ESTRELA: NA INTIMIDADE COM MARCELA McGOWAN

Ninguém pode negar o movimento gerado nas redes sociais com influencers e youtubers hoje em dia. Junte a isso um programa que agita a grande massa e gera discussões e polêmicas que rendem ao longo dos meses em que o Big Brother Brasil vai ao ar todos anos. Porém este ano com a pandemia e o isolamento social o circo do BBB teve um gostinho especial. Juntando convidados anônimos, atores e uma turma de influencers que agitam lovers e haters a diversão foi garantida e tornou a edição uma das mais marcantes em 20 anos de programa. Quem não era público de redes sociais pôde conhecer algumas da mais belas e polêmicas da atualidade. E uma das Big Sisters mais marcantes da edição sem dúvida é a nossa “garota da capa”, a ginecologista (e influencer) Marcela McGowan. Bastou alguns papos com a turma de confinados na casa e Marcela já causou. Fosse por sua beleza, fosse por suas opiniões (que nem sempre agradou à todos) ou pelo fato dela assumir publicamente sua bissexualidade de forma natural e um belo sorriso no rosto. Durante nosso papo com Marcela descobrimos isso, falar sobre pansexualidade e tabus é algo tão comum quanto falar sua música preferida. Ame-a ou não, Marcela está aí seguindo sua trajetória de escolhas feitas. Que depois do confinamento na casa do BBB seguiu seu isolamento social, lendo, meditando e traçando os próximos passos, além de posar para nós, claro.

Marcela, pra começar aquela pergunta meio básica… Como foi sair do confinamento da casa do BBB e ficar trancada em casa por conta da quarentena? Foi confuso. O pós BBB já é um período de reinvenção, a pandemia, exigiu isso de todo mundo. Eu saí em uma nova realidade, não só pra mim, mas pro mundo todo.

Pensou, “poxa, logo na minha vez…!” (risos)? Qual o ônus e o bônus disso tudo? De princípio pensei sim, vão vou mentir, mas logo ficou claro que é algo muito maior. O ônus sem dúvida é não poder viver os eventos, reencontrar o pessoal do programa, fora minha vida particular. O bônus é um período para entender tudo isso, sem precisar me expor tanto.

Quando se sai da superexposição que um BBB proporciona hoje em dia o que muda mais, a vida real ou a vida digital? Só vou saber responder pelo digital, ainda não tive muitas oportunidades de viver essa exposição no real. No digital mudou tudo, muito mais visibilidade, as pessoas dando sugestões sobre tudo na minha vida, a forma de trabalhar.

Falando nisso, como lida com redes sociais, likes, haters… e tudo isso que envolver estar com a vida online? Que limites se impôs e que benefícios têm descoberto? Estou aprendendo a filtrar o que são comentários de haters, o que são críticas importantes, aprendi a receber o carinho e amor dos fãs, como retribuir mas também qual o limite de expor minha vida pessoal de maneira saudável. Uma coisa que me ajudou muito foi lembrar meus propósitos, tentar usar meu insta como ferramenta de informação também, levar conteúdo que eu acho relevante. A visibilidade me deu um super alcance, e eu quero usar isso a favor do que acredito.

Falando em quarentena como tem sido esses dias? O que tem aprendido e desenvolvido? Os dias de quarentena me ensinaram a lidar melhor com a solitude, tenho reforçado todos os rituais que me fazem bem, e aproveitado para fazer mais coisas por mim. Eu vivia uma rotina como médica insana, fazia tempo que não tinha um momento de ler, de meditar, tenho colocado isso como prioridade agora. Também estou dando vazão a projetos que antes estavam morando em algum cantinho do meu cérebro, sem espaço para existir, como escrever um livro.

Como ginecologista tem como trabalhar de alguma forma nesse período? E a procura das pacientes como ficou? Existe como trabalhar sim, mas não estou atendendo no momento. Espero retomar no próximo ano, com um espaço meu, do jeito que sempre sonhei. Tenho muita procura por atendimento.

Em entrevista recente você falou que é muito ansiosa. Como tem lidado com isso? O que te mantém sã? Minha mente não para e eu gosto muito de produzir, tenho meditado e colocado no papel projetos para tentar tornar viável.

Durante o programa você falou sobre bissexualidade e pansexualidade. Acha que ainda é um certo tabu falar sobre esses assuntos mesmo para pessoas que se dizem “moderninhas”? Sim, é um tabu em geral, principalmente quando estamos falando de vivencias pessoais. Temos mais facilidade de falar de sexualidade em um âmbito geral, mas quando chega no campo pessoal é sempre difícil.

Quando e como descobriu que a sexualidade poderia ir além do “tradicional”? Descobri na adolescência mas não tinha informações, então foi bem confuso. Na fase adulta, comecei a estudar e entender o tema e aí sim ficou mais fácil compreender a amplitude da sexualidade e legitimar minhas experiências.

Com tanta informação a seu ver por que ainda é tão grande a homofobia e a transfobia? Como combater isso? Temos muita informação, mas ela não chega a todos, e quando chega, tem que lidar com a resistência imposta por uma sociedade machista, moralista cis/heteronormativa que marginaliza e condena tudo que foge disso. O combate está em levar essas discussões para todos, já começar com educação sexual de jovens que aborde diversidades, a cobrança para que marcas e mídias abram cada vez mais espaço de representatividade, e claro, punição para crimes de homofobia e transfobia.

Hoje em dia é cada vez mais comum mulheres assumirem em algum momento a bissexualidade. E elas não são julgadas por isso ou tem sua feminilidade posta em questão. Ao contrário dos homens. Isso é um reflexo do machismo? São julgadas sim, e muito, mas de maneira diferente. Depende do quanto performam feminilidade, do quão próximas do padrão estão, porque duas mulheres com estética padrão e que perfomem feminilidade se relacionando, geralmente são vistas de maneira fetichista, como se aquela relação existisse para homens verem e se sentirem excitados. Mulheres longe desses padrões já sofrem outras opressões, sua feminilidade é questionada, relacionamentos não legitimados, entre outras.

O que uma pessoa precisa ter / ser para atrair sua atenção? O que não te atrai de forma alguma? Gosto de pessoas bem humoradas e espontâneas. Me fazer rir é primordial. Não me sinto atraída por pessoas com egos muito grandes, que valorizam mais aparência e dinheiro do que essência.

É de demonstrar interesse e ir à luta, ou prefere jogar a isca e fica na espera vendo no que dá? Demonstro interesse sim. Se eu quiser alguém, não deixo dúvidas, tenho preguiça de joguinhos.

Amizade com homens é mais sincera do que amizade entre mulheres? Já sentiu isso? Não, a rivalidade feminina é mais uma invenção do machismo pra nos manter afastadas. Entender isso é libertador, tenho muitas amizades profundas e sinceras com mulheres.

Ser uma mulher bonita, segura de si e ainda bem resolvida sexualmente assusta os homens ainda? Por que? Só a parte da segurança já assusta. Infelizmente, o ideal de masculinidade da nossa sociedade prega que os homens devem ser os provedores, quem toma decisões, e quando conhecem uma mulher que desempenham esses papéis, é como se a masculinidade deles fosse colocada à prova. É preciso acabar com essa ideia que temos do papel do masculino, vai ser libertador pra homens e mulheres.

Como é Marcela em relação a vaidade e espelho, lida bem com isso? Até onde vai sua vaidade? Hoje em dia sou muito mais tranquila, gosto de mim, da pessoa que sou, e isso reflete na minha relação com minha imagem. Sou vaidosa, mas isso não é minha prioridade.

Uma noite perfeita seria… Uma noite perfeita é sem pressa e sem roteiros. Eu gosto de sentir, experimentar e viver tudo com muita presença e intensidade.

Qual pecado favorito? A luxúria, sou muito regida pelo prazer.

O que mais deseja fazer quando passar essa quarentena? Fico dividida entre correr pra praia ou festar com meus amigos até o sol nascer. Se pudesse juntar os dois, seria meu paraíso.

Quais os planos para esse resto de ano? Estou escrevendo um livro, gravando um podcast e organizando vídeos pro youtube, vem muita coisa por aí…