Mais de 500 fãs de jazz causaram confusão semana passada na rua 25 de Março, em São Paulo. O chamado “rolêzim do jazz” foi convocado por Enrico “Jazzeiro” Stronzo, via rede social – mas só pelo Google Plus, para evitar gente diferenciada. O tradicional centro de compras foi tomado de assalto pelos jazzeiros, que passaram o tempo todo tocando Ornette “Genius” Coleman na maior altura possível.
Injuriados, os freqüentadores resolveram chamar a polícia para resolver a encrenca. “Aí, mano, ninguém agueeenta iiisso, tá ligado?”, reclamou Mano Bronha, um dos freqüentadores do aprazível shopping a céu aberto. “A polícia teeeem que descer a borraaaacha, tá ligado?”, acrescentou ele, antes de ser devidamente acertado por um policial que estava passando e aproveitou a oportunidade.
Além de Ornette “Genius” Colleman, os jazzeiros prosseguiram a zoeira com John “Suave” Coltrane, Charlie “The bird” Parker, Miles “Hysterical” Davis e Hermeto “Sem Noção” Pascoal. Depois disso, eles fizeram uma correria na 25 de Março cantando músicas de Billie “Gemidinho” Holiday. A polícia entrou em cena e desceu o cacete em todo mundo, inclusive nos donos das lojas. Quando faltou gente pra bater, os bravos defensores da lei espancaram uns aos outros.
Todos os amantes do jazz levaram bordoadas. Mesmo os que gostam do The Modern Jazz Quartet. Por isso, a ação destemperada da polícia provocou a ira dos movimentos sociais, que acusou a 25 de Março de apartheid social. “É um absurdo discriminar pessoas só porque elas gostam de jazz!”, declarou a socióloga Valdirene “Che Guevara” Charlene. “Se fosse blues, tudo bem.” Um PM fã de blues não gostou e sentou a borracha nela.
Foi aí que, em solidariedade à socióloga, vários movimentos sociais prometeram “rolêzins” para esta semana. Entre eles estão o Movimento dos Aviadores Sem Teto (MAST), o Movimento dos EX-BBBs Sem Espaço da Mídia (MEXBBBSEM), o Movimento das Patricinhas de Shopping (MPS), o Movimento Ateu Materialista Nossa Senhora das Graças (MAMNSG) e o Movimento das Trabalhadoras Sem-Terra Pró Topless em Ipanema (MSSTGPTHGJWARH).
Já o Movimento Antissocial dos Poetas Concretos (MAPC) convocou um “rolêzim”, mas acabou desistindo. O poeta Oraldo Grunhevaldo explicou que eles pretendiam sair gritando “noigrandes, ê, noigrandes!” no Shopping Iguatemi Aricanduva, mas faltaram adesões. “Só tem dois poetas concretos no país: eu e o Arnaldantunes. E ele estava fazendo show…”, explicou Grunhevaldo que mesmo assim não escapou de levar porrada de um policial que estava perto.
Mas o maior e mais esperado “rolêzim” é do Opinionismo Ostentação. Milhares de blogueiros, tuiteiros, facebooketeiros, jornalistas e acadêmicos prometem sair pelo Shopping Tatuapé JK fazendo correria e dando opinião sobre tudo. “A gente entende de política, periferia, funk, apartheid, civilidade, democracia, zoeira e o escambau, tá ligado?”, declarou o líder do movimento, Ordinelson “Opionista” Peçanha. “A gente gosta de ostentar opinião, tá ligado?” Um PM ia passando e desceu a borracha nele. Nesse caso, todo mundo achou bem feito.