Papelão. Papel. Lacre de alumínio. Existe uma ética maior na estética proposta pelas obras de arte que usam materiais reciclados e reutilizados. São objetos vistos de forma comum e ordinária no dia a dia, mas quando estão nas mãos do artista e historiador Francisco Mesquita, tornam-se extraordinárias, obras únicas, grandiosas e minuciosas na mesma medida.
Na exposição “Céu azul, hibisco vermelho” Francisco Mesquita nos presenteia com a exibição de suas pinturas, colagens e mosaicos de histórias reais, ele arremata a interação entre o celestial e o terreno, convidando-nos a considerar o diálogo entre a transcendência e a imanência, ou seja, aquilo que nos dá a capacidade de voltar-se para dentro. “A força do indivíduo vem de dentro para fora, alimentar nosso interior é o que nos torna fortes, o empoderamento precisa ser interno primeiro”, comenta Francisco sobre o seu desabrochar como artista plástico.
Os gestos e as expressividades das personagens abordam uma manifestação corporal de consciência no mundo, expressões espontâneas e um certo louvor ao cotidiano de dança, brincadeira e autocuidado no Alto do Monte. Esses são os componentes fundamentais na construção das representações sociais de identidade do povo negro. As obras aqui apresentadas pelo artista vão moldando imagens que eternizam a cultura e a historicidade de sua comunidade. As cores, os temas e as poderosas texturas são provocativas, as obras nos instigam a olhar e refletir para o caminho que apontam, além delas. Permita-se ser envolvida(o) pelas tonalidades, sensibilidades, materiais e narrativas dessa harmonia composta e concebida por Francisco Mesquita.
A DESCOBERTA COMO ARTISTA PLÁSTICO Foi na pandemia que o até então Francisco Mesquita, tornou-se artista plástico. Talvez ele já fosse, só não tinha se descoberto como tal. De lá pra cá, o mundo da arte, através da pintura, transformou Francisco e ele transformou o mundo. Morador da periferia de Olinda, Francisco viu no lixo, potencial para criar suas obras de arte e retratar a realidade ao seu redor. E assim, chega para montar no Cá-Já sua exposição “Céu azul, hibisco vermelho”, um conjunto de 13 obras inéditas, entre pinturas, colagens e mosaicos de histórias reais que ele viu por aí. A vernissage, que tem curadoria de Rebecca França e realização da Nuvem Produções, abre na quinta, 23 de novembro e fica no Cá-Já, até 22 de dezembro. Essa é a primeira exposição individual do artista, que antes de chegar ao Cá-Já, havia feito mostras coletivas na sua terra natal e também marcou presença na Art PE 2023, em julho deste ano.
Sempre buscando apoiar e incentivar os artistas locais, Vitor Braga, sócio do Cá-Já, conta que exposições são sempre bem-vindas no Cajazinho. “Estamos caminhando para fazer do Cá-Já, mais que um restaurante, um espaço multicultural, onde culinária e expressões artísticas possam se encontrar, proporcionando prazeres diversos ao público da casa”, diz Vítor.
Quem for ao Cá-Já durante a exposição de Francisco, vai perceber que o processo de autoconhecimento é a fonte de todas as obras do artista. Cenários, pessoas, espiritualidades, expressões faciais e gestos são possíveis a partir dessa fonte primária. As cores, os temas e as poderosas texturas são provocativas, e as obras instiga o observador a olhar e refletir para o caminho que apontam, além delas.
Cá-Já – Restaurante na Zona Norte do Recife, inaugurado em 2017, com quintal e área climatizada e um cardápio sofisticado, com os ingredientes da culinária regional, apresentado numa leitura contemporânea. O CÁ-JÁ é liderado pelo chef Yuri Machado e o sócio Vitor Braga, e coleciona prêmios como 3º Lugar Melhor Chef da Cidade, 2º Melhor Restaurante de Cozinha Brasileira/Regional da Revista Veja Recife e 35º Melhor Restaurante do País pela Revista Exame/2022. Já foi indicado pelo New York Times e reconhecido pelo Traveler’s Choice como integrante do seleto grupo dos 10% melhores restaurantes do mundo.
Serviço:
Exposição “Céu azul, hibisco vermelho” – Francisco Mesquita
Abertura: 23 de Novembro de 2023
Encerramento: 22 de dezembro de 2023
Onde: Restaurante Cá-Já. Carneiro Vilela, 648 – Aflitos