CAPA: LEONARDO BITTENCOURT

Quando Leo Bittencourt despertou para as artes cênicas e que isso iria te levar longe como artista e pessoa, largou sua cidade natal, Manaus, e se mudou para o Rio de Janeiro. Isso aos 19 anos. Hoje, quase 10 anos depois (ele tem 28 agora), Leo fez escolhas certeiras na sua carreira que mesmo com trajetória curta, já consegue ser marcante. Depois da estreia em ‘Malhação’, Leo encarou dois filmes polêmicos que contavam histórias bem pesadas. “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, (ambos estão no catálogo da Amazon Prime) contam os dois lados do crime do Caso Richthofen. Seus novos projetos, “Temporada de Verão”, na Netflix, e “No Mundo da Luna”, no HBO Max, são prova da versatilidade de Leonardo de ir do drama à comédia e romance. E não é à toa que ele parou em nossa capa. Conheça um pouco desse cara talentoso e que ainda vai mostrar muito mais.  

Leo, depois de um começo leve em “Malhação: Vidas Brasileiras”, você já encarou o drama em “Segunda Chamada” com um personagem mais denso e temas mais fortes. Como foi isso para você? Quando surgiu o convite para fazer o teste para “Segunda chamada”, o que mais me atraiu foi a possibilidade de explorar essa outra área do meu trabalho. Logo no primeiro dia de gravação tive muito apoio do meu parceiro de cena, Paulo Gorgulho e da diretora Joana Jabace. De cara, gravamos cenas mais densas e recebi muita confiança de todos, o que me deixou à vontade para contar essa história da forma que contamos. Até hoje ouço das pessoas que gostaram muito da série e do meu trabalho e isso é muito gratificante.

E na sequência, com apenas dois trabalhos na TV, você já encarou dois filmes, digamos, barra pesada: “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”. Ficou meio assustado de início? Eu sempre busquei por papéis diferentes e que me desafiassem enquanto ator, então, quando surgiu esse trabalho, eu abracei sua proposta desde o começo. Como são filmes baseados em um caso real, também mantive em minha mente que eu estava ali para contar os dois lados da história, sem deixar as minhas opiniões influenciarem na minha atuação. Além de ser um grande desafio, esse também foi um projeto muito edificante para a minha construção como ator.

E como surgiu o convite e como foi a preparação? Eu só tinha oito anos na época em que o crime ocorreu, então não tinha muita recordação dele e dos seus desdobramentos. Para me preparar para esse papel, precisei estudar o caso inteiro, desde o começo. Participei de workshops e estudei bem o roteiro, tive aula de aeromodelismo e noções básicas de construção desses tipos de aviões, além da imersão na atmosfera de São Paulo e as aulas de prosódia para aprender o sotaque. Tudo isso me ajudou na construção de um personagem complexo, em um caso nacionalmente conhecido e tendo o filme inteiramente pautado nos autos do processo.

Algo ou alguma cena te chocou mais? A sequência do crime era algo que todos já esperavam que exigisse maior preparo, físico e mental, para ser executada. Em algum momento nosso corpo não aguenta mais, e artisticamente, entendi que o estado emocional do personagem deveria estar em exaustão, o que me levou a uma entrega absoluta durante os dois dias de gravação. A atmosfera para todos ali no set era completamente diferente.

Como foi, e tem sido, a repercussão desse trabalho? Se surpreendeu? O retorno do público foi e continua sendo incrível! Continuo recebendo mensagens das pessoas me parabenizando pelo trabalho e agora com a melhora na situação da pandemia, recebo esse feedback também pessoalmente. Eu já acreditava no potencial do projeto desde o começo, mas a repercussão foi ainda maior do que eu esperava. É muito emocionante e gratificante fazer parte de um projeto que foi tão bem recebido pelo público e que abre portas para mais obras do gênero.

Indo para o início…Quando você percebeu que queria ser ator? Alguma referência? Sempre fui extremamente comunicativo e criativo. Na escola eu fazia teatro, propunha sempre atividades, até então como forma de lazer, que me levavam a estar em cima do palco de alguma forma. Ainda cheguei a cursar outras duas faculdades, mas chega uma hora na vida que você sente que não está indo na direção do que gosta. Percebi isso aos 19 anos e tudo o que acontece até hoje é consequência dessa decisão e do esforço de correr atrás desse sonho.

Quais as dificuldades que enfrentou até chegar aqui? Acredito que a maior delas tenha sido precisar sair de Manaus, minha cidade natal. Amo o lugar onde nasci e nutro um sentimento muito profundo de carinho pelas pessoas de lá, mas, infelizmente, é muito difícil seguir a carreira de ator quando se está longe do eixo RJ/SP. Precisei me mudar para o Rio de Janeiro para conseguir seguir o meu sonho, mas, sempre que encontro uma oportunidade, vou visitar Manaus. É o meu aconchego.

Para você quando o desafio (de um novo personagem) se torna maior e mais atrativo? Quando ele foge do padrão de outros personagens que já vivi. Como eu havia dito, sempre busco por papéis diferentes, pois estes me instigam a aprender novas formas de atuar e impactar o público. Também priorizo aqueles personagens mais profundos, que trazem algum dilema, e muitas vezes causam uma maior identificação no público por se aproximarem mais da realidade complexa do ser humano.

Depois dos dois filmes você viu suas redes sociais bombar. Como você lida com isso? Quando se é ator, é natural que você queira ver a repercussão do seu trabalho e deseja impactar e emocionar o público com aquilo. Quando isso acontece, você se sente muito grato por estar conseguindo atingir o seu objetivo e ter o reconhecimento do seu trabalho.

Você é um cara muito vaidoso? Do que não abre mão? Acho que não (risos). Eu gosto de manter meu condicionamento, então busco sempre realizar atividades físicas.

O que te distrai e o que te prende atenção nas horas vagas? Eu gosto muito de cozinhar. Quanto mais diferente a receita, melhor para mim. Adoro sentir a sensação de experimentar a culinária de outros países. É como se estivesse viajando sem sair de casa. Juntando isso ao futebol. Quem me acompanha nas redes sociais sabe que eu gosto muito também. É dessa maneira que eu passo meu tempo livre.

Leo, dando uma aliviada no clima pesado dos filmes, no início deste ano você estreou com “Temporada de Verão”, na Netflix. Uma séria divertida e leve. Como foi a experiência e o que te trouxe de bom? Gravar essa série foi uma experiência muito única e renovadora, de fato. Ela foi gravada em meio à pandemia, então todos estávamos devidamente testados. Depois, permanecemos isolados na ilha para as gravações. Em um momento em que quase todas as gravações tiveram que ser paralisadas, ter a chance de continuar gravando de maneira totalmente segura foi como um presente para todos nós. Estarmos ali também aproximou muito toda a equipe, então nós do elenco tivemos uma troca muito boa e isso fez com que as cenas e a química entre os personagens rolasse de uma maneira muito natural. Foi como estar de férias enquanto trabalhava.

Planos futuros… O que vem por aí que pode nos adiantar? Ainda não posso dar muitos detalhes sobre esse projeto, mas, em breve, estrearei “No Mundo da Luna”, no HBO Max. Essa é uma série inspirada no livro da escritora brasileira Carina Rissi, que possui um público de leitores apaixonados e eu já pude sentir o carinho deles. Ainda não temos data de lançamento, mas estou muito ansioso para a estreia.

E para conquistar Leo, basta… Ter senso de humor, interesse genuíno pelo próximo e ser tanto a pessoa que propõe coisas como a que topa minhas propostas. A cumplicidade e a sintonia me conquistam.

Foto Lucas Gatto
Make Samantha Deodato
Stylist Nicole Nativa e Renato Cardoso
Assessoria de Imprensa Melina Tavares Comunicação