A fotografia entrou na vida do carioca Sergio Santoian quase que simultaneamente com o surgimento da MENSCH. Foi dele as nossas primeiras capas impressas e a cada novo trabalho, um novo olhar. Um olhar criativo, ousado e até mesmo invasivo em revelar a pessoa em sua intimidade. Fosse vestida ou despida, todos queriam posar para as lentes de Santoian. E isso foi uma crescente evolução de técnica, sensibilidade e ousadia que este ano completa 10 anos. E para celebrar esses primeiros 10 anos, Serginho, como é mais conhecido, selecionou 70 fotos que estarão em um livro comemorando os 10 anos de carreira, #retratossantoian que começa a ser vendido na quarta (11/08) sob demanda.
Mas Serginho não para por aí, em dezembro lança o livro com os retratos femininos. Os livros são uma produção independente e produzidos sob demanda, ou seja… a pessoa encomenda e ele mando fazer. Na capa desse primeiro livro está a foto do ator e modelo Daniel Keplacz, que tem posado para Santoian desde 2014. “É muito legal olhar para as nossas fotos lá de trás e enxergar uma evolução ensaio após ensaio, ano após ano”, comentou Serginho em entrevista para MENSCH.
Nesse primeiro livro, de fotos masculinas, a ideia foi mesclar anônimos com pessoas conhecidas do grande público, nomes presentes como são Rafael Cardoso, Alexandre Nero, Carmo Dalla Vecchia… são pessoas que renderam composições fotográficas muito interessantes. No livro estão presentes também, pessoas com quem Serginho fez amizade fotografando, e que a troca resultou em trabalhos bem legais, como o caso de Dudu Pelizzari (foto na ponte), Caetano O’Maaihlan (foto de braços pra cima e olhos fechados em p&b), Dayzon Nascimento (com a planta no rosto), Leandro Schpiura (dentro do carro) … e por aí vai. Bem, vamos ao papo com o grande artista Serginho Santoian…
Serginho, são 10 anos de fotografias e muitas histórias pra contar. Consegue citar alguns momentos marcantes que não saem da memória? Com certeza! Nossa, passa um filme na cabeça agora parando pra pensar. Ao longo desses 10 anos, essas histórias foram acontecendo quase que diariamente, no ritmo que me dava pro meu trabalho. O momento mais marcante, com certeza, foi quando fiz a primeira foto do meu projeto OPHELIA. Era dia 10 de janeiro de 2013 e estava chovendo no Rio de Janeiro. Eu liguei pro meu amigo Thiago Sancho (bailarino) que estava na cidade por poucos dias, antes de viajar em turnê com o espetáculo que estava se apresentando. Falei que estava com a ideia de ir na praia e clicá-lo embaixo de chuva, se jogando de cima de uma pedra. Eu lembro que queria a ideia de como se fosse a OPHELIA abandonando todo sofrimento, loucura e encontrando sua liberdade na água … por isso tinha quer ser um bailarino. Ele topou, nós fomos até a praia horas depois e fiz uma das fotos que considero como a mais bonitas da minha carreira, até aqui. Ali nasceu o projeto que me daria notoriedade como fotografo e que também faria eu me aceitar como tal e não mais como um ator que fazia fotos.
Outras histórias muito legais, aconteceram com Alexandre Nero. Já fizemos alguns ensaios e em todos eles aprendi muito com ele. Muitas das “loucuras” de composição que criei, surgiram com provocações do Nero nos ensaios. A gente podia estar numa parede branca, com roupa formal e do nada, vinha o Nero com algum elemento: alcachofra, flor, vidro… Eu nem questionava e arriscava. Na maioria das vezes, deu certo. Então, acho que ele nem sabe disso, mas sou muito grato a ele e por tudo que ele me ensinou, mesmo sem talvez saber o que estava fazendo. Um dia, eu estava dirigindo e ele me mandou um texto que escreveu sobre meu projeto OPHELIA… foi uma das coisas mais bonitas que alguém já escreveu sobre meu trabalho.
“Quantas loucuras cabem dentro de uma Ofélia? Quantas normalidades nos cabem? Nos cabem normalidades? De qual Ofélia falamos?
De Shakespeare? De Pessoa? Da etimologia “serpente”? Ofélia, irmã de Amélia, que não era a mulher de verdade?
Falamos da Ophelia de Santoian! Na fala da luz. Na “phala” da “photo”! Do grito sem som! Do voo parado no ar! A grafia do incerto!
Ophelia project é a tortografia da luz!”
Alexandre Nero
E como avalia o Serginho de 10 anos atrás e o de agora? O que mudou? Muita coisa mudou! Amadureci, fiquei menos ansioso, Crio menos expectativas… Procuro manter a essência do menino que começou a fotografar com 26 anos, sem saber que se tornaria fotógrafo profissional. É legal olhar pra trás e ver que esse menino tá aqui, do lado do homem e do profissional que me tornei, com mais experiência, mais vivência, mais técnica… mas cheio de sonhos, exatamente como eu sonhava há 10 anos. De lá pra cá já realizei alguns desses sonhos e outros, tenho certeza que ainda vou realizar. Não paro de sonhar nunca!
10 anos e um livro. Como foi selecionar algumas fotos no meio de tantos trabalhos incríveis? Obrigado! Difícil e quase enlouquecedor. Os parâmetros pra escolha das fotos, foram as composições. Me desapeguei das pessoas e foquei nas imagens e na força delas. Se eu tivesse ficado preso às pessoas, não conseguiria selecionar nem 10 fotos, porque cada uma dessas pessoas tem uma importância única na minha trajetória.
O que este livro representa pra você e o que podemos esperar dele? Esse livro é uma comemoração! Representa tanta coisa pra mim… Significa que minhas escolhas, na maioria das vezes, estão corretas, que estou no caminho certo. Significa que o tanto que me entrego pro meu trabalho, está valendo a pena.
Quem e o que ainda falta fotografar? Eu tenho muita vontade de fotografar o Pedro Andrade. Ainda não aconteceu porque ele mora em NY e eu em SP. Quase aconteceu, mas aí veio a pandemia. Mas uma hora, vai acontecer. Eu tenho muita vontade de viajar mais, fotografando também e fazer uma exposição só com fotos de viagens pelo mundo. Está nos meus planos.
E quem era seu desejo que você conseguiu realizar? O desejo que consegui realizar, sem dúvida, foi fotografar minha maior inspiração como fotógrafo… Bob Wolfenson. Eu fiz dois workshops com o Bob e num deles, os alunos precisavam se fotografar pra praticar. Eu na maior cara de pau, pedi pra fotografá-lo e ele topou. Depois, editei as fotos e mandei pra ele. Ele autorizou que eu as usasse nas redes sociais e agora autorizou que uma dessas imagens estivesse em meu livro. Posso estar mais feliz? Aeeeee!!
Você e a MENSCH começaram praticamente juntos. Dentre inúmeras capas que você já fez pra nós, quais as mais marcantes? Né? Tenho uma relação de amor e agradecimento enorme por vocês!!! Olha, já fiz muitas capas, mas as mais marcantes pra mim são todas com Alexandre Nero e a capa do Emílio Dantas também.
E o que vem daqui pra frente? O que podemos esperar de Santioan? Agora em agosto eu lanço a nona exposição da minha carreira, aqui em São Paulo. É a terceira exposição do meu projeto em parceria com a maquiadora e artista plástica Louise Helène #feitotatuagem. Dessa vez, retratando 20 mulheres incríveis, em parceria com a ONU Mulheres. Em dezembro, lanço o segundo livro, com retratos femininos. Assim que a pandemia ficar mais controlada, quero viajar pra fotografar… E muitas outras coisas estão sendo pensadas … com o tempo, vou colocando tudo em prática e dando notícias!