CAPA: NOVOS RUMOS DE BRUNO DE LUCA

Nosso homem da capa é um recém-conhecido nosso, sua primeira capa foi em abril do ano passado. Mas o papo flui tão fácil que parece que já nos conhecemos faz muito tempo. E faz mesmo, Bruno De Luca apareceu pela primeira vez na TV na novela Fera Ferida (1993) aos 11 anos de idade. De lá pra cá ele não parou mais. Divertido, simpático e conversador (se preparem para uma longa e divertida entrevista). (risos) Bruno se jogou no mundo como viajante e viveu mil e umas aventuras em mais de 50 países. De perrengues a muita balada, sua maior aventura está prestes a começar (na TV e na vida real), em Breve ele será pai. Mas isso tudo ele conta logo abaixo.

Bruno, tem que ter bom humor, não é? Sem isso fica difícil viver. É isso, para você? Só mesmo com bom humor. Eu sempre tento levar a minha vida assim. Toda vez que aparecem problemas, eu tento ver o lado bom, tento resolver, tento superar. Sou tipo o motivador das equipes com que eu trabalho. Brinco até que quando eu perco voo. Fica todo mundo me olhando no aeroporto, achando que vou ficar bravo e eu digo “gente, não era pra ser. Se a gente estivesse no avião iria acontecer alguma coisa, então vida que segue”. Tento ser um cara mais positivo.

Você parece ser um cara alto astral e bem tranquilão. É isso mesmo ou você engana bem?! Eu sou um cara alto astral, sim. Tento levar tudo sempre no bom humor, mas não é sempre assim. Tenho muitos momentos em que fico triste, decepcionado, desanimado mesmo. Mas eu tento superar rápido, não deixo isso durar muito tempo. Em público tento sempre passar uma imagem de pessoa positiva, tento passar mensagens positivas. Todos os meus trabalhos são para entreter as pessoas, para fazê-las sorrir. Eu tento, na maioria das vezes, mas eu fico muito bravo, às vezes. Muitas vezes eu engano também, quando estou de mau humor. Quando estou estressado, com problema pessoal, normalmente eu consigo esconder. Lógico que às vezes a gente não consegue esconder e acaba demonstrando que está de mau humor, chateado com alguma coisa… É difícil ser uma pessoa feliz e bem humorada o tempo todo, mas o que eu tento é não descontar os meus problemas em ninguém. Lógico que às vezes isso acontece e eu tento sempre reconhecer e pedir desculpas, antes que seja tarde demais. Mas eu tento, na maioria das vezes, ser tranquilo e alto astral. 

Mas o que te tira do sério? O que não tem graça hoje em dia? Tem muita coisa que me tira do sério. Acho que falta de respeito com o outro é muito grave, muito chato. Pessoas que acham que podem falar com você de qualquer jeito, que não te respeitam… Acho que o problema que eu sempre tive é querer ser engraçado com as pessoas, sempre. Não só quando eu estava gravando, mas durante a vida mesmo. Querer sempre fazer piada por qualquer assunto. E depois, eu fui percebendo que você não precisa ser engraçado sempre. É até ruim você querer fazer graça o tempo todo. E eu acho que tem gente que tá sempre querendo fazer uma gracinha, achando que você vai achar graça, e se você não acha, vira antipático. Querer fazer graça de tudo e sobre todos os assuntos, é algo que eu acho que não tem mais graça. Frio é outra coisa que me deixa mau humorado.

Sair de casa pra ir trabalhar ao lado de peças como Tirulipa, Tom Cavalcante e Jojo Todinho não deve ser fácil (risos). Como segurar o riso e controlar as piadas na hora da gravação? Está sendo um desafio e tanto. Eles são muito figuras, fazem graça o tempo todo nos bastidores. É o dia inteiro um sacaneando o outro. Às vezes eu não consigo nem tirar um cochilo porque eles vêm com alguma trolagem. Mas é muito alto astral o tempo todo, é muito positivo gravar com eles. O ambiente é muito legal, muito mais legal que se fosse um ambiente mais sério ou com chamadas de atenção, porque eles são bem bagunceiros mesmo. De vez em quando eu que chamo a atenção deles. Eu digo “gente, presta atenção, o diretor está falando. Vamos lá, vamos passar a cena”. Sempre puxo eles para passar a cena. Mas é muito legal! Eu sempre brinco com eles que só com eles mesmo que eu consigo ser o mais disciplinado, o mais sério, porque nas outras turmas eu sempre fui o mais brincalhão, mais bagunceiro, mas com eles eu tenho sempre que ser o sério, se não a gente não grava. Mas é demais, está sendo incrível e eu acho que o resultado final vai ficar muito maneiro e diferente do que se tem visto. Acho que estamos passando por uma fase de carência do humor na TV e no streaming, na arte no geral… Mas Os Parças está vindo com um humor leve, que não vai segregar, e acho que todo mundo vai gostar. Ainda mais o clima, que está polarizado no momento, eu acho que essa série vem para unir todo mundo diante da TV.

Como são os bastidores da série Os Parças e o que podemos esperar desse novo projeto? É brincadeira o tempo todo, muitas conversas. A gente toma café da manhã junto, porque a gente chega muito cedo para gravar. A gente começa a gravar às 7h da manhã. Então, acordamos às 6h e convivemos desde cedo. Eu brinco com o Tirulipa que ele já chega gritando e eu falo “pelo amor de Deus, cara, eu acabei de acordar. Não grita assim”. A mãe dele foi visitar a gravação e ele tava todo calminho. E eu falei “ah, na frente da tua mãe tu é todo comportado, né?” É igual quando a mãe vai visitar na escola, o filho fica todo cdf. Mas é muito maneiro. O Tom também é sempre muito entrosado com a gente – almoçando, tomando café, no sofá batendo papo sobre todos os assuntos… A gente ama ouvir histórias dele, da carreira dele, e histórias de amigos… A gente bate-papo e brinca o tempo todo. E a Jojo, chegou para somar muito. Que figura! Na mesma hora foi amada por todo mundo. Como não amar a Jojo, né? A gente já abraçou ela como Parça e falou que ela não sai daqui do nosso grupo de jeito nenhum. Whindersson também – a parte dele, a gente gravou no começo porque ele tinha muitos compromissos, mas ele não quis ficar de fora dos Parças de jeito nenhum. Então, ele deu um jeito na agenda dele e a produção deu um jeito de gravar as cenas dele antes e a gente ficou junto. Nessa semana, estamos sentindo muita falta dele, porque ele é um cara incrível, talentosíssimo e também me ajudava muito a colocar ordem em cena. Porque, quando ele trabalha é sério, ele, muitas vezes, me ajuda pedindo para prestarem atenção. Ele está fazendo muita falta em todos os sentidos. 

Você consegue se imaginar fazendo um drama? Ou é no humor que você se sente à vontade mesmo? Isso é muito doido, porque quando eu era mais focado na carreira de ator, quando era minha prioridade, demorei muito para aceitar que eu recebia mais trabalhos como apresentador e que eu poderia ter uma carreira mais segura como apresentador… Eu queria fazer algum drama, porque eu gostava de assistir alguns filmes mais sérios, mais pesados, com temas polêmicos. Gosto de ver filmes mais próximos da realidade. E eu nunca tive essa oportunidade de fazer isso. Acho que eu faria até mesmo pra ver como eu iria me sair, mas tem coisa que a gente quer muito na vida e que não é feito pra gente, né? Mas eu gostaria de tentar um dia, acho que eu poderia fazer isso muito bem. Teve um início de Malhação, quando o Fabinho, meu personagem, no primeiro ano da Malhação, quando a Silvia Pfeifer fazia a minha mãe… O Fabinho tinha muita cena dramática, porque ele não se conformava com a separação dos pais. Ele foi abandonado pelo pai, que foi morar na Espanha. Então, ele era um adolescente super problemático. Então, tinha muitas cenas sérias – de choro, brigando com a Silvia, fazendo confusão na academia, implicando com os outros. Inclusive eu era abordado nas ruas e as pessoas me diziam que eu era muito chato, que era pra eu deixar minha mãe em paz. E eu ficava chocado, ficava um pouco impressionado. Mas isso foi bom, porque eu fiz bem essas cenas.

Logo depois, a Silvia Pfeifer saiu da Malhação – oi fazer outra novela, e o Fabinho ficou mais comédia. Ele relaxou em relação à mãe e trouxeram o Fabinho para muito próximo do Mocotó. Nos bastidores, de fato, a gente ficou muito amigo e os autores trouxeram essa nossa intimidade para a cena e ali o personagem virou mais uma comédia que um drama. Eu adoraria fazer um projeto experimental de drama… quem sabe. Mas eu amo fazer comédia. Essa série, eu agradeço sempre a Deus, porque eu não faço um projeto atrás do outro como ator, mas o fato de ter entrado nos Parças e a gente já estar na série depois de dois filmes, pra mim está sendo um prazer imenso. E eu, graças a Deus, sempre participei de projetos que foram únicos. Em Malhação, eu fiz a primeira temporada – o episódio piloto para ver se o Boni, na época, aprovaria o nosso projeto. Depois, virou esse case de sucesso. Depois fiz Caldeirão, depois Faustão, depois o Vai Pra Onde?, que é essa linguagem de se filmar com a minha camerazinha, que na época foi dificílimo convencer o Multishow a deixar que eu usasse essa câmera, porque ela não tinha o padrão Globo de qualidade. Então, eu batalhei muito por essa linguagem, porque eu falei que ela me deixava mais espontâneo. Então, sempre participei de projetos muito diferentes, eu acho.

E Os Parças foi mais um. E agora, na dramaturgia, eu fico refletindo sobre a minha carreira, sobre como não cheguei ainda nesse tipo de coisa, de programa… A toda hora temos esses momentos. Mas também, quando paro para refletir, penso “que maneiro, faço o Vai Pra Onde?”, que eu amo. Faço  Os Parças com esses caras únicos. Fiz Malhação na primeira temporada. Vi esse projeto ser aprovado e comemorei com os atores e diretores que nosso projeto tinha sido aprovado. Um  projeto que lançou tantos outros atores por aí. Naquela época, era muito difícil uma oportunidade para jovem – criança, então, nem se fala. Era muito difícil. Então, eu acho que a gente abriu caminho pra muita gente. Com o Vai Pra Onde? também… O que eu vejo de gente na rua me falando que começou a trabalhar com o audiovisual depois que viu o Vai Pra Onde?, ou que foi morar na Austrália, na Espanha, nos Estados Unidos pelo que viu no Vai Pra Onde? e tomou coragem… Então, eu sou muito grato a isso. 

E falando em estreia, próximo mês tem Vai Pra Onde Morzão? com novas aventuras pelo mundo. Como vai ser isso morzão? Foi um prazer inexplicável fazer o Vai Pra Onde Mozão?, porque esse programa tem 15 anos e eu sempre viajei o mundo todo sozinho, solteiro, procurando festa e querendo arrumar um grande amor. E durante a pandemia eu conheci a Sthefany. Fiz duas temporadas em 2020 e 2021 – uma em Ibiza e uma acampando. Nas duas, as medidas sanitárias tinham dado uma flexibilidade. Então, eu pude viajar e gravar os programas dentro das normas. E eu já estava com a Sthefany e senti um vazio sem ela. A toda hora eu ligava pra ela e aí eu e o Multishow pensamos nisso de fazer um Vai Pra Onde? de casal, mostrando dicas de lugares para casal. O meu público cresceu muito comigo. Eu tenho 40 anos. Então, a maioria das pessoas que me acompanham já casou, teve filhos. Só eu que continuava nessa solteirice, nessa busca pelo meu grande amor. Eu falava “nessa viagem eu vou encontrar o amor da minha vida”. Às vezes, eu estava morto de cansaço e falava para o Márcio, meu câmera que está comigo há 15 anos “a gente não vai deixar de sair aqui na Grécia, a gente dorme no Brasil. A gente pode arrumar a mulher da nossa vida nessa viagem”. E ele acabou casando com a produtora do programa, a Flavinha, teve um filho com ela, e eu acabei encontrando a minha mulher num quiosque, na Barra, em frente a minha casa.

Mas eu quis levar ela porque achei que precisava dela, enquanto reality. Se eu estivesse fazendo matérias jornalísticas, tudo bem eu ir sozinho. Mas fazer um reality, viajando sem minha mulher estava muito esquisito. E aí tivemos essa ideia e a Sthefany topou. Dava  tudo certo pra gente fazer o casal e ela engravidou. A gente não esperava por isso, a gente estava deixando rolar, mas desde o momento que a gente deixou rolar até o momento que ela engravidou foi muito rápido e a gente não quis deixar de fazer essa temporada Mozão só porque ela estava grávida. Então, a gente colocou um limite no tempo que ela podia viajar – a obstetra dela é a minha irmã. Então, ela deu um limite de viagem pra gente e a gente se programou a partir disso. A gente faria a rota de casais no Nordeste, mas no meio da nossa viagem começou a ter muita chuva no Nordeste, enchentes e a gente não quis gravar mais, até por respeito ao que estava se passando por lá. E aí fomos para Foz do Iguaçu e fizemos dois episódios lá para finalizar a temporada. Mas tudo mudou porque, agora, carrego a mala da Sthefany – ela tem a opinião dela, não sou mais eu que faço o que eu quero. Antigamente, eu fazia o que eu queria ou combinava com o Multishow e eu topava. Eu sempre tinha que topar tudo e me jogava. Fazia  esportes radicais, ia em todas as baladas possíveis, mercados, porque eu amo isso e acho que os mercados dizem muito sobre os lugares. Fomos entrando num acordo e fazendo uma viagem de casal. Já tínhamos viajado juntos antes e tinha dado certo –  isso é muito importante.

Durante esses 15 anos de “Vai Pra Onde?” eu vi muitos casais se separando em viagens, muitas famílias brigando, amigos que eram amigos há anos e deixaram de ser amigos por causa de uma viagem… Não é fácil viajar junto! Então, tem que ter muita paciência, saber a hora de ceder, se colocar muito no lugar do outro – ainda mais, ela grávida. Focamos muito, além dos lugares, nos personagens que a gente conheceu. Então, está um programa bem bacana para a família, para os casais. Temos nossos momentos de discussões, que eu falei para deixar filmando mesmo, e tem uns momentos que eu falei igual neném, que eu nunca imaginei que iria falar na vida. E agora eu falo, com ela e com a barriga.  

Depois de um longo período sem poder viajar, agora é pé no mundo. Quais os próximos destinos? Por enquanto, focamos no Brasil, até por conta da nossa realidade financeira, que não está permitindo muito a gente viajar para o exterior. Acho que a população brasileira está segurando a onda. Então, preferimos focar no Brasil, depois de muitos anos viajando para fora. São 53 países para os quais eu já viajei e agora resolvemos valorizar nossas belezas, nossos personagens, que são maravilhosos. A gente aproveitou um bom período em que o câmbio estava tolerável e agora, voltamos ao Brasil, que foi maravilhoso e ideal para esse momento, ainda mais com a Sthefany grávida. Mas a próxima temporada… só Deus sabe. Já vai ter uma neném na família, será que ela vai? Vou deixar para o Bruno do futuro, decidir. 

Quando você vai para uma cidade/país pela primeira vez, como é sua preparação antes? Alguma dica para qualquer viajante? Eu pesquiso muito. Hoje em dia, temos essa facilidade que temos da internet, porque antigamente, em 2007, quando eu comecei a fazer o programa, já tinha Internet, mas era tudo muito lento. No celular, não era tão fácil de usar a Internet – você perdia a paciência fácil. Então, usávamos muitos livros e revistas de viagens. Eu anotava tudo das revistas, falava muito com amigos de amigos e quando via, eu estava dormindo na casa da pessoa. Mas sempre foi essa coisa mais analógica. Hoje em dia, você entra no Google e acha tudo. Bota no Instagram que está indo para tal lugar e pede dicas. Você consegue pesquisar muita coisa e é até mais cansativo. Me preparo assim, com o clima do lugar, porque sou muito friorento – fico mal mesmo, com rinite, bronquite, tudo dá ruim pra mim no frio. Então, tenho que me preparar muito para a viagem não virar um estresse. A grande maioria dos lugares do Vai Pra Onde? sempre foram seguindo o sol, porque eu sempre ficava de mau humor. Pesquiso muito e sempre dá coisa errada. Na maioria das vezes, eu tenho que comprar mais um casaco no lugar, ou o lugar que pesquisei não existe mais e já fechou… 

Em meio a mais de 50 países visitados, quais as maiores surpresas (positivas ou negativas)? Sou muito de tentar tirar o lado positivo das coisas. No frio, nessa temporada que fizemos no Leste europeu, em Budapeste, Sérvia, esses países muito frios, foi difícil porque a gente realmente foi sem se programar muito. A gente meio que quis levar a sério o slogan do Multishow, que na época era Vida sem roteiros. E a gente resolveu ir sem roteiro e foi muito estressante, porque a gente não sabia pra onde ia, ficou batendo cabeça… Chegava nos albergues e eram horríveis, a gente não tinha reservado quartos melhores – deixamos para fazer tudo sem checar. Então, foi uma experiência muito ruim. Na Sérvia, principalmente, estava muito frio e ainda tínhamos que fazer o backup da fita. E todo dia tinha que ficar copiando fita num deck de equipamentos que tinha lá. E fomos com uma equipe muito reduzida. Éramos só eu e o Márcio, meu câmera. Foi uma menina também, mas ela abandonou a gente nas filmagens. Uma menina que não era produtora e que a gente achou que iria funcionar. A gente errou em tudo! O público não percebeu, mas pra gente que estava na viagem, foi muito ruim. Não se preparar é muito ruim. Você pode dar a sorte de dar tudo certo, mas é muito difícil. É muito mais provável que dê tudo errado e que você perca tempo e dinheiro pesquisando lá, porque se você não pesquisou antes, você vai gastar tempo  dependendo do país onde você estiver. É muito mais caro você ficar perdendo dias da sua viagem pesquisando coisas que você poderia ter pesquisado no Brasil. Trocar dinheiro no aeroporto também é uma burrice. Eu fui para países pobres em que você fica triste. Na Índia, por exemplo, vi muita miséria, vi muita história triste, pais fazendo os filhos pedir dinheiro na rua. Isso faz você repensar muito  sua vida, em como nós, enquanto humanos, deixamos o outro ficar assim na pior. Então, teve muitos países em que eu fiquei impressionado e triste de ver as pessoas vivendo daquele jeito. Mas isso te traz uma humanidade.

O Vai Pra Onde? me mudou muito como ser humano. Primeiro, porque eu saí ali da minha bolha da Barra da Tijuca. Eu nunca fui de ficar muito na bolha porque sempre trabalhei em um meio muito liberal, que é o meio artístico. Convivi com pessoas de todos os tipos, credos, raças, cores, gêneros… Enfim, sempre fui mente aberta. Mas, fazer todas as viagens que eu fiz, conhecer tanta gente diferente me fez sentir um grão de areia dentro do planeta. Todo mundo tem o direito de ser feliz e todo mundo tem uma história. A vida de todo mundo pode ser interessante. Quem somos nós para julgar o outro? Então, tudo isso foi bacana pra mim. As experiências maravilhosas que eu tive foram as amizades que fiz pelo mundo, ficando nas casas das pessoas, as histórias que aprendi in loco. Eu sempre falava “por que eu não gostava disso na época do colégio?” Isso me fez pensar em como a educação pode melhorar não só em relação ao alto nível que podemos chegar, mas a forma de passar a informação e o aprendizado. Tudo que eu vi in loco, nossa… É muito maneiro. Viajar é bom até quando é ruim. Tem uma música que eu fiz com o NX Zero e o Di Ferrero e o guitarrista deles da época em que a gente fala muito sobre isso. Sobre cada coisa que eu conheci, cada coisa que eu filmei, foi tudo muito bom.

Você e Sthefany parecem ter uma bela sintonia. Combinam também nos interesses durante uma viagem? A gente combina muito. Além de a nossa química ser maravilhosa, a gente gosta muito da companhia um do outro. A gente dá muita risada junto, gosta de fazer muita coisa parecida. Temos muito respeito pelo jeito um do outro. Então, dá muito certo, as nossas viagens, A gente acaba curtindo sempre os dois juntos. E tem aquela velha história de saber ceder, de saber fazer um pouco aqui pra depois ganhar ali… Aquela coisa de casal. 

Por sinal, imaginava que aquele encontro no quiosque iria mudar sua vida? Inclusive te trazer um filho? Nunca pensei. Era um chopp despretensioso de fim de ano, junto com os meus sócios da minha produtora e, de repente, deu no que deu. Mas fico muito feliz, porque tem aquela coisa que dizem daquele livro O Segredo, que você tem que mentalizar… Eu sempre fui muito desconfiado dessa história. Mas, de certa forma, eu vinha mentalizando isso. Na época em que a gente se conheceu eu já estava com 38 anos e já estava numa vibe de querer ter um filho aos 40, encontrando alguém para juntar logo as escovas de dente. Então, é engraçado isso, né? Parece que eu mesmo estava procurando, mas de forma inconsciente. O inconsciente da gente trabalha muito, mesmo quando a gente acha que não. Não tô querendo dizer que eu imaginava, mas acho que meu coração e meu foco estavam virados para encontrar alguém. 

Em breve sua maior viagem será a de ser pai. Se sente preparado ou seja o que Deus quiser?! (risos) Acho que é um misto dos dois. Me sinto preparado, mas ao mesmo tempo seja o que Deus quiser. Tem várias coisas que eu não imagino e não faço ideia. Venho vendo meu irmão e minha irmã e eles têm dois filhos, cada. E eu acompanho muito a educação que eles dão. Eu vejo algumas coisas e penso “com a minha, vou fazer diferente”. Ou então “com isso, eu concordo”. Desde que eles foram pais eu fiquei “cara, comigo não será assim”. Então, tenho uma noção… Mas essas coisas de dar banho, dar comida, não faço ideia de como fazer. Já estou até buscando um curso para treinar com boneco. Me falaram que tem e muita gente fala que o pai nasce junto com o filho. Então, acho que esse pai está para nascer.

Já se imagina pegando a estrada com filho de tiracolo? Já pensou no primeiro destino dos três? Nossa, imagino muito. Quero muito! É menina. Estamos batendo o martelo para o nome. A Sthefany quer Aurora desde o primeiro momento, porque eu vou para a Aurora Boreal no mês que ela nasce. Então, já tem essa emoção para ser vivida, de ela querer nascer enquanto eu estiver viajando porque ela está programada pra isso. Mas estamos deixando o Bruno do futuro resolver esse pepino. Por enquanto, estou filmando Os Parças. Mas a Aurora Boreal, essa viagem está programada desde outubro do ano passado. Depois que a Sthefany engravidou, não posso deixar de cumprir o compromisso de trabalho. Então, ela já amava o nome Aurora e o fato de eu ir para a Aurora Boreal. Ela juntou tudo e então, ela quer muito Aurora. Não sei muito se quero Aurora, gosto de nome mais curto, mas acho que a última palavra é sempre minha “sim senhora”. 

Você é daqueles “deixa a vida me levar” ou tem que ter tudo planejadinho? Acho que sou um pouco dos dois. Acho que já fui muito “deixa a vida me levar”, na maioria do tempo, mas em relação ao trabalho, gosto de deixar sempre tudo organizado. Eu nunca gostei do improviso pelo improviso. Sempre gostei de estudar o texto, a matéria, a pauta ou o personagem e, aí, improvisar em cima daquilo, se desse tempo, se desse algum problema no ao vivo. Sempre gostei de estudar e de me preparar muito para se desse alguma M, para daí, sim, improvisar. Hoje em dia, estou ficando mais preparado, procuro não sofrer tanto, deixo o Bruno do futuro resolver, porque o Bruno do presente está muito ocupado resolvendo coisas do presente. Mas também tenho muita pena do Bruno do futuro porque ele não pode receber só bomba. Então, tento preparar as coisas para o Bruno do futuro.

FOTOS PEDRO PEDREIRA