Inicio esta matéria ressaltando que esse roteiro tem que estar na lista de todo aventureiro. São paisagens surreais, fantásticas e de tirar o fôlego nos lugares mais inóspitos da Terra pelo Peru, Bolívia e Chile. Em primeiro lugar, não abro mão de pesquisar e montar meus roteiros e de fato fazer aquilo de que mais gosto. Foram três anos de pesquisa e valeu muito a pena.
Iniciamos a viagem pela cidade de Cuzco, no Peru. Ponto de partida para aqueles que querem fazer a famosa Trilha Inca até Machu Picchu. São 42 km caminhando pela Cordilheira dos Andes durante quatro dias. Passamos também quatro dias nos aclimatando em Cuzco e conhecendo seus arredores. A Cidade é basicamente turística com grande influência da colonização espanhola. Como moramos no Recife, em Pernambuco, na altura do nível do mar, estar a três ou cinco mil metros de altura não foi nada fácil. Fui vítima do mal das alturas e subir escadas ou apenas uma rua inclinada precisava de esforço triplicado, com paradas para recuperar a respiração.
Fazer a Trilha Inca foi incrível. Caminhar por entre montanhas impressionantemente altas com seus picos nevados é algo inenarrável. Todos os dias, os porteadores (carregadores) nos acordavam na madrugada ou com o sol nascendo com chá de coca, para ajudar a despertar e oxigenar mais o sangue. Por boa parte da trilha, andávamos margeando o Rio Urubamba, o nosso Rio Amazonas no Peru. Outro ponto alto da Trilha foram às visitas às muitas ruínas Incas, nativos em suas casas, llamas e alpacas pelo percurso. O segundo dia para mim foi o mais incrível, quando atingimos 4.215m de altura. Nossa, andamos por entre as nuvens e neves eternas da velha Cordilheira, nesse dia choveu até granizo. Simplesmente fantástico! As noites foram um espetáculo à parte. Com nenhuma iluminação podemos ver o céu repleto de estrelas e até galáxias. Muita saudade! No quarto dia chegamos a Machu Picchu e demos de cara com aquela paisagem belíssima da cidadela escondida pelos Incas por muitos anos.
Voltamos para Cuzco e seguimos para Puno. Aquela cidade à beira do Lago mais alto do mundo, o Titicaca. Lá, visitamos a Ilha dos Uros. Homens pequenos que vivem em ilhotas flutuantes de Totora. À tarde, partimos para Copacabana, na Bolívia, cidade que também margeia o lindo Lago Titicaca, que às vezes parece mar. Em Copa, pegamos um barco e fomos para sagrada Isla Del Sol, onde estudos indicam que a civilização Inca teve origem, com o surgimento de Manco Capa. Hoje, é uma ilha povoada por indígenas que preservam sua cultura. No barco, tive a sorte de conhecer um casal de nativos que me vestiram com a roupa típica deles. Momento único!
No outro dia, pegamos um bus para La Paz. Bem, esqueci de falar que os ônibus no Peru e na Bolívia são horríveis, velhos e sem banheiro. Aliás, a Bolívia é super barata para fazer turismo, porém, conseqüentemente, não oferece muito conforto. Outra dica é fazer um seguro saúde, pois meu marido se acidentou na Trilha Inca e não teve nenhuma assistência da agência ou do Parque Nacional. Nesses três países não existe um serviço tipo o nosso SUS. Lá qualquer atendimento de saúde é pago, do mais simples ao mais moderno.
Em La Paz, nossa aventura continuou quando subimos no ponto mais alto da cidade, o Chacaltaya, a 51123 m. Esse monte foi estação de esqui, inclusive no verão até há alguns anos, mas, infelizmente, com o aquecimento global hoje esquiar só em alguns pontos durante apenas duas semanas no ano. No dia seguinte, partimos para um dos dias mais esperados. Descer os 63 km da rodovia da morte. A agência nos pegou no hotel e nos uniu a mais 11 israelenses para essa instigante adventure, pedalando por desfiladeiros na Cordilheira dos Andes. A descida é adrenalina pura. Para quem gosta de bike é inesquecível. No caminho muitas cruzes de pessoas que morreram ao passarem por ali. Mas, graças a Deus, sobrevivemos.
No mesmo dia tomamos um bus para Uyuni, onde chegamos ao amanhecer e contratamos uma agência para atravessar o maior deserto de sal do mundo. O local fica a cinco mil metros de altura com temperaturas que podem chegar a 30 graus negativos, no inverno. A viagem é toda feita num jeep 4×4 com paradas para fotos. Em umas das paradas conhecemos a intrigante Isla dos Pescados. Uma imponente ilha de cactos centenários com até dez metros de altura que destoam naquele mar de sal. Surreal!
As surpresas não pararam aí, naquela noite dormimos em um hotel no meio do deserto todo feito de sal. Inacreditável, só estando ali para desfrutar daquela oportunidade! No dia seguinte conhecemos algumas lagunas que, junto a muitos vulcões e flamingos, formavam um cenário surpreendente e fantástico. Ao ver a Laguna Colorada, não cansei de agradecer a Deus por estar ali inserida em uma pintura surreal. Parecia uma menina pequena pulando de alegria. Amei! A segunda noite é que não foi lá essas coisas, pois dormimos num refúgio e tivemos que suportar temperaturas de uns 30 graus negativos. Quase congelei!
Dando continuidade a nossa adventure chegamos ao Deserto do Atacama, no Chile. Lugarejo onde encontramos pessoas do todos os lugares do mundo, que vêm para curtir experiências únicas. San Pedro é charmosa com suas ruas de barro e casas de sapé. O intrigante é poder saborear uma culinária internacional no meio do nada, nos restaurantes super charmosos e diferentes. Mágico! Lá podemos subir em vulcões ativos, visitar lagunas, geisers, ir ao vale da lua e da morte. Para este último fui de bike o que tornou mais emocionante o passeio. Gostei tanto do Atacama que está na minha listinha, em breve quero retornar para fazer mais aventuras.
Acabamos a viagem chegando a Santiago. Uma cidade que sempre é um prazer voltar. Moderna, com ótimos restaurantes, gente bonita, além de você poder visitar vinhas e degustar excelentes vinhos, ir a Viña Del mar e Val Paraíso ou ir esquiar nos Andes.
Até a próxima parada!
Acompanhe a MENSCH também pelo Twitter e Fanpage: RevMensch e baixe gratuitamente pelo iPad na App Store.