ESTRELA: O FURACÃO CHAMADO DANDARA MARIANA

Ela encantou durante a Dança dos Famosos no ano passado (onde ficou em 3º lugar), divertiu o público com a sua inocente Marilda em A Força do Querer, arrasa sambando na Sapucaí e agora traz pura sedução (e uma pitada de mistério) com a sua Talita na novela Travessia. Dandara Mariana é um furacão por onde passa. Nada fica como antes. Não importa a personagem ou o desafio, ela mergulha de cabeça e vem se consolidando como artista a cada novo trabalho. Não é à toa que levou nossa capa de destaques do ano da MENSCH e está aqui num ensaio para lá de sedutor.

Dandara parece que a Talita de Travessia é uma personagem mais séria e sofisticada. Isso está sendo um desafio gostoso de encarar? Todo personagem novo se torna um desafio pra nós, atores. E a Talita é uma mulher inteligente, moderna, dedicada, competente, focada, séria e ela vem com uma cabeça pensante e inovadora para a empresa do Guerra. E tem sido sim um desafio gostoso encarar essa personagem que tem uma seriedade e uma postura muito incisiva; se coloca bem e tem um mistério que faz com que a presença dela se torne uma incógnita dentro da empresa.

Como surgiu o convite para interpretar a Talita e como foi sua preparação? Foi um convite lindo que veio através da Glória pra fazer essa personagem tão antenada com o futuro. Sobre a preparação, para falar a verdade, foi bem corrida porque eu estava finalizando as gravações de Encantando’s, quando o elenco de Travessia já estava todo nesse processo de preparação. Eu tive que me dividir entre esses dois trabalhos, mas eu tive um encontro muito importante e agregador com uma profissional incrível chamada Olívia Melchior que me apresentou os óculos de realidade virtual e me apresentou o assunto.

Outra personagem de Glória Perez bem marcante que você interpretou foi a espevitada Marilda, de A Força do Querer. Que é o oposto de Talita. Você tem algo dessas duas personagens tão distintas? A Marilda foi uma personagem muito importante e marcante na minha carreira. Ela era uma garota que vinha do Belém do Pará com toda a inocência de uma menina criada no interior (que no caso da novela era da cidade fictícia de Parazinho). Fazia uma dupla com a Ritinha, personagem da Ísis Valverde, e as duas tinham uma inconsequência, uma brejeirice, uma “sonsice”. Elas eram muito sonsas. E realmente é uma personagem completamente oposta as vivências da Talita. Isso é um presente. Todo ator gosta de bons e distintos personagens. Então, de fato, a Gloria já me presenteou com esses dois papeis. Com relação ao que eu tenho dessas personagens… eu acho que tenho o foco e o comprometimento que a Talita tem com o trabalho e a tenho a leveza da Marilda.

Ainda sobre a Talita, podemos dizer que ela vai revelar um caráter duvidoso? Podemos esperar a sua primeira vilã? Não posso dar spoiler e, na verdade, só a Glória (autora) sabe o caminho que ela vai dar para seus personagens. Mas ela tem um ar de mistério sim.

Entre dramas e humor, recentemente você participou de “Não Foi Minha Culpa” uma série produzida para o canal Star+ que fala sobre a violência contra a mulher e feminicídio. Como esse trabalho te tocou? Foi muito especial fazer esse trabalho, me tocou bastante. Primeiro por ter sido uma equipe majoritariamente feminina. Isso foi muito importante e especial porque nós estávamos acolhidas e nos acolhendo. A Raíssa foi uma personagem que eu tive uma paixão imediata também pelo fato dela ser cantora e eu poder colocar em prática esse dom. Ela é a cantora do bloco As Astromélias e é desse bloco que saem todas as histórias e episódios. Muitas das histórias são fatos reais dentro desse tema muito delicado e doído para nós mulheres que é o feminicídio.

Foi um processo de gravação bem intenso, exaustivo, dolorido… Nós rodamos em São Paulo e chegávamos no hotel bem reflexivas. Eram cenas muito fortes que exigiam muita energia tanto física quanto emocional. Mas foi um trabalho que tenho muito orgulho de ter feito parte exatamente pela importância de falarmos sobre esse tema, de tocar nessa ferida e dar apoio às mulheres que passam por todas essas agressões, tanto psicológicas quanto físicas. É um trabalho muito importante de ser assistido pelo público masculino como forma de reflexão e mudança de comportamento.

Falando em trabalho ainda, dessa vez no cinema, onde você interpretou Eva em Casamento a Distância. Como foi esse trabalho? É um filme que ainda não sei quando será lançado mas é a minha primeira protagonista de um filme. É a história de um casal que está à beira do dia do casamento. Só que entre o período da preparação até o dia do casório, várias coisas acontecem. Acho que as pessoas vão se divertir muito com esse filme. É também um filme majoritariamente preto onde eu divido as cenas com Lelezinha, Negra Li, Dan Ferreira, Vilma Melo, com direção do Silvio Guindane. Foi muito leve de fazer e eu acho que é um casal que vem com uma lição de relacionamento, de saber os objetivos e as prioridades de um indivíduo dentro de uma relação a dois; de respeitar, amar e entender os sonhos dos outros. Tem uma mensagem super bacana.

Nesse ritmo louco de gravação de novela, quando para onde recarrega suas energias? Eu paro quando os roteiros de gravação permitem (risos). O ritmo é intenso mesmo, mas é uma delícia participar de uma novela das nove. E, quando eu tenho um tempo, vou praticar cross fit, cuidar da pele, relaxar em casa e com meu namorado.

Você está em plena forma física, como mantém isso com tão pouco tempo livre? Sempre pratiquei exercícios e fiz dança e isso sempre me deixou com um bom condicionamento físico. Ultimamente, não tenho conseguido praticar com a mesma frequência por causa do ritmo das gravações. Mas, mesmo saindo do Projac às 21h, eu vou direto do trabalho praticar algum exercício porque também é uma forma de me sentir leve. Praticar exercícios, para mim, não é uma obrigação. É um prazer.

Como lida com assédio e críticas? A gente aprende a separar o que vale a pena ouvir e prestar atenção e o que não vale. Mas isso vem com a maturidade do trabalho e o importante é não deixar isso nos abalar de forma que paralise nossa vida. Críticas – boas e ruins – sempre vão existir e são bem-vindas. A gente é que aprende a lidar com elas de forma saudável.

E como é o seu convívio, digamos assim, nas redes sociais? Como separa o que é público e o que é privado? As redes sociais viraram as revistas virtuais de cada um, o reality de cada um. Eu procuro sempre avaliar o que vou postar nas redes. Tenho uma preocupação grande com isso e procuro não expor tanto a minha vida pessoal. Pra manter um mínimo de privacidade já que a minha profissão me expõe a todo momento. Eu consegui, dentro disso, ter um espaço privado.

Em Travessia a personagem Brisa sobre com a publicação de uma fake news, você já passou por algo parecido? Já passei por uma situação de fake news e é muito desconfortável. Você vê uma notícia falsa correr a seu respeito e você fica a mercê de uma informação mentirosa. É realmente muito delicado viver isso e você se ver como vítima de alguma situação, uma calúnia.

Preconceito de forma em geral e racismo é algo muito comum nas redes sociais. Como combater isso? Denunciando porque racismo é crime.

Recentemente você esteve num encontro na casa de Taís Araújo e Lázaro Ramos que contou com a ilustre presença da atriz americana Viola Davis. Já acompanhava o trabalho dela? Que importância ela tem para você? Tive o prazer de conhecer a Viola na casa da Taís e do Lázaro e foi inesquecível porque ela é uma das maiores atrizes que temos no mundo. E obviamente que acompanhava o trabalho dela. Ela é uma referência como atriz, pessoa, como história. Ela tem importância não só pra mim como para a história do cinema mundial.

Por sinal nas artes você tem um padrinho incrível, que é Lázaro Ramos e um pai que sempre foi uma referência. Qual a importância deles na sua vida artística? Muita importância! Fiz vestibular para Arquitetura. Aí, certa vez, um convite de Lázaro Ramos para o programa “Espelho”, do Canal Brasil, mudou meu rumo. Gostei daquilo, e resolvi fazer faculdade de Teatro. Na verdade, sempre tive clareza sobre a profissão. Via dentro de casa que uma hora você está empregado e outra não. Meu pai se preocupava. Mas, um dia, assistiu a uma peça minha e disse: ‘É, minha filha, você é atriz mesmo’.

O que te inspira na arte? O que ela te modifica? A arte vem para fazer com que a gente reflita sobre as coisas do mundo, a nossa existência, a nossa passagem por aqui, os problemas que enfrentamos diariamente dentro de uma sociedade, os nosso preconceitos e limitações. A arte vem para levantar questionamentos e para modificar o outro. Levanto a bandeira da arte nesse lugar, a arte que vem para transformar.

Inspiração e transmissão, como se dá isso em você a cada novo trabalho? Eu me inspiro nas pessoas, no dia a dia, na troca com o outro. Quando eu escrevo uma poesia, por exemplo, o ócio me inspira. A música é boa para isso também… Observar a vida é uma grande fonte de inspiração para mim.

Quem é Dandara hoje em dia e como se imagina daqui a dez anos?

Dandara, hoje em dia, é uma mulher se realizando profissionalmente, amorosamente, mãe de pet, bastante atribulada com seus afazeres, dedicada e traçando seu futuro próspero para daqui a 10 anos ela estar fazendo mais filmes, peças, e  novelas interessantes e necessárias, sendo mãe de crianças e pets, numa mansão com vista para o mar e viajando o mundo.

Foto Márcio Farias 

Beleza Lu Rech 

Styling Carla Garan 

Asst de fotografia Ruan Ferreira 

Retouch Pixis Retouching Agencia / Victor Kede

Locação Canastra Rose