DESTINO: DESBRAVANDO A POLÔNIA (COM QUEM MORA LA!)

Moro na Polônia, desde fevereiro de 2018, e não tenho pretensão de ir para outro lugar. O clima aqui é quase sempre frio, exceto nos meses de junho, julho e agosto. As temperaturas podem chegar a -22° celsius, em fevereiro, mas a população já é bem acostumada e eu amo o frio. A capital do país é Varsóvia e eu moro em Cracóvia, a segunda maior cidade do país. Sem dúvida, é um lugar para ser conhecida a pé. As atrações estão todas próximas uma da outra, no centro antigo. Consegue-se ir de uma a outra facilmente, num roteiro prático e prazeroso de ser feito. Conhecida como a cidade universitária da Polônia, Cracóvia é uma cidade limpa e muito segura. Pode-se andar de noite pelas ruas, sem maiores problemas, o que é ótimo, pois tem muitas atrações noturnas para quem curte e principalmente, para os turistas.

Sendo a cidade mais visitada da Polônia, Cracóvia respira história e cada canto do centro histórico tem uma para contar. A UNESCO reconheceu o seu Centro Histórico como o Primeiro Patrimônio Mundial da Humanidade, em 1978. Inclusive, Hitler estabeleceu sua base aqui, no Castelo de Wawel. Por esse motivo, a região foi uma das menos destruídas durante a Segunda Guerra Mundial.

A Polônia é o país do mundo que mais possui igrejas, e na cidade da Cracóvia, você encontra infinitas igrejas, cada uma mais detalhada e decorada que a outra, um mundo de cores, arte e missas. Muitas delas sobreviveram gerações de instabilidade e guerras, e continuam sendo maravilhas arquitetônicas imponentes e também, a paixão local pela religião. Não podemos esquecer que o Papa João Paulo II era polonês (Karol Wojtyla – sim, aqui, Karol é nome de homem). Uma das igrejas mais notáveis para visitar é a Basílica de Santa Maria (Bazylika Mariacka), localizada no centro da Cidade Antiga. Esta catedral é um dos mais importantes edifícios da Polônia e um dos destaques da arquitetura secular da Cracóvia. Este símbolo lendário e icônico da praça principal, existe desde os anos 1200.

ROTA REAL E O PORTÃO DA RUA FLORIANSKA

O Portão de St. Florian (em polonês, Brama Floriańska) é um dos portões da antiga muralha que cercava Cracóvia medieval e que dava acesso à cidade. Era também uma torre de defesa da cidade, mas esta torre de defesa possuía uma torre de defesa própria, o Barbacã, que fica bem em frente ao portão de St. Florian. O Portão de St. Florian é uma bonita torre gótica do século 14, que abriga um pequeno museu dentro que você pode visitar.

Ao passar pelo portão da Rua Florianska, você encontra uma infinidade de lojas vendendo de tudo, mas dê atenção especial à direita do portão. Alguns artistas vendem quadros autorais lá. Já o Barbakan Krakowski, foi construído por volta do século 13, tem paredes com 3 metros de espessura e protegia o portão dos ataques. Aliás, ele se mostrou tão bom que virou obra-prima da engenharia militar medieval. Esta construção foi impenetrável e hoje é uma das únicas estruturas de seu tipo na Europa. O lugar pode ser visitado e também abriga exposições temporárias e é um pequeno museu.

A Ulica Grodzka faz parte da Rota Real e leva da Praça Central até o Castelo Wawel. Esta é a rua mais antiga da cidade. Sempre cheia de movimento, é um dos melhores lugares para comprar souvenirs na cidade. As lojas vão se seguindo ao longo dela, assim como sorveterias e algumas cafeterias interessantes.

Mais ou menos na metade da rua Grodzka, fica outra igreja imperdível da cidade, a Igreja de São Pedro e São Paulo. Ao lado dela, está a Igreja de Santo André, construída entre 1079 e 1098, o que a faz a igreja mais antiga de Cracóvia. Ela também é um dos edifícios românicos mais importantes da Polônia. Todos os dias da semana, às 20h, você pode ouvir concertos dentro da igreja de compositores famosos como Mozart, Bach e Vivaldi. Os concertos são pagos e você precisa comprar o ticket dentro da igreja durante o dia. Você pode verificar na entrada da igreja a programação da semana e também, ali, é possível ver vários artistas de rua, que passam o dia tocando vários instrumentos como rabeca, violino e até acordeão.

O centro antigo da Cracóvia, conhecido como Stare Miasto, na língua local, é pequeno, mas abriga a maior praça da Europa. O local fica bem cheio de turistas e moradores, principalmente na época que antecede o Natal, pois existe uma feira gastronômica bem famosa, que funciona todos os anos ali na praça. Nessa feira, você pode experimentar as comidas tradicionais da Polônia como, por exemplo, o famoso Pierogi, que é uma espécie de pastelzinho de massa cozida com diversos recheios dentro, como: queijo, carne, frango, repolho e tem até Pierogi doce.

A feirinha é cheia de pequenas lojas rústicas imitando a antiga arte folk e decorada com luzes de Natal. Você encontra doces de todas as regiões da Polônia, sweaters de lã feitos à mão, diversos tipos de souvenirs, joias feitas da pedra mais famosa da Polônia (as ambers do Mar Báltico) e a bebida mais famosa da feira é, com certeza, o grzaniec, que é uma espécie de vinho quente. O vinho quente ajuda a esquentar, já que por essas épocas, as temperaturas podem chegar aos -10° celsius.

A praça também abriga um dos meus restaurantes favoritos, o Sukiennice, tradicional da cidade e serve comida típica polonesa. Dentre os pratos mais famosos, se destaca o Wiener Schnitzel de frango e de porco, que embora seja tradicional da Alemanha, também é muito consumido aqui. Mas o meu favorito é a Potato Pancake, uma panqueca feita de batata recheada com goulash. Uma espécie de carne com muito repolho. Infelizmente, por causa da pandemia, o prato foi removido temporariamente do cardápio. Espero que volte logo. No final da refeição, é tradição do local servir uma taça de vinho de cereja da casa.

GALERIAS, SUBSOLOS E MUITA GASTRONOMIA

Na Polônia, e nos países eslavos, com galerias no subsolo, são muito comuns. Antigamente, elas serviam para abrigar as pessoas do frio. A grande maioria dos restaurantes do centro possuem esses locais subterrâneos, onde o celular não funciona, mas é bem divertido. A praça, também você tem outras opções de comida, como por exemplo, se gosta da culinária americana, temos o Hard Rock Café. O legal de comer nele é que você senta no andar de cima e tem uma vista panorâmica da praça, além do ambiente ser descontraído e a comida ser realmente boa.

Perto, você também encontra diversas opções de culinária do mundo todo, como por exemplo, o restaurante Bianca, que serve comida italiana e o restaurante Sphinx, que serve uma mistura da culinária árabe com a polonesa. É bem diferente, mas é bem gostoso.

Ainda falando de comida, mas dessa vez de doce, existe uma doceria/padaria, espalhada pela cidade da Kraków, chamada Nakielny, e a gente leva a família toda lá quando eles vêm visitar para provar os doces e os sanduíches, que são super bons. Na Polônia, a fruta mais tradicional é a Malina, que é o nome em Polonês para framboesa. Então, a grande maioria dos bolos e doces é feito dessa fruta.

Além disso, ninguém pode deixar de experimentar os Donuts Poloneses. Eles não são iguais àqueles donuts que comemos nos Estados Unidos, mas são bem macios e com recheios bem diferentes. Por exemplo, temos o recheado de geleia de laranja, o de bombom Rafaello e muitos outros sabores. Em cada época, as padarias trocam os sabores, mas os tradicionais estão à venda o ano todo. Você não precisa ir a algum lugar específico para encontrar esse donut, no centro da cidade você encontra vários lugares vendendo. Bem como o famoso sorvete tcheco na casquinha de churros. Esse tipo de comida é tradicional da República Tcheca e se chama Trdelnik, mas também é muito popular aqui no centro da Cracóvia.

Sobre Souvenirs, não se pode deixar de levar para casa uma boneca russa ou a famosa Matrioska. Embora haja uma briga entre Polônia e Rússia para saber quem inventou essa boneca, a história dela é bem macabra. Ela serve para abrigar os maus espíritos em um ritual. Então, embora seja um souvenir bonito, a história por trás é bem mais sombria.

A LENDA DO DRAGÃO

Além disso, a Cracóvia é a cidade do Dragão. (Smok, em Polonês) Essa é uma das lendas polonesas mais conhecidas e mais antigas. A Polônia era governada pelo Rei Krak, cujo nome deu origem ao nome da cidade. Depois de um período de prosperidade, o país começou a sofrer com alguns desaparecimentos. Os pastores começaram a sentir falta de alguns animais, e até moradores chegaram a desaparecer, sem nenhuma razão, e não foram mais encontrados. Um dia, um jovem foi colher ervas na beira do rio Vístula, e se aproximou da colina Wawel, que é onde fica o Castelo Wawel. Esse jovem encontrou alguns ossos e chegando mais perto da colina, pode ver uma gruta e lá estava um enorme dragão, dormindo sossegado, tomando seu banho de sol.

A história se espalha e chega aos ouvidos do rei Krak, que reúne seus melhores cavaleiros, para lutarem contra o dragão, mas todos falham nessa missão.
O rei então ordena: Aquele que libertar a cidade do dragão, cavaleiro ou não, casará com a princesa Wanda e terá metade do reino. Vários príncipes e cavaleiros de reinados próximos, chegaram para salvar a cidade, mas novamente, nenhum deles teve sucesso. Então, um jovem sapateiro, pede uma oportunidade para derrotar o dragão. O sapateiro pega um carneiro bem gordo e mata-o. Ele enche o interior do carneiro de enxofre e, durante a noite, o coloca na entrada da gruta do dragão.

Na manhã seguinte, a população escuta uma explosão. O dragão de Wawel acordou e comeu todo o carneiro recheado com enxofre. Depois de comer, sentiu tanta sede, foi até o rio e bebeu água até explodir. O jovem sapateiro se casou com a princesa e tiveram muitos filhos. E assim, nasceu a população de Cracóvia. Você pode encontrar pelúcias de Dragão por toda a cidade. Além disso, várias pequenas estatuetas do dragão são espalhadas pela cidade para as pessoas comprarem.

A lenda é preservada até os dias de hoje. Quem quiser, pode pagar 3 zlot (moeda da Polônia) para descer até a caverna do dragão, que fica em cima do Castelo de Wawel (foto o dragão da Cracóvia). A estátua solta foto de 15 em 15 minutos e as crianças consideram o lugar um playground.

Na mesma calçada do dragão, você encontra uma mini-calçada da fama polonesa com algumas das celebridades mais conhecidas do país, mas também o ator da Marvel Benedict Cumberbatch, que deixou sua marca por ali.

Às margens do rio Vístula, pode-se sentar e fazer um piquenique ou apenas tomar sol. Os poloneses fazem muito isso durante o verão. Nas margens do rio, também há uma pista de atletismo, onde as pessoas podem andar de bicicleta ou patins, é muito frequentada pelos nativos no verão.

ARREDORES DA CRACÓVIA:

– MINAS DE SAL – A aproximadamente 45 minutos da cidade, fica localizada a Mina de Sal, que é patrimônio da Unesco e a visitação é aberta. Você precisa fazer a reserva do tour guiado, que pode ser feito em várias línguas, online. Dentro da mina, a pessoa pode fazer diversos passeios, e o mais famoso é um tour guiado, onde se descobre os mistérios da Mina de Sal e encontra com várias esculturas, todas feitas de sal por mineiros. O tour dura aproximadamente 2 horas e você deve estar preparado para descer 130 andares de escada. A subida é feita por elevadores, mas a descida é na escada mesmo. Lá, os visitantes encontram várias galerias com artes, e o tour guiado conta a história de como as galerias foram sendo descobertas e o quão importante, a exploração do sal, foi para a Polônia. Além disso, existe uma capela enorme que é usada para casamentos. Você pode se casar na mina alugando a capela por 5 mil euros, a hora. Existe também um enorme museu e um restaurante gigante. A estrutura é muito bem feita e é um dos locais mais visitados da região. Wieliczka faz parte das minas de sal mais antigas do mundo e foram exploradas sem interrupção, desde o século XIII, até o dia de hoje.

As minas, conhecidas como “a catedral subterrânea de sal da Polônia”, contam com uma profundidade de 327 metros e um comprimento de mais de 300 quilômetros de galerias, ao longo das quais, há câmaras e capelas com belas figuras esculpidas que ilustram a história da mineração do sal.

COMO CHEGAR

Você tem várias opções para visitar as Minas de Sal de Wieliczka: Contratar um tour organizado: é a forma mais cômoda e o preço é similar, se você for por conta própria. Ônibus: O ponto está ao lado da Galeria Krakowska e a linha que você deve pegar é a 304. O ônibus é econômico, mas faz muitas paradas. Trem: Os trens partem da estação central de Cracóvia. Eu sempre faço a reserva pelo site e aproveito o estacionamento de lá que não é caro.

– A LAGOA DE ZAKRZÓWEK – Fundada, em 1990, no local de uma antiga pedreira. Consiste em dois tanques de passagem conectados. A profundidade da lagoa cheia de água, excepcionalmente pura, chega a 32m! Uma parte da zona costeira pertence a proprietários particulares, parte da cidade. – endereços. Rotatória Grunwaldzkie, em Monte Cassino, Kapelanka, Kobierzyńska e Ruczaj. Como a lenda dos penhascos ao redor, defende Twardowski, ele administrava uma escola de magia e feitiçaria. Atualmente, falésias calcárias atraem alpinistas e mergulhadores. No entanto, devido a grande profundidade, fundo desregulado e saliente dos troncos das árvores de água e pedras em vigor, os banhos foram proibidos, mas sempre quando vamos lá, no verão, vemos pessoas se arriscando e nadando. (foto 12)

– AUSCHWITZ – Um dos lugares mais tristes que eu já visitei na vida. É o tipo do lugar para ir apenas uma vez na vida e nunca mais voltar. O nome Auschwitz foi usado pelos nazistas para identificar um conjunto de campos de concentração e de extermínio construídos, a partir de 1940. Eles ficam na pequena cidade de Oświęcim (Auschwitz, em Polonês), a 67 quilômetros de Cracóvia. Durante todo o período da Segunda Guerra Mundial, foram erguidos, aqui, três campos nesse modelo: Auschwitz, Auschwitz-Birkenau e Auschwitz-Monowitz. Você consegue fazer o agendamento pelo site para visitar http://auschwitz.org/en/visiting/ e se não quiser um tour guiado, não paga nada para entrar.

O museu é divido em duas partes: Auschwitz I – também foi transformado em museu. Uma visita a ele é indispensável para você entender melhor essa história. Porém, o maior e mais terrível de todos era Auschwitz-Birkenau. Aqui, cerca de 1,1 milhão de pessoas morreram, quase todos judeus de vários países da Europa. (Você precisa pegar um ônibus, que é gratuito, para ir de um ao outro, pois é longe, e fica localizado bem à frente da entrada do Auschwitz-Birkenau.)

Deportados de suas cidades originais, os prisioneiros tinham seus destinos definidos ainda na estação de trem. Ali, chegavam vagões lotados, e muitos passageiros eram idosos e crianças. Separados em filas, homens e mulheres eram rapidamente avaliados. Aqueles que eram considerados aptos para o trabalho, ganhavam mais alguns dias de vida, servindo o comando nazista. Os inúteis – quase sempre mulheres, idosos, crianças e deficientes – eram enviados diretamente para a câmara de gás, onde morriam.

Em Auschwitz-Birkenau, a estratégia de humilhar as raças não alemãs, alcançou seu auge. Aqui, depois de terem todos os pelos do corpo raspados, de perderem seus próprios nomes e de serem obrigados a usar um uniforme listrado com uma identificação étnica no peito, os prisioneiros ainda tinham que trabalhar pesado na manutenção do campo e superar a fome.

Sobreviventes contam que as refeições aqui dentro eram um pedaço de pão, manteiga, chá ou café e uma sopa feita com carne e vegetais quase sempre estragados. Nessas condições, a desidratação e doenças, como o tifo, se multiplicavam trazendo consigo a morte. O vídeo que eu gravei no campo de concentração, já passa de 1 milhão de visualizações no meu canal no Youtube e foi certamente um dos piores locais que eu já visitei na vida. É impossível não se emocionar lá.

SERVIÇO:

– Minas de Sal: https://www.wieliczka-saltmine.com/individual-tourist 

– Auschwitz-Monowitz:  http://auschwitz.org/en/visiting/ 

– Informações sobre como chegar: https://energylandia.pl/zaplanuj-pobyt/jak-dojechac/

– Western Camp para fazer a reserva:  https://westerncamp.pl/resort/