / anel Herreira