CAPA: CAITO MAIA, O TUBARÃO MAIS ROQUEIRO DO “SHARK TANK BRASIL”

O desejo de empreender e poder fazer o que gosta faz de Caito Maia uma referência hoje em dia. Aliás, em meio a tempos difíceis onde as possibilidades de naufragar ou se superar são grandes, ter um Caito Maia como referência faz a diferença. Esse paulista de 51 anos é o homem por trás da marca Chili Beans, a maior de óculos escuros mais vendida no Brasil e a na América Latina. Ao todo já são 23 anos de fundação da marca que possui 917 lojas em todo o país e em nove países. Esse sucesso trouxe a Caito uma expertise que ele compartilha com outras pessoas, em especial novos empreendedores, com seu “Plano 3R” e como um dos tubarões do badalado programa “Shark Tank” versão Brasil. Músico de formação, sempre que possível é no rock que Caito alimenta a alma e abre a mente para novos projetos como ele nos conta aqui nessa entrevista.

Caito, como empresário e empreendedor quais os maiores desafios enfrentados em 2020 e o que ficou de lição? O ano de 2020 com certeza irá ficar para sempre marcado na memória de todos nós. Tive inúmeros aprendizados, sendo o principal deles: não conseguimos controlar nada. Quanto a Chilli Beans, inúmeros desafios junto ao meu time, que mostrou cada vez mais a nossa capacidade de resiliência e adaptabilidade. Todos os acontecimentos nos fortaleceu, não só como marca, mas também como uma ‘família’, porque é isso que nós somos. Quantas tomadas de decisão, mudanças de plano, incertezas. Porém, conseguimos ter um ano super positivo e cheio de novos projetos.

Empreender no Brasil, e no mundo, ficou ainda mais difícil? Quais as maiores ciladas que surgiram nesses últimos tempos e como fazer disso novas oportunidades para o sucesso? Não considero mais difícil, mas com muitas oportunidades. Estamos passando por uma série adaptações e tivemos que nos reinventar. O grande segredo para tornar isso possível foi a agilidade e confiança na tomada de decisões. O fator que mudou o jogo, no nosso caso, foi a criação de um plano com datas para acontecer. E mesmo tendo que alterar essas datas, o fato de ter criado esse plano e ter dado um norte para o time e para os franqueados fez total diferença. Certamente, as duas decisões mais difíceis da minha vida foram o adiamento do Chilli MOB Cruise e o fechamento das nossas mais de 917 lojas. Porém, a partir disso vieram novas ideias, projetos, fortalecemos nossos canais digitais e investimos em inovação.

Como tudo isso afetou os negócios da Chili Beans e que manobras fizeram para superar os obstáculos? Cuidamos de todos os nossos franqueados estabelecendo uma série de renegociações, ganhando prazos maiores com fornecedores, renegociando pontos de venda e passando toda a segurança necessária de que estávamos zelando por eles.

Falando na Chili Beans, olhando para trás, quais foram os maiores acertos no início? Criamos uma marca sólida, e dentro disso, até os erros foram lições para chegarmos onde estamos hoje. Nos estabelecemos não só como uma marca, mas como franqueadora.

E olhando para o futuro, quais as próximas metas (que pode nos contar, claro!)? Expansão nacional e internacional para a nossa pimenta e também para a Ótica Chilli Beans, nosso projeto promissor.

Aliás, qual a melhor definição de sucesso hoje em dia no empreendedorismo? Sucesso é fazer o que se ama de verdade e ser grato todos os dias por isso!

Em que o Caito Maia de agora é diferente do Caito do ano passado? O Caito Maia de hoje está muito mais preparado para os novos desafios que estão por vir. Porém, não faria nada diferente do Caito Maia do passado, pois até o que deu errado serviu de aprendizado para o momento atual.

O trabalho via home office era uma realidade para muitos países mas para o Brasil ainda era algo distante. Que teve que ser uma realidade prática nos dias de hoje. Como vocês lidam com isso e como ser produtivo nesse formato? Meu time praticou home office durante os quatro meses em que estivemos com as lojas fechadas. Após esse período, retomamos as nossas atividades gradativamente. Acredito que o contato ‘olho no olho’ faz toda a diferença nos processos criativos. Porém praticamos à risca todos os protocolos de segurança.

As necessidades de mudanças que a pandemia trouxe afetam de que forma a ideia de lojas físicas e e-commerce da marca? Aprendemos que é necessário existir um equilíbrio entre o físico e o digital e que um depende do outro para as coisas acontecerem. Pensando nisso, fortalecemos os nossos canais digitais, sem deixar de olhar para o físico, com a abertura de lojas em todo o país mesmo durante a pandemia.

Ano passado você lançou seu curso “Plano 3R” com finalidade auxiliar os empreendedores e as pessoas que possuem como objetivo construir uma marca, de cunho forte e lucrativo. Explica um pouco pra gente como funciona e como chegou até ele? Criei o plano 3R diante das dores e necessidades dos micro e pequenos empreendedores com seus negócios. Cheguei até ele diante da minha experiência de 23 anos no varejo com a Chilli Beans. O Plano foi baseado nos três pilares: revele – pessoas, recicle – a sua marca, recrie -histórias. Esse conceito pode ser aplicado em todos os negócios.

Dentro desses temas do “Plano 3R” o que é mais urgente para uma empresa hoje em dia, reciclar a marcar, recriar histórias ou revelar pessoas? Para que o plano tenha êxito é preciso que os três pilares façam sentido e haja equilíbrio.

Esses três aspectos é um pouco do que podemos observar durante o programa “Shark Tank Brasil” atualmente? Ali é um belo painel onde se pode observar e colocar em prática esses aspectos? Os negócios apresentados no programa também podem ser exemplo de aplicação do plano 3R. Inclusive, esse se tornou um critério de avaliação.

Por falar nisso, quais os erros mais comuns de quem chega ao “Shark Tank” em busca de investidor? Não acredito em erros, mas aprendizados. O principal desafio de quem entra no tanque é fazer um pitch de sucesso, estar em dia com o valuation da sua empresa, ter os números na ponta da língua e o mais importante: saber qual é o seu pão francês, ou seja, o produto principal ou diferencial do seu negócio.

Acredita que agir como investidor nos projetos de terceiros é uma forma de retribuir o sucesso alcançado ao longo da sua trajetória? Sim! Uma das minhas maiores realizações como empreendedor é podem ajudar os micro e pequenos e poder dividir um pouco do meu conhecimento adquirido ao longo desses 23 anos.

Já se deixou envolver emocionalmente com as histórias de alguns candidatos durante o programa e no final se arrependeu de ter topado? Qual critério? Costumo dizer que nas minhas temporadas anteriores, os negócios que mais me pegavam na veia eram os que tinham verdade, olho no olho e vontade de fazer acontecer. Hoje em dia, também avalio os negócios que os números fazem sentido e que podem dar um caldo no futuro.

Deixando um pouco o trabalho de lado, quando quer relaxar o que faz sua cabeça? Pratico meditação duas vezes ao dia, inclusive, durante as minhas meditações surgem as melhores inspirações e ideias para novos projetos. Gosto de malhar, malho todos os dias, ando de bike, toco bateria e também gosto de séries e filmes.

Onde sua porção roqueiro transborda? É um cantor de rock frustrado? (risos) Nem pensar! Sigo com a minha veia de rock star e transbordo todo o meu lado apimentado não só na Chilli, mas em tudo o que eu faço!

Para encerrar… o que deixaria de dica para “sobreviver” em 2021? (risos) Se sobrevivemos a 2020, com certeza estamos preparados para 2021! E sem dúvida temos que ter muita positividade e colocarmos a nossa energia lá no alto.