Hoje acordei com um sentimento estranho otimista sobre a falta d`água em São Paulo. O que vai realmente acontecer quando a torneira não pingar nos Jardins? Em curto prazo, quem sobreviver aos hospitais sem água, verá florescer uma loucura e pânico de certa forma divertidos. Muitos fugirão para suas casas de praia e de campo, enquanto a música e literatura renascerão entre os artistas com a temática seca e inspirarão, quem sabe, um movimento artístico novo: A Secura Pós Apocalíptica.
Para quem fica, as festas vão ser incríveis, como se não houvesse amanhã, porque talvez não haja mesmo. O must have do inverno serão as roupas em vários tons de barro, assim como as maquiagens terrosas. Os cabelos vão ficar ainda mais armados e cheios que nos anos 80, mas dessa vez o aspecto sujo vai ser sexy.
Quem duvida que nascerão os primeiros humanos movidos a gasolina ao invés de água? Para os mais racionais e providos de amor próprio, a falta de agora pode ser a salvação do futuro. Exigir-se-ão em todos os prédios e casas a captação de água de chuva para uso nas privadas e calçadas. Todas as construções também serão obrigadas a terem tetos verdes que, junto com a prefeitura plantando cerca de 20 milhões de novas árvores, vão ajudar a recuperar a já saudosa garoa paulistana.
As empresas responsáveis pelo abastecimento de água e o governo, ao invés de multarem, serão multados diariamente enquanto não reduzirem de 37% para 7% o desperdício de água em nossas tubulações. Não, não adianta o assunto principal das reuniões de condomínio serem novas vagas de garagem e moradores que não pagam condomínio.
Nem adianta exigir também que tomemos banho de canequinha, enquanto grandes indústrias e plantações desperdiçam rios de água. Quem analisar de forma mais ampla, já percebeu que nossa relação com o meio ambiente já devia ter mudado há pelo menos três décadas e que devemos focar na recuperação de nossos rios ao invés de iniciarmos o esgotamento dos lençóis freáticos.