CAPA: Caio Braz, descolado, moderno e sempre bem humorado. É de casa!

Antenado em moda, estilo, tendências, redes sociais e TV, Caio Braz traz tudo isso em uma mistura cultural que envolve Rio, São Paulo e Recife, sua cidade de origem. Caio é do mundo, não tem barreiras. Mas possui uma identidade própria que faz dele um cara atual com seu presente, mas de mente aberta pelo que está por vir. Suas raízes trazem seu DNA que ao longo do tempo foi se moldando e resulta seja na apresentação do GNT Fashion, seja em seu blog de moda masculina ou ainda em suas postagens no Instagram.

Caio falar de moda para homem é diferente para você em que? Homens ainda são mais medrosos, por conta do machismo. A moda não pode ser um tabu, um assunto a ser evitado, chamar de coisa de mulherzinha ou de gay. Nós usamos roupas todos os dias. Escolhemos roupas todos os dias. É absolutamente natural poder falar sobre isso. A nova geração já lida bem melhor com isso, com mais naturalidade, liberdade e interesse.

Como você avalia o homem brasileiro em relação à moda de modo geral? Sabemos das diferenças entre as regiões no Brasil, mas existe uma ideia geral ou é muito diferente? Apesar da internet ter democratizado muito a informação – se você parar para pensar todos lemos os mesmos portais e revistas então somos impactados pelo mesmo conteúdo nacionalmente, o contexto cultural de cada cidade é bem diferente. O paulistano é o mais fashion, a temperatura ajuda bastante também. É mais fácil se vestir bem no frio. O carioca está sempre muito ligado no corpo, a roupa é um acessório para o corpo esculpido na academia. Cultura muito esportiva. Recife tem uma semelhança grande com São Paulo, com a diferença do clima, que não ajuda muito, o calor é difícil demais.

Você acredita que a vinda de grandes grifes internacionais para o Nordeste já esteja influenciando o homem da região? De que forma? Totalmente. Quebra-se uma barreira. Não há motivos para não conhecer a loja, se ela está ali no seu dia a dia. Deixa de ser ‘um grande programa’ ir à loja de luxo, normaliza. Antes feitas nas viagens, quando as pessoas estão sempre com agenda apertada e podiam deixar curiosidades da moda para depois, sempre. Além do parcelamento, que hoje aproxima a classe média das grandes grifes. Comprar luxo em 10x ajuda muito. Continuo achando o Brasil um território muito fértil para essas marcas. Somos o segundo país do mundo nas redes sociais, ou seja, gostamos de novidade, informação e símbolos de poder. Status é algo muito apreciado no Brasil, com todas as benesses e desvantagens que essa frase expõe.

Como o conceito de moda masculina tem mudado hoje em dia com as possibilidades de acesso à informação pelas redes sociais e a presença dessas grandes grifes? Há muito mais informação “fora da caixa”, além das pautas básicas do tipo ”Como se vestir para o happy hour” ou “Como usar rosa”. Evoluímos. O Pinterest, por exemplo, é um mural de referências infinito, um show de imagens. Há muito conteúdo no Youtube, tutoriais, como os que eu faço no meu canal, no programa “Roupa de Homem” (youtube.com/caiobraz), ajudando a descomplicar a moda.

Falando em redes sociais como você vê esse boom de blogueiros e instagramers? Isso tem uma certa validade? Tem muita gente que encara como um trabalho sério e isso é maravilhoso, são empreendedores da comunicação, donos de suas carreiras, seus próprios empresários e produtores de conteúdo incessantes. Os bons sempre terão destaque. Há muita gente que experimenta e mantém isso como uma segunda ocupação, o que é interessante também, mas quando a agenda aperta geralmente desiste. E tem gente que flerta com isso só para ganhar algumas coisas de graça, uns convites e buscar alguma validação social. Consistência é o que diferencia uma carreira longa nesse setor.

 

Como você lida com redes sociais? Até que ponto isso pesa para seu trabalho dentro e fora do universo digital? Não sou aquela pessoa que fica filmando o tempo inteiro os mínimos detalhes da vida, nem gosto de seguir gente assim. Não posto tudo o que faço nem tudo o que penso, seria ingenuidade. Já refleti muito sobre isso. Se eu me expusesse mais eu teria muito mais seguidores. Mas não sou fissurado em popularidade, gosto de uma estratégia mais longeva. Entre escrever no blog, nas redes sociais, gravar para o Youtube, para o GNT Fashion, fazer ao vivo na Rede Globo, Snapchat, as inúmeras viagens, os projetos com marcas, reuniões nas agências, não sobra muito tempo. É muito trabalho, e é preciso ter disciplina pra não confundir trabalho e lazer. É preciso entregar conteúdo o tempo inteiro. Mas olha, não abro mão de ter uma vida social, ver todos os shows das bandas que eu amo no Circo Voador, praticar esporte todos os dias, corrida ou tênis, me jogar na noite, tudo isso.

Você sempre está participando de programas ligados à moda e estilo no canal GNT. O que mais curte e o que podemos esperar mais? Estou no GNT Fashion há cinco anos e na Globo desde que o “É de Casa” começou, há uns 9 meses, como colaborador. Numa espécie de coluna de moda masculina. É muito privilégio falar de moda masculina em rede nacional, fico feliz. E no Youtube, com minhas séries também de moda masculina, viagens e um montão de pensatas. Quero continuar criando novas séries para a internet e trazer mais assuntos além da moda, como cultura, comportamento e educação.

 

Onde você se sente mais confortável falando de moda? TV? Web? Ou tudo junto misturado? Eu amo televisão, principalmente ao vivo. Recentemente ancorei a transmissão do Rio Moda Rio, novo evento de moda da cidade, pra todo o país. Gosto da adrenalina e da liberdade que o ao vivo dá de poder errar e acertar, de surgir um meme a cada segundo, de não ter o controle completo sobre a situação. A vida não é controlável. E a web é deliciosa porque é interativa, temos resposta imediata do público que é coautor do processo, o tempo inteiro. É muito mais horizontal a comunicação. É muito construtiva.

Que peças definem Caio Braz na hora de vestir? Estou numa fase sneaker muito forte. Gosto muito de tênis, novos tênis esportivos. Pesquiso muito sobre isso. Começo a me vestir pensando no tênis e depois penso na roupa. Até mesmo de terno, tenho usado tênis. Minha moda está bem esportiva, algumas coisas mais ousadas como bermuda com legging, camisetões. Gosto muito do estilo do Kanye West. Não entra de jeito nenhum sapato caramelo de bico quadrado com cinto caramelo combinando.

Existe algum conselho básico para os homens na hora de escolher o que usar? Preto não é cor de enterro. Preto é chique, fácil de usar, não suja, ajuda a esconder o que você quiser esconder. Em Recife nunca andava de preto. Descobri o preto em São Paulo. Todo mundo gótico suave. Calça preta, camisa preta, um sneaker legal. É um conselho muito simples que pode mudar o guarda-roupa de muitos homens. Menos jeans azul e t-shirt com estampa “divertidinha”, mais calça preta de algodão e t-shirt preta, com um tênis branco. Impossível errar.

 

O que você levou das suas raízes pernambucanas para fora? Moro entre RJ e SP. Minha casa é no Rio, tenho um pouso em SP. Trouxe tudo. Minha casa tem arte de Derlon, Cristina Machado, Romero de Andrade Lima, Manoel Quitério, J. Borges, Roberto Lúcio, Nuca de Tracunhaém. É uma casa super pernambucana. Como cuscuz e inhame quase todo dia (risos).

Fotos Rodrigo Lopes
Produção Executiva e Styling Márcia Dornelles (@marcia_dornelles)


Caio veste:
Calça presta e blazer Ellus, max t-shirt , jaqueta, legging e tênis (acervo pessoal)