Uma das maiores referências do funk feminino no Brasil, Viviane de Queiroz, mais conhecida como Pocah, tem uma trajetória de sucesso e superação que faz com que essa mulher de 25 anos esteja aqui e em toda parte. Mas nem tudo foi brilho, holofotes e festa. Nascida em uma família humilde da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no município de Queimados, tendo sido criada na cidade de Duque de Caxias. A cantora traz no seu DNA ascendência portuguesa, afro-brasileira e indígena, e seus traços físicos muito parecidos com os de uma índia logo inspiraram o apelido de Pocahontas. Seu primeiro videoclipe “Mulher do Poder”, em 2012, obteve mais de 2 milhões de visualizações no Youtube. Ou seja, ninguém tinha dúvida de que nascia ali uma artista com potencial para muita coisa. Prova disso foi que daí em diante Viviane não parou mais.
Nos anos seguintes era um sucesso atrás do outro e mais e mais visualizações, likes, público e fãs. Em 2017, ela foi sampleada pelo rapper americano Future que usou sua voz na faixa “Fresh Air”. Na sequência, em 2019, a funkeira assinou o seu primeiro contrato com uma grande gravadora, a Warner Music, trocando seu nome artístico para Pocah. Agora ela está aqui na capa da MENSCH e próxima semana, dia 19, acontece o lançamento de seu mais novo hit, “Depois da Quarentena”, que virá acompanhado de um videoclipe. Single estará em todas as plataformas de música e clipe, no canal oficial da cantora no Youtube. Essa é a segunda faixa lançada pela cantora durante a quarentena. Antes, Pocah se uniu ao cantor PK para lançar a música “É o Perigo”, que conta hoje com mais de 2,1 milhões de views e 2,2 milhões de streams nas plataformas digitais. Quer mais motivos para comprovar que essa menina vai longe? Então leia aqui a entrevista que fizemos com ela e aguarde seus próximos passos.
Com quase 10 anos de carreira, inúmeros hits, shows por todo o Brasil, três turnês internacionais e um público cada vez maior. Até onde você pode e quer chegar? Eu sempre lutei e trabalhei muito para chegar onde estou hoje. Corri atrás dos meus sonhos e ignorei todas as pessoas que falavam que eu não ia conseguir. Sempre tive pessoas me apoiando, minha família foi essencial na minha trajetória. Isso fez toda a diferença, pois eu sabia que eles acreditavam em mim, às vezes até mais que eu mesma. Eles foram minha força para continuar e sou muito grata por isso. Sou muito feliz com tudo que conquistei e sei que foi com muito esforço. Levar diversão. Acho que o que vale é o caminho, e como você trilha ele. Hoje, olhando tudo que já passei, me sinto muito vencedora. Sei que pode ir além, estou trabalhando para isso. Em breve, teremos muitas novidades.
Em relação às plataformas digitais. Você tem conquistado cada vez mais fãs e seguidores nas redes. Os números impressionam, são quase 400 milhões de visualizações no YouTube, mais de 250 milhões de streams no Spotify e 2,5 milhões de ouvintes mensais na plataforma. Além disso, são mais de 11 milhões de seguidores no Instagram. Como avalia este sucesso e sua relação com o público? Quando você olha os números, você pode avaliar que o resultado do trabalho está sendo positivo, mas acredito que vá além disso. Para mim, não é foi só fazer música, e sim inspirar pessoas com ela. Tenho um carinho muito grande com meus fãs e recebo muitas mensagens que mexem muito comigo. Não só os elogios, mas também pessoas que falam que minha música os ajudou a superar alguma situação difícil, e isso não tem valor! Eu amo meus fãs e procuro estar sempre presente e em contato com eles, seja pessoalmente no camarim ou nas redes sociais.
E como começou este sonho? Onde surgiu a música e quais dificuldades você enfrentou para chegar até aqui? Eu sempre gostei muito de música, quando era pequena, meu irmão tinha uma banda de rock e eu sempre o acompanhava, queria ser igual ele. Até cheguei a tentar montar uma banda só de garotas, mas acabou não dando certo. Então algumas amigas minhas da época me apresentaram o funk e acabei me apaixonando pelo ritmo. Claro que ser uma mulher no funk foi um grande desafio. Sempre tive que lidar com muito preconceito e machismo. Mas fui fazendo meu trabalho e lutando para ter o meu espaço. Outras mulheres do funk também vieram desmistificando isso. Hoje tenho muito orgulho em ver tantas mulheres podendo trabalhar e viver da sua música.
Em suas músicas, é possível ver temáticas ligadas a empoderamento feminino, opondo-se à cultura machista. Qual a importância desta mensagem nos dias de hoje? Eu uso minha voz para ajudar e conscientizar outras mulheres, uso a minha música para lembrá-las que não devem aceitar menos do que merecem. Nós vivemos em uma sociedade machista, mesmo com tanta luta. E é importante que as mulheres entendam que somos mais fortes quando nos unimos, a importância da sororidade. Como artista, ainda mais no funk que ainda sofre muito preconceito, tenho como dever exaltar a força, liberdade e direito da mulher em ser tudo que ela quiser e acima de tudo, livre.
Você já gravou músicas com diversos artistas, não só do funk, mas de outros ritmos. De onde vem a ideia de um feat, principalmente de diferentes gêneros? Primeiro acho que precisa existir uma admiração mútua. Todos com quem já trabalhei são artistas talentosos, que admiro muito. É sempre uma oportunidade de somar criando uma música diferente, que tenha uma personalidade única, trazendo algo novo para as pessoas se identificarem, além de poder levar o funk para públicos de outros gêneros e vice-versa.
Saindo um pouco da música. Conte um pouco sobre seu dia a dia, e o que gosta de fazer quando não está trabalhando. Gosto muito de aproveitar minha família e amigos. Amo poder estar com minha filha, Vitória, participar de seu crescimento, seu aprendizado. A gente brinca, canta, dá risada, temos uma relação linda. Gosto muito de fazer festas, me reunir com meus amigos e minha família, estar rodeada por pessoas que eu amo. Também gosto de ir ao cinema, a praia, a restaurantes.
No início deste ano você teve uma alegria muito grande em sua vida, que foi desfilar como Musa pela escola Grande Rio. Como foi esta novidade para você? Pensa em desfilar novamente? Foi a realização de um grande sonho, fiquei muito emocionada com o convite. Participar dos ensaios na quadra, na rua, e desfilar na Sapucaí é uma energia e sensação que nunca consegui colocar em palavras. Desde pequena eu via os desfiles e achava lindas todas aquelas cores, o brilho, a alegria no rosto das pessoas e sempre disse para minha mãe que um dia estaria lá. Participar da maior festa do mundo sem dúvida ficará marcado em minha vida. Com certeza quero desfilar novamente. O samba já está no pé (risos).
Mesmo neste período de isolamento, você tem se mantido ativa e continua compondo e lançando músicas. Tem sido difícil ou você se adaptou fácil? Não é a mesma coisa que poder trabalhar em estúdio, com a equipe que se está acostumada. Mas temos que nos adaptar às situações. Em casa posso estudar com mais calma, ouvir nossos sons, pensar em novas possibilidades. Tenho aproveitado este tempo de quarentena para me dedicar e investir ainda mais na minha carreira. Estou aprendendo a tocar violão, algo que sempre quis, mas por conta da agenda corrida, não conseguia me dedicar. Além disso, a internet e as novas tecnologias nos ajudam a minimizar as dificuldades.
Falando nisso, como você vê esse momento de pandemia no mundo e como você vem lidando com isso? Este tem sido um período muito delicado para o mundo todo, algo nunca visto nos tempos modernos. É um tempo de cuidado, mas também de reflexão. Pude ficar mais próxima de minha filha e isso tem sido muito bom para mim. A família é nossa base, e acredito que isso tem ficado mais evidente neste momento, sei que muitos precisaram se distanciar de seus familiares por questões de saúde e proteção. Acredito que muitas pessoas, inclusive eu, aprenderam a valorizar mais ainda as pequenas coisas e os pequenos momentos do dia a dia.
Deixe uma mensagem aos leitores da Mensch… Gostaria de pedir para que todos tenham esperança e fé de que as coisas vão melhorar. Quem puder, fique em casa. Cuidem das pessoas que vocês amam, respeitem os cuidados e recomendações dos órgãos de saúde, pois assim, juntos, conseguiremos sair dessa situação mais rápido.
Fotos Rodolfo Magalhães
Produção executiva Márcia Dornelles