O cara que sempre sonhou em voar alto, no caso como piloto, não imaginava que de fato iria alcançar as alturas, mas não como piloto, mas diretor de cinema e TV. A trajetória de Jayme Monjardim por si só já seria um belo roteiro de um longa-metragem. Filho de um ícone da música brasileira, de uma das famílias mais tradicionais de São Paulo, estudou por muitos anos na Espanha e Itália até que se encontrou de fato no cinema e na sequência na TV. Participou de projetos marcantes da história da dramaturgia brasileira. Filmes como Olga, novelas como Pantanal, O Clone, Terra Nostra, assim como séries como A Casa das 7 Mulheres e Maysa, tem assinatura de Monjardim. Na vida pessoal também não faltaram emoções, passados três casamentos, tendo quatro filhos e recentemente superado um câncer de próstata, Monjardim se diz pronto para muito mais. Aos 65 anos muito bem vividos, em todos os aspectos, ele é um homem a nos inspirar. Um cara que virou um verdadeiro ícone do audiovisual nacional que temos o prazer de ter aqui na MENSCH.
Jayme, do seu primeiro trabalho na TV, isso em 1980, até hoje já se vão mais de 40 anos produzindo conteúdo e fazendo história. Hoje, numa era altamente digital, o que te desafia mais a criar algo novo? Nossa, 40 anos de produção é mesmo! 40 anos dedicados a criar, dedicados a trazer projetos incríveis, mas eu acho que desses 40 anos pra cá, o que muda é a tecnologia porque a criatividade, a essência, a alma dos projetos permanecem. Que é a emoção, que é o público se identificar com os personagens, se identificar com as coisas que você propõem. Com as mudanças sociais que coloco em meus projetos, então eu acho que a essência nunca vai mudar, porque a criatividade é a base de tudo – o que muda é a tecnologia, as facilidades de captação de imagens, de geração de efeitos. Isso mudou bastante nesses 40 anos – como filmávamos há 40, 30, 20, 10 anos atrás para hoje. Então, há uma mudança bem radical em relação à tecnologia, mas não há mudanças na criatividade. Lógico que com toda essa mudança em função de pandemia, em função de uma coisa nova que nunca havíamos passado, conta. Hoje, o desafio em relação à criatividade, aumenta mais ainda porque somos obrigados a gerar novas formas de conteúdo. Então, nesse ponto, há uma grande mudança, mas sempre falando do fator tecnológico. A emoção, a verdade, estas estão sempre, permanecem em todos os projetos. Minha criação sempre acontece da mesma forma.
Você já fez história na TV com trabalhos memoráveis o que torna até difícil citar alguns no meio de tantos. Acreditamos que, para você, é bem difícil escolher alguns. Mas quais trabalhos diria que foram decisivos para sua carreira, que você não poderia deixar de fazer novamente se tivesse que voltar no tempo? Em termos de tudo que já fiz, eu tive o prazer e o presente, que eu chamo de “presente dos céus”, de sempre ter realizado projetos grandiosos e muito importantes. Eu não canso de dizer que todo projeto é um filho. Ele é construído, é gerado, é cuidado, construído mesmo como educo um filho, com muito amor, com muito carinho. Cada projeto foi feito com muita emoção, muita dedicação. Alguns projetos como Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão, por terem sido as primeiras novelas que não tinham estúdio e rodavam pelo Brasil com uma caravana de 1,5 km de equipe e caminhões, etc. Terra Nostra, foi um momento muito especial de minha vida, representava bastante a família Matarazzo, um pouco sobre nossa imigração Italiana ao Brasil. Depois, O Clone porque começamos a inserir muitas camadas de discussões sociais. A série Maysa à qual me preparei por praticamente 5 anos para fazer esse projeto. Agradeço muito ao Manoel Carlos pela dedicação e pelo presente que ele me deu. A Casa das 7 Mulheres, pela história que eu tenho com o Rio Grande do Sul. Então, são tanto os projetos, até a Idade da Loba que foi um projeto que eu fiz com a TV Bandeirantes, alguns anos atrás. Eu tenho muito orgulho e respeito por todos meus trabalhos e por todas as pessoas que participaram deles.
Isso porque estamos falando de TV, mas sua estreia no cinema veio antes, como assistente de produção em 1978 com o filme Paula – A História de uma Subversiva (me corrija se estiver errado). Como chegou até aí e que pretensões você já tinha? Então, minha história com o cinema é muito engraçada e interessante. Aos 22 anos eu fiz um curta metragem da história de minha mãe, e acho que devo a minha mãe estar hoje no cinema, na televisão. E quando fiz esse curta metragem, ele foi muito bem recebido pelos cineastas, pelos festivais. Lembro que ganhei um festival, acho que o Festival de Penedo, e, a partir desse momento, me despertou muito o desejo pelo cinema. Acabei indo para a Itália, tive a oportunidade de fazer um estágio com Michelangelo Antonioni. Fiquei praticamente um ano viajando meio rato de cineclube, morando em Roma só estudando cinema. A partir daí, quando eu voltei, eu encontrei o Francisco Ramalho que eu considero meu padrinho. O Ramalho estava fazendo vários filmes e eu lembro que nesse tempo fiquei sem ter onde morar e acabei morando na produtora, na Rua Treze de Maio lá no Bixiga, que era a Oca cinematográfica. Lá tive a oportunidade de trabalhar com o Marcio Morbaro, um grande montador, e com pessoas que faziam parte daquele universo e ai acabei fazendo meus primeiros curtas metragens em 35 mm. Comecei a trabalhar como assistente de direção do Ramalho – fizemos vários filmes como Paula, depois fiz Filhos e Amantes. Fui assistente de direção da Ana Carolina, fizemos Das Tripas Coração. E depois desse período, tentei fazer um longa-metragem sobre minha mãe. Quando comecei a filmar fui pra Maricá, mas eu não tive dinheiro para terminar e não consegui verba da Embrafilme. Foi ai que o Roberto Talma, que trabalhava na Globo, tinha saído e ido para a TV Bandeirantes, me perguntou se eu gostaria de trabalhar com ele na Bandeirantes. Ele disse para eu terminar o documentário sobre minha mãe e depois, me convidou para dirigir uma novela infantil com ele. Foi assim que eu comecei a fazer novelas, foi na Bandeirantes graças ao Talma. Fiquei lá por 5 meses e ai o Mário Lucio e o Paulo Ubiratan, da Globo, viram meu trabalho e me chamaram e o Talma me liberou imediatamente para eu ir ao Rio de Janeiro. Foi ai que eu entrei na TV Globo e comecei meus trabalho com, se não me engano, com Voltei pra você minha primeira novela do Benedito Rui Barbosa, novela das 18 horas.
O que o jovem Jayme Monjardim, com apenas 22 anos, sonhava em ser e ter nessa época? Eu, quando jovem, fiquei muito tempo internado num colégio na Espanha. Minha mãe me deixou lá com 7 anos, eu sai com 16, voltei pro Rio de Janeiro e disse para minha mãe que eu não voltaria mais para a Espanha e fui para São Paulo. Você não vai acreditar, eu era fanático por aviação, eu, na verdade, tirei meu breve de piloto privado, depois comercial e depois, multimotores. Ai, fui fazer curso na Embraer. Fiz curso de administração e paralelamente, eu voava. Nunca imaginei que eu seria um cineasta, um diretor, jamais. Isso me despertou com o curta metragem que fiz de minha mãe, mas antes de fazer esse curta, quando me apaixonei pelo Super 8, eu fazia muito filme de casamento. Ai, me tornei uma espécie de pequena empresa que filmava casamentos, partos e então, parti pra filmar cirurgias plásticas. Minha empresa pequenininha só fazia isso – não tinha entrado no ramo da dramaturgia mesmo propriamente dito. Sempre fui um sonhador de voar, (risos), e ainda não existia a regulamentação de piloto, eu lembro que eu fiz o exame para a TransBrasil. Eram mil candidatos para 15 vagas, passei no teórico mas quando chegou no físico, eu usava óculo e não fui escolhido. E ai também quase sai de três acidentes de avião e isso foi me dando medo, até que o filme da minha mãe foi bem e a partir daí eu falei “esse negócio de estar nas nuvens não é comigo não”, e fui me dedicar somente ao cinema.
Vindo de uma família de sobrenome forte, tendo um ícone como Maysa como mãe… Existia muita cobrança externa? Ou até mesmo em dar certo?! Então outra curiosidade é que quando comecei a filmar, assinava meus filmes como Jayme Monjardim Matarazzo e ai teve uma coisa muito engraçada, porque à medida que eu ia assinando os filmes, a comunidade cinematográfica, os curta metragistas, a turma de cinema, dizia “esse cara é Matarazzo, ele não precisa de nada, por que que ele tá fazendo cinema? Cinema é para nós que sofremos, que vamos em busca …”. Isso foi me deixando tão desesperado que, na verdade, chegou um momento que falei “vou assinar só Jayme Monjardim”, por conta da minha mãe que era artista, e sem o Matarazzo porque todo mundo acha que sou milionário e não me dão direito de participar do processo todo. Por esse motivo eu sempre assinei Jayme Monjardim e quando comecei a fazer sucesso em televisão com meus trabalhos, cheguei pro Boni e perguntei se poderia voltar a assinar Jayme Monjardim Matarazzo e o Boni disse que agora que eu estava fazendo minha marca, feito estabilidade, meu nome, meu trabalho, eu não deveria fazer isso, e ai, não mudei mais e fiquei como Jayme Monjardim. E Jayme Monjardim Matarazzo é minha vida profissional de outras coisas, de outros trabalhos, meu trabalho de ação social e as coisa que faço em paralelo.
Ter estudado cinema na Itália e participado da equipe de Michelangelo Antonioni definiu muito o diretor que você se tornou? Quais suas maiores influências? Foi uma relação linda, relação de amizade inicialmente, eu pedi a ele e nunca esquecerei do encontro que tive com ele, naquele dia, na Piazza da Espanha. Às 20h chegou aquele homem super elegante com sua esposa que era muito jovem e cuidava muito dele. Tive uma relação muito linda com os dois, e foi uma experiência única na minha vida, ele estava fazendo naquela época Identificazione di una donna o primeiro filme da era digital, e eu acabei participando e acompanhei toda a fase inicial de implantação do filme, discussões, roteiro e tudo. Só que no início das filmagens eu acabei indo embora, mas o que ficou para mim foi essa experiência e o Michelangelo sempre me dizia para eu voltar ao meu país, encontrar minha identidade, minha marca registrada e talvez, esse foi o primeiro grande conselho de minha vida que graças a Deus, veio de um gênio.
Diria que Olga foi um divisor de águas no cinema? O que representou para você e sua carreira? Eu acho que Olga, foi um momento muito importante, realmente para mim, do qual eu me desligava um pouco da TV e me ligava no cinema, na película. Tive a oportunidade de trabalhar de uma forma completamente diferente, de fotografia diferente, foi um momento muito especial e acho que o Fernando Moraes trouxe uma história pro Brasil, pros brasileiros e pro mundo que pouca gente conhecia. O Ricardo Della Rosa, que era um grande fotógrafo que infelizmente hoje não está mais conosco, foi assim um grande professor pra mim. Era um cara que tinha um domínio sobre a luz, sobre a fotografia, um cara que me ensinou muita coisa. Olga foi um momento de libertação criativa para mim. Agradecer a Rita que foi a produtora e às pessoas que me abriram esse caminho. Com Olga fiz uma carreira internacional muito boa, o filme ganhou muitos prêmios, vencendo o festival de Cuba, um dos prêmios mais importantes de minha vida – o prêmio do júri popular de Cuba que, para mim, foi um dos maiores presentes e ganhou vários outros festivais. Tenho muito orgulho. Olga representou o Brasil na seleção de filmes para o Oscar, chegamos a ficar em sétimo lugar. Então, só de chegar ali perto, já foi um presente dos deuses. Olga foi um grande divisor de águas pra mim em termos de cinema.
Clássicos da TV, como Partido Alto, Roque Santeiro e Pantanal são alguns daqueles trabalhos que com o tempo foram ganhando mais valor e orgulho? O que te marcou nesses três trabalhos? Todos estes trabalhos, nos quais tive o prazer de participar, marcaram pra mim um processo de trabalho. Eu aprendi muito com Paulo Ubiratan e com Gonzaga Blota. Eu nunca trabalhei com Avancini, mas acompanhava todas as obras dele. Era uma geração de diretores que faziam da obra que eles dirigiam um produto com personalidade, tinha um registro, uma marca. Acredito que todos estes trabalhos, mesmo Roque Santeiro no qual eu tive a oportunidade de trabalhar com Paulinho Ubiratan. Ele me entregou a novela depois dos primeiros 12 capítulos, foi uma honra participar dos 3 finais, de poder dividir opiniões com Dias Gomes opiniões. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes autores e isso é o que ajudou a construir todo esse trabalho na minha vida e na minha carreira.
Seu trabalho mais recente na TV foi Tempo de Amar. Como é dirigir jovens atores hoje em dia, comparado à época de novelas como Direito de Amar? Ambas de época e para o horário das 18h. Existe uma diferença muito grande na narrativa e no comprometimento dos atores? Tempo de Amar foi minha última novela na TV Globo, uma novela feita com muito amor, muita paixão. Tive a oportunidade de trabalhar com Tony Ramos que era uma das pessoas com quem eu mais sonhava em trabalhar e tive esse grande presente de ter ele comigo, de abrir a novela e encerrar com ele. Foi, sem dúvidas, um dos maiores presentes dessa novela. Pude trabalhar com um elenco incrível – encontrei a Vitoria Strada pelo caminho e a lancei nessa novela. Foi um momento muito especial, uma novela que visualizei ter Portugal com a gente, então construímos uma cidade de pedra que seria uma cidade perto de Lisboa. A novela hoje é líder de audiência em Portugal e foi, sem dúvida, uma experiência linda em minha vida.
Com a Internet, streaming, redes sociais… Qual papel coube à novela hoje em dia? No que elas mudaram e precisam mudar mais? A chegada do streaming a alguns anos vem mudando completamente o perfil de tudo, acho que agora as TVs abertas têm de pensar diferente, não podemos mais não fazer um grande conteúdo, com falta de emoção, agora fica quem realmente for muito bom, porque a briga é muito grande. A concorrência é muito grande e mais do que nunca, eu, Jayme Monjardim acredito em produtos com personalidade profunda, que realmente tem uma cara, uma marca registrada, que o público se identifique. Eu acho que hoje encontrar as grandes histórias, encontrar grandes diretores que vão dar alma a essas histórias e uma personalidade gigante nessa obra, vão ser os produtos que vão se sustentar em rede aberta, não tem outra solução. O conteúdo é a grande personalidade do futuro, a ideia, o projeto, porque você terá o mundo criando e colocando isso no ar, seja no streaming, seja nos canais abertos, então pro canal aberto passar por cima disso e continuar mantendo sua audiência é conteúdo e saber escolher de forma incrível os melhores autores e diretores, para fazerem dessas obras verdadeiras obras emocionais e que prendam o público.
Hoje você está na direção da primeira série da Globo falada em língua inglesa, O Anjo de Hamburgo, o que parece ser um belo desafio, daqueles de dar orgulho de estar realizando. Como está o andamento da série e o que podemos esperar? A série pra mim foi um presente dos deuses. Isso foi um projeto que nasceu há 5 anos atrás quando eu tive a oportunidade de ir no escritório dos advogados da família Tess. Há algum tempo eles tinham me procurando porque eles tinham uma linda história pra me contar. Afirmo que eu tive a sorte de um dia ter me dirigido pra esse escritório. Estavam lá Eduardo Tess, o filho Eduardo Tess filho e a neta Sofie Tess, e nesse dia, na hora que terminou a nossa reunião eles me contaram a história de um eu fiquei profundamente emocionado e com toda a certeza de que essa série iria acontecer. Hoje, 5 anos depois, após a série toda estar pronta, de repente veio a pandemia. Parou por um ano, voltamos e filmamos mais 6 meses, estou falando de 1 ano e 4 meses de filmagem. Eu tenho o maior orgulho de apresentar pro mundo uma história de amor à vida. É isso que, quando te falo em basear um trabalho em grandes histórias. O que vai sustentar a televisão aberta, são essas grandes histórias que são pra todos, que são pro o planeta. Aracy é a história inacreditavelmente linda de uma mulher que dedicou a vida a salvar pessoas, por absolutamente nada, só por amor, amor ao ser humano.
Contar um pouco da história de judeus na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial deve estar trazendo novos desafios e satisfações pessoais. Como este trabalho está te tocando? Como falei, Aracy é a história de uma mulher que dedicou a vida a salvar pessoas, por absolutamente nada, só por amor, amor ao ser humano, então ela nunca cobrou nada, nunca pediu nada em troca e hoje, no Brasil, temos 3 mil descendentes dessas famílias que foram salvas. Iniciamos as gravações na Argentina, mas em marco de 2020 tivemos que parar por conta da pandemia. Voltamos a gravar em 2021 com todos protocolos de segurança no Rio de Janeiro, nos Estúdios Globo. Foi muito desafiador, mas estou muito orgulhoso do resultado.
Nesta semana você completou 65 anos. Como essa data te tocou? Como sente e reflete sobre os anos de vida? Acho que fazer 65 anos, foi um momento muito especial. Eu acabei de perceber que eu quero começar de novo, me reinventar, me refazer, me reconstruir, me sentir no auge de minha vida. Nunca esqueço que o Doutor Roberto Marinho começou a TV Globo aos 65 anos de idade. Então, me sinto na flor da idade pra começar grandes projetos que é desenvolver os que já estou desenvolvendo. A minha Indústria do Bem é uma das coisas mais importantes que está me acontecendo agora, e, juntamente com a Universidade dos Sentimentos são grandes projetos novos que estão agora me alimentando e me preparando para um futuro muito breve na minha vida.
E recentemente você declarou ter superado um câncer de próstata. O que muda em sua vida e rotina, depois dessa batalha? Sobre o câncer, ninguém tá preparado nessa vida para uma doença como essa. Acho que todos nós temos discernimentos internos pra perceber que isso é uma bomba em nossas vidas, e realmente foi uma bomba em minha vida. Câncer de próstata é um câncer muito violento para os homens, por milhões de motivos, os medos que surgem, incontinência urinaria, nunca mais ter ereção. Enfim, para o homem, mexe muito com o lado humano, vida a dois, mexe com sua intimidade. Realmente fiquei muito assustado, mas também percebi que pra superar isso eu tinha que dar a volta por cima e trabalhar com muito otimismo, muita dedicação e fazer tudo que me era pedido pra fazer. Foram 5 anos de muita luta, muita batalha, sempre preocupado com o exame a cada 6 meses, fazendo tudo que me era solicitado e eu botei muita fé, que pra mim é a palavra que rege minha vida é: FÉ. É através da fé que a gente move montanhas e resolve todas as coisas que a gente quer fazer. Então, através da fé e por acreditar que eu iria me curar, graças a Deus eu me curei e hoje me sinto totalmente recuperado.
Você já foi casado três vezes, têm quatro filhos e, atualmente, está namorando. Na vida pessoal se sente realizado ou realizando? Estou em um momento muito especial de vida emocional. Quando eu casei, para mim era para sempre. Eu sou uma pessoa muito dedicada à pessoa com quem eu estou, mas ai a vida, por algum motivo que a gente não sabe explicar, acaba nos separando e o que a gente não pode é não se permitir ser feliz novamente. Não acho justo, nem para quem está comigo, nem para mim. Eu acho que merecemos e precisamos sempre estar fazendo novas tentativas de ser feliz, de encontrar uma companhia. Se vai dar certo ou não é outra história, mas o que importa é investir, nunca vou deixar de investir em pessoas que sinto que podem ter uma relação linda comigo e a partir daí, as coisas nascem, as coisas vão tomando mais volume, vão ficando mais importantes. Então eu nunca vou virar as coisas para a expectativa de ser feliz.
Qual a mudança de valores mais forte em sua vida? O que realmente importa pra você hoje em dia? O que importa pra mim hoje em dia são os valores humanos. Com o tempo, acabamos aprendendo e entendendo que a vida é feita de pequenos momentos e que você tem de saber administrar esses momentos e distribuí-los por toda nossa alma, para sempre estarmos com uma sensação leve e de pureza dentro de nós, estar aberto às coisas. Acho que o mais importante hoje é estar aberto a coisas novas, a gente estar aberto pra novos sentimentos, novas sensações. Então, eu preciso me sentir assim – aberto a tudo isso.
Se considera um homem vaidoso? Do que não abre mão? Acho que todos somos vaidosos, impossível não ter uma parcela de vaidade. Eu sou assim – vaidoso. Assumo, acho muito importante não abrir mão de certas sensações de nosso corpo que vão nos fazer bem, estar bonito, estar bem arrumado, estar cheiroso, se olhar no espelho estar bem barbeado, com o cabelo ajeitado, aparar a sobrancelha, são coisas que fazem a gente ter uma autoestima maior. Então, a vaidade não é um problema, é uma coisa que pode ajudar, mas tudo tem um ponto certo.
Para relaxar, o que faz sua cabeça? Para relaxar minha cabeça, eu crio cavalos, eu sou apaixonado por cavalos. O crio que eu digo é sobre de esculturas em movimento. Quando eu estou fazendo meu trabalho, dirigindo, eu fico constantemente ligado a minha fazenda, aos meus animais, às coisas que fazem o campo, onde eu me sinto profundamente feliz. Eu sou um cara do campo, da fazenda.
Para ler, ver e ouvir, alguma dica para os leitores? Eu confesso que de tanto ler histórias, eu hoje sou uma pessoa um pouco distante dos livros. Eu, infelizmente, até falo isso, pois atualmente me dá até um pouco de preguiça, eu gosto muito de ver imagens, livros com imagens. Mas curiosamente, eu guardo todo meu tempo pra ler as histórias e os scripts e as sinopses que eu recebo. Então, eu, as vezes, fico um pouco distante dos livros, pois tenho que me dedicar muito em busca das histórias que eu quero contar daqui pra frente. E pesquiso muito. Isso sim, é o que a mais me dedico – é a pesquisas, que hoje, pra mim, se tornou fundamental.
Hoje em dia você pode dizer que se dá ao luxo de… Eu me dou ao luxo de me dedicar ao que eu amo. É tão difícil, a gente luta muito nessa vida para conseguir fazer o que se gosta, eu faço o que gosto, amo o que eu estou fazendo e ainda ganho para isso. Me considero uma pessoa profundamente abençoada. Espero investir nessa pessoa que é o Jayme o máximo possível, pra que as pessoas sempre queiram e tenham o desejo de trabalhar comigo. Então, agora o meu maior luxo é me dar o máximo de informação e de me reinventar mais ainda e cada dia mais. É impressionante, quanto mais a gente aprende, mais a gente percebe o quanto não sabe e o quanto ainda temos que aprender. Assim, isso me rege juntamente com essa frase “Toma muito cuidado com o que você pede pro destino, pois pode acontecer, então se prepare pra receber esse Dom”. Então, essas duas máximas fazem de mim o que sou hoje.