Hoje, no Dia da Amazônia, nos leva a pensar sobre nosso papel em relação ao planeta. A preocupação pelo meio ambiente sustentável e um viver uma vida mais saudável, que deveria ser uma preocupação das pessoas em geral, é o foco o ator Mateus Solano de algum tempo para cá. Mais que um ator de sucesso, com carreira sólida, Mateus sente que a sua visibilidade pode dar luz para questões básicas e urgentes que envolve responsabilidade (de todos) pelo mundo em que vivemos. Dentre seus inúmeros personagens, seu principal papel no momento é o do cidadão consciente da sua importância no planeta. Mateus no faz rir com seu Zé Bonitinho, da “Escolinha do Professor Raimundo”, e nos faz pensar quando dá as caras em suas lives trazendo à tona temas como limpeza dos oceanos ou reciclagem de lixo. Nesse nosso novo encontro, o primeiro foi em 2013, encontramos um Mateus Solano muito mais engalado e articulado. Um talento que vai além da arte e se aplica à vida. Que venha muito mais Mateus por aí!
Mateus, cada vez mais vemos você envolvido em ações de defesa do meio ambiente. Você é defensor Mares Limpos, da ONU, embaixador da campanha Geração do Amanhã, da Globo, e embaixador da Boa Vontade, do Unaids. Acha que as pessoas de notoriedade como você têm esse dever usar sua imagem para abraçar uma causa? A obrigação do artista sempre foi a de provocar o pensamento entretendo, fazendo pensar, divertindo, emocionando… não necessariamente nessa ordem. Mas na sociedade do espetáculo em que vivemos, o artista, especialmente aquele tido como celebridade, ganhou um poder desmedido e grades poderes trazem grandes “responsabilidades”. Não acho que seja obrigação de ninguém abraçar uma causa, mas tenho certeza de que a causa ecológica é uma obrigação para todas e todos. E não digo isso por ser a causa que abracei, digo isso porque sem ar para respirar e água para beber qualquer outra questão humana perde o sentido. Como ambientalista, não luto pelo bichinho ou pela plantinha, luto pra salvaguardar o delicado equilíbrio que permite o milagre de estarmos vivos nesse planeta.
O mundo tem dado cada vez mais sinais de desequilíbrio, haja visto a pandemia pela qual estamos passando. O que falta pra que as pessoas despertem para a real necessidade de se agir, de se mudar os hábitos e atitudes? Infelizmente, durante a história a humanidade vem evoluindo aos soluços, aos tropeços…e o ser humano tem a tendência a só mudar quando a corda já está no pescoço. Por um lado, estamos melhores do que jamais estivemos se formos comparar o mundo em que vivemos com o mundo de 200 anos atrás não tem comparação na conquista dos direitos e deveres de todo mundo uns com os outros e para com o planeta. Por outro lado, a pandemia já mostra que a humanidade está com a corda no pescoço e a motiva mais do que nunca a mudar em direção de um planeta sustentável (o único planeta possível).
Aliás, durante essa quarentena temos visto você fazer lives quase que diárias para debater esse assunto. Como tem sido o retorno das pessoas diante do que você tem apresentado? Qual a maior dúvida sobre o assunto que você percebe nas pessoas? Você tem razão, tenho feito lives demais (risos), mas tem sido uma oportunidade sem igual essa pandemia no sentido de aproximar pessoas por todo o mundo no em volta da questão da sobrevivência da nossa espécie. E o fato de estarmos vivendo uma das consequências do desequilíbrio ambiental que a gente causou nesse planeta traz muita visibilidade para o assunto pelo qual estou militando há 3 anos. Portanto, tem sido muito bacana a oportunidade de falar com os três pilares da sociedade: a sociedade civil com a qual tenho mais contato, que é o meu público, as pessoas que estou o tempo todo chamando a atenção para mudarem dentro de suas casas para se unirem e para chamar para si o protagonismo do futuro da nação como cidadãos; por outro lado tem o governo, com quem fiz lives com secretária de Estado para falar de sustentabilidade e de projetos e também com empresas no sentido de trazer responsabilidade também pras elas que, da mesma forma que os artistas, também ganharam poder que traz uma responsabilidade social para elas nessa questão.
Mas a maior dúvida das pessoas é sobre o que elas podem fazer. A impressão que dá sempre é que é um esforço muito grande virar essa chave e passar a viver uma vida sustentável. E a isso eu sempre respondo: escolha um gesto porque #umgestomuda. Um gesto traz um novo olhar e esse novo olhar certamente vai trazer novos gestos. O que mais me deixa feliz é quando eu leio/ouço que pessoas começaram novas atitudes graças a uma live que assistiram minha ou alguma coisa que eu postei (nas minhas redes sociais). Já até teve uma escola em Alagoas que começou uma horta e um trabalho de compostagem com os alunos fazendo algo que acho fundamental que é trazer a questão da sustentabilidade para o próprio mecanismo da escola.
Semanalmente você faz uma live sobre compostagem. Tem como alguém fazer a sua própria composteira ou precisa adquirir de fabricantes? Como faz quem mora em apartamento? As “lives na composteira do Mateus Solano” têm sido um sucesso! É um momento em que me divirto mostrando minha composteira e mando beijinhos, respondendo perguntas das pessoas que entram na live. Fazer compostagem não é tão difícil quanto parece e é muito divertido. E existem inúmeras composteiras diferentes. Outro dia, por exemplo, minha mulher disse que tem até elétrica para ser feita em apartamento. E sim, é possível fazer compostagem em apartamento. É só procurar na internet o que não falta é vídeo explicando.
Já li que você tem carro elétrico, teto solar em casa…. Pra quem nunca pensou em fazer nada pelo planeta, indique algumas ações que são possíveis de serem feitas por qualquer um pra se começar essa mudança. Eu gosto de começar repensando nosso consumo através dos “erres” (reduzir, reutilizar, reciclar e repensar). Precisamos tirar o consumo do lugar em que o colocamos e deixar de ser consumidores e sermos cidadãos. Precisamos entender que quando compramos o produto também compramos embalagens e somos responsáveis pelo descarte correto da mesma. Outra coisa simples a se fazer a se começar é seguir as #sustentabilidade #ecologia #saneamentobásico nas redes sociais. Assim, vão chover notícias e boas ações e formas de se ser mais sustentável no dia a dia.
Você tem uma loja que vendo produtos sustentáveis e parou de operar durante a quarentena e passou a trabalhar através do e-commerce. Essa é uma mudança definitiva? Essa forma de comprar é o novo futuro? Tenho muito orgulho da Muda!! Pois é, a loja (@mudaloja) foi obrigada a se mudar de um bairro do Rio para o mundo todo. Essa mudança está no próprio DNA da loja que, desde o início, carrega no nome a sua maior intenção. A de mudar a nossa forma de consumir. Portanto, acho sim que vender pela internet é definitivo (e não só para a Muda, mas para o mundo). E a economia circular que é a que a Muda privilegia é o futuro. Não deixe de visitar a www.muda.eco.br e fazer parte da mudança. A loja é o meu xodó.
Hoje temos a Greta Thumberg de 16 anos como a maior ativista ambiental do mundo. Você acha que essa nova geração, que inclui até seus filhos, já está mais consciente da necessidade de cuidar do planeta? Em qual planeta você acha que eles vão estar vivendo em 2030 quando se encerra o período previsto pela Agenda 2030 da ONU para a implementação das 17 ODS no mundo? O que espero para 2030 é um mundo que esteja voltado para a mesma direção e para a direção correta que é a da sustentabilidade. O mundo sustentável é o único possível O mundo insustentável está fadado a perecer. E estamos vendo o horizonte com essa forma de nos relacionar com o meio ambiente. Portanto, acredito sim que não só a nova geração, mas a nossa geração de todos que estão vivos (somos a família humanidade viva aqui e agora!). Vamos conseguir mudar o leme desse nosso frágil barco!
Qual deveria ser a principal preocupação dos candidatos as prefeituras com relação ao meio ambiente? Alguma preocupação já seria um bom começo…A política ambiental nunca foi o forte desse pais onde o brasileiro sempre esteve rodeado de uma natureza exuberante e abundante. O que é um desperdício, já que temos no nosso território a maior diversidade de biomas do planeta e, portanto, deveríamos ser a ponta em sustentabilidade. Infelizmente eu creio que a pressão internacional vai chegar antes que a pressão popular para que algumas coisas sejam feitas, mas clamo sempre para que as pessoas coloquem sempre a pauta ambiental no coração na hora de escolher seus candidatos.
E, por favor, indique livros, filmes, sites, etc…. para que as pessoas possam buscar mais conhecimento sobre o assunto. Sempre acho que o livro “Sapiens” é um bom começo para voltarmos a nos entender enquanto bichos e a olhar de forma mais ampla para a nossa história tão curta aqui nesse planeta. Depois, sugiro que procure ler o livro “Cidades e soluções” do André Trigueiro, produzido a partir do programa homônimo de TV onde ele mostra as centenas de soluções sustentáveis que já são empregadas em cidades pelo Brasil, mas o tema da sustentabilidade é muito vasto (estamos falando de reciclagem, estamos falando de aquecimento global, estamos falando de cuidar dos mares, estamos falando de sociologia…). Portanto, acho que vai de cada um. A #sustentabilidade é um bom começo
Para falar de trabalho, você estava começando uma nova temporada da peça “Irma Vap” quando o isolamento social começou. Há previsão do retorno desse aclamado espetáculo? Infelizmente, ainda não temos data para o retorno de “Irma Vap”.
E você está gravando a nova temporada da Escolinha do Professor Raimundo num novo formato, adequado aos protocolos de segurança. Como tem sido gravar nessas circunstâncias? E fazer pela sexta temporada um personagem de tanto sucesso já é mais tranquilo ou se tornou mais difícil pela responsabilidade? Tem sido muito divertido gravar a Escolinha em dois formatos diferentes. Primeiro foi o podcast que é, de alguma forma, um retorno ao tempo do rádio onde a Escolinha começou e, depois, o episódio especial que estamos preparando de homescooling, onde vamos conhecer a casa de cada um dos personagens. Eu gostaria de dizer que é cada vez mais fácil fazer o Zé, mas acredito que não (risos). Cada vez sou mais crítico, cada vez eu me cobro mais.
Para 2021, temos a previsão de você voltar às novelas em “Quanto Mais Vida Melhor”. Está com saudades de fazer novela? O que pode já pode contar sobre esse trabalho? Estou com saudades de fazer novela sim! E essa nova novela das 19h promete ser bem divertida. Meu personagem é um cardiologista muito vaidoso e egocêntrico que só pensa em si mesmo e vai ter que rever seus conceitos depois de um encontro com a morte.
Fotos Sergio Santoian (@s_santoian)