CAPA: MALVINO SALVADOR EM SEU MELHOR PAPEL: PAIZÃO

Disciplina e metas regem Malvino Salvador, seja no seu trabalho como ator, seja no jiu-jítsu ou mesmo em casa com a família. E foi isso que “salvou” a rotina de Malvino durante o período de isolamento social. Período esse que lhe proporcionou acompanhar a gravidez da sua esposa Kyra Gracie do seu primeiro filho (Malvino já era pai de três meninas), o Ryan que nasceu início do mês. Inquieto e sempre otimista, Malvino segue para um novo ano com gás e muitos projetos em mente. “Só enxergo pontos positivos, afinal, sou um incorrigível otimista”, comentou ele durante a entrevista para a MENSCH, que como sempre o resultado foi muito bom.

Malvino, e 2021 começou com um belo presente, seu primeiro filho homem. Como tem sido isso para você? Pois é, Rayan veio para completar ainda mais a felicidade da nossa família. Não foi planejado, mas recebido com todo amor por nós. Apesar de ser pai de três meninas, está sendo tudo completamente diferente. Já estava inserido completamente no universo feminino, agora chegou um meninão para me fazer companhia com as mulheres da minha vida. Ele é muito bonzinho, me emociono cada vez que o olho, enxergo meus traços naquele pedacinho de gente. É muito emocionante ver também como as minhas filhas o tratam. Estamos todos muito apaixonados. 

Esse período de pandemia com mais tempo em casa serviu para acompanhar a gravidez de Kyra. Curtiu muito esse período até o nascimento de Rayan? O que foi mais legal? Como tudo na vida, existe um lado positivo. O ano de 2020 não foi fácil, mas foi uma oportunidade de olharmos mais para nós, valorizar as pequenas coisas da vida, como o convívio familiar, por exemplo, embora eu sempre estivesse muito presente na rotina de casa. Com o isolamento social, ficamos mais perto um do outro e, de fato, curti cada momento da gestação junto com a minha mulher e minhas filhas. Mas mesmo em casa, antes de começar a flexibilização, eu e Kyra não paramos. Nem se a gente quisesse, conseguiria. Além da demanda com as meninas, que incluía aulas, atividades físicas, organização da casa e tudo mais, tivemos que nos reinventar com a nossa academia de jiu-jítsu, a Gracie Kore e colocamos muitos projetos em prática como aulas online para não desamparar nossos alunos. Tudo isso nos deixou muito ativos.

Pai de quatro crianças num mundo caótico em que vivemos. Isso te preocupa? A preocupação vai existir o tempo inteiro. É muita responsabilidade pôr uma criança no mundo. Aqui o papo é aberto, conversamos de tudo dentro do entendimento das crianças. Somos muito disciplinados. Acho que isso tem muito a ver com o amor que temos pela luta. Quero que meus filhos adquiram esses valores do jiu-jitsu, que vão muito além das técnicas. Nós trabalhamos o respeito ao próximo, o trabalho em equipe, a autoconfiança, honestidade, benevolência, coragem e equilíbrio. Essa base vai fortalecer a jornada que eles irão percorrer.

Hoje em dia existe uma tendência de se procurar pequenas cidades no interior para fugir dos grandes centro em busca de mais qualidade de vida e contato com a natureza. Você pensa nisso ou não? Sou um cara da cidade grande, gosto da agitação do dia a dia. Claro que, às vezes, vem a necessidade de desacelerar, esvaziar a mente e recarregar as baterias. Mas quando isso acontece, é o momento de férias. E é assim que eu e Kyra fazemos. Somos muito parecidos na inquietude, estamos sempre fazendo algo, não seríamos felizes em lugar pacato (risos). Temos nossa vida estruturada na cidade grande e somos felizes assim. 

Que valores mudaram com o tempo na sua vida depois do nascimento dos filhos? Todos! Quando nos tornamos pais, viramos espelho, referência, inspiração. Muito do que sou hoje, vem da minha base familiar. Meu senso de responsabilidade mudou muito! Não me arrisco tanto, me cuido ainda mais para estar vivo e saudável para acompanhar o crescimento dos meus filhos. Me vejo bem velhinho, mas cheio de disposição para curtir meus netos e bisnetos!

Saúde, boa forma e higiene mental seriam um foco, uma busca ou um resultado para você hoje em dia mais do que nunca? Sim, cada vez mais! Uma coisa encadeia a outra. Nutrir os pensamentos com otimismo, buscar metas, se alimentar bem, valorizar o descanso, escolher boas companhias, praticar exercícios… Na minha vida, por exemplo, a prática de exercício físico sempre foi um momento de higiene mental. Estamos sempre com metas para cumprir, a correria devora nosso tempo e se deixar, o estresse te domina. As metas são importantes pois nos estimulam. Ao mesmo tempo é preciso ter um momento para se olhar, se cuidar. E o retorno que tenho desse cuidado comigo é saúde e disposição para cuidar com energia dos meus filhos e de todas as demandas da vida.

Falando em saúde, hoje aos 44 anos tem alguma preocupação que não tinha aos 34? Claro! Apesar de eu me cuidar, a idade chega para todo mundo (risos). Apesar de não ter do que reclamar e não me trocar pelo Malvino de 34 anos de maneira alguma, o passar do tempo acontece. A juventude passa. Pratico jiu-jitsu e boxe, e mesmo tendo disposição para fazer um treino duro, sei dos meus limites e tento não ultrapassa-los. Assim evito lesões que me impediriam de continuar a treinar com regularidade, o que é super importante para a saúde. A maturidade vem me trazendo mais equilíbrio.

Como foi passar pelo isolamento social? Como lidou com isso? No início foi complicado. Tínhamos já uma estrutura, uma rotina e de repente, tudo mudou. Mas com o tempo tudo foi se ajeitando. O fato de sermos disciplinados, ajudou muito! Aqui funcionamos no esquema de força-tarefa. Até as meninas ajudavam na organização da casa, guardando seus brinquedos depois de brincar, por exemplo. E novamente olhando pelo lado positivo, foi uma oportunidade de estar mais presente na vida das meninas, da Kyra, da gestação do meu filho. Sei que nem todos tiveram o privilégio que eu tive de passar esse isolamento com um teto, saúde e comida na mesa. Sou muito grato por isso.

Foi um bom momento para se assistir em “Haja Coração”? Como você olha esse trabalho hoje em dia? Nem sempre consigo assistir por causa dos compromissos, mas sempre que vejo, adoro! Morro de saudade da equipe. É uma viagem ao tempo. E é muito bom poder rever as cenas com um certo distanciamento. Foi um personagem muito marcante na minha carreira e que tenho muito carinho. 

Soubemos que você voltaria a TV com a nova fase de “Malhação” que terminou sendo cancelada. Foi remanejado para algum outro trabalho? Em que pé ficou essa volta à TV? Acabou não acontecendo esse trabalho, mas outros acontecerão. Para esse semestre, tenho uma novidade, que ainda não posso falar, mas que estou bastante empolgado, pois é um gênero que sempre quis fazer. Tenho um projeto para o teatro, também para esse ano, mas ainda sem data definida e estudando alguns convites que têm surgido. Esses outros para o segundo semestre. 

Trabalhar por obra ou longo contrato tem suas vantagens e desvantagens. Como você enxerga isso? São outros tempos com novos modelos de mercado. Sou empresário também e entendo como funcionam esses movimentos. Sou muito grato com a Globo e novas parcerias podem surgir. Fiz grandes papeis na casa e sou muito feliz por cada oportunidade. Agora, nesse novo modelo, tenho mais liberdade e disponibilidade para outros trabalhos, que antes não conseguia conciliar. Só enxergo pontos positivos, afinal, sou um incorrigível otimista.

O que costuma ler, ver e ouvir? Não sou preso a gêneros. Vai do estado de espírito. Gosto de estar por dentro de tudo. De leitura, gosto dos mais variados temas. Na música, gosto muito de Rock, Jazz, Blues, MPB e Reggae, mas também outros gêneros. Mas confesso que ultimamente as canções infantis é que tem dominado lá em casa e no carro (risos). No cinema e TV, tenho preferência pelo drama, mas também vejo de tudo. Adoro documentários. 

Quando está com tempo livre que programa faz a sua cabeça? Amo esportes e natureza. Quando pinta um tempo livre a primeira opção é sempre viajar, mas quando não dá, fico feliz em curtir uma praia, sair para jantar com a Kyra, passear com as crianças e encontrar os amigos. Nesse momento de pandemia, sempre há a necessidade de adaptar as atividades para manter a segurança. 

O que espera de 2021? Ou fica difícil planejar algo ainda? Apesar de 2020 ter sido um ano difícil, foi de muito aprendizado e resiliência. Estou cheio de esperanças para 2021. Acredito que será um ano mais leve depois de tudo que vivemos nos últimos meses. Não perco a fé nunca. E com a chegada do meu meninão, me sinto ainda com mais esperanças nos novos tempos. Estou feliz que voltarei a exercer meu lado artístico, que tanto me dá prazer e sigo firme e forte junto com minha mulher, Kyra Gracie, projetando a expansão da nossa academia de Jiu Jitsu, a Gracie Kore, que é um sucesso! A clínica de transplante capilar de que sou sócio, a Mais Cabello, segue em expansão pelo país e outros projetos pessoais estão em andamento, ou seja, estou muito otimista com 2021 no âmbito pessoal. No coletivo, desejo profundamente que as vacinas deem conta de acabar com a pandemia até o fim do ano. Passando por isso, a humanidade deverá experimentar um momento virtuoso, creio.

Fotos Glin. Mira

Styling Samantha Szczerb

Agradecimentos Cliffside Malvino usou: Amil Confecções, By Segheto, King & Joe, Edu Bogosian e Eduardo Guinle