Mari Patriota tinha medo do mar e não curtia muito posar pra fotos e aparecer em vídeo, mas eis que a ironia do destino muda isso e a câmera se torna a extensão da sua mão e do seu olhar, passa a namorar o mar e antes de fotografar outras mulheres, testa temas e poses em si mesma. Observar pessoas e coisas sempre foi algo intrínseco a sua personalidade e aí veio a fotografia como gosto, paixão e também como profissão em 2009. Com jeito muito peculiar de fotografar, Mari busca trazer para a foto a verdade mais próxima que se possa ter do ser fotografado, por isso dispensa produções como cabelo e maquiagem e mandar ver apostando na naturalidade das pessoas.
Daí pra juntar, mulher e naturalidade foi um pulo pra ter a ideia do Projeto Provador. “Um belo dia um amigo que mora em Amsterdam me convida pra passar um mês por lá e eu resolvi conseguir um bico pra tirar mais um trocado, vendendo roupa no shopping para completar o orçamento dessa viagem. Foi quando tive o “estalo na cabeça” e pensei? vou virar fotógrafa e vou fazer ensaios diferentes para esse público que precisa mesmo levantar a auto-estima e se sentir melhor. O público-alvo já estava ali pronto: comprando, numa loja pra classe média alta do Recife. Perguntei então a gerente da loja se eu poderia fazer um Projeto de fotografia com as clientes enquanto eu vendia as roupas.”
A gerente topou, mesmo achando a Mari meio maluca e daí ela fotografou as vendedoras, montou um site e conseguiu material para mostrar as clientes e fazerem ela topar participar do projeto. A coisa foi dando certo e de projeto passou a empresa, surgiu o Trip Provador e Mari saiu a fotografar mulheres de forma natural, sejam em estúdio, locações ou em viagens a lugares paradisíacos, valorizando o que cada uma tinha de melhor sempre na busca pelo autoconhecimento e valorização da autoestima.
Aí as coisas foram acontecendo e acontecendo e Mari chegou à vida que pediu a Deus, viajando e fotografando e tendo sempre ideias bacanas e inovadoras como o Projeto Provador Noronha, que consiste em um concurso de fotos para as mulheres pernambucanas provarem a sua beleza natural. O concurso foi dividido em 3 etapas. Na primeira as candidatas enviavam 3 fotos de acordo com o regulamento, na segunda a própria Mari selecionava 15 candidatas que na terceira etapa concorriam pelo voto público de internautas no Facebook. As 3 mais votadas pelo público ganharam uma viagem para Fernando de Noronha com tudo de melhor em hospedagem, gastronomia e passeios pelo paraíso, sem falar em um ensaio sensual pelas lentes da Mari Patriota em pessoa. E já que falamos tanto na Mari Patriota, vamos deixar ela falar um pouquinho também.
Como foi essa etapa final do projeto Provador em Noronha? Foi sensacional. Ilha paradisíaca, mulherada e fotografia! Tem como dar errado? IMPOSSIVEL! Fazer um concurso e levar 3 mulheres com tudo incluso para Fernando de Noronha – hospedagem numa das melhores pousadas da Ilha – Pousada Teju-Açú, gastronomia da melhor qualidade no Zé Maria e passeios de deixar qualquer um de queixo caído com Tuca Noronha, biquínis lindos da marca pernambucana Rush Praia, não teve como não ser perfeito. Foi uma excelente forma de dar mais visibilidade ao Projeto Provador e a todos os envolvidos e está só começando. A idéia é fazer um roteiro, com concursos “Prove com Projeto Provador” pelo Brasil e (porque não, pelo mundo) com pousadas, restaurantes e agências de viagens formando uma parceria bacana onde todo mundo ganha!
O mar é uma paixão? Por incrível que pareça eu fui a pessoa do mundo que mais teve medo do mar. Na verdade, acho que quem mora em Recife sempre tem um receio a mais por conta de todos os ataques de tubarão já registrados e como eu sempre fui cosmopolita, menininha de cidade mesmo sem muito contato com a praia, até ir morar em Porto de Galinhas minha relação era apenas de olhar, saber que existe uma conexão forte, mas sempre bloqueada. Depois de 3 anos morando perto do mar, finalmente, tudo mudou. Aula de surf, curso de mergulho, fiz de tudo pra me aproximar o máximo possível e funcionou! Sou apaixonada pelo cheiro, pelas cores, pela força, pelo som, pela vida e mistério lá dentro. Hoje em dia se fico longe da praia dois dias sequer eu perco a cabeça, fico estranha e já sei o porque.
O que os seus olhos buscam quando você vai fotografar? Cada situação ou pessoa que fotografo tem uma particularidade. Tento buscar o intimo de cada coisa e passar de maneira mais real, mais perto da verdade o que está sendo registrado. Sempre escuto: “nossa, quando vejo suas fotos me pego sorrindo sozinho como se eu estivesse ali com você”. Penso que minha linha de fotografia segue a linha “vem sentir você também”.
Quem gostaria que te fotografasse? Jacques Dequeker. Da nova geração de excelentes fotógrafos com um incrível trabalho experimental.
Curte auto-retrato? Curto, sim e é até controverso. Quando pequena tinha horror a fotografia, vídeo e não queria aparecer em nada. Hoje em dia além de fotógrafa, todos os Projetos que resolvo desenvolver, começo testando comigo e o pior: divulgo tudo. Sou taxada de “maluca”, “ousada”, entre outros termos não tão legais como esses por me expor dessa forma; mas se eu prego algo, tenho que começar mostrando que eu também sou parte desse algo. Lembro que quando fiz o NAKED APTO 1401 – Um Projeto onde as mulheres iam para um apartamento posar nuas com sacos de pão na cabeça para garantir o anonimato, eu fiz uma sequência de fotos minha com a câmera do meu computador no “timer” disparando sozinho. Lá estava eu: nua, contra a luz, provando poses, rodando no chão, pulando e fazendo minha “macacadas”. Claro que publiquei isso. Meu pai quando viu perguntou: “tem mesmo necessidade disso”? Morri de rir e completei: “É, pai… tudo pela arte”. Além desse quesito “artístico”, vem também o fato de você estar confortável com a imagem que você tem sobre você. Eu sempre fui a “feinha” da escola, a magricela baixinha de óculos e aparelho. Nunca gostava muito do que via no espelho. Mas ao fim, acho que o Provador e todas as mulheres que fotografei acabaram me ensinando muito sobre auto-estima e segurança em você mesma.
Como vê o mercado de fotografia em Pernambuco? O mercado é bem concorrido hoje em dia. Qualquer pessoa pode ser fotógrafo e o leque de coisas a serem fotografadas é enorme. O que, a meu ver, não é um fato negativo. Se todos pudessem desenvolver esse olhar e ver o mundo por uma nova perspectiva além de brincar com tua criatividade o tempo todo teríamos pessoas mais felizes, com certeza! Existem vários bons fotógrafos no mercado, as câmeras estão mais acessíveis e existe a internet para resolver qualquer falta de informação – eu mesma sou fruto dessa nova geração de fotógrafos. Comecei a fotografar há 4 anos e era completamente leiga. Nunca fiz cursos e sempre fui autodidata. Meus colegas fotógrafos sempre falam que é complicado trabalhar com fotografia em Pernambuco, mas eu discordo. Talvez porque quando o Projeto Provador começou eu acabei indo para Porto de Galinhas e acabei me destacando por estar longe do foco do mercado. Às vezes sumir para aparecer funciona. Lembro que um dia eu estava nervosa por estar iniciando o Provador numa praia onde, na teoria, ensaios sensuais iam ser a ultima coisa que daria certo e perguntei para uma colega: “como eu vou ser fotógrafa aqui na praia? Eu não vou conseguir trazer as mulheres da cidade para fotografar aqui de jeito nenhum”. E ela me respondeu: “é aí que você se engana, minha amiga. Se você for realmente competente, é original e talentosa, as pessoas vão atrás de você onde quer que você esteja”.
Quais suas próximas metas em matéria de fotografia? Eu sou do mundo. Amo viajar, e estar em contato com visuais, pessoas e idiomas diferentes. Com isso em mente, as próximas metas fotográficas estarão totalmente ligadas a viagens. A Trip Provador será uma constante esse ano e ainda vai levar muita mulher pra fazer as fotos da vida em muito lugar paradisíaco.
AGRADECIMENTOS: – Pousada Teju-Açú, – Tuca Noronha, – Pousada Zé Maria, – Bar do Cachorro, – Rush Praia
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