Assim como acontece todos os anos, isso há 18 anos, o famoso britânico crítico de uísque Jim Murray lança uma edição atualizada do livro “Whisky Bible” (“A Bíblia do Uísque). Um guia completo de tudo que Murray provou ao longo do ano. Para se ter ideia, foram 4.500 doses só em 2020. Além disso ele lista suas principais escolhas e revisita as garrafas de anos anteriores. Nos últimos quatro anos, os whiskies americanos conquistaram o cobiçado prêmio de Murray de Whisky Mundial do Ano.
E para surpresa de muitos especialistas na área, nesta nova edição, o mestre degustador coroou pela primeira vez um rótulo canadense como o melhor do mundo. Trata-se de uma edição limitada do “extremamente belo” Alberta Premium Cask Strength Rye, da fabricante Alberta Distillers. O whisky é feito com 100% de grãos de centeio e água das Montanhas Rochosas. Com 65,1% ABV, todo o centeio é produzido em Calgary, na província de Alberta, na Alberta Distillers.
“Desde que foi liberado em seu depósito em meados da década de 1990, considerei Alberta uma das dez maiores destilarias do mundo e sabia que elas tinham o potencial de atingir ouro puro com seu whisky”, afirmou Murray.
A categoria disputada é incrivelmente diversa. Os uísques não precisam atender aos requisitos de faturamento ou declaração de idade, o que dá aos destiladores a oportunidade de concorrer ao prêmio com produtos variados. O resultado é uma categoria repleta de centeio fresco de baixo orçamento, mas também acabamentos de barril criativos e projetos de pequenos lotes estelares. Além disso, as garrafas são acessíveis em comparação com opções semelhantes da Escócia e do Japão.
“O fato de eles terem produzido um lote de centeio com um padrão ainda maior do que eu experimentei agora os torna, para mim, entre as cinco melhores destilarias do mundo. Essa consistência na produção de uísque é surpreendente e experimentar seu centeio em sua forma pura é uma das maravilhas do mundo. Ao dar a eles o maior prêmio da Bíblia do Whisky, e merecidamente, tenho a sensação de que estou deixando o mundo descobrir o segredo mais bem guardado da bebida”, conclui Murray.
OS GRÃOS QUE FAZEM A DIFERENÇA
A destilaria foi inaugurada em 1946 e já produziu várias bebidas espirituosas, mas sempre se especializou em centeio. “Estamos produzindo 100% de grãos de centeio desde 1946. E quero dizer, esse é nosso ingrediente principal e é obtido localmente e temos orgulho disso”, disse George Teichroeb, gerente geral da Alberta Distillers.
O processo de revisão é rigoroso. Mas Alberta Distillers já estava no radar antes – Alberta Premium foi nomeada “Whisky canadense do ano” nas Bíblias de Whisky de Murray de 2006 a 2009. Mas o importante é que desta vez ele está no palco mundial, batendo cerca de 1.200 seleções de uísque.
“Cerca de 85 por cento de todos os nossos grãos de centeio vêm de um raio de 300 milhas de Calgary. [A maioria] de todo o centeio norte-americano vem de duas fontes primárias e uma das destilarias de Indiana e a maior fica aqui em Alberta e não é muito conhecida. Mas qualquer pessoa no ramo de uísque sabe que se você tiver cem por cento de centeio whisky de grão, provavelmente vem de Alberta”, conclui George.
O Alberta Premium Cask Strength Rye, que custa 40 dólares (cerca de 225 reais, antes dos impostos), tem elevada relação custo-benefício e um teor alcoólico igualmente alto: 65,1%. Por se tratar de uma edição restrita, não deve chegar ao Brasil pelos importadores tradicionais.
AINDA NO PÓDIO O “impactante” Stagg Jr. Barrel Proof ganhou o segundo lugar (da família Buffalo Trace). Por último e particularmente notável, Paul John Mithuna ficou na terceira posição, sendo a primeira vez em uma década que um uísque do sul da Ásia chega ao pódio. Paul John é uma pequena destilaria de Goa, um estado costeiro da Índia.