Carioca, 40 anos, Léo Marçal abdicou da vida como advogado há 11 anos e optou por começar uma carreira no mundo dos eventos. Figura conhecida na noite carioca, sempre curtiu a vida cultural da cidade. Hoje é um dos Relações Públicas, empresário e produtor de eventos mais requisitados do Rio de Janeiro. Sócio de 8 festas presentes no calendário carioca, além de ser responsável pelas principais listas VIPs de grandes eventos no Rio de Janeiro, entre eles o camarote Folia Tropical na Sapucaí, Rock In Rio, Copa do Mundo, Olimpíadas, além de estreias de filmes, shows nacionais e internacionais, peças de teatro, festas, além de eventos coorporativos de marcas e produtos. A diversidade do seu mailing é o seu grande diferencial, composto de mais de 18 mil nomes ativos, o mix de personalidades em suas listas garante o sucesso de qualquer festa. Esse super nome do cenário do entretenimento do Rio de Janeiro, viu sua vida profissional ser pausada de repente quando aproximadamente em 15 de março de 2020 o mundo todo teve que parar com tudo por conta de um vírus.
Bom, conheço o Léo há muito tempo, foi um dos primeiros nomes que conheci ao vir morar no Rio de Janeiro, sempre gentil e me recebendo bem. Já fizemos muitos trabalhos juntos, sempre nos demos muito bem e o que destacaria na sua personalidade profissional é o respeito e generosidade ao próximo e a todos que trabalham com ele. Sempre nos respeitamos e ele sempre foi muito parceiro em todos os nossos trabalhos. Aqui batemos um papo sobre essa nova realidade no mundo dos eventos e sua nova rotina, com vocês, Léo Marçal.
Léo, quando e como surgiu seu interesse em trabalhar com eventos? Desde muito novo sempre fui ligado ao entretenimento de uma forma geral, mesmo com formação em Direito e exercendo à advocacia, eu sabia que em algum momento iria trabalhar com eventos. Sempre fui um cara muito inquieto, com vários grupos de amigos de tribos diferentes, ligado à música, à arte. Sempre gostei de circular e acho q isso colaborou muito quando decidi largar o trabalho como advogado e desbravar o mundo do entretenimento. Essa virada foi há 11 anos. Durante dois anos ainda conciliei com a advocacia, até que junto a três amigos criamos uma festa musical que era para acontecer na temporada de verão e acabou que durou mais de dois anos. Foi um super sucesso. Ali eu tive a certeza de que estava no caminho certo e fazendo o que eu gostava de fato. Logo em seguida, passei a trabalhar em diversas festas do Rio, até q iniciei um “casamento” com a Vibra Marketing, produtora carioca. Fui convidado pelo CEO da produtora, Fabrício Baruth, para uma sociedade na maioria dos produtos da empresa. Hoje, sou sócio da Vibra Marketing em sete festas. Em paralelo, atuo como RP de diversos e grandes eventos do calendário carioca, além de promover e criar experiências para marcas e produtos, entre o Rio e SP.
O que você fez quando a vida te obrigou a dar esse “stop” sem aviso prévio? Foi um período muito difícil, assustador, sem saber o que de fato estava acontecendo. Fomos obrigados a parar, desacelerar. Foi um momento em que me reconectei comigo mesmo. Sem me cobrar, respeitei o que estava sentindo e vivenciando. Fiquei quatro meses com os meus pais, minha irmã e uma tia (de março a junho) na casa deles, sem sair de casa, no máximo ia ao supermercado uma vez na semana, e esse tempo foi muito importante. Foi a minha reconexão com eles. Isso foi incrível. Passamos momentos únicos e inesquecíveis. Cozinhamos, assistimos filmes, diversas séries, várias lives, toda sexta-feira criávamos um tema culinário à noite, tudo regado a muita conversa, muita emoção, muito amor e isso me deu força tamanha para seguir em frente com toda a oscilação de sentimentos que estávamos vivendo, estar junto com minha família foi sem dúvida um grande privilégio. E vivenciamos como a cultura é FUNDAMENTAL em nossas vidas, como é importante e devemos apoia-la. Sem dúvida, a cultura é aliada da nossa saúde mental.
Como é o seu dia a dia agora nessa nova realidade? Sempre fui um cara muito ansioso, perfeccionista ao extremo com o meu trabalho. Com tudo isso que estamos passando, passei a me cobrar menos, a valorizar o meu tempo, o meu prazer e o meu silêncio. Valorizando e vivendo o “agora” no meu dia-a-dia. Tenho dormido mais cedo, acordado mais cedo, e com isso tenho gerado mais disposição para o trabalho durante o dia. Neste momento, tenho uma rotina mais saudável, mais organizada e espero manter assim. A maioria das reuniões tem sido através do zoom e do facetime. Tenho gostado bastante, acho q passou a render mais, otimizou o tempo. Agora, o mais importante foi aprender a me respeitar, saber que tenho que cuidar de mim mesmo, encontrar o equilíbrio na vida pessoal com a profissional é sem dúvida a grande chave da minha evolução.
Na sua maioria os eventos são a noite, como você faz para que esse ritmo da noite não afete sua saúde? Sempre fui um cara que gostei da noite, mas também sempre gostei muito do dia, nunca deixei de aproveitar um bom dia de sol, de me conectar com a natureza. Mesmo com a grande quantidade de eventos, sempre fui de acordar, praticar exercícios, ir à cachoeira, ir à praia; sempre cuidando da saúde priorizando a qualidade de vida. Mantenho também um acompanhamento do médico Dr. Lucas Costa durante todo o ano. Com a pandemia, descobri uma nova paixão: o muay thai, estou amando treinar. Pratico duas vezes na semana na Lagoa, ao ar livre, com um professor. O esporte exige disciplina e controle, além de queimar calorias, ajuda a combater o stress e à ansiedade.
Bebo socialmente, fiquei de março a Junho, sem beber bebida alcoólica. Isso foi muito bom, praticamente um detox. Não fumo, estou sempre em busca de uma alimentação adequada até pela correria do meu trabalho. Confesso que durante alguns meses dei uma relaxada, principalmente no tempo em que estava na casa dos meus pais. Agora, tenho seguido uma alimentação bem saudável. Tenho uma vantagem não sou muito fã de doce, meu vício é o salgado.
Sabemos que o setor de eventos no brasil foi um dos mais prejudicados devido a pandemia da covid-19, foi um dos primeiros a parar e poderá ser um dos últimos a voltar à sua normalidade. Como você encara isso Léo? Tem sido muito difícil. Sem dúvida o mercado de entretenimento foi um dos mais afetados na pandemia. Já são sete meses sem eventos, de um dos setores que mais movimenta a Economia no país. Quando paramos em Março, estava vindo de um verão e carnaval super positivos, com uma curva crescente de trabalho. Para você ter ideia, logo após o carnaval eu já tinha sete eventos corporativos fechados em uma margem de 15 dias tanto no Rio quanto em São Paulo e tudo foi cancelado. As festas marcadas, todas foram adiadas como a Arca de Noé em SP com ingressos esgotados, data marcada em BH e Brasília, ou seja, as festas foram adiadas e ainda não temos uma data certa para as suas realizações. Naquele primeiro momento, foi uma sensação de impotência, de insegurança, sem saber de fato o que ia acontecer. Mas, sempre fui um cara muito otimista, positivo, mesmo dentro de um cenário ruim mundialmente, em que tivemos que parar em prol da saúde, do cuidado, do respeito ao próximo, consegui me reinventar dentro do possível.
Estamos diante de um cenário delicado no nosso país, qual a importância de criar nesse momento projetos profissionais na área de eventos? Como falei, o setor de entretenimento, especificamente o de eventos, envolve milhares de pessoas que trabalham nesta área, mas ao tempo tendo que cuidar do seu bem maior que é a saúde. Aqui no Rio houve união dos produtores de eventos para ajudar famílias que dependem do setor. Foram feitas várias rifas, vakinhas. Houve uma união mais do que necessária com muita solidariedade e empatia. Acredito que neste momento, as agências e produtoras estão prontas para a retomada nessa nova fase, com todas as normas sanitárias que precisam ser seguidas e cumpridas, com limitação de ocupação do espaço, priorizando locais ao ar livre, disponibilização de álcool gel, obrigatoriedade do uso de máscaras. Acredito que todos os responsáveis estão focados para que aconteça o retorno de forma cuidadosa e muito profissional. O que tem me assustado é a desordem criada com a quantidade de eventos clandestinos todos os fins de semanas em vários estados sem nenhum cuidado, com lugares lotados. Isso acaba por prejudicar quem tem e quem leva o trabalho no entretenimento a sério. Por isso, acredito mais do que nunca na união do setor para que voltemos ainda mais fortalecidos e valorizados.
Os eventos tradicionais foram adaptados para eventos online ou no estilo drive in, por exemplo. Como foi criar esses novos estilos de evento? Graças a Deus, eu consegui me reinventar durante a pandemia. Abri um novo caminho dentro do meu trabalho e amei. Tenho encarado como um novo desafio e é sempre válido ser desafiado, sair da sua zona de conforto. Desde abril, captei novos clientes dentro da pandemia, oferecendo sending a diversas marcas, fazendo Co branding de relacionamento e união gerando sinergia entre produtos criando ações memoráveis, rentáveis e sustentáveis para ambos os lados, gerando uma parceria forte e alinhada com as marcas envolvidas, apoiei diversos empresários donos de restaurantes criando ações de delivery. Foram diversas intermediações para lives com marcas bacanas. Eu e o meu parceiro profissional Gui Barros, realizamos uma inauguração da concessionária BM Rio localizada em Botafogo aqui no Rio De Janeiro em forma de live com show da cantora Paula Toller. O mais bacana tem sido a diversidade das ações e dos clientes: concessionária de carro, incorporadora de imóveis, banco de investimento, bebidas, gastronomia, mídias sociais…ou seja, criando conexões e experiências para as marcas.
Como você enxerga o mundo dos eventos daqui para frente? Os protocolos serão cada vez mais rígidos mesmo após a chegada da vacina, estaremos ligados cada vez mais à tecnologia e a questão do cuidado ambiental. A fórmula atual será gradativa, uma volta aos poucos, testando, ajustando com muita pesquisa e entendimento para esse novo momento, com os eventos categorizados por um protocolo com muita consistência e profissionalismo.Vejo que as lives vieram pra ficar, mesmo que no momento atual já não tenhamos o mesmo impacto de meses atrás, vejo uma força bem grande do mundo virtual, as marcas estão criando conteúdos diários o tempo todo, gerando grandes engajamentos com o público.Acredito muito nos eventos de forma híbrida, ainda mais nessa evolução tecnológica on line proporcionando aumento e impacto de alcance, redução de custo, e a reverberação midiática na hora do evento realizado.
Quem é você na NOVA ERA Léo? Vejo um Léo cada vez mais em busca de uma conexão (sintonia) espiritual. Sempre fui ligado à energia, e agora mais do que nunca tenho seguido meus sentidos. Tenho um terapeuta holístico, Marcos Heringer, que tem me ajudado muito nesses meus questionamentos. Me vejo cada vez mais conectado com o presente, vivenciando intensamente o agora, curtindo momentos simples, me permitindo a coisas novas, tenho evoluído na cobrança comigo e consigo enxergar a minha ansiedade mais controlada. De fato, me vejo mais maduro, mais confiante, tenho me respeitado mais e isso tem sido muito bacana.
Me vejo me priorizando mais também, amo demais o meu trabalho, é o meu “dom” da vida, mas pude perceber nestes meses, como já deixei de vivenciar muitas coisas na minha vida por priorizar demais o meu trabalho. Encontrar um equilíbrio é o cenário ideal para ambos os lados, e eu estou em busca disso. O quanto valorizo e como sou privilegiado pela minha família, pelos amigos que tenho. Lealdade, parceria, honestidade são combustíveis necessários de um relacionamento para a vida. E que tudo isso que temos passado só fez fortalecer o quanto é necessário o engajamento em causas importantes, a solidariedade, a empatia e a compaixão. E um dos meus lemas sem dúvida é o fortalecimento da coletividade, que será fundamental para esses novos tempos que estamos vivendo, principalmente no setor do meu trabalho. Espero que com todos esses aprendizados, eu possa reverberar luz, amor e alegria a todos a minha volta e ao universo.