
MULTIARTISTA RECIFENSE LEOPOLDO NÓBREGA CIRCULA EM VÁRIAS FRENTES DA ARTE COM INTENSIDADE E NATURALIDADE DE UM VERDADEIRO MESTRE
Por Bruno Souto Maior
Muito inteligente, simpático e comunicativo. Quem que tem a oportunidade de conversar com ele e conhecer um pouco do seu riquíssimo universo particular de criação, sente que está participando de uma aula importante sobre o mundo das artes. O multiartista recifense Leopoldo Nóbrega, 47 anos, é dono de uma carreira exitosa, da qual pode muito se orgulhar. Ao longo de sua vida criou um grande laboratório experimental, que inclui multiarte de ateliê, cerâmica, moda, cenografia, artes plásticas, economia criativa e muito mais.
Desde muito cedo, trilhou os caminhos das artes, vivenciando uma infância de muitas referências artísticas. Artista plástico de essência, como o próprio se define, foi totalmente influenciado pela mãe, Maria do Carmo da Silveira Xavier (professora, pesquisadora em Eco Arte Educação e também artista plástica), sua grande mentora.
Com apenas seis anos de idade, já revelava seu talento artístico diante do cavalete com kit de pintura presenteado pela mãe. Por volta dos 13 anos, apaixonou-se pela cerâmica vitrificada e já colecionava as primeiras peças, através de vários cursos realizados. E com 16 anos, ingressou na Escola Técnica de Química Industrial, para entender melhor o processo produtivo na cerâmica.

MODA E ARTE
Em 1995, com 18 anos, passou a frequentar e integrar o Mercado Pop, iniciativa que marcou época como celeiro de talentos das artes visuais, moda, design e música, todos impulsionados pelo Manguebeat, movimento cultural que sacudia o Recife. No início dos anos 2000, conheceu o polo de confecção no agreste pernambucano e se apaixonou pelo jeans e toda a pujança produtiva. A partir de então, suas atividades ficaram mais concentradas no mundo fashion, criando moda em escala para produção de magazine.
Nessa época, seu nome se projetou nacionalmente, sendo destaque em revistas como Vogue, Elle, Manequim, entre outras. Em 2007, fundou o coletivo Ativistas da Moda com a modelista parceira Heloiza Lima Luz e juntos lançaram várias coleções experimentais de moda e arte. Leopoldo Nóbrega, depois de subir o pico para o sucesso industrial de escala, mudou o interesse para a moda autoral, dentro da indústria.
Entre 2005 e 2008, atuou como designer e gerente de produtos para o mercado nacional na empresa SRJ e passou a dominar os processos na indústria e no mercado do denim, desenvolvendo produtos em jeans para grandes magazines como Marisa, Riachuello, Renner, Colombo, Walmart e outros.
Por volta de 2010, ao perceber os impactos ambientais causados pela indústria da moda, aumentou sua curiosidade pelo assunto e resolveu investigar soluções criativas com os resíduos e tecnologias industriais. Como o reaproveitamento da água no processo têxtil, quando o tema sustentabilidade ainda não era uma pauta da sociedade. Também passou a estimular os criativos a se juntarem para pensar nos resíduos. A provocação era que cada um pegasse os seus resíduos, entendesse a problemática e gerasse uma proposta criativa.


O GALO DA MADRUGADA
Desde 2019, é o artista plástico responsável pela criação da escultura de 30 metros de altura – do Galo da Madrugada, símbolo do carnaval do Recife. A experiência artística conceitual envolve uma ação colaborativa de vários artesãos de Pernambuco, com o uso de materiais reciclados. Um verdadeiro projeto coletivo de criatividade social.
As ideias inovadoras e abordagens criativas de Leopoldo Nóbrega vêm de todos os lados que o toque de forma sensível, seja a música, dança ou teatro. “Por algum motivo, o cosmo, a energia maior me permitiu acessar diferentes linguagens de forma muito intensa e natural. É muito característico da minha personalidade ser intenso em tudo. Todos esses universos me convidam a mergulhar intensamente. Tudo que me estimule de forma intensa, passa a ser uma referência forte no meu repertório de criação”, conta ele.
Para o futuro, Leopoldo tem como grande projeto ativar ainda mais a compreensão e, principalmente, a prática da economia circular dentro da realidade de todos. “Como fazer com que os recursos que existem no planeta sejam reutilizados. Hoje, entro em indústrias para entender o descarte de resíduos para que eu possa dar soluções inteligentes e criativas para como aquilo possa virar arte e utilidade em geral para os meus projetos de cenografia, arte urbana e design de produto”, afirma. Se depender da força e obstinação dele, esse projeto futuro logo se transformará em realidade. Seu propósito de vida é transformar o mundo em um lugar melhor para se viver, mais belo e mais inclusivo. “Eu acredito nas pessoas e continuo acreditando. A beleza da vida é acreditar no ser humano e que é possível mudar”, defende ele.
