Por Alexandre Tibechrani
Com o avanço da IA (Inteligência Artificial) e principalmente depois que o ChatGPT tomou os holofotes da imprensa no começo de 2023, muitos profissionais passaram a achar que seus trabalhos estarão em risco. E é justamente nesse sentido que precisamos nos acalmar para entender como os avanços da tecnologia podem abrir mais espaço ao potencial das empresas e profissionais de TI.
Primeiramente, não há como não falar do fato da novidade ter uma resposta para praticamente tudo, ela pode escrever textos e até dar conselhos. Funciona tão bem que você pensaria que tem um amigo ou parente te escrevendo do outro lado, exceto que é um robô com senso de humor. Quer que o software invente as regras de um novo jogo de tabuleiro, corrija um bug de código complexo ou escreva o discurso de padrinho para o casamento do seu amigo? Ele pode fazer tudo isso, mas ainda não substitui as qualidades e sensibilidade de um ser humano ou um profissional experiente.
Não à toa, em apenas cinco dias após seu lançamento, mais de um milhão de pessoas tentaram consultar o ChatGPT. Dentre elas, estão profissionais de diversos setores, que encontraram uma vantagem gigantesca na ferramenta referente às suas características de automatização, velocidade e personalização de conteúdos. Um ótimo exemplo é o segmento de Desenvolvimento Web, em que os programadores são ajudados pelo produto da OpenAI para desenvolvimentos de linguagens Python, JavaScript, Ruby, entre outras.
Além disso, o ChatGPT pode ajudar em outras áreas como ser treinado para realizar análises de dados, identificar padrões e fornecer insights para ajudar na tomada de decisões. Ou seja, há um amplo campo em que a ferramenta pode auxiliar nas tarefas mais simples e trazer benefícios para muitas empresas, como redução de custos, uma vez que as empresas podem delegar as atividades estratégicas, como a criação de códigos complexos, a times qualificados de especialistas e as menos complexas e sem risco de exposição de propriedade intelectual a times em desenvolvimento com auxílio do chatbot.
Lógico, que seria perfeito se a grande parte das organizações já tivesse compreendido essa lógica, mas algumas continuam tentando “contratar” o ChatGPT como um funcionário humano. Obviamente, isso é um equívoco completo, especialmente quando observamos de perto algumas travas que a ferramenta possui, além da credibilidade das respostas, a qual é questionável em certos momentos por estar à mercê da base de dados limitada da plataforma.
Quando o chatbot é exigido acima da sua capacidade, ele entrega textos padronizados, que não necessariamente fazem sentido ou solucionam o problema que a empresa quer resolver. Por esse motivo, é mais do que importante que nenhuma liderança ou profissional tente tirar uma vantagem desse recurso que, na verdade, não existe. Literalmente, o benefício máximo que ele oferece é o de suporte em pesquisas, atendimento, criação e programação, não ocupando o lugar do profissional comprometido e que está acostumado a fazer acontecer.
E, mesmo que existam aqueles que queiram se aproveitar de forma exagerada da ferramenta ou até tenham medo do seu impacto no mercado de trabalho, uma boa parcela das pessoas (73%) acredita que a tecnologia como um todo nunca poderá substituir a mente humana, como aponta um levantamento da PwC. Inclusive, quando falamos do ChatGPT, ele deve intensificar ainda mais a ação de times criativos nos próximos anos com a formação de novas oportunidades, a exemplo de cientistas de dados, especialistas de IA e assim por diante.
Este é um contexto que tem tudo para beneficiar os envolvidos: colaboradores, lideranças e o setor tech em geral. Basta um pouco de cautela em explorar e desenvolver uma novidade que ainda tem muito potencial para mostrar, seja no sentido do aumento da produtividade dos times ou de ideias inovadoras. Com isso, não há a menor dúvida que o barulho causado pela OpenAI nos últimos meses será apenas o primeiro de vários outros, que provavelmente devem ser ainda mais altos.
*Alexandre Tibechrani é General Manager Americas da Ironhack, apaixonado por tecnologia, formou-se em engenharia elétrica pela Poli-USP e obteve um MBA em gestão de negócios pela FGV. Com mais de 20 anos de experiência. Trabalhou boa parte da sua carreira em empresas multinacionais, mas foi em empresas startups que consolidou seu perfil orientado a resultados e crescimento.