BALADA: Deserto em chamas – Burning Man reúne arte, tecno e gente em busca de liberdade

O que leva mais de 70 mil pessoas a passar quase dez dias no meio do deserto em um grande festival que vai muito além da música? Construída em pleno deserto de Nevada (EUA), a cidade batizada de Black Rock City é o local onde tudo acontece. Visualmente, o lugar é incrível! Pessoas nuas com os corpos pintados, carros decorados, barracas enfeitadas, instalações gigantescas, sol forte, isto é o Burning Man, um festival anual que acontece no deserto de Nevada todos os anos. Esse ano a abertura será dia 25 de agosto e vai até o dia 3 de setembro. E, assim como acontece todos os anos desde os anos 80, arte, música, tecnologia, sustentabilidade, espiritualidade e muita liberdade se misturam em meio às tempestades de areia no deserto e atraindo cada vez mais gente de toda a parte do mundo.

INÍCIO DE TUDO

O primeiro Burning Man aconteceu em 1986 em Baker’s Beach, em plena cidade de São Francisco, onde os amigos Larry Harvey e Jerry James construíram um homem de madeira para queimá-lo em um evento que reuniu cerda de 20 pessoas. Após esse start, ano após ano cada vez aumentava mais o número de participantes até que, em 1990, a polícia local proibiu a queima da estátua e o grupo teve que procurar outro local. Então, em 1991 chegaram ao Black Rock Desert, 120 milhas ao norte de Reno, no estado de Nevada, EUA, perto das cidades Empire e Gerlach, onde estão até hoje. Atualmente, uma das grandes diferenças é que o boneco também cresceu, assim como o evento, hoje ele tem mais de 15 metros e reúne 70 mil pessoas.

Ao longo dos anos, o Burning Man se tornou em um fenômeno populista propagado pela Internet. Considerado por muitos como um experimento social, o Burning Man quer ser uma alternativa para a cultura de massa e a sociedade consumista em busca de algo mais libertador em todos os sentidos. Lá nada é comercializado, com exceção de gelo e café, não se pode comprar nada no festival. Vender qualquer coisa para as pessoas é rigorosamente proibido. Tudo é na base da troca. Assim como também nenhuma marca ou patrocinador pode entrar no festival. Os Burners (como são chamados os participantes) são generosos com todos os participantes. A ideia é: o que é seu é meu. De comida ao banho, de bebida à beijos.

INFRA-ESTRUTURA

A Playa, local onde ocorre o evento, é uma grande planície no deserto, uma enorme área vazia sem árvores, grama, colinas, nada. Apenas areia. É desenhada em um formato de nove semicírculos que representam os planetas do sistema solar. Bem organizado, o evento possui áreas separadas para os acampamentos e para as atividades, performances e work shops que rolam durante o festival. Até mesmo um aeroporto é montado na planície deserta com controle de tráfego aéreo e tudo. Porém, é estritamente proibido carros na área do festival. Toda a locomoção é feita à pé ou de bicicleta. O evento possui um pronto socorro médico para pequenos problemas, que funciona 24 horas por dia. Para Steven, um californiano de São Francisco, andar de bicicleta pelado pelo acampamento é uma das coisas mais interessantes do evento. “É uma sensação de liberdade que só existe lá”, diz ele.

 

 

LIBERDADE, LIBERDADE

Esse é um dos lemas propostos no Burning Man e levado à risca por todos os participantes. Ninguém vai ao festival para julgar ou parecer melhor que os outros. Sejam milionários excêntricos, gente famosa, ou simplesmente alguém em busca de uma experiência espiritual. Se você usa fantasia ou roupa alguma ninguém está ali para julgar, e sim sentir o prazer de passar dias no deserto curtindo a vida e os prazeres de ser livre.

Um grande templo acolhe mensagens e orações dos frequentadores, enquanto uma “Igreja” construída serve de muro das lamentações. Por outro lado, assim como essas instalações, muitas outras obras de arte servem para expor a criatividade de artistas de todas as partes do mundo. Quando a noite chega, essas instalações se transformam em grandes espaços para dançar e confraternizar entre as pessoas. O fogo sempre presente, assim como luzes e o som alto, dão o tom meio “Mad Max” do local. Algo meio futurista com clima apocalíptico.

No centro de tudo está o grande homem de madeira (que fica no Center Camp) com 50 pés de altura, que será queimado na última noite do evento. Detalhe importante, no dia seguinte à queima das instalações, todas as cinzas e lixo produzido devem ser recolhidos e levado embora, deixando o deserto da mesma forma que foi encontrado pelos participantes do evento. Segue assim para mais um ano de muita música, liberdade e diversão, levando seus participantes a pensar sobre as responsabilidades de cada um com o planeta e as pessoas.

QUANTO CUSTA

O ingresso sai, em média, por 200 dólares. Via Internet no site oficial do evento (www.burningman.com), por telefone (+1 415 8655263) ou através do correio (Burning Man, P.O. Box 884688, San Francisco, CA 94188-4688).

O QUE LEVAR

Como não se tem infraestrutura local, é importante levar tudo que for necessário para sobreviver no deserto por alguns dias. Itens básicos como água (é aconselhado beber quatro litros de água por dia no deserto), comida, filtro solar, óculos e lenços ou máscaras para proteger o rosto das tempestades de areia.

Ficou curioso? Veja esse vídeo e tenha noção do que é isso tudo: