“O sorriso que ofereceres, voltará outra vez para você.” É com essa frase que começo essa entrevista muito especial. Meu primeiro convidado de 2021 é Felipe Rossi, 39 anos, fundador da ONG (Organização não Governamental) Por1Sorriso (@Por1Sorriso). Graças a seu projeto, voluntários de todo o Brasil corrigem gratuitamente os dentes de pessoas que não podem pagar pelo tratamento. Toda e qualquer profissão pode ser exercida como uma missão nobre e com amor ao próximo. Exemplo disso é o trabalho do Felipe, um dentista brasileiro que acredita ter uma missão.
Ao invés de somente tratar os dentes quem pode gastar pequenas e grandes fortunas pela manutenção da saúde bucal e de um sorriso reluzente, Felipe, junto a sua ONG Por1Sorrisso, decidiram ganhar o mundo para tratar de quem não tem como pagar. O trabalho da Por1Sorriso é levar a odontologia às populações mais pobres de diversos cantos do planeta, transformando vidas e devolvendo literalmente o sorriso aos seus pacientes.
DEVOLVENDO SORRISOS NO BRASIL E NO MUNDO
O maravilhoso trabalho do Felipe já chegou nas mídias internacionais como o site italiano La Reppublica, o site turco Bia’caip, e até no site lituano Bored Panda, e também no jornal argentino Clarin!
Conversamos um pouco sobre seu trabalho e nossa realidade atual, Rossi muito reservado nos recebeu para um bate papo muito legal e inspirador. Mas, quem roubou a cena foi Adeilson. Mas quem é o Adeilson? Vejam nas fotos. (risos…) Sem mais delongas, com vocês um cara do bem, um ser humano necessário, para 2021 e super NOVAERA
O que fez você se apaixonar pela sua profissão? Eu fui me apaixonando aos poucos, não nasci apaixonado por dente. Acho que a virada de chave foi quando percebi que a odontologia era muito além de dentes. Que é uma profissão sobre fazer sorrir… sou apaixonado por sorriso.
Quando que você teve o insight e percebeu que sua profissão poderia ajudar muitas pessoas? Em outubro de 2015 minha cabeça mudou completamente. Fui para Moçambique junto a uma ONG chamada “Missão África”, e lá, tive muitas experiências que me mudaram como ser humano. Ver a miséria humana desconstruiu o Felipe e me mudou completamente. Pensei… “Como posso ajudar mais as pessoas do que simplesmente dar uma assistência pontual?”, usando a oportunidade que tive e elas não tiveram, meus estudos e minha profissão. E daí começa tudo.
Porque o projeto da ONG por1sorriso começou na África? Na verdade, eu comecei na África, fazendo trabalho voluntário por lá. A ONG começou sua história de forma oficial no sertão baiano, perto de uma cidade linda e histórica chamada Cachoeira.
Cada pessoa tem sua particularidade, sua história de vida e algumas delas vêm carregadas de muita dor. Tem gente que foi agredida e perdeu os dentes, Gente que não consegue emprego por falta dos dentes, gente que pela falta de informação perdeu o sorriso, como você lida com isso Felipe? Essa é a parte mais difícil. Escutar e lidar com a dor do outro. E a dor não tá só na boca, tá na alma de muitos. São anos fazendo isso e não aprendi como me distanciar. Acho que no fundo, a empatia pelo outro e sua dor é o que me move, o sentimento de entender que tudo é questão de privilégio e sorte, afinal não existe meritocracia em um país desigual como o nosso.
Teve algum caso que mexeu com você em especial? Inúmeros. Poderia ficar horas contando. Mas acredito que um caso me deu uma força pra continuar. No sertão pernambucano, um menino chamado Tiago. Tinha 17 anos quando eu atendi. Ele estava rondando nossos atendimentos em uma escola pública. Uma hora peguei ele de surpresa e coloquei ele na cadeira. Ele não tinha os dentes da frente e os laterais dele estavam destruídos.
Fizemos e tratamentos a boca toda. Quando terminou, dei o espelho, ele olhou, agradeceu tímido e foi embora. Achei que ele não tinha gostado. Passou uns 30 min vem a mãe dele querendo falar com o responsável. Cheguei perto ela começou a conversar comigo. “Queria te contar a história do meu filho. Tiago com 12 anos perdeu os dentes em um acidente de bicicleta. Ele chorava pra eu colocar os dentes nele. Todo natal, todo aniversário, ele pedia. Eu não tenho dinheiro nem pra comer, e eu sempre falava, reza filho. Um dia Deus vai te ajudar. E Deus mandou vocês.” Nos dois choramos muito, juntos abraçados. O Tiago tem uma importância enorme em estarmos aqui nessa entrevista hoje. São o que chamo de pílulas de força. Porque trabalhar com social talvez seja a coisa mais difícil que alguém pode fazer na vida.
Qual é o papel da ONG hoje no Brasil? Chegar nas pessoas que foram marginalizadas em sua saúde bucal.
Tem algum desejo ou experiência profissional que você ainda não realizou? Se sim, qual? Profissionalmente não, sou muito grato a tudo que tenho hoje na minha profissão. Na ONG, eu tenho o desejo de atender uma cidade inteira gratuitamente, e que a Por1sorriso tenha braços em todos estados da federação. Esse é um sonho.
Como foi quando você percebeu que estava sendo fonte de inspiração para muitas pessoas nas redes sociais? Uma loucura isso né! Acho que não me acostumei e juro que não vou me acostumar. O peso aumenta quando você escreve e fala pra mais gente. Acredito que as pessoas se inspiram muito, por eu desconstruir a odontologia o tempo todo, fazendo coisas que poucos fazem em nossa profissão. As pessoas precisam e querem bons exemplos. É maluco você ser diferente por fazer o bem, quando o diferente deveria ser o mau. Muita gente criticava no início achando que eu era fogo de palha. Que só queria aparecer. Hoje o trabalho tá aí. 10 mil pessoas atendidas gratuitamente e com qualidade de consultório particular.
Quais são suas maiores influências hoje? Eu admiro quem corre comigo em busca de um mundo menos desigual. Admiro a Juliana Camargo (presidente da Ampara Animal), Juliana Pontes da ONG missão África. O Edu Lyra do gerando falcões. Pessoas normais e sem os holofotes que me fazem querer ser melhor e fazer mais.
Quem é você na NOVA ERA Felipe? Sou só um dentista querendo fazer mais pessoas sorrirem. Acredito que o mundo só vai ser bom quando for bom pra todo mundo. É bem simples na verdade.
Ter Fé é? Acreditar
E Amor? É o combustível
2021 é o ano? 2021 é um ano melhor que 2020 e pior que 2022. O melhor sempre tá por vir.