No Dia Internacional da Cerveja, que tal tirar algumas dúvidas sobre a bebida mais democrática que tem no Mundo? Afinal, cerveja engorda? A garrafa e a lata interferem na qualidade do sabor? O colarinho não serve para nada? Cervejas artesanais, especiais e mainstream: qual é a diferença? Dúvidas como essas são bem frequentes em grupos de amigos e tomadores de cerveja. Para tirar essas e outras dúvidas consultamos um beer sommelier e uma nutricionista para apontar o que realmente é verdade e o que é mito no meio do mundo cervejeiro. E aproveite o dia internacional da cerveja para brindar com…. cerveja!!
1. CERVEJA DEVE SER COLOCADA DEITADA NA GELADEIRA PARA GELAR MAIS RÁPIDO: MITO. De acordo com o beer sommelier Túlio Rodrigues, a melhor posição para armazenar e gelar cervejas é de pé, “para que a superfície de contato do líquido com o ar seja menor”. A cerveja deve ser resfriada gradualmente; colocá-la no congelador, só se for momentos antes de servi-la, ensina Túlio.
2. CERVEJA NÃO DEVE SER SERVIDA MUITO GELADA: VERDADE. Quando servida em baixíssima temperatura (“estupidamente gelada”, como costumamos dizer), a cerveja acaba anestesiando as papilas gustativas da língua, que fazem com que você perca a sensibilidade para degustar a bebida. “O calor pede cervejas geladas, mas sem exageros”, explica Túlio Rodrigues.
3. CHOPE É A MESMA COISA QUE CERVEJA: VERDADE. O chope e a cerveja são, sim, a mesma bebida. A única diferença é que a cerveja passa por pasteurização (um tratamento térmico que garante maior prazo de validade ao produto); o chope, por sua vez, não passa pelo mesmo processo, é mais calórico do que a cerveja e tem um prazo de validade menor.
4. CERVEJA DÁ BARRIGA: MITO. “Esse é o mito mais famoso que existe em torno da cerveja. A Ciência já comprovou que a cerveja, se consumida com moderação, não é a responsável pelo aumento de peso nem de gordura abdominal”, afirma Túlio Rodrigues. Estudos mostraram que o que engorda não é a cerveja, e sim os alimentos gordurosos (salgadinhos e outros tira-gostos calóricos) que são comumente associados ao consumo da bebida.
5. CERVEJA NÃO PODE ESTAR INSERIDA EM UM ESTILO DE VIDA BALANCEADO: MITO. “Esse é outro pensamento bastante equivocado disseminado aqui no Brasil”, afirma Túlio. Assim como o vinho, a cerveja é feita de ingredientes naturais cujos benefícios são cientificamente comprovados. “Um bom exemplo disso é a cevada, que dá origem ao malte, e o lúpulo. Ambos são ricos em antioxidantes, vitaminas e minerais, que, além de ajudarem a dar corpo, aroma, sabor e textura à cerveja, fazem da bebida uma aliada na dieta balanceada”, afirma Túlio.
6. O COLARINHO TEM UMA FUNÇÃO ESPECÍFICA: VERDADE. A espuma protege a bebida da oxidação, ou seja, impede que ela entre em contato direto com o oxigênio, além de reduzir a perda de gás e ajudar a manter a temperatura. “Dois dedos de espessura é o ideal”, explica Túlio.
7. CERVEJA É UMA BEBIDA DE BAIXA CALORIA: VERDADE. A maioria dos brasileiros não sabe, mas a cerveja é uma bebida de baixa caloria, se comparada com outras bebidas, como o vinho e até o suco de laranja, explica Túlio. Uma taça de vinho tem 240 kcal, enquanto uma taça de cerveja tem pouco mais da metade disso (123 kcal). Além disso, a cerveja possui os mesmos compostos orgânicos benéficos à saúde que o vinho: antioxidantes, vitaminas e sais minerais.
8. CERVEJA DE GARRAFA É MAIS GOSTOSA QUE A DE LATA (OU VICE VERSA): VERDADE. O produto é o mesmo, não importa o recipiente, porém, o aroma e sabor podem ser influenciados pelo modo de conservar e resfriar a bebida. Os excessos são prejudiciais para a degustação da cerveja; o ideal é manter a temperatura constante, seja ela fria ou sem refrigeração. “Quando ocorre a mudança brusca de temperatura, o sabor da cerveja é prejudicado, sim”, ensina Túlio.
9. NÃO EXISTE COPO ESPECÍFICO PARA TOMAR CERVEJA: MITO. Para que os diferentes sabores e aromas sejam ressaltados, cada estilo de cerveja pede um tipo de copo adequado. A pilsen pode ser apreciada em uma tulipa ou caneca, a lambic pede taças do tipo flauta e já a weissbier, copos maiores. Se não tiver o copo ideal, utilize taças de vinho branco.
10. A CERVEJA É MAIS SAUDÁVEL QUE AS BEBIDAS DESTILADAS, COMO A CACHAÇA E O WHISKY: VERDADE. É consenso médico e científico que bebidas fermentadas, como a cerveja e o vinho, são mais saudáveis que as destiladas, como a cachaça, o whisky e a caipirinha. Isso porque a cerveja tem teor alcoólico menor que as outras bebidas e o álcool da cerveja é obtido a partir de um processo natural chamado de fermentação, mais saudável, portanto.
11. A CERVEJA NÃO TEM RITOS DE DEGUSTAÇÃO: MITO. Segundo o beer sommelier Túlio Rodrigues, apreciar e degustar uma cerveja pode ser uma verdadeira experiência sensorial. Para isso, é necessário ativar os cinco sentidos. A bebida tem ritos próprios de degustação, assim como o vinho. “Uma dica é procurar sentir os aromas da cerveja, criando uma memória olfativa da bebida, assim como o tato bucal e até a análise visual de uma cerveja (cor, transparência, formação…)”, explica Túlio.
12. O LÚPULO (INGREDIENTE NATURAL QUE DÁ O AMARGOR À CERVEJA) É UM PODEROSO CONSERVANTE NATURAL: VERDADE. Para a Ciência e a Medicina, a função do lúpulo vai muito além de conferir o amargor característico de uma cerveja. Além de ser um poderoso conservante natural, que pode ser utilizado até na culinária, essa flor é a nova aposta da cosmetologia para clarear a pele e prevenir manchas e inflamações do tecido dérmico e está sendo usado na forma de peeling. É o que explica a farmacêutica Sara Bentler. “Para se ter uma ideia da qualidade do lúpulo como ativo contra manchas, ele é um dos mais utilizados no Japão, que é um país bastante exigente quando o assunto é manter a uniformidade da pigmentação da pele. Esse ativo promove o clareamento de forma segura e garante que as manchinhas não voltem”, explica.
13. CERVEJA E SAÚDE NÃO COMBINAM: MITO. “A cerveja é o novo vinho”, resume a nutricionista Andrea Zaccaro, presidente da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva que tem acompanhado estudos estrangeiros sobre a bebida. “Já existe um consenso médico-científico de que é possível obter os benefícios do consumo moderado da cerveja se esse consumo for moderado e responsável”, explica a nutricionista. De acordo com Andrea, os polifenóis (compostos orgânicos presentes na cerveja) desempenham importante função antioxidante no organismo.
14. INGREDIENTES NATURAIS DA CERVEJA TÊM POTENCIALIDADES QUE MERECEM SER EXPLORADAS: VERDADE. Segundo a nutricionista Andrea Zaccaro, os ingredientes naturais da cerveja fazem bem à saúde dentro e fora da garrafa. “A cevada, por exemplo, é considerada pelos especialistas como um ‘superalimento’, ou seja, um alimento bastante completo, nutricionalmente muito rico e que pode ser ‘coringa’ em qualquer dieta balanceada”, explica. O grão, segundo Andrea, pode ser consumido em substituição ao arroz, à farinha de trigo e na preparação de saladas, risotos e até chá.
15. CERVEJAS ARTESANAIS, ESPECIAIS E MAINSTREAM SÃO A MESMA COISA: MITO. Segundo o beer sommelier Túlio Rodrigues, podemos classificar as cervejas de acordo com a forma como elas são produzidas, mas todas têm seu público e o seu valor. “A diferença básica entre elas é que as cervejas chamadas de mainstream têm um processo de fabricação bastante elaborado, complexo, justamente para garantir a qualidade da reprodutibilidade da receita; ou seja, são cervejas com processos de fabricação exemplares que garantem o alto padrão de paladar”, explica Túlio. Ainda de acordo com o beer sommelier, as cervejas ditas artesanais têm foco na licença criativa: “São cervejas de produções pequenas e mais ousadas, principalmente em termos de ingredientes (castanhas, especiarias e outras receitas até mais inusitadas”, afirma Túlio. Já as cervejas ditas especiais são todas aquelas cujo preço é 20% maior do que as mainstream. “O que classifica uma cerveja como ‘especial’ é o valor puramente econômico”.